Fundação Enigma escrita por Abraxas


Capítulo 5
Capítulo 5: Segundo Atirador




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Paulo Tenório está num parque numa cidade desconhecida. O moreno faz exercícios numa barra de ferro, flexionando os seus braços musculosos e treinados. Apesar do calor, Tenório veste uma camiseta verde, short azul e um par de mocassim marrom. Em nenhum momento, dê que chegou ao parque o moreno parou de exercitar. Até agora, foram trezentos flexões e comeram a chamar a atenção de curiosos.

Súbito, um carro, ou melhor, Limosine negra chega ao parque. Com a chegada do veículo, Paulo termina o seu exercício e dispersa a pequena multidão. Ainda suado, o homem pega uma pequena bolsa esportiva e caminha calmamente em direção de uma criança e sua babá que brincam no parque.

Ao mesmo tempo, as portas da Limosine se abrem e saem homens de terno, óculos escuros e fortíssimos, dois ao todo. Também sai um homem, bem vestido e vai em direção da garota e da babá.

— Papai! – grita a menina dos seus cinco anos.

O homem abre os seus braços e recebe o abraço de sua delicada filha. Ainda sim, o homem é protegido por dois atentos guarda-costas que olham atentamente para todos os lados.

Paulo Tenório continua a caminhar em direção do grupo, como não tivesse nada haver com a cena. A babá sorri delicada para criança tão feliz por ver o seu Pai de novo. O homem pergunta coisas amenas para a sua pequena e linda princesa.

Neste momento, como num relâmpago, Paulo Tenório retira de sua bolsa esportiva duas pistolas “Lugers” semi-automáticas com silenciadores, em cada mão. Antes que os guarda-costas pudessem reagir. O moreno dá um tiro certeiro na cabeça de cada segurança ao mesmo tempo. Ambos morrem na hora. O homem que estava com a criança tenta reagir ou fugir. Tudo em vão. Ele morto com dois tiros a queima-roupa na cabeça. A babá tenta proteger a criança com um abraço desesperado, mas Paulo a abate também com dois tiros na cabeça.

Chorando muito a criança grita:

— POR QUÊ?!

Tenório a olha de forma fria e responde:

— Porque posso. – e mata a criança com um tiro na testa.

Depois do massacre, Paulo guarda as armas fumegantes em sua bolsa esportiva e sai do local tranquilamente como nada tivesse acontecido.

O assassino ouve os sons das sirenes, quando entra no táxi. Sem muita conversa, o homem pede para ir ao aeroporto.

Depois de uma semana, Paulo Tenório retorna a sua residência. Pega as suas correspondências e as folheia uma a uma. Porém uma lhe chama a atenção e a abre com velocidade e interesse. Ao terminar de ler, o moreno pega uma mascara de código que usa como marcador do seu livro favorito. Escreve num papel as palavras destacadas na mascara contidas na carta. Em seguida, compara com um caderno de tradução e descobre qual a sua nova missão.

Paulo dá um sorriso sádico...

Oscar volta cansado do seu encontro com as pessoas da Realidade Paralela. Ele não esperava que fosse tão perigoso lidar com um Antigo. Logo, ele desaba na cadeira do seu escritório. Então surge Mirian, curiosa e preocupada.

— Como foi? – pergunta a Hacker.

— Uma droga.

— Não descobriu quem era aquela moça daquela vez? – pergunta Mirian sobre a misteriosa mulher que surgiu naquele dia.

— Pior. Descobrimos, mas o problema é o padrão dela. O sujeito é muito perigoso. Fico preocupado contigo. – desabafa Oscar.

Sensibilizada, Mirian vai em direção do seu namorado e fica atrás dele. A garota começa uma massagem em sua nuca.

— Que delícia... – comenta aliviado.

— Eu sou toda deliciosa! – e dá uma risadinha.

— Epa! Isto é um convite. – comenta Oscar todo manhoso.

— Se não vier ninguém aqui hoje... – sugere a hacker.

— Infelizmente, não vou poder ficar contigo. – explica Oscar. Paulo virá aqui, acho que vai deixar o Projeto por razões pessoais, sei lá! Vou pagar a parte dele na História do Quarto Alienígena e ficamos sós. – comenta o homem maliciosamente.

— Safado. Tentando comer a viúva e a secretária. – e ri.

— Viúva?

— A mulher de preto, aquela que só vive de luto... – envenena Mirian.

— AH! Magali. Ela é maluca assim mesmo. Quero ver como ela vai se virar no Verão... – faz graça Oscar.

O interfone toca e Mirian atende. É o Paulo na portaria avisando que vai subir. Rapidamente, a garota avisa ao seu namorado e parte do escritório. Deixando Oscar sozinho.

Depois de alguns minutos, Paulo estava no escritório. O moreno caminha calmamente em direção da cadeira reservada para ele.

— Olá, Paulo! Faz tempo que não nos vemos. – diz Oscar amistosamente.

— É verdade, Chefe. – e ri de uma forma simpática.

— Por que quer sair do Projeto? Algo o assustou ou pressentiu algum perigo? – questiona Oscar, mas entendo o porquê de sua saída.

— Nada de mais. Os motivos são... Digamos... Religiosos. Foi convocado para uma missão e devo começar. – diz Paulo de uma forma reticente.

— Nunca imaginei que fosse do tipo religioso. – admira o acadêmico.

— Faço coisas que nem imagina, meu Amigo. – ironiza.

— Seja como for... – e Oscar entrega os cheques com recibos. Assine-os, é praxe.

— Claro... – Paulo pega os papéis e vê os valores dos cheques.

Neste exato momento, Mirian lembra-se que deixou o seu celular carregando em sua mesa. Então, a hacker resolve voltar para o escritório.

— Puxa! Não esperava tanto... – diz surpreso Paulo.

— Não sou o melhor patrão do mundo, mas você me ajudou bastante. – diz Oscar vendo o moreno assinando os papéis de recibo.

— Acho que com isso, acaba a nossa sociedade. – decreta Paulo Tenório.

— Obrigado, meu Amigo! – e Oscar responde e aperta a mão do seu ex-associado.

Paulo retribui o cumprimento do acadêmico com firmeza e simpatia. Depois, ambos se levantam de suas cadeiras. O moreno caminha lentamente até a saída e diz:

— Sabe, Senhor Branco... Por acaso, tens alguma idéia que tipo de missão devo executar? – pergunta Paulo parado na soleira da porta.

— Não... Nenhuma... – diz Oscar sincero verificando a sua papelada.

— Como foi um bom patrão e amigo, acho que te devo bastante explicações para justificar o porquê de minha missão Sagrada. – inicia a explicação Paulo.

Oscar grune alguma coisa, antes de organizar o resto da papelada.

— Eu nasci em Cabo Verde, numa colônia insular Portuguesa na África. Fui criado num orfanato e fui adotado por um homem que faz parte na minha rede de Crenças. Devo a ele a minha Fé por tudo que sou. – é dá uma pausa. Está entediante a minha conversa, Oscar? - pergunta Paulo para o seu ex-associado que continua os seus afazeres.

— Não. Pode continuar, somos Amigos e sempre quis saber mais sobre você, Paulo. Porém, vou continuar organizando as coisas, então, estou ouvindo. Não se incomode. – explica o acadêmico.

Paulo sorri e retira uma arma de sua bolsa. Lentamente, o moreno coloca o silenciador no cano da pistola semi-automática. Oscar continua alheio de tudo.

— Eu aprendi de tudo do meu ofício. Tornei-me o melhor. Então tive o direito de ver a minha Deusa. Ah, Oscar... Ela é a coisa mais bela que vi na minha Vida. “Um Desejo quando completar a sua Mandala.” Faltam apenas sete marcas para fechar... – diz o homem.

Oscar está concentrado, olhando os números contáveis e nem sente o cano do silenciador apontado em sua cabeça.

— Deusa... Mandala... Marcas... Interessante... – balbucia o acadêmico.

— Sabe o nome da minha Deusa, Oscar? – pergunta o homem escolhendo a forma que vai explodir o cérebro do acadêmico. Kali-Yuga significa alguma coisa para você?

Neste exato momento, Oscar deixa cair os papéis no chão e fica pálido como um boneco de cera. Ele se lembra de um trabalho na Universidade de uma Seita de assassinos fundada no Oriente que fazem contratos de aluguel para homicídios e todas as Mortes são ritualísticos para essa divindade, Kali-Yuga. Seja por armas brancas ou armas de fogo, não importa, é a Morte em si. Então, Oscar vira o seu rosto e vê o cano do silenciador apontado em sua cabeça.

— Eu sou o seu alvo... Sua missão... – balbucia chocado o acadêmico.

— Também fiquei surpreso, meu Amigo. – disse Paulo. Porém acho que vocês irritaram algum grandão, pois a minha Deusa disse que realizaria o meu desejo se matasse apenas você e quem mais estivesse no meu caminho. – explica. Depois de você morto, poderia matar o resto todos vocês, como um bônus, sabe?

— Todos quem? – pergunta Oscar encostado no arquivo.

— A Fundação Enigma. – revela o homem. Sempre tive o desejo de matá-lo de uma forma mais lenta e dolorosa possível. É uma honra ver o seu Amigo ter a sua alma levada para os seios de Kali-Yuga e Ela terá mais mil anos de uma existência longa e Feliz!

— Vai me matar como? – pergunta procurando ganhar tempo para pensar de um modo de fugir dali.

— Arma Branca. Vou rasgar o seu ventre e retirar os seus intestinos com você ainda vivo. – e sorri. Recomendo que sente em sua cadeira e faremos o seu “desenlace” do Plano Material da forma mais ritualística possível. Garanto que será pior do que ficar na cadeira do dentista e vai doer muito...

Neste momento, entra na sala a hacker, Mirian.

— Oi, gente! Esqueci o... – e é interrompida com um chute de Oscar nos testículos do ex-amigo.

Segundos depois, Mirian é puxada pelo pulso pelo namorado para fora do escritório, mas com o som dos disparos do silenciador na direção deles.

— Jesus Cristo!!! – grita a garota correndo pelas escadas. O que houve?!

— Paulo é membro de uma Seita de assassinos. O pior é que a missão dele é nos matar! Todos nós!!! – grita desesperado.

Ignorando tudo, Oscar e Mirian descem as escadas pulando os degraus, até serem impedidos por uma pilha de corpos. Mirian dá um grito de Terror. Oscar fica aterrorizado. Súbito, um celular de um dos corpos começa a tocar. O acadêmico pega o aparelho e atende. Nervoso e tenso o homem tenta explicar a quem está no outro lado da linha o que está acontecendo, mas quem fala é uma voz fria e conhecida.

— Oscar... Oscar... Que coisa feia. Você não deveria chutar os testículos de seu Amigo. Ironiza o assassino. Eu ouvi o grito da garotinha que está ao seu lado. É a sua namoradinha?

— Não te interessa, Desgraçado!!! – berra de raiva.

— Oscar... Ainda somos Amigos. A minha missão não tem nada de pessoal. Só recebi a ordem, só tenho que cumpri-la. – diz o homem.

— Eu quero que você e sua Deusa vão para o Diabo que os carregue!!! – ofende o acadêmico.

— Oscar... Que isso... Vamos conversar. Pois assim vai saber dos explosivos que implantei no prédio inteiro. – explica.

— Explosivos?! – exclama.

— E... Prontos para serem detonados assim que a primeira pessoa pisar no saguão da portaria. Fiz isso para acobertar as minhas Mortes que fiz no caminho para cá. Sabe, ainda tenho que descontar alguns cheques, por isso que não ocorreu isso na hora que sua namoradinha entrou no saguão. Mas agora estão prontinhos para a sua covarde tentativa de fuga. – e ri.

Neste momento, Oscar desliga o celular e refaz uma nova ligação, dessa vez para a Polícia. Quem atende, adivinha que é...

— Oscar... – diz aquela monótona. Pense um pouco... Se eu esqueço os meus celulares em cima da mesa do meu escritório e milagrosamente aparece um aparelho desses em minha mão. Será que eu não estava preparado para uma eventual fuga de minha vítima? – e dá uma pausa.

Logo, Paulo completa a sua sentença.

— Se não entendeu, vou explicar de uma maneira bem clara... Tu tá fudido, Oscazinho! – e dá uma risada medonha que ecoa no outro lado da linha.

— Filho da Puta! – e o acadêmico arremessa o celular contra a parede, o mesmo se parte em mil pedaços.

Mirian se encolhe no canto e começa a chorar como um bebê.

Oscar tenta se concentrar. O seu raciocínio é lógico e começa a se lembrar das palavras de Paulo e recorda-se de um detalhe importante.

— Espere um pouco! Ele disse que vai descontar o cheque. Significa que ele quer sair com Vida daqui, mas com a certeza que seremos mortos. De duas, uma. Ou espera que sejamos mortos pela explosão ou subirmos e ficarmos ao encontro dele. – cogita o acadêmico. Se ele quer ter certeza que estejamos mortos, as explosões devem ser destrutivas o suficiente para impedir o nosso acesso após a detonação. Significa também que ninguém pode entrar no prédio, por isso os explosivos na portaria e tenha um controle remoto para impedir a entrada ou saída de pessoas após a revelação dele. Logo, é impossível sairmos pela portaria, pois o mesmo está trancado. – conclui.

Mirian escuta as palavras do namorado e pergunta:

— E se ele estiver mentindo?

Oscar explica:

— Não creio. Pelo simples fato de ter preparado um celular para quando passamos por aqui. Ele planejou isso há muito tempo. Ele estudou toda a rotina e estrutura do prédio inteiro para este momento. Aposto que ele leu o meu relatório da Fundação Enigma. Soube como neutralizar a telepatia das trigêmeas, sabe quais são os poderes e limites das Bruxas. Sabe tudo que eu escrevi... Mas não sabe o que não escrevi! - e sorri. Já sei como derrotá-lo!!!

— Como? – pergunta Mirian esperançosa.

— Não dá para explicar agora, mas você vai ter que confiar em mim. Vem comigo! – ordena.

O casal sobe para o andar acima. Então, Oscar aperta o botão de chamada do elevador. A hacker fica surpresa, se ele estiver esperando em algum lugar acima e acabar fuzilando-os ali mesmo no elevador?

Para a surpresa de Mirian, nada aconteceu e o elevador acaba chegando ao último andar. Quando as portas se abriram, também nada aconteceu.

— Vamos para a cobertura... – diz Oscar.

A dupla fica de mãos dadas o tempo todo.

O clima de tensão é insuportável. A cada passo, a cada olhada nos corredores, na escada de acesso e cobertura, tudo é assustador e misteriosamente tranqüilo.

Finalmente, eles chegam à cobertura.

— Mirian... No outro extremo da sacada tem uma saída de emergência que dá acesso ao prédio vizinho. É uma escada metálica que tem três andares de altura. Isso poderá ser a nossa fuga, mas ele deve estar nos esperando de tocaia na escada. Tenha calma e vamos correndo para o parapeito próximo da escada. Tá bem? – explica Oscar.

— Está bem, Amor. – concorda nervosamente a garota.

No momento que o casal corre em direção da escada de incêndio, ambos escutam estampidos secos e os dois caem no cimento duro. Oscar e Mirian tentam se levantar, mas descobrem que estão feridos nas pernas. Acabam desabando no chão novamente.

Eles foram baleados.

Lentamente, Paulo Tenório caminha na direção da dupla.

— Oscar... Oscar... Por que você é tão óbvio? – pergunta o assassino. Poderia atirar na cabeça de ambos, mas achei tão bonitinho você correndo de mãos dadas. Tive pena. Resolvi abatê-los como ratos. – e ri.

— Desgraçado! – xinga o acadêmico.

— Por quê?! Por quê?! – berra Mirian.

O moreno se agacha no chão e com as armas apontadas nas cabeças de ambos, diz:

— Essa pergunta que mais escuto de minhas vítimas... “Por quê?” Não tem resposta. Nascemos para morremos. Cada segundo de Vida é para em direção da Morte. Chamo isso de “Memento Mori”. Somos destinados a isso. Eu sirvo a Deusa da Morte para conceber o meu desejo de entender a Vida. Por que vivemos? Se vamos morrer, para que buscamos sentido numa coisa que está fadada a acabar? – filosofa o assassino.

Oscar faz um gesto pedindo que Paulo se aproxime dele. O moreno atente o pedido e o dedo indicador direto do acadêmico toca na testa do assassino. A princípio, Paulo não entendeu nada, mas até achou engraçado o gesto tolo e aparentemente infantil do acadêmico. De súbito, o assassino descobre que os seus músculos não estão mais ativos. Nada funciona em seu corpo. Uma paralisia muscular em seus membros faz que o moreno caísse sentado e depois bate a cabeça no chão. Respirando com certa dificuldade, Paulo não consegue entender o que aconteceu. O porquê da paralisia.

Oscar se ergue usando os cotovelos e diz:

— Eu vou responder a sua pergunta, Seu Idiota! Viver não é morrer. Viver é um desafio! Vivemos para descobrir quem somos e aonde vamos. Vivemos para descobrir as nossas capacidades e limitações. Vivemos para descobrir possibilidades em todos os sentidos. A Morte é só uma mudança de Estado, do sólido para o líquido, então não é tão fantástico assim... O que todos temem é o Desconhecido, é isso que faz a Morte tão interessante e fascinante, pois ela é o derradeiro enigma. – conclui o acadêmico.

O assassino faz derramar uma lágrima, pois a resposta que procurava estava com o seu Amigo o tempo todo e ele iria matá-lo...

Mesmo com dor, Mirian se aproxima do seu namorado e pergunta:

— Como fez isso?! – exclama. Se podia fazer isso, por que não o fez antes?

Oscar retira as armas do assassino e as joga para longe dele. Só aí que ele se vira para a sua namorada e responde:

— Chiatsu. É uma espécie de apucuntura que usa os dedos. Existe uma técnica secreta que consegue paralisar o corpo inteiro por horas, mas o sujeito teria que ficar agachado. Contei com a Sorte e a Lógica... – e geme de dor. Isso eu não escrevi em meu relatório. – e sorri.

Durante uma revista mais minuciosa, Oscar encontra um aparelho celular e o acadêmico faz algumas ligações.

Dois dias depois, a Fundação Enigma está toda reunida num terreno ermo e isolada. Na verdade, é um vagão de trem abandonado de uma linha férrea desativada. Além de Oscar e Mirian usando tipóias, estavam Magali, Irene e as Trigêmeas. Amarrado como um cão raivoso, com direito a focinheira, está Paulo Tenório.

— Sabe... Eu não me importo que queira transformar o meu traseiro belo e delicado num playgroud de fantasias de depravação sexual, mas usar estes pensamentos libidinosos para evitar uma investigação telepática? Isso foi asqueroso! – diz Magali com as mãos na cintura e com uma pose sensual e autoritária.

Como num encanto, a focinheira é retirada da boca do assassino moreno. E com um olhar maldoso e penetrante, o prisioneiro diz:

— Ah! Admita que gostou, Tesuda! A Culpa é desse rabão suculento. – e ri. Agora que a brincadeira terminou... O que vão fazer comigo? Parece que entregar-me a Polícia que não vai ser... – observa.

— Queremos saber quem te contratou para nos matar? – pergunta Oscar com certa raiva.

Dessa vez, Tenório gargalha:

— É ruim!!! Isto é contra a minha postura ética e religiosa. Sinceramente, os nossos líderes nunca nos informam que nos contrata, só indicam os alvos. E mesmo que soubesse, jamais diria. – declara.

— Meninas? – pergunta Magali.

— Nyarlathotep. – dizem as trigêmeas em uníssono. Foi um assunto pessoal, ou um favor, que Kali-Yuga tinha com ele. Porém, o próprio sabia que o Paulo não iria completar totalmente a missão. – explica Maria Helena.

Magali suspira.

— Eu estou começando a ficar irritada ao escutar este nome. Cara Chato! – explode a bruxa.

Surpreso, Paulo pergunta:

— Como sabiam disso?! Nunca se sabe quem é o contratante! – exclama o prisioneiro.

— “Linkamos” o seu cérebro! Caçamos telepaticamente seus conhecidos e contatos. Exploramos tudo que podíamos de suas Mentes doentes e psicóticas... Estamos furiosas! – explica o trio.

— Quem não está? – concorda Magali. Uma coisa é ter um inimigo, pior é ser traídos por alguém que confiávamos.

Oscar abaixa a cabeça, pois ele realmente gostava de Paulo Tenório.

— O que vão fazer comigo? Vão me julgar e me matar? – pergunta o moreno com toda a calma do Mundo.

— Matar-te é algo muito brando pelo que fez, assassino! – diz Magali com raiva e nojo. Invés disso, vamos reciclá-lo. Transformá-lo em algo muito mais útil para nossa Organização.

— Reciclar?! – exclama. Agora virei latinha de alumínio? – e Paulo Tenório gargalha.

— Mirian... O cano. – ordena Magali.

A hacker, mancando, pega uma mangueira de plástico com um funil na ponta. Logo, a garota enfia o cano de plástico na goela dele.

— Não se preocupe. Caso o sujeito não consiga respirar, faz parte do processo, Mirian querida... – diz a Bruxa com um tom sádico.

Ouve-se um grunhido visceral do interior da garganta do sujeito.

— Irene... Tenha a honra... – diz a Bruxa de negro.

A mulher de cabelos violeta pela um galão de plástico de cinco litros e joga um líquido esverdeado e viscoso habilmente no funil exposto e ligado a mangueira.

— Agora é só esperar o bicho estrebuchar... – diz Magali com um olhar demoníaco.

O moreno começa a se contorcer e debater. Por pouco, ele se livra das correntes que o prendiam tamanha é a força das convulsões.

— É uma poção Tiro-e-queda! – diz a Bruxa de negro. Dentro de algumas horas, o cérebro dele vai virar paçoca. –e ri.

Caros Leitores, vamos poupá-los dos detalhes sórdidos. Por isso, iremos apresentar o resultado de uma semana de torturas e de coisas que a Humanidade não pode ou deviria saber.

— Tome, Oscar. – e Magali entrega uma caixinha de jóia.

— O que é isso? – pergunta o acadêmico.

— É um anel. – responde. É para estabelecer controle sobre o seu novo brinquedo. Uma vez posto no dedo, ele é seu. Para sempre.

Oscar sorri.

— Posso vê-lo? – pergunta o acadêmico.

— Claro! Só me acompanhar... – diz a Bruxa.

Depois de algum tempo de caminhada na residência de Magali, que é uma mansão do estilo do século XiX, os dois chegam ao Laboratório da Bruxa.

Logo eles ficam diante o corpo de Paulo Tenório. Parece um boneco de cera, mas está estranhamente vivo.

— Eis o seu Zumbi pessoal. Vai protegê-lo como um Ser sobre humano. É Super Forte, imune há vários tipos de ferimentos, pois não sente Dor. Porém é bom fazer manutenções semanais para reparos. Como um Robô, só que é feito de carne. – explica a Bruxa.

— Legal! – admira Oscar.

— É um presente meu para você. Assim você terá uma espécie de Super-Poder como maioria dos membros de nossa Fundação. – e a mulher de negro sorri em triunfo.

— Obrigado. – e põe o anel no dedo anelar direito.

O Zumbi se inclina e faz uma reverência ao seu novo dono.

— Vai ser melhor do que o original. Ah, sim! Ele fala, mas não tem uma voz muito agradável. Lembre-se, ele tem que comer suplementos em cápsulas para conservar o seu corpo. Senão ele apodrece, literalmente. – explica Magali orgulhosa de sua Criação.

Súbito, Oscar agarra a Bruxa por trás.

— AHN! O que está fazendo?! – diz fingindo surpresa.

— Quero agradecer... – e fica beijando o pescoço da mulher.

— Páraaa... – geme sensualmente a Bruxa. Você vai trair a sua namorada? – provoca inclinando a sua cabeça para o ombro dele.

— Vou... Porque é irresistível... – e as duas mãos seguram os seios da mulher por cima da roupa.

— E você é... Um canalha... – e se vira de frente para ele.

Então o beijo acontece. Um beijo quente e cheio de desejo. Logo, as roupas caem no chão e Zumbi fica impassível olhando para o Vazio ao som de gemidos e ruídos corporais.


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Notas finais do capítulo

Fim do Capítulo cinco.



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