Fundação Enigma escrita por Abraxas


Capítulo 1
Capítulo 1 - A reunião.




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Oscar Branco caminha no saguão daquele edifício luxuoso e imponente. Os seus passos são firmes e determinados. Enquanto espera o elevador, algumas pessoas reparam em sua aparência. De certo é por causa do seu chapéu panamá e sua baixa estatura, 1, 60m. Oscar não é um homem bonito ou atraente, todavia foi dito que tem outros talentos. Uma inteligência afiada, uma arrogância característica de pessoas que foram tripudiadas pela Vida, mas conseguiu por uma guinada em suas adversidades.

Os olhos negros do homem brilham devido o reflexo de elevador que anuncia a chegada do carro no térreo. Entrando e pressionando o seu dedo no seu respectivo andar desejado, o homem de cabelos curtos e negros, casaco cinza, calça jeans, tênis escuro e uma maleta marrom se dirige ao fundo do elevador dando espaço aos outros passageiros.

Depois de algumas paradas em outros andares, Oscar chega ao seu destino, o último andar. Ao ouvir o sinal e as portas metálicas serem abertas, o homem sai do elevador e fica diante de uma porta de vidro.

No outro lado, há uma recepcionista simpática que libera a porta para Oscar. Ao ouvir o ruído estridente e grave, a sua mão empurra a estrutura de vidro permitindo que o visitante adentre no recinto.

- Bom dia, Senhor! Quem devo anunciar? – pergunta a garoa de cabelos presos em forma de coque e uniforme azul com detalhes metálicos dourados.

- Oscar Branco. – responde o homem chapéu panamá. Procuro o senhor Lucas Martins para um acordo de negócios entre as nossas empresas.

A simpatia da garota esvai como num encanto.

- Certamente... Siga-me. – e se levanta.

Depois de alguns minutos caminhando em corredores tediosamente iguais e bem iluminados, a recepcionista segura à maçaneta de uma das portas.

- Entre. É aqui! – e abre a porta.

Oscar vai para o interior da sala aberta pela garota. Uma breve insistência da recepcionista faz que o homem entre para o espaçoso e quase vazio auditório. Caminhando lentamente, Oscar se aproxima do palco cercado de cadeiras estofadas azuis e armações negras como um anfiteatro grego, em meia-lua. À medida que descia os degraus, a sua visão dos outros visitantes ficava muito mais nítida.

O seu primeiro contato visual foi para uma dupla de mulheres, completamente distintas entre si.

A primeira era muito bem aprumada e parecia uma consultora de moda. Fora o fato de estar completamente de negro, o seu blazer brilhante, sua saia comprida com risco em giz, meia-calça e sapato de salto baixo, com uma fivela dourada, completa a sua indumentária. O seu cabelo liso, negro, cortado na altura dos ombros lhe dá uma aparência mais séria, ainda mais mexendo demoradamente em seu tablet.

Já a sua parceira é o seu oposto. As suas roupas pareciam uma colcha de retalhos. Devido ao caos de cores e tecidos quase não dá para identificar o que a garota usava um vestido. É possível notar que usa uma meia três – quartos devido à brancura de sua pele. (Detalhe: É única semelhança de sua parceira. Ambas são caucasianas.) O seu vestido é uma mini-saia moda e um calçado parecido como aquelas bruxas de contos de fada estranhamente de cores caóticas. O seu rosto se volta para olhar fixamente para Oscar. O homem nota que os seus olhos têm íris de amarela brilhante e grandes. Mesmo séria, ela é muito bonita, apesar de seu cabelo curto, ondulado e roxo. Os seus lábios pintados de verdes. E a sua maquiagem é idêntica aquela boneca de pano, rosada e exagerada.

Oscar não resiste a aquele comportamento felino de olhar fixo para algo inusitado e dá uma piscadela com o seu olho esquerdo.

Não houve qualquer reação da garota de cabelo roxo que continuava o seu olhar fixo.

- Garota esquisita... – grune entre os dentes Oscar.

Depois de descrever a dupla de mulheres antagônicas. Oscar observa um trio de garotas, ou melhor, trigêmeas. As garotas são idênticas. Chega a ser assustador como elas eram semelhantes. Se fosse só aparência, tudo bem, porém o comportamento é muito mais sinistro. É como um espelho. Uma repetição coreográfica e mecânica do trio. O que uma faz, as outras faz igual ao mesmo tempo. Elas não olhavam uma para outra. Era uma sincronia perfeita. A única diferença era a cor da vestimenta de cada uma. A mesma peça e modelo de roupa, mas cada uma com predominância para uma cor. Um amarelo, outra, vermelho e a última azul. São todas são caucasianas, cabelos castanhos e usam o mesmo tipo de penteado e presilhas de borboleta. Tudo igual, exceto as cores, todo o resto é idêntico...

Oscar se senta entre os dois grupos de mulheres.

Tentando ser simpática, coisa difícil para ele, inicia uma tênue conversa com a garota de olhar fixo.

- O que achou do meu chapéu? – pergunta Oscar procurando puxar assunto.

- Você não deveria estar aqui. – decreta a garota que parecia uma boneca de pano.

Oscar sorri.

- Por quê?

- Não tem talentos especiais. – diz sincera.

- Tenho sim! – retruca. Quando me conhecer melhor vai entender. – diz sorridente.

De súbito, uma voz levemente rouca comenta por de trás da garota de cabelo roxo.

- Oscar Branco, 26 anos, acadêmico, formado na USP no curso de Antropologia, investigador nas horas vagas. Adora desafios e tem uma equipe de agentes a qual costuma pagar. Odiado e invejado por alguns e antipático com a maioria. Tem um animal de estimação, um cão chamado Plutão, Deus das riquezas, pois o mesmo achou um pote de moedas antigas que permitiu enriquecer antes dos vinte anos. Q.I. alto, mas não é nenhum gênio, apesar de se achar um...

A mulher de negro dá uma pausa e conclui.

- Sem talento especial algum. – só aí que ela para de mexer no seu tablet e olha fixamente para Oscar.

Com o seu orgulho ferido, Oscar a olha com ódio.

- Veremos... – e cruza os braços afundando ainda mais em seu assento.

No fundo, o homem sente um calafrio percorrendo a sua espinha. Nunca imaginou que seria descrito daquela maneira. As informações sobre si podem ser achados com uma pesquisa aprofundada ou em rede sociais. Todavia sobre o seu cachorro, é um maiores segredos de sua Vida. Portanto, nunca contou a ninguém. Além do mais, ninguém sabia que viria a reunião. O convite foi feito em um jornal de grande circulação e em código. Somente, especialistas em enigmas poderiam resolver. Oscar não é conhecido do grande público e como disse a mulher de negro, não é nenhum gênio.

- Não fique... – disse uma das gêmeas.

-...preocupado... – completa a outra.

-...com isso. – conclui a terceira.

Oscar se vira na direção das trigêmeas.

- As Bruxas gostam de se sentirem... – diz a primeira.

-...superiores. Afinal, quando se trata... – completa a segunda.

-...de talento, somos as melhores! – conclui a última.

A mulher de negro retruca mal-humorada.

- Freakes! Vocês são assustadoras, isso sim! – decreta.

As trigêmeas sorriem ao mesmo tempo.

- Olha quem fala... – dizem as três em uníssono.

Antes que a irritada mulher de negro iniciasse uma longa discussão, um home loiro de terno verde impecável carregando um gato negro surge no recinto. Caminhando no palco, os sons de sapatos de couro ecoam tão alto que silencia as vozes femininas.

- Bom dia! – diz o sorridente loiro de terno verde. Imagino que o tédio da espera deve estar acirrando os ânimos. Sejam bem-vindos a Fundação Enigma! – anuncia o loiro.

- Afinal de contas, do que se trata esta Fundação? – pergunta Oscar sem delongas.

- Gosto disso! – aponta direto ao interlocutor. Objetivo e sincero! Somos um grupo de pesquisa que tem o escopo de estudar, conhecer e lucrar com assuntos que a maioria das instituições desconhece ou ignora. Vocês são a nossa equipe de campo. – determina.

Oscar faz um bico. A mulher de negro dá uma risada debochada e o resto fica em silêncio ou sem expressão.

- Piada, não é? – explode a mulher de negro. Acha mesmo que vou trabalhar com cético metido a gênio e um grupo de aberrações. Vou me embora! Vamos, Irene!

Antes que a garota de cabelo roxo se levantasse o seu assento, o rapaz loiro diz para ela:

- Cara Professora Magali Verdonni... Aconselho que fique em seu acento. – diz o loiro. O meu patrão tem ciência de suas necessidades financeiras e de sua reputação manchada na Universidade de Palermo. Como também o preço que pagou por conta de suas crenças.

Como num encanto, a mulher se cala e senta em silêncio.

- Obrigado! – agradece o loiro. Voltando as explicações. Somos um grupo de pesquisas que deseja ter muito mais poder. Infelizmente, não somos os únicos. A Fundação Enigma tem uma logística limitada, mas a medida das realizações de suas tarefas as limitações de nossa instituição serão revistas e ampliadas. O nosso empregador conta com a participação e fidelidade de todos os presentes. – diz o homem pousando o gato na mesa.

- Parece uma gincana... – comenta ironicamente Oscar.

Todos os presentes olham para ele ao mesmo tempo.

- O que foi?! Disse alguma besteira? – pergunta.

O loiro retruca.

- É quase isso... Resumindo, é quase isso...

Oscar faz um bico.

- Bem, são uns grupos com recursos iguais e executando tarefas em comum. Os vencedores tem mais vantagens a medida que cumpre mais tarefas... Gincana! – decreta Oscar.

O homem loiro cruza os braços e sorri.

- Continue a sua lógica. Ela me fascina...

- Claro! Da forma que eu fui recrutado e da maneira que o seu projeto está se desenvolvendo. Parece uma brincadeira entre milionários excêntricos na busca de artefatos, dito, “místicos”, pelo Mundo. Quem achar mais coisas ou objetos, “ganha” o jogo. – conclui orgulhosamente Oscar.

O loiro bate palmas sozinho.

- Incrível! Não é a toa que é importante ter um homem como o senhor no grupo. Só, que foi apresentado, o rapaz deduziu 65% do projeto. O problema é os outros 35%. Não é uma gincana entre milionários excêntricos, mas uma guerra entre Sociedades Secretas.

Todos ficam surpresos.

- Sei que é difícil acreditar nisso, mas o escopo de nossa fundação é conseguir o máximo de informações e artefatos antes de nossos rivais e podem ter certeza estes “rivais” não estão de brincadeira. – conclui o loiro.

Um pequeno burburinho surge entre todos os presentes antes de alguém pudesse questionar alguma coisa. Porém, o mais ousado e curioso foi o homem de chapéu panamá.

- Podemos saber quem são os nossos “rivais”? – pergunta Oscar antes das garotas pudessem perguntar qualquer coisa.

O homem loiro faz um gesto de indiferença, mas mesmo assim ele tenta responder a pergunta da forma mais honesta possível.

- Não sabemos ao certo... São tantas e misteriosas... Acredito que terão o primeiro contato com a primeira quando terminarem de lerem o relatório que vou distribuir para todos assim que lerem os seus respectivos e-mails que enviamos para cada um de vocês. – depois de dizer estas palavras o homem loiro dá um sorriso e vai embora recolhendo o seu gato negro em seus braços.

Indignada, Magali se levanta e exclama:

- É assim?! Manda um e-mail e fica pór isso mesmo?! Onde estão o contrato e as nossas instalações? Equipamentos? – balbucia a mulher de negro.

Com toda a calma do mundo, homem se inclina na direção da mulher e responde:

- O nome de nossa instituição é qual? Nem todas as respostas vêm de “mão beijada”... Vai ter que descobrir como vamos resolver isso, querida. – e dá um sorriso debochado.

Da mesma que ele surgiu o homem desaparece do mesmo local que veio.


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Notas finais do capítulo

Fim do capítulo 1