Fundação Enigma escrita por Abraxas


Capítulo 2
Capítulo 2 - O quarto alienígena




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Quando galo canta naquela manhã clara de Primavera, Magali Verdanni desperta de sua cama de cetim branco e vestida com sensual “babydoll” roxo. Apesar de ser uma mulher atraente, Magali age como qualquer criatura humana. Lava o seu rosto no banheiro reservado no seu quarto, faz exercícios de alongamento e manutenção muscular, hábito de décadas. Sai do quarto para a cozinha. Café, torradas e frutas da Estação com granola.

Café-da-manhã de princesas.

O cheiro de café faz que a sua colega de quarto, Irene desperte. Ao contrário de Magali, a garota estava aos cacos. Pijama listrado, cabelos em desalinho e pantufas de coelho. O seu movimento era mecânico e sonolento. Ela desaba quando se senta na cadeira da cozinha.

– Bom dia, Irene! – cumprimenta Magali. Lavou o seu rosto?

Meia-dúzia de palavras balbuciadas e incompreensíveis são interpretadas pela mulher de cabelos negros como “Bom dia, Magali.”

– Vejo que dormiu bem... – retruca Magali pondo uma xícara e uma tigela de frutas. Quer um bolo? Se quiser, eu apanho na geladeira...

Os olhos inchados da garota se direcionam para a amiga.

– Não... Obrigada... – e dá uma colherada na salada de frutas.

Magali termina de preparar o Café-da-manhã e se senta na frente de Irene que mastiga lentamente as frutas.

Depois de alguns minutos de silêncio, as duas terminam de tomar os seus desjejuns. Logo, Magali retira os utensílios da mesa e começa a limpar tudo na pia. Irene fica parada olhando para o nada.

– Vou lavar o seu cabelo hoje! – decreta Magali. Está horrível! Nunca vi uma garota tão relaxada com a sua própria aparência. – comenta depois de limpar a pia.

Irene vira o rosto em direção de sua amiga e diz:

– No meu tempo, não tínhamos preocupação para este tipo de coisa... – escapa as palavras em seus lábios.

Magali tenta se conter a sua curiosidade, pois Irene raramente comenta sobre o seu passado. A garota se retrai muito quando questionada e sempre alega que não se lembra. A mulher de cabelos negros fica em silêncio, porque suspeita que Irene finge ter amnésia . Por mais que pesquise ou tente ganhar a barreira de desconfiança de sua parceira.

Este gelo tem mais de setenta anos...

A História dessa relação começa quando a professora Magali Verdonni, financiada pela Universidade de Berlim, em 1939, uma busca sobre uma bruxa que teve contato com os entes Arianos originais e acabou fugindo para os Montes Apeninos, no Norte da Itália. Devido aos acordos secretos entre o ditador fascita Benito Mussolini e o Papa Pio XIII, a professora teve acesso aos documentos da Inquisição e assim a Academia Alemã conheceu a Lenda da Bruxa de Stª Ettiennne. Por causa desses relatos e sua reputação como pesquisadora, Magali foi financiada, pelo Governo Nazista para encontrar os restos mortais da Bruxa eo seu eventual Grimório.

Depois de dois anos, Magali encontra o corpo incrivelmente conservado da bruxa a seu Grimório intacto. Devido a sua linguagem peculiar e alienígena, o texto, em forma de pergaminho, levaria doze anos de pesquisa para conseguir uma tradução.

Magali conseguiu completar a sua tradução muito depois da 2ª Guerra Mundial. Só que, invés de revelar as suas descobertas aos seus colegas acadêmicos, a professora resolveu usufruir dos seus benefícios sozinha. Restaurando a sua juventude e possuindo a imortalidade. Além de conseguir reviver a múmia da Bruxa congelada. Depois fugir e adotando o seu nome atual.

Por motivos óbvios, jamais saberemos o verdadeiro nome da Professora Magali.

A dupla foge dos Estados Unidos e resolvem viver no Brasil com identidades novas e vida. Todavia, Irene se mostra muito discreta e muito receosa com Magali e essa relação é lenta e construída passo a passo.

Atualmente, Magali é a “Mãe” de Irene e as duas têm uma relação de família. A sua “filha” não como as adolescentes normais. Há um passado atrás disso... Um passado que Irene jamais contou a Magali.

– Legal. – diz Magali fingindo desinteresse.

– O que vamos fazer hoje? – pergunta Irene não caindo na armadilha psicológica de sua tutora e colega de quarto.

– Recebemos um e-mail da fundação Enigma pedindo a nossa presença para analisarmos um cômodo que surgiu do nada numa residência há cinqüenta quilômetros daqui. Não especifica detalhes, mas acho que seja um caso de teleporte psíquico. – completa terminando de guardar os talheres.

Irene faz um gesto de indiferença.

– Vou me trocar. – balbucia a mulher de cabelo roxo.

– Vá tomar banho primeiro! – ordena Magali. Não quero comentários a respeito de seu aroma por falta de higiene.

– Táááááá!!! – concorda a garota.

Depois de uma hora de trinta e cinco minutos de viagem, a dupla chega na residência isolada no interior de Minas Gerais. Na verdade é uma mansão de três andares, muito bem cuidada, um jardim imenso e muito bem arborizada.

Quando as mulheres saíram da van negra, são recebidas pelas trigêmeas, Oscar Branco e dois desconhecidos.

– Saudações!- diz primeiro desconhecido. Sou o Coronel Marcos Calvin! Sou proprietário do imóvel e estávamos aguardando vocês. – diz em tom simpático.

Magali observa o homem dos seus cinqüenta anos, pouco fora de forma devido a sua barriga protuberante, 1,65 m, cabelos prateados, camisa social, calça jeans azul e tênis. “Ele é simpático.” pensa a mulher de roupas estilosas e negras.

– Os seus colegas tiveram uma pequena discussão sobre a chegada de vocês. Acho que estão ansiosos para estudar o mais rápido possível o quarto. – comenta o proprietário.

Como soubesse o que aconteceu, Magali retruca.

– Oscar é muito afobado. Nada como uma rivalidade sadia entre os seus colegas, não é, senhor Branco? – pergunta de uma forma irônica a mulher de negro.

Oscar a olha com desprezo.

– Pensei que não viria... És uma mulher muito ocupada. – justifica-se.

– Sempre, Oscar! Porém estamos no mesmo barco, basta remar na mesma direção. – conclui a conversa.

– Vocês não querem entrar? – pergunta o proprietário indicando a porta de entrada aos convidados.

Os presentes seguem o Coronal para a entrada da mansão. Todavia, Magali fica intrigada com o segundo desconhecido que acompanha Oscar Branco de uma forma quase canina. A sua estrutura magra, 1,80m, cabelos curtos e negros, mulato, vestia roupas da ocasião, uma jaqueta sem mangas cheia de bolsos, camisa bege T-shirt, calça jeans azul e tênis surrado marrom.

“É o Sr. Paulo Tenório, assistente do Sr. Oscar.” Diz uma voz no interior da mente de Magali.

– O que?! – escapados lábios da mulher de negro.

“Silêncio, Magali!” Ordena a voz. “O coronel Marcos não sabe de nossos talentos especiais Por isso devemos ser discretos.”

Agora a professora entendeu o porquê das trigêmeas estão agindo como garotas normais, porém muito mais silenciosas.

“Quem é esse sujeito que acompanha o Oscar? Quero mais detalhes...” Pergunta telepaticamente Magali.

“O senhor Paulo Tenório é um assistente assalariado do Sr. Oscar. Mesmo sendo amigo de muitos anos dele, o nanico o mantém na sua folha de pagamento mais por caridade do que por utilidade. A relação de ambos é de agradecimento mútuo e o motivo de trazê-lo foi por razões puramente de equilíbrio numérico e de gênero. Uma forma de vigiá-lo, pois a namorada do Sr. Oscar está insegura devido a presença de tantas colegas mulheres.”

Magali ri.

“É chato ser gostosa!” Debocha telepaticamente.

“Eu não comemoraria tanto assim.“ Diz a voz telepática. “O Sr. Tenório está tento pensamentos inapropriados a respeito de seu traseiro enorme. URGHH!!! É muito nojento!”

“Garotas... Os homens são assim mesmo, uns porcos!” Decreta a Bruxa de negro.

– Chegamos! –diz o proprietário depois de alguns minutos de caminhada no interior da residência.

– Então, este é o tal quarto... – diz Oscar quase triunfante.

O quarto é um local anexado na parede de outro cômodo, a biblioteca. A parede original que dava a janela tinha sumido por completo. O quarto não tem uma porta de acesso, pois o cômodo é todo exposto. O quarto é menor do que a parede original, por isso que está meio desnivelado fazendo do um degrau improvisado na estrutura. O local tem as dimensões de 10m x 10m de largura e comprimento e com 5m de altura.

A primeira vista parece um quarto comum como qualquer outro. Tem uma cama, escrivaninha, estantes, livros, quadros, alguns aparelhos eletrônicos e uma luminária. O bizarro começa quando nota-se um estranho aparelho negro de um metro de altura, de forma de cone que zumbe constantemente que ficava no canto direito do quarto.

– Nunca tinha visto isto na minha Vida. – comenta Paulo Tenório ao reparar o estranho objeto.

–Estranho?! Espere para ler os livros e observar os aparelhos. - diz o proprietário.

Oscar entra no quarto e sente uma sensação estranha. Pois seus pelos se arrepiaram, porém não é desagradável. Ao contrário, é prazeroso.

Logo, o homem de chapéu pega um pequeno ventilador e retira da escrivaninha. Constata que não tem fio ou tomada. Para a sua surpresa, ao ligar, o ventilador funciona sem fio.

– A droga não tem compartimento para bateria! – observa Oscar. Não tem nada para fonte de alimentação de energia. Como pode?!

– Caramba! – exclama Paulo Tenório.

Oscar fica curioso ao ver os outros aparelhos eletrônicos.

– Uma vitrola!? Nossa! Isso está fora de uso há décadas! – se surpreende Oscar.

Um rádio e tem um pequeno aparelho de TV, porém utilizado um tubo de imagem.

– A minha avó tinha um rádio desses. - comenta uma das trigêmeas.

– Desde anos sessenta que não vejo um rádio desse tamanho. – Magali comenta escapando dos seus lábios dando a idéia que é mais velha do que aparenta.

O mais bizarro é que todos os aparelhos funcionam sem fio. O pequeno aparelho de TV, quando ligado, não faz estática, como os antigos, só uma tela azul e tem uma mensagem com letras amarelas.

Insira a reproduzon.”

Todos ficam surpresos. Isso parecia mais um vídeo-cassete do que um aparelho de TV de vinte polegadas e as palavras da tela tendo a palavra “Reprodução” escrita errada.

– Não é só o aparelho que é escrito errado, esperem para ler os livros... – comenta o proprietário.

Magali entra no quarto e começa a folhear um dos livros. Depois de alguns minutos, a mulher de um sorriso e diz a sua conclusão.

– Não é que esteja escrito errado. É outra língua! Só que muito parecia com o Português... É o Galego. Um dialeto espanhol intermediário do Português. – explica Magali.

No final todos se perguntam...

Que quarto é esse?

Foram quinze dias de estudo, leituras e experiências de todos os tipos naquele estranho quarto. Depois desse período, o grupo se reúne para explicar ao dono da propriedade, com autorização da Fundação Enigma, as informações conclusivas adquiridas.

Magali, devido as suas habilidades docentes, foi escolhida para apresentar o relatório sobre o quarto alienígena.

– Bem... Este quarto veio de uma Realidade Paralela a nossa. Segundo a Física Quântica, o Universo é constituído por uma infinita quantidade de Universos alternativos formando o Multiverso. – explica a professora. Eu poderia explicar por horas o porquê da existência dessas Realidades Alternativas. Todavia poderia ficar maçante demais. Pois para entusiastas de Física Especulativa seria tedioso demais, portanto vamos ficar no que temos aqui e aceitarmos uma Teoria que possamos encaixar aqui.

– Eles são de uma Realidade a qual os nazistas vencerem a 2ª Guerra Mundial? – pergunta o proprietário em tom de brincadeira.

Ninguém riu.

– Considere com Sorte que não seja, Senhor Calvin. - retruca Magali.

– Se fosse de uma raça humanóide que aprecia muito a carne humana, garanto que não iria ficar fazendo piadas a respeito. – censura Oscar. Continue, professora.

– Obrigada. Segundo os livros de História dessa realidade, nunca houve uma Guerra Mundial. Nem uma Revolução Russa ou Francesa. Para terem uma idéia, o conceito de Cristo é totalmente diferente. Não é uma raça de canibais, mas eles não têm limitações éticas para com experiências humanas.

O proprietário ficou realmente assustado.

– Nesta realidade não há um conceito de Estado ou País. Todavia, há uma espécie de religião unificada e globalizada. Possui dissidências religiosas que foram religiões com autonomia e independência administrativa dessa religião central. Essa Igreja Católica (ou Universal) é uma espécie de ONU e Tribunal Mundial. O mais chocante, é que a Ciência e a Religião são uma coisa só. – explica a professora.

O proprietário fica apavorado.

– Deus... Que tipo de Religião é essa? – exclama o coronel.

– Essa “Igreja” é uma espécie de superempresa. – continua Magali. A qual vende produtos e determina as questões culturais e religiosas. Possui o segundo axioma: “A Igreja provê tudo e Deus provê a Igreja.” Isso me provocou asco, até descobrir quais doutrinas que defendem. – e dá uma pausa.

– Essa Igreja reconhece todas as crenças e adota um sincretismo religioso. Não importa o que você acredita dês que ajude a sua Igreja a desenvolver-se. Trabalhando para Igreja, como trabalho voluntário, recebe proventos. Quanto mais trabalha em prol da Igreja, mas recebe. – Magali interrompe a sua narrativa.

– Em suma, é uma mistura de Feudalismo com Revolução Industrial. – conclui o proprietário.

– Exato! Não importa em que área de conhecimento ou pensamento. Se for útil ao Bem coletivo ou uma nova descoberta científica, esta Igreja incentiva e auxilia. Quanto mais se desenvolve, mais poderosa é essa Igreja. Seria assim, até os dias atuais daquela realidade, senão fosse o surgimento do Templarismo. – explica a bruxa.

– Templarismo?! Este nome não é estranho. – diz proprietário.

– Sim. Porém não são como no nosso Mundo. O Templo que eles defendem é o da Biblioteca de Alexandria. O Templo Supremo dos Cristos Sábios. Isso mesmo... Cristos! Tem Cristo para todo gosto... – ironiza a professora. Um desses Cristos foi Giordano Bruno. Outro é um tal Leonardo da Vinci. Tem um que não conheço um tal de Lucas Lívio que estabeleceu as bases administrativas para combater a corrupção e funciona. – admira Magali.

– Os Gênios da Humanidade como Cristos reconhecidos pela Igreja... Nunca imaginaria isso. – admira o proprietário.

– Sabe um desses Cristos se casou com uma “Magdala”, a versão feminina desses Cristos e juntos formaram a maior dissidência religiosa da História, o Templarismo. Uma união das doutrinas ocidentais e orientais. Com os séculos estes templários foram crescendo dentro da Igreja Católica. Até cem anos atrás, uma tal de Vanessa Triskele declara independência do resto da Igreja forma o conceito Nação-Estado... O nome desse Estado, adivinhem... Brazil! Com “Z” – diz Magali.

A mulher dá uma pausa e completa:

– Este “Brazil” não é como o nosso. É uma espécie de Estado “experimental” que estabelece conceitos “modernos”, como república, estrutura jurídica independente e etc. Uma província laboratório para estudos administrativos. O templarismo não tem uma “ruptura” total com a Igreja Católica. Lembra mais uma relação entre os países do Reino Unido no nosso mundo. – diz a professora.

– É uma Realidade complexa. Existem outros temas a serem explorados, como avanço tecnológico energético, retrocesso cultural individual ou estético pelo religioso e filosófico, manutenção dos bens de consumo com durabilidade de funcionamento muito maior e melhor do que o da nossa realidade. A permanência do Império Asteca no novo mundo e a relação comercial entre a Igreja e eles... É incrível como é diversa essa Realidade. – conclui a mulher.

Um silêncio ecoa naquela mesa de reunião.

Depois de alguns minutos, coronel Calvin pergunta:

– O que vamos fazer agora com aquele quarto? – interroga olhando para cada um dos presentes.

Os associados da Fundação Enigma se entreolham, até que Oscar Branco diz:

– Não é óbvio? Vamos desmontá-lo! – decreta.

Logo, Magali e as trigêmeas começam a catalogar todos os livros. Já Oscar Branco e seu assistente iniciam o estudo para retirar o estranho objeto negro e forma de cone.

– Paulo... Cuidado ao pegar o objeto. Procure desligá-lo primeiro antes de qualquer coisa. – recomenda.

Porém, de uma forma precipitada, o homem resolve segurar o objeto ainda ligado. Surge um brilho intenso que faz o assistente de Oscar ser arremessado para longe do quarto. Mesmo sem ferimentos Paulo fica atordoado e um pouco tonto devido ao impulso elétrico.

Depois de um sermão sobre segurança, Oscar desliga o aparelho, a qual todos acreditam ser o gerador de energia...

De súbito, toda a sala começa a ficar turva como estivesse envolvida em um nevoeiro.

Os instintos de auto-preservação de todos começa a berrar...

– Saiam daqui!!! – gritam as trigêmeas.

Magali e os outros pegam alguns objetos como livros e outros mais fáceis de serem carregados pelas mãos. Todas se projetam para fora do quarto.

– Pelos Deuses! O meu tablet!!! – grita a professora ao notar que o seu equipamento eletrônico foi esquecido em cima da escrivaninha.

Infelizmente, da mesma forma que surgiu, o quarto desaparece deixando uma parede vazia mostrando o Jardim da mansão.

Aquela visão daquela realidade desaparece.

– Acredito que estejam bem e com os seus suvenires? – pergunta Oscar.

Todos respondem positivamente, exceto Magali que choraminga a perda do seu Tablet.

– Quem imaginaria que aquele aparelho mantinha o quarto em nossa dimensão? – diz o proprietário.

– O que me preocupa é o que farão quando tiverem acesso ao tablet? – observa a Bruxa.

Depois de alguns dias do desaparecimento do quarto alienígena, o grupo recolhe todos os equipamentos de investigação e estão prestes a partir. Como era noite, os sete membros da Fundação Enigma aguardam o furgão que irá levá-los para a sede. A seguir aos seus respectivos destinos.

– Eu queria saber mais sobre aquela Realidade e tecnologia que permite usar aparelhos elétricos sem tomadas ou fios. – comenta o coronel Calvin.

– Nós temos esta tecnologia. – afirma Oscar. Foi desenvolvida pelo cientista Nikola Tesla há quase cem anos atrás. Devido aos interesses das grandes indústrias, não foi dado prosseguimento este tipo de tecnologia. Existem outras tecnologias não desenvolvidas por causa de cartéis de mega-companhias ou inveja de pessoas não privilegiadas e medícres. De certo, naquela realidade estas tecnologias floresceram e desenvolveram. Como nós tivemos desenvolvimentos culturais, a qual naquela realidade foram abandonadas ou suprimidas. – completa.

– Eu estou muito chateada por ter perdido o meu tablet... – reclama Magali. Metade da minha Vida estava ali.

– Peça reembolso. – diz Paulo admirando as formas femininas da mulher de negro.

– Se fosse fácil assim... Muitas coisas ali não fiz downloud. Além do mais... Ahn! – diz de súbito Magali sente uma energia estranha percorrendo o seu corpo.

Uma névoa encobre toda a mansão de uma forma inesperada. Todas sentem um arrepio percorrendo suas espinhas. Um brilho estranho corta a estranha névoa, parecendo a Luz de um vagalume, mas com intensidade de Luz de neon. Do centro do brilho, que está um metro e meio do chão, uma linha de Luz em espiral surge verticalmente numa superfície de três metros de área.

Então, saindo daquela espécie de “portal dimensional” um furgão totalmente branco aparece do nada, com atravessasse uma cortina de energia. Depois de algumas manobras, o furgão estaciona e o nevoeiro e o tal “portal” desaparecem.

– Que diabos é isso?! – exclama Paulo Tenório que finalmente pára de olhar as nádegas da mulher de negro.

O grupo de oito pessoas fica estarrecido ante aquele furgão branco, nas laterais existe uma espécie de suástica em negro, só que de três pernas formando um triângulo estilizado. Nada mais escrito ou identificando qual fábrica ou marca do veículo.

De súbito, a porta de correr se abre. Com num relâmpago, sai uma gigantesca criatura. Uma espécie de Lobisomem, de pelo marrom e coleira. A criatura salta e imobiliza Paulo Tenório no chão. Apesar dos avisos de Oscar para não se aproximasse do furgão. A criatura se senta sobre o colo de Paulo e começa a lamber o seu rosto.

– Pelos Deuses! O que monstro é esse?! – exclama a Magali.

Neste momento, três humanóides, vestidos de astronautas saem do veículo. São duas mulheres e um homem devido às formas que os seus trajes permitem mostrar. Já que pelo visor é impossível estabelecer um contato visual dos seus rostos.

Linguiza! Saia xá do rapaz!!! – ordena uma voz feminina com carregado sotaque lusitana.

Como num encanto o monstruoso canino sai de cima do assistente de Oscar e como um cão treinado fica sentado ao lado de sua dona.

Bo putinho! Bo putinho! – afaga a cabeça humanóide que lembra um lobisomem.

– Quem são vocês?! – pergunta de uma forma inesperada o coronel Calvin.

A lógica indica o óbvio.

– Suspeito que são os donos do quarto. – conclui Oscar um pouco estarrecido ao ficar olhando a estranha e enorme criatura.

Os três aparentes astronautas retiram os seus capacetes. O homem é loiro, de 1,85m, um pouco sério e tem um porte militar. A mulher mais alta, é ruiva, 1,75m, muito bonita, mas com uma pintura estranha nas sobrancelhas toda negra com desenhos indefinidos. A mais baixa, tem cabelos castanhos, corte tipo franjinha, 1,65m e usa óculos de armação grossa.

Solicitamos as nosas escusas debido ao ocorrido – diz astronauta de óculos falando em galego. Aquilo foi resultado dun accidente ocorrido hai nove anos. – explica.

– Acidente... – balbucia Magali.

As trigêmeas olham fixamente para os astronautas. A ruiva cochicha alguma coisa para o loiro e faz uma cara de poucos amigos.

Cremos que as nosas relacións non poidan ser das máis amigables. Ao final, vostedes adquiriron obxectos que nos pertencen. Quere afirmar unha política de amizade e respecto mutuo entre as nosas realidades. – comenta a mulher de óculos ainda falando em galego.

– Vocês querem os livros de volta? – pergunta Oscar.

– Todos os obxectos que vostedes apropiaron. Son cousas que non son da súa realidade. Non imaxinan cantos riscos han sufrir se non devolverem.– diz a mulher de óculos.

– O que aconteceu com o meu objeto que foi a sua realidade? – pergunta Magali desejando o seu aparelho eletrônico de volta.

A mulher de óculos fica muito séria.

Por que vostedes enviaron un artefacto radioactivo para a nosa realidade? – retruca com certa raiva.

A princípio nenhum dos presentes de nossa realidade entendeu o que ela quis dizer com elemento radioativo. Todavia, Oscar lembrou que certos elementos químicos combinados numa bateria de armazenamento de energia, além de uma viagem extra-dimensional podem provocar uma hiper atividade nos elétrons. Como é o caso do elemento Cadmo.

– Porque não sabíamos que provocaria isto. – responde Oscar agindo rápido. Esquecemos o nosso equipamento no quarto. Achamos que o seu quarto não iria retornar a sua realidade. Por isso que apropriamos dos livros e equipamentos. Agora que sabemos que vocês podem viajar entre as Realidades, devolvermos os objetos. Não queremos um conflito desnecessário entre nós. – diz Oscar de uma forma diplomática.

Seja o que foi dito, a mulher ficou satisfeita. Já os outros dois, não. Mesmo assim, o homem volta para o interior do furgão branco. Rapidamente, Oscar diz de uma forma inesperada:

– Tragam tudo que pegamos daquele quarto. AGORA! – ordena.

Em poucos momentos, os objetos são colocados na frente da mulher de óculos. Ao mesmo tempo, o loiro coloca uma pesada caixa de chumbo diante deles.

– Podemos abrir? – pergunta Magali ansiosa de reaver o seu tablet.

Antes de responderem, os três colocamos capacetes e ativam os seus trajes.

Pode. – autoriza a mulher de óculos com a sua voz saída de uma caixa de som.

Magali dá o seu salto de fé e abre a caixa. Óbvio que todos os presentes se afastam da caixa, exceto Irene que fica ao lado da amiga.

Para a sua surpresa, o seu tablet estava funcionando normalmente. Tudo normal.

– Ué? Não vejo problema algum. – diz a professora.

– Radioatividade é uma coisa invisível. – comenta com medo Paulo Tenório.

– Idiota! – diz Oscar. Se estivesse em níveis mortais de radioatividade o tablet JAMAIS funcionaria.

– Mas isso ficou nove anos isolado num caixa de chumbo como carregou as baterias? – pergunta Tenório ainda cético e receoso.

– Não ficou ligado, além que as leis físicas daquela Realidade sejam diferentes em relação à reação química em comparação a nossa. Sei lá! Teria que estudar a Realidade deles. – completa Oscar.

Aínda emana radioactividade... – diz a mulher de estrutura mais baixa.

Depois que ela diz que o quanto emanava, em termos de letalidade é o mesmo do que um forno micro-ondas. Os conhecedores de Física sabem o que isso significa.

– É perigoso? – pergunta Paulo Tenório.

– Isto é tão perigoso quanto à possibilidade de cortá-lo com uma faca de algodão. – retruca Oscar Branco.

Os seres de outra Realidade concluem:

Nós repudiamos os elementos radioactivos. Non importa o que sexa. Fontes de enerxía, só a Solar e Dínamo. Non hai que arriscar as nosas Vidas para iso ... – determina a mulher de menor estatura.

Oscar lembra-se que aquela Realidade nunca teve uma Guerra Fria ou Holocausto. A Declaração dos Direitos Humanos não existe. Somente Regras éticas ditadas por uma Super Igreja. Se essa Igreja acha perigosos elementos radioativos, nunca usaria bombas nucleares ou aconteceria uma tragédia como em Chernobyl.

– Vocês estão certos... Podem levar os seus livros e objetos. – decreta Oscar.

Depois que todos os objetos foram recolhidos. A suposta líder do grupo de astronautas, a garota de óculos cumprimenta um a um dos presentes.

Estou contento por ter comprendido os nosos argumentos. – diz a mulher de óculos de outra Realidade.

– Acredito que seja a sua primeira viagem em nossa Realidade. – diz Oscar apertando da mão da astronauta.

De feito, foi a vixésima e venres xornada. – responde. O noso vehículo espazo temporal vagou moito na súa Realidade. Aprendemos moito sobre a súa cultura e estamos facendo experiencias no noso mundo. Creo que debe ter lido en nosos cadernos. – e sorri.

– Vigésima sexta?! – fica surpreso Oscar.

Súa Realidade é o noso obxecto de estudo. Nunca fomos a Lúa usando combustíbeis fosseis. Agora sabemos como sería. É máis fácil viaxar no tempo do que no espazo sideral.– retruca.

– Sério?! – exclama Oscar. Pensei que fosse o contrário...

A mulher de óculos bate no ombro direito de Oscar dando leves tapinhas.

A súa inocencia é divertida, gajo.

Logo depois, todos astronautas entram no furgão branco é desaparecem da mesma forma que haviam surgido. No meio de uma névoa estranha e misteriosa.

Paulo olha para Oscar e diz:

– Garota simpática... Pena que não disse o seu nome. – observa.

Oscar faz uma cara de desdêm.

– Ela me deu uma espécie de cartão de visita. Neste, tem o nome completo dela. – diz Oscar.

– Qual seria? – pergunta o seu assistente.

Neste momento, Oscar começa a ler o cartão. Depois de uma certa surpresa, ele diz:

Zelda Triskelle Tesla. Neta do Cristo Sabio Nicolas Tesla e científico-mor da "Operación Novo Amencer". Acho que a veremos muito em breve. – comenta batendo no ombro do seu assistente.


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Notas finais do capítulo

Fim do segundo capítulo.