Fala Sério, Crush! escrita por Ferla, little Nyx


Capítulo 5
Marionete Pierrô - Pequena Ferla


Notas iniciais do capítulo

Oláá ~~
Como estão?

Temos novidades! Agora a fanfic tem playlist! Ainda falta atualizar algumas músicas, mas farei isso em breve então podem ir curtindo o que temos ali! http://8tracks.com/pequena-ferla/fala-serio-crush


Bom, informações extras sobre esse capítulo: ele foi inspirado numa música Vocaloid: Karakuri Pierrot, na verdade eu estava ouvindo na versão em inglês mas vou deixar o cover e a original em japonês pra vocês caso sintam curiosidade em ouvir!
Original legendado: https://www.youtube.com/watch?v=xfh6KFc540A
Cover em inglês por JoyDreamer: https://www.youtube.com/watch?v=QVOXz7TSooQ


Enfim, é isso, aproveitem amorekos! E não esqueçam de deixar seu comentário!



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KarenCUTE8: poarr, eu não entendo, você tem o maior blog da internet. Não é possível que ninguém te conheça ai.

Me: eu nunca postei uma foto minha. Você sabe.

KarenCUTE8: sim, mas você é dona do MAIOR BLOG DA INTERNET.

Me: do mesmo jeito, até os colunistas eu não conheço pessoalmente. E ter um blog nem é grande coisa. E não é o maior da internet.

KarenCUTE8: é o maior do Brasil e isso foi eleito por uma revista no mês passado na coluna sobre internet, você desmerece demais. Esses dias um livro foi parar nos mais vendidos só com a resenha que você postou.

Me: o livro era realmente bom, minha resenha não mudou muita coisa.

KarenCUTE8: para com isso que eu vi os comentários no Twitter. ''Só vou comprar porque o blog H2Web postou elogiando.'' E aqueles protestos de 2013? MDLS, a galera da minha sala SÓ foi protestar porque leram sua matéria indignada.

Me: aqueles protestos não serviram pra coisa alguma.

KarenCUTE8: não estamos falando disso. Você que não presta atenção no valor que você tem dentro da internet.

Me: o valor que eu tenho na internet eu sei. Eu trabalho com isso. Mas isso não é significante, continuo sendo uma viciada em anime que encontrou o que fazer no computador e se deu bem.

KarenCUTE8: não me diz que você arrumou outro trabalho.

Me: estou arrumando uns bicos com edição de fotos e vídeos pro youtube. Aquela empresa tá crescendo rápido demais.

KarenCUTE8: mdls Nanda, pelo menos você ganha dinheiro. Mas devia procurar alguma vida fora do seu quarto. Já começou o terceirão têm dois meses e ainda não tem amigos desde o início do Ensino Médio.

Me: você sabe que sou tímida. E eu não tenho interesse, vão achar que sou uma louca viciada em mangá que ganha a vida no computador.

KarenCUTE8: não é meio que verdade?

Me: não vamos entrar em detalhes. Estou saindo. Bjos.

KarenCUTE8: ok, kissess.

Suspirei e desliguei meus dois monitores grandes que ficavam na mesa do meu quarto pequeno e bem iluminado. Ao contrário do que minha mãe doida achava, meu cantinho não era bagunçado. Eu deixava tudo muito bem organizado, e na verdade era um pouco maníaca por limpeza.

Nanda – nome de gringo maluco que minha mãe quis me dar – era como eu era chamada fora do meu quarto. Já dentro do meu mundo – a internet – era conhecida como a dona do H2Web. Já meu nick considero vergonhoso visto que o começo do blog foi quando eu tinha 13 anos e decidi que seria Ncchi na internet. Então, lá sou chamada por Ncchi, que droga.

Quanto a minha aparência? Não tenho muito tempo pra pensar nisso, mas não sou daqueles otakus que nem tomam banho, eu faço o possível para ficar mais bonitinha, que garota não pensaria nisso? Pena que não dá muito certo. Sou seca – seca mesmo – daquelas meninas muito altas de 1,77m que não têm peito ou bunda. Sou loira – oh, uma qualidade – mas meu cabelo é completamente enrolado e rebelde, fico parecendo a Taylor Swift feia com as mechas na altura do ombro. Meus olhos são castanhos e um óculos enorme e marrom cobre o meu rosto. Minhas camisetas são sempre largas, acho mais confortável e não me julguem, blusas apertadas fazem eu parecer mais seca ainda. Não tenho amigos fora da internet, primeiro por ser tímida, depois porque me veem como uma viciada doida. É triste.

Não gosto de cara algum. Na verdade nunca apareceu um que chamasse a minha atenção. Eles normalmente não falam comigo e eu não me importo.

Resumindo, minha vida feliz está na internet e eu a amo. Lá eu tenho as ideias mais importantes – de acordo com minha amiga de Manaus, Karen. Ah, eu sou de Minas Gerais.

# # #

Na minha sala de aula tinham 7 garotos: eram um grupo escandaloso que me dava dor de cabeça porque gritavam a aula inteira. Apesar de eu achar engraçado por ver adolescentes aproveitando a vida. Não sou tão rabugenta quanto pareço.

E desses 7, apenas dois eram mais altos que eu. Um deles era o mais mais do grupo - o ruivo bonito e sensual por quem todas as meninas babavam, participava do treino de basquete e ainda era rico, chegava a dar nojo de tão perfeitinho. E tinha estudado comigo no jardim de infância, e o pior é que éramos bem amigos. Já o outro era um comum deles, tinha a pele um pouco morena assim como o cabelo, mas era bem alto, chutaria uns 1,95m. Não sei de mais informações.

Ah, mas por que estou falando isso?

Eu me lembro bem, era quarta-feira, eu acho.

Foi quando eu finalmente encontrei a pessoa certa.

# # #

O que fazer? O quê? Eis a questão. Quando chegou o dia da minha postagem mensal sobre livros eu quebrei a cara porque não tinha lido algo recente nas últimas semanas por causa dos vestibulares cobrando Machado de Assis – meu rei da literatura. Acontece que nas resenhas deveriam ter coisas recentes, e garanto que muita gente já tinha lido Dom Casmurro, e quem não lera não tinha interesse em literatura clássica, quem sabe. E assim eu mantinha meu monólogo importantíssimo no pátio vazio da minha escola após o fim da aula. Eu simplesmente não poderia ir pra casa sem alguma ideia brilhante para minha matéria. Pensar, eu tinha que pensar.

— Ei, Nanda — disse uma voz masculina a meu lado, o som era bem grave. Não posso dizer que não tomei um pequeno susto quando meus pensamentos foram simplesmente atrapalhados pelo popularzinho ruivo da minha classe. Nós tínhamos estudado juntos há algum tempo, disso eu me lembrava bem, costumávamos brincar de super-heróis. Mas por que estou falando isso? Não que eu esperasse algo dele, nós simplesmente tínhamos ido por caminhos diferentes. Na verdade eu achava que ele nem lembrava meu nome, e isso seria muito inconveniente além de uma falta de educação.

— Oi, Marcelo — disse sem tirar muito os olhos do que eu estava fazendo.

— Hmm... Nanda... — ele disse colocando uma das mãos na cabeça.

— O quê?

— É Marcos.

Era só o que me faltava. Eu podia jura que era Marcelo, ele só poderia estar brincando comigo. Não, era Marcos mesmo? Eu já estava ficando louca? Ou seria velha? Ah não, era aquele blog me enlouquecendo. Não poderia julgá-lo mais depois daquilo, a mal educada era eu. Droga.

— Desculpa, não sou muito boa com nomes. Minha memória falha de vez em quando.

— É percebi.

Desviei meu olhar do meu bloco de notas vazio e olhei para trás do garoto, logo ao fundo pude perceber alguns de seus amigos dando risadinhas e colocando as mãos na cabeça. O único que não estava prestando atenção e mexia no celular era o moreno alto. Incompreensível.

— Vamos deixar isso de lado, não é importante — voltei o olhar para ele. — O que quer?

— Não seja grossa assim — podia jurar ter visto o rosto dele um pouco corado. Ele colocou as mãos nos bolsos na calça com rapidez. — Hum...

— Desculpa, Marcos. Mas eu estou um tanto ocupada... Realmente não quero ser grossa mas tenho que trabalhar — falei calmamente enquanto levantava com minha mochila pesada.

— Não, espera! Você... É... Você está livre no domingo?

Perdão? O quê?

Que tipo de pergunta de anime romântico tinha sido aquela? Pareceu aquelas frases que as protagonistas sonhavam em ouvir e rolavam no chão de felicidade – literalmente – depois que chegavam em casa. Mas eu nunca esperaria uma pergunta dessas. Eu não precisava sair no domingo, tinha duas matérias para terça-feira e ''sair'' só me incomodaria. Espera, por que ele estava me chamando pra sair? Ainda bem que eu nunca tive aquelas personalidades que se surpreendem com facilidade.

— O quê? — perguntei.

— No domingo, vamos sair.

— Não. Estou ocupada.

— Não?! Por quê? Você nem mesmo pensou a respeito — disse ele, perplexo.

— Eu tenho muita coisa pra fazer. E por que você está me chamando? Não faz sentido.

— Nanda... Mas...

Suspirei e encarei novamente seus amigos que estavam se entreolhando. Menos o moreno, claro.

— Eu tenho que trabalhar fora do colégio, você entende? Desculpa, eu gostei do convite mas tenho compromissos. Bom... Tenho que ir agora — eu disse sorrindo e acenando. O que fora aquele diálogo rápido? Depois do fora gentil, pude perceber que o moreno tirara os olhos do celular e agora estava nos encarando com supresa.

— Não! Espera! Nanda, por favor, eu gosto de você! Desde aquela época. Me dá uma chance, por favor.

Parei os passos no mesmo instante. O que ele tinha dito? Que gostava de mim? Desde crianças? Perdão Marcos, mas isso é impossível. O popular gostando da garota desconhecida da sala, aquilo estava cada vez mais parecendo um anime. Era simplesmente impossível.

Soltei uma gargalhada.

— Francamente, Marcos. Eu entendo que éramos bem amigos na época, mas se interessar por mim... É um pouco difícil de acreditar.

— Por favor, acredite! — ele chegou mais perto e pegou minha mão que não continha o bloquinho.

— Marcos...?

— Me dê uma chance, Nanda. Eu te imploro! Prometo que será o melhor domingo da sua vida.

Fiquei quieta por alguns segundos enquanto encarava o seu rosto vermelho e os amigos encarando como se eu não estivesse os vendo. Aceitar ou não? Aquilo estava soando estranho demais. Mas sentindo o força com a qual ele apertava minha mão, parecia que não desistiria até ter a resposta desejada. Típico mimado.

— Tudo bem. Só posso depois das 15h.

— Perfeito! — ele soltou minha mão e sorriu. — Te encontro às 16h na frente do grande relógio do centro. Por favor apareça. Não finja que aceitou pra me deixar esperando.

— Certo, certo.

Céus, aquilo era um anime de romance.

# # #

KarenCUTE8: não acredito!

Me: pois acredite ;-;

KarenCUTE8: ooomg Nanda, você não tá nervosa?

Me: Não, na verdade...

KarenCUTE8: o cara mais popular da sala, essa é a sua chance de ter uma vida social!

Me: KAREN!

KarenCUTE8: desculpa jajsjjashuahs sabe Nanda, eu não entendo isso, porque acho você tão legal...

Me: porque sou tímida, já disse. Na internet que sou mais descontraída

KarenCUTE8: verdade... Pelo menos esse pode ser seu cara certo! Seu príncipe!

Me: eiiii, calma exagerada

KarenCUTE8: tenho que ser a parte exagerada que você não tem

~nova notificação de GusJUN~

Me: aaah mdls o Gus tá me chamando, esqueci que tinha que enviar o que achei da matéria dele.

KarenCUTE8: qual Gus? O colunista de esportes ou de jogos?

Me: o GusJUN, esportes

KarenCUTE8: hmmmmmm o GusJUN >.>

Me: o que foi essa carinha safada o lado?

KarenCUTE8: vocês estão fazendo chamada de áudio todo dia agora não é?

Me: quase todo dia

KarenCUTE8: vamos Nanda, pode falar a verdade, sei que tem um crush nele

Me: eu nunca vi o rosto dele e nem sei onde mora D: nem começa

KarenCUTE8: vocês já se falam têm 2 anos, e você vive comentando sobre ele

Me: ah... É que ele tem uma personalidade linda... Mas sei lá

KarenCUTE8: isso se chama gostar de uma pessoa pelo que ela é

Me: mesmo que a gente quisesse, não daria certo, ele deve morar do outro lado do país

KarenCUTE8: isso é fato, mas ele já perguntou pra mim se você tinha namorado.

Me: sério?

KarenCUTE8: uhum, e vocês ainda têm a mesma idade

Me: depois discutimos sobre isso, espera ai

Ótimo, até a Karen já tinha percebido. Era um tanto que verdade, GusJUN o colunista de esportes do meu blog era uma pessoa maravilhosa tanto por mensagem quando por conversa, eu sabia tudo sobre e ele sobre mim, apenas não tínhamos visto ambos por foto e trocado endereços talvez porque perdesse um pouco aquela magia de um relacionamento virtual. Eu não gostava de admitir aquilo, era horrível, até porque que tipo de pessoa desenvolveria um crush por alguém que nunca vira pessoalmente? Exato, eu.

GusJUN: ei Nandaaa, onde tá a minha matéria? D: preciso postar moçaaaa

Me: DESCULPA GUS, eu to meio louca com esses lances de vestibular, e hoje fiquei num monólogo o dia todo por causa da postagem sobre livros.

GusJUN: saiba que to fazendo vestibular também tá

Me: ah, a dona pode tudo hueueueueue

GusJUN: pode tudo minha cara dona

Me: ahsueueue tudo bem, eu já li relaxa, vou mandar no seu e-mail agora

GusJUN: grato

GusJUN: ei, Nanda

Me: oi?

GusJUN: vamos fazer chamada por vídeo na segunda? Acho que tá na hora de um ver a cara do outro. Hmm... e to curioso pra saber como tu é

O que pensar e o que falar? O crush dos meus sonhos, eu iria finalmente ver o rosto dele. Se fosse um cara bonito minha vida estaria realizada, mas seria difícil, sem falar que ele não deveria ser muito mais alto que eu. Droga.

Me: sim! Já tá na hora mesmo

GusJUN: sério?! Que alívio! Achei que você não ia querer...

Me: ahsjajshaus não, eu quero! Então deixamos marcado pra segunda!

GusJUN: okay! Mal posso esperar.

Eu também! E ainda parecia que ia ter um ataque cardíaco, que sentimento estranho era aquele?

# # #

E então, chegou o domingo.

Eu sendo a pessoa gentil que sou, vesti uma roupa mais bonitinha para não fazer o coitado passar vergonha ao sair com uma garota vestida mais ou menos como ele. Uma boa ação, sejamos sinceros.

— Mãe, estou saindo, volto logo.

— Ok filha... Espera, saindo domingo de tarde?

— Sim, mas não é algo importante. Te vejo mais tarde.

Realmente não era importante, eu não estava muito empolgada para sair com aquele cara. Estava pensando mesmo era em como seria o rosto do GusJUN – uma vez discutimos sobre seu nome ridículo na internet e ele disse que era só por falta de criatividade. Não muito diferente de mim quando menor.

E depois de andar um pouco e pegar um ônibus felizmente vazio e cheiroso, eu cheguei ao grande relógio às 16h15min, atrasada, com sorte o perfeitinho não me mataria.

Mas bom, ele não estava lá – comemorações internas –, e decidi esperar em pé por ele com paciência, não deveria demorar muito. Olhei para os lados, dei alguns pulinhos de pressa, andei um pouco, olhei a vitrine da loja ao lado. Por fim decidi sentar no banco que ficava logo ao lado.

Vi uma mãe passeando com a filha em direção da loja de roupas. Vi elas voltando. E nada dele.

Vi as nuvens passeando no céu. E nada dele.

Vi os pedestres passando na rua. E nada dele.

Karakuri Pierrot (Marionete Pierrô) [Hatsune Miku]

Machiawase wa ni-jikan mae de
Koko ni hitori sore ga kotae desho
Machiyuku hito nagareru kumo
Boku no koto wo azawaratteta

Duas horas depois da hora marcada do nosso encontro
Sozinha, espero você chegar. Suponho que esta seja a resposta?
Pedestres andando pela rua, nuvens deslizando pelo céu
Estavam todos rindo de mim

— Você não é de quebrar promessas não é? — disse uma voz familiar ao meu lado, podia jurar que era a do Gus, mas eu deveria estar ficando louca.

— Perdão? — falei ao olhar pro lado. Era o moreno alto da minha turma. E é claro, eu tinha esquecido o nome dele. Era o quieto da turma de garotos, sempre o mais sério que soltava uma gargalhada bem humorada de vez em quando.

— Eu vim aqui pra checar se você tinha vindo. Ou se já tinha ido embora — ele se sentou ao meu lado e suspirou profundamente. O ar que ele transmitia era muito sério. — Isso foi uma pegadinha deles. Queriam ver se realmente viria. Provavelmente eles passaram aqui na rua do lado antes pra conferir e o Marcos acabou de ganhar vinte reais por isso.

— O quê?! Que porcaria é essa? Eu não acredito! — levantei do banco furiosa e bati os pés no chão. — Vocês são uns babacas.

Devo admitir que fiquei um pouco aliviada um segundo depois. Eu não precisaria passar a tarde com aquele cara, e eu não estava nem um pouco afim.

— Ei, não me coloque nisso — ele disse com calma enquanto se levantava também. — Eu nunca concordei com a brincadeira desses retardados. Nunca participo desse tipo de coisa, acho infantil.

Fiquei quieta o encarando. A voz dele era realmente parecia com a do Gus, parecia um sonho, além de ele ser bem mais alto que eu, também passava um ar de confiança. Espera, que raios estou falando?

— Por sinal... É Fernanda?

— Não, só Nanda.

Ele soltou uma risada constrangida.

— Tenho uma amiga com esse nome — o garoto que eu esqueci o nome colocou uma mão no bolso e se virou pra mim. — Não vamos desperdiçar o preço caro do ônibus, tá afim de um sorvete?

— Prefiro um café com bolo naquela cafeteria — apontei para a quadra ao lado. — Vi muita gente entrando lá.

Ele riu e fez um sinal afirmativo com a cabeça.

— Beleza, a madame é quem manda.

Nós sorrimos e seguimos andando calmamente para a outra esquina, ambos parecíamos um tanto constrangidos. Quem não ficaria numa situação daquelas? Eu cai numa pegadinha e ele não se orgulha dos amigos, o que fazer?

— Hum... — ele disse enquanto atravessávamos a rua. — Você comentou uma vez que trabalhava, o que você faz?

Agradeci por ele ser o herói que resgatou a falta de assunto do abismo. Apesar de que falar sobre o meu trabalho seria um perigo, afinal eu privilegiava a minha identidade.

— Trabalho na internet.

— Tá brincando?! — falou o moreno num ar empolgado. — Eu também!

Ótimo, por aquela eu não esperava. O cara também trabalhava na internet, o que indicava que com certeza me reconheceria. Mas eu jamais imaginaria que um cara com vida social tão bem vestido trabalharia na internet.

— O que você faz lá? — ele perguntou.

— Eu tenho um blog — respondi quando entramos na cafeteria.

— Ah que demais! — ele parecia estar se soltando cada vez mais. Foi interessante vê-lo daquele jeito, parecia um cara legal. — Posso perguntar qual blog é?

Fiquei quieta por alguns segundos em pé na porta até finalmente responder.

— Só se prometer sigilo completo.

— Relaxa, não vou contar pros idiotas.

Nós sentamos em uma mesa, fizemos os pedidos e ficamos calados por algum tempo. Eu permaneci quieta pensando se seria certo contar ou não, já ele mantinha a expectativa elevada enquanto me encarava.

Por fim, nossos cafés gelados com chantilly – ainh que delícia ♥ – chegaram com um pedaço de bolo de chocolate para mim e abacaxi para ele. Por que estou retratando a comida?

— É o H2Web, conhece?

E foi quando meu comentário maravilhoso foi dito que eu levei um banho de café. Obrigada menino moreno mais alto que eu. Imaginei que ele ficaria surpreso, mas não a ponto de me encher de café.

— Ncchi! Céus! Eu não acredito!

— Sim, sim, sou eu, mas não grita! — eu disse baixinho colocando o indicador na boca indicando silêncio.

Ele não respondeu, apenas me encarava pasmo.

— Nanda, eu sou seu colunista de esportes. Nanda, sou eu! O Gus!

Oh.

Céus.

Meu.

Coração.

Não seria possível, seria? Cara, era o garoto que estudava comigo! Ele era o meu crush virtual. Aquilo não poderia ser real. Logo quando no outro dia iriamos nos ver pela primeira vez. E ele ainda estava acima das minhas expectativas! Tinha medo que fosse um gordinho baixinho de 13 anos que dizia ter a minha idade.

Mas não. Ele estudava comigo.

Eu não tive tempo de responder, não mesmo. Logo quando ia soltar minha primeira sílaba de surpresa, fui apreendida por um abraço seu – o Gus.

Todos da cafeteria estavam olhando o menino que levantou bruscamente pra abraçar a menina que estava sentada na cadeira com uma cara pasma. Pouco me importava. O abraço dele era quente e acolhedor, assim como eu pensei que seria.

Karakuri Pierrot (Marionete Pierrô) [Hatsune Miku]

Boku wo nosete chikyuu wa mawaru
Nani mo shiranai kao shite mawaru
Ichi-byou dake kokyuu wo tomete
Nani mo iezu tachisukumu boku

Enquanto me carrega, a terra gira
como se não soubesse de nada, ela gira
Por um segundo, prendo a respiração
E congelo sem dizer uma palavra


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Notas finais do capítulo

Mande sua história com o crush para nós, quem sabe vira uma história!

Contato:

Little Nyx:
@usmilepan

Pequena Ferla:
ferlaeduarda@gmail.com