Fala Sério, Crush! escrita por Ferla, little Nyx


Capítulo 4
Por que os homens errados amam as mulheres poderosas - Little Nyx


Notas iniciais do capítulo

EU JÁ SEI!
"Little Nyx, você não está postando seu capítulo no dia certo!"
Ai gente, é que estava difícil de decidir sobre o que escrever e acabai atrasando.
Mas, finalmente, aqui está.
Espero que gostem

HERE WE GO...



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“Você quer namorar comigo, Bella?”

Falada sempre do mesmo modo. Do mesmo jeito. E com os mesmos olhos apaixonados de todos os meninos que diziam isso para mim. Mas nunca pela pessoa que eu esperava que fosse. Nunca pelo crush.

Certa vez, eu vi um livro na estante de minha mãe que o título era tal:

“Por que os homens amam as mulheres poderosas?”

Realmente, os homens amavam as mulheres poderosas, as que tinham controle da própria vida, da própria mente e do próprio coração. Só que, uma regra sempre tem a exceção, e eu era ela. E o título do meu livro não seria esse, mas, parecido, uma coisa meio igual a:

Por que os homens errados amam as mulheres poderosas?

Isso resumia, basicamente, toda a minha vida amorosa. Homens que não eram ele, me amavam, corriam atrás de mim como se eu fosse uma presa, chegava ser irritante. Mas, o mais irritante, era que não apenas os errados me amavam, e sim todos. Professores, alunos, monitores, atendentes da cantina e até mesmo o próprio diretor. Pense na queridinha da América e agora pense na queridinha da St. Justine. Sim, os padrões se igualavam. Essa era eu, usada como referência aos outros alunos, uma santa na visão das pessoas, aquela que sempre organizava as coisas da escola, membro do conselho estudantil, essas coisas. Eu não sei se no Brasil existia isso de “a mais popular”, porém, se fosse real, Bella Devagner se encaixaria perfeitamente para o papel.

Voltando ao raciocínio. No exato momento, a frase que mais me aterrorizava, estava sendo pronunciada para mim outra vez, mas, com um tom de diferença, na frente da escola inteira, incluindo ele.

Bella? – o jogador de futebol (como era mesmo o nome dele? Ricardo? Marcelo? Eduardo!) estava ajoelhado em cima da mesa – onde eu me encontrava, por algum motivo – olhando em meus olhos.

Todos do pátio focavam em nós – eu estava passando muita vergonha – e meus olhos rolavam entre as pessoas na mesa, mas, sempre parando no mesmo garoto que parecia estar mais entretido no seu iogurte do que na cena patética que estava acontecendo.

Suspiro tristemente e volta a encarar Eduardo (?).

Eu... Eu... Não sei – digo gaguejando, Santo Deus como eu odiava isso.

Apenas diga sim – ele insiste – eu nunca vejo você com ninguém, sempre sozinha apenas com as amigas, eu sei que você esta esperando o cara certo, Bella, e aqui estou. O cara certo para você sou eu, deixe-me provar isso? – Eduardo aperta mais minha mão que, de certo modo, foi fofo.

Respiro fundo e encaro novamente os alunos no lugar. Eu realmente não sabia o que fazer e, normalmente, isso seria resolvido em questão de segundos, eu daria um fora no cara e diria para ele achar alguém melhor, sendo gentil.

Encaro o menino que eu gosto pela milésima vez no dia e bilionésima na semana. Agora ele já havia acabado com e seu lanche e admirava o “casal” em cima da mesa. Eu daria qualquer coisa para saber o que ele pensava. O que será que ele achava de mim? Ele ao menos, me considerava bonita? Será que ele queria estar no lugar de Eduardo? Meu Deus! Talvez fosse isso!

O motivo dele nunca ter falado comigo, chegado perto ou qualquer outra coisa que eu rezava para que ele fizesse, fosse talvez, o ciúme que ele sentia em relação aos outros que me seguiam. Talvez ele achasse que não tinha chance comigo porque eu sempre dava um fora em quem me pedia em namoro. E se dessa vez eu aceitasse, ele poderia pensar que tem uma chance.

Na realidade, isso era loucura. Eu não conhecia Eduardo e para mim, ele era apenas mais um aluno da St. Justine como qualquer outro. Mas apesar disso, ele havia caído como uma luva no momento, e eu estava ciente que usá-lo seria errado e reconsiderar seu pedido seria uma completa falta de juízo, coisa que eu tenho até demais. Porém, com diz o ditado, se está no inferno, abrace o capeta.

Eduardo parecia estar desistindo de tentar conquistar a linda Bella Devagner quando ele, e todos os alunos do colégio, escutam algo que nunca pensaram que ouviriam sair da minha boca.

Sim! – digo rapidamente – sim, eu aceito o seu pedido.

Nunca pensei que cenas de filmes poderiam acontecer de verdade, mas foi o que houve. Eu simplesmente vi todos os alunos do lugar virarem a cabeça ao mesmo tempo para nós e darem um pulo de susto. Todos. Inclusive o meu alvo – crush – nos olhavam sem entender nada. Afinal, a queridinha do St. Justine, a menina mais cobiçada, estaria finalmente namorando com um de seus pretendentes.

Onde eu estava com a cabeça? Sorrio sozinha.

Você esta aceitando ser minha namorada? – Eduardo levanta-se com uma cara desconfiada.

Sim, eu estou – respondo ante que mudasse de ideia.

Eu estava embarcando no Titanic, minha morte era certa.

###

Não vai dar certo – minha melhor amiga cruza os braços.

Você esta me falando isso há duas semanas, Maria – massageio minhas têmporas.

Eu apenas estou tentando colocar isso na sua cabeça – Maria diz – você sabe que é errado. O que está acontecendo com você, Bella? Nunca foi de fazer essas coisas.

Como se você não soubesse o que está acontecendo – digo em deboche.

E o que está acontecendo? – uma voz surge em meio às pessoas do intervalo. Eduardo senta ao meu lado da mesa e me da um selinho demorado.

Não aconteceu nada – digo – era só um problema de Maria, mas já resolvemos – eu sorrio para minha amiga, ela não faz nada, apenas suspira.

Bom – meu namorado diz – Bella, venho aqui dizer-lhe que o diretor a espera na sala de musica, estão começando os preparativos para as festas de final de ano e você precisa estar presente, já que é líder do conselho estudantil.

Droga, eu havia esquecido – praguejo.

Levanto-me de onde estava e beijo a bochecha de Eduardo, corro apressada do pátio indo em direção à sala de música.

Com licença, senhor diretor – bato de leve na porta e entro – desculpe o atraso, estava resolvendo questões particulares.

Tudo bem, acabamos de começar – diz o diretor – sente-se. – ele aponta para uma cadeira ao lado dele – Como todos sabem, as apresentações de final de ano...

E no minuto que eu me sentei ao lado do diretor Jones, meu mundo parou. Eu já não ouvia mais nada do que ele dizia, me focava em apenas uma coisa. Alguém.

Felipe D’Mello estava sentado na cadeira em minha frente. Ele anotava algumas coisas em seu caderno e nem parecia notar minha presença ali. Seus cabelos pretos estavam escondidos por uma toca – o que era estranho, pois já estávamos no verão – e seus óculos eram arrumados por ele a cada segundo.

O que você acha Srta. Devagner? – a voz do Sr. Jones tira-me dos meus pensamentos. O que ele havia dito?

— O que eu acho? Bem... Eu... – procuro as palavras. Agora era minha chance – Antes de dizer o que eu acho, queria saber o que o Sr. D’Mello está fazendo conosco? – pergunto arqueando uma sobrancelha – Afinal, ele não faz parte do conselho estudantil. – e por fim, consegui o que queria. Felipe levanta sua cabeça de vagarosamente, arruma seus óculos e me encara.

Desculpe, Srta. Devagner – o crush começa – mas acredito que essa pergunta deveria ser feita diretamente a mim, não acha?

Pois bem – pisco os olhos calmamente – o que está fazendo aqui? Você não faz parte do conselho estudantil.

É claro que a senhorita não se recorda, mas eu faço parte da banda da escola – ele diz. É claro que eu me lembrava, sempre dei a desculpa ao diretor de que precisava revisar as músicas das apresentações apenas para vê-lo tocar. – e como ninguém aqui tem capacidade suficiente para escolher as músicas e organizar, o diretor chamou-me para ajudar com isso – ele termina.

Sr. D’Mello, isso foi um insulto? – digo estufando peito.

De modo algum – ele sorri e volta a escrever em seu caderno.

Ele havia sorrido para mim, mesmo que apenas por alguns segundo e não pelo motivo que eu esperava, mas, mesmo assim, ele havia sorrido. Meu dia estava feito.

Crianças, acalmem-se – Sr. Jones se pronuncia – desculpe Bella, sei que deveria ter avisado sobre Felipe.

Tudo bem, – digo – posso conviver com o fato de eu não saber tocar e nem cantar nada. E já que é assim, não tenho motivos para ficar aqui. – levanto-me e saio batendo a porta.

É claro que eu queria mais que tudo ficar naquela sala, só que eu tinha um plano em mente e tinha que colocá-lo em prática o quanto antes, aquele namoro com Eduardo estava me matando.

Saio dos corredores e vou para o lado de fora, sento em um dos bancos e coloco meu fone de ouvido, não demora muito para acontecer o que eu esperava.

Devagner? – Felipe entra no meu campo de visão.

Sim? – respondo tirando os fones.

Eu queria me desculpar pela cena que eu fiz – ele procura as palavras – eu não queria dizer que você era inútil.

Está tudo bem, eu não sei tocar nada mesmo – dou de ombros – não vejo como poderia ajudar nesse meio, e a reunião sobre as decorações é apenas as terças- feiras.

Ele fica quieto. Na verdade parecia mais envergonhado, mas com o que? Será que era pelo o que ele tinha me falado antes ou porque estava perto de mim?

Já terminou? – digo em tom arrogante – Meu namorado daqui a pouco está aqui e ele é um pouco ciumento. – ele arregala os lhos com a palavra namorado. – O que foi?

Nada – ele ri – é que não estamos acostumados com você namorando, quer dizer, pensamos que você seria beatisada pela escola sabe, por ser tão certinha e sempre ter milhares de garotos atrás de você e nunca dar atenção a ninguém.

Ah, sobre isso – mexo no cabelo, tentando passar um charme – eles não eram os garotos que eu achava certo namorar. O garoto que eu achava certo nunca deu bola para mim – indireta.

E no final ele deu, não é? – olho para ele em sinal de pergunta – O Eduardo, o cara certo, afinal, você aceitou namorar com ele.

É – digo – consegui o certo – sorrio de lado. Porque os meninos são tão burros? Será que Felipe não podia entender que essa frase tinha sido para ele!

Então, Bella – ele volta a falar – eu estava pensando, já que eu fui rude com você... – levanto uma sobrancelha – Ok, muito rude. Talvez eu pudesse lhe dar aulas de música.

Isso seria incrível! – levanto do banco em um pulo. Acalme-me Bella – Quer dizer – respiro – eu adoraria.

Ok – Felipe ri – depois da reunião das decorações? – ele pergunta e balanço a cabeça concordando. – tudo bem, até mais – ele beija minha bochecha e sai.

Alô? Produtor? Está certo isso? Você revisou o roteiro?

O crush tinha me dado um beijo na bochecha, por favor, que não seja apenas mais um sonho maluco onde eu fico com ele. Felipe me daria aulas de música, alguém me belisca?

Parecia que tudo o que planejei estava funcionando, até porque, ele viria falar comigo, Bella Devagner, sem saber que teria alguma chance? É claro que não!

###

Minha empolgação para terça- feira era bem vista e enfim ela tinha chegado, eu estava mais sorridente e até mesmo com vontade de fazer os deveres de casa. Maria brincava perguntando se eu não havia perdido a virgindade para estar tão radiante, eu batia nela. Eduardo, meu futuro ex-namorado, achava que era por causo dele que eu estava feliz.

Nenhum dos dois estava certo.

Minha felicidade tinha nome e sobrenome. Felipe D’Mello.

Eu estava sentada em uma das carteiras da sala de musica esperando o crush que, aliás, estava atrasado. Olho para meu relógio pela décima vez naquele tarde, quatro horas e cinco minutos.

Cinco minutos.

Em cinco minutos ele era capaz de mudar de ideia e pensar que não precisava me dar aulas, que tinha mais coisa para fazer do que passar grande parte do seu tempo comigo.

Posso dizer, eu sou muito pontual. – adentra a sala me fazendo respirar pesado.

Na verdade, não. – ele franziu a testa – Você está cinco minutos atrasado.

Desculpe, queridinha da St. Justine – Felipe brinca – vamos começar?

Sim, – digo – mas por onde?

O que você mais gosta nessa sala? Eu sei tocar basicamente tudo. – o crush aponta para os instrumentos.

Não sei – penso um pouco – o piano?

Para a sua felicidade, eu sei tocar piano sim – eu o olho desconfiada – e não, eu não sou gay. – dou risada. – vem – ele puxa minha mão para o banco perto do piano.

Ele senta ao meu lado e começa a tocar alguma coisa enquanto me explicava sobre ele. Eu não estava prestando a mínima atenção, apenas fazia o que ele pedia para eu fazer e admirava sua voz. Como eu queria escutá-la todos os dias e não a de Eduardo. Eu não sabia os sentimentos que nutria por aquele menino, mas eram muito fortes.

Agora você – ele diz.

O quê?! – praticamente grito.

Toca a música que eu acabei de te ensinar.

Ai meu Deus! – sorrio – Vou tentar, ok?

Ele ri e diz que tudo bem, começo a tocar o que eu me lembrava.

Dedilhava no instrumento as notas que eu conseguia e até que não saia coisas muito ruins. Eu sentia os olhos de Felipe sobre mim, aquilo era bom e ruim ao mesmo tempo e novamente me vem aquele pensamento: O que ele estava pensando de mim?

Termino a música errando a última nota, dou risada envergonhada e me viro para Felipe que não dizia nada, apenas me encarava. Engulo o seco e os encaro também, de novo, parecia coisa de filmes. Nós estávamos em uma distância pequena e eu conseguia sentir seu hálito – laranja –, seus óculos estavam escorregando pelo seu nariz e eu o arrumo, um ato um pouco rebelde, considerando o momento. Aproximo-me um pouco mais na intenção de beija-lo, mas, antes que qualquer coisa pudesse acontecer, meu celular toca.

Só podia estar de brincadeira, eu estava quase lá.

Levanto-me do banco e saio de perto do piano, pego meu celular e olho no visor a peste que havia acabado com todo o momento e é claro que seria Eduardo.

— Oi, Eduardo – atendo o telefone.

— Porque demorou a atender? – ele pergunta em tom possessivo.

— Eu estava na reunião do conselho de classe, Eduardo – suspiro.

— Ah, desculpe – ele tosse – quer tomar um sorvete?

— Claro – reviro os olhos – manda uma mensagem com o endereço que eu te encontro lá.

— Sim, eu mando – Eduardo diz – até mais, namorada.

— Até mais, Eduardo – finalizo a chamada. – desculpe, era Eduardo me chamando para tomar sorvete – viro-me sorrindo na intenção de encontrar Felipe ali, mas, me decepciono.

Ele havia ido embora.

É claro que ele havia ido embora, Bella. Vocês estavam quase se beijando e daí, de uma hora para outra, não estavam mais. No mínimo ele ficou envergonhado.

###

“Agir como um cãozinho amestrado traz resultados negativos: o homem interpreta as acrobacias da boazinha como uma possibilidade de usá-la e descartá-la. Mas, se você permanecer fora de alcance, ele vai se comportar muito melhor”.

Fora de alcance. Era assim que eu me encontrava – mais ou menos. Felipe pensava que eu estava namorando sério, achava que eu não poderia ter nada com ninguém pelo fato de ter Eduardo ao meu lado. E foi por isso que quase aconteceu o beijo. Ele estava tentando “se comportar melhor” para conseguir me conquistar – talvez.

“Se você o tratar casualmente, como se fosse um amigo, ele vai correr atrás de você. Ele quer que as coisas sejam românticas, mas também deseja ser o conquistador”.

Eu seguiria o conselho do livro, o trataria como se fossemos amigos de infância e então, ele terá que me conquistar para “mudar a minha visão sobre ele”.

###

Três semanas haviam passado e eu continuava me encontrando com Felipe para ele me ensinar piano. Na realidade, odiava piano. Minha irmã tocava – e muito bem – o dia inteiro em casa para poder tentar passar em algum teste de música, o barulho tinha se tornado insuportável.

Mas, se eu estava com Felipe, isso não importava, tudo era lindo com ele. É claro que não era sempre que tínhamos aqueles nossos momentos, mas éramos bons amigos.

Bella? – Eduardo tira-me de meus pensamentos – Você está me escutando?

Desculpe, eu acabei de lembrar que estou atrasada para um compromisso – o que não era mentira, Eduardo estava me prendendo e eu já tinha perdido a hora de me encontrar com Felipe.

Novamente, Bella? – Eduardo reclama – você sai toda terça-feira, o que esta acontecendo?

Nada – digo dando um selinho nele – amanhã eu te ligo.

Não espero ele responder, pego minha bolsa e saio correndo para a sala de música. Meia hora atrasada, eu esperava que Felipe ainda estivesse lá. Quando chego à porta da sala avisto algumas meninas paradas em frente impedindo minha passagem.

Bella? – uma delas se pronuncia.

Eu mesma. – digo tentando abrir espaço para a porta.

Nós precisamos de ajuda em uma coisa – outra menina diz.

Garotas, eu não posso ser útil no momento – informo a elas – passem aqui mais tarde, realmente agora estou atrasada – dito isso, abro a porta e entro.

Finalmente! – escuto Felipe gritar assim que dou meu primeiro passo.

Desculpe-me – digo nervosa – Eduardo estava me prendendo, sabe, não posso contar a ele sobre isso – aponto para o lugar – ele é muito ciumento.

Nossa, namorado possessivo – ele revira os olhos – vamos começar?

Em pouco tempo eu já estava tocado algumas coisas no piano, não era muito difícil, na verdade, e com um professor desses, quem poderia errar?

Tudo corria bem. Conversávamos sobre alguns assuntos aleatórios e riamos de piadas sem graça. Hoje parecia que Felipe estava mais bonito que nos dias normais – ou era coisa da minha cabeça. Eu o analisava pelo canto do olho enquanto tocava no momento que aconteceu.

Eduardo abriu a porta da sala bufando e eu jurava que ele ia sair correndo, pular no meu pescoço e ficar ali até me sufocar.

Então é isso que você faz toda terça-feira?! – ele aponta para meu crush – vem aqui “tocar piano” com esse ai?!

Eduardo, calma – levanto-me do banco – isso vai parecer ridículo, mas não é nada disso que você está pensando – tento não rir com o que eu acabara de dizer. – nós precisamos conversar.

Bella – ele coloca a mão na testa –, eu não estou a fim de conversar.

É muito importante, Eduardo – procuro Felipe na sala, ele havia sentando de frente para nós e apenas observava.

Eu já disse que não quero... – ele começa, mas eu o interrompo.

Eu estou terminado com você! – digo.

Você não pode estar falando sério – ele ri meio torto – Bella, vem vamos conversar – Eduardo se vira no intuito de sair da sala.

Não tenho nada para conversar com você – digo dando um passo para trás – nós estamos terminado.

Eduardo não responde, senta em uma cadeira próxima e encara o piso. Não sabia ao certo se ele estava chorando ou qualquer coisa do tipo, mas ele não estava bem.

Vadia – sibila depois de alguns minutos e eu arregalo os olhos.

O que você disse? – aumento a voz.

Isso mesmo o que ouviu – ele se levanta com o punho cerrado – estava me usando esse tempo todo, nunca gostou de mim. Eu só queria saber por quê?

Meu ex-namorado dá alguns passos em minha direção e isso já estava me deixando com medo. Eu não sabia do que ele era capaz, ele sempre me pareceu alguém doce e gentil, nunca agressivo.

Bella Devagner – sussurra meu nome – você se acha muito não é? A queridinha da St. Justine, a poderosa, a que todos correm atrás. Mas não passa de uma patricinha mimada que não se importa com ninguém.

Isso não é verdade! – eu me importava com uma pessoa.

Você sabe que é! – ele grita – Sabe que faria qualquer coisa por si mesma, nem para sua melhor amiga você daria o braço a torcer.

Para! – sinto meu olho lacrimejar. Não chorava pelas palavras que ele dizia, isso não me importava. Eu chorava pela forma que ele dizia. Soltava cada frase sem dó. Ele estava com raiva de mim e eu me sentia a pior pessoa do mundo por ter feito aquilo com Eduardo.

Você é arrogante. Mimada. Acha-se a mais inteligente. Egocêntrica. Mandona... – Eduardo continuava soltando insultos da maneira mais cruel possível.

Eu não aguentava aquilo, mesmo sabendo que a culpa era minha, eu não merecia ser chamada de nomes tão feios, era demais para mim e em um momento de espanto, minha mão vai até seu rosto lhe dando um tapa onde as marcas de dedos ficariam por pelo menos alguns minutos.

Eu fecho meus olhos, mas não antes de vê-lo franzir a testa e cerrar os punhos. Meu Deus! Ele bateria em mim.

Não encoste um dedo nela – Felipe coloca-se entre nós – afaste-se.

Isso não é com você, cara – Eduardo tenta empurra-lo para o lado em sucesso.

É claro que eu poderia me afastar, cara – o crush arruma os óculos –, mas seria para sair daqui e ir direto chamar o diretor. O que você acha, cara?

Eduardo me encara por alguns segundo e depois se vira para a porta saindo bufando da sala. Eu sento no chão e volto a chorar.

Você está bem? – Felipe senta ao meu lado. Não respondo.

Talvez Eduardo estivesse certo. Eu era uma patricinha mimada e arrogante, não uma poderosa como eu me imaginava.

Eu sou uma pessoa tão ruim assim? – pergunto em soluços.

Claro que não, Bella – ele diz – e aquele cara – ele imita a voz de Eduardo e eu dou risada – ele é um babaca e não te merecia. Não deixar você ter aulas de piano? Isso é ridículo! Você merece coisa melhor, menina. Você é linda e querida, todos te querem pela pessoa incrível que você é.

Sorrio de lado e ele joga seu ombro contra o meu sorrindo também. Respiro fundo e encaro seus olhos negros. Lindo. Esses elogios me deixaram muito melhor e eu precisava fazer o que eu faria. Selo nossos lábios em um beijo rápido, eu não o deixaria escapar. Eu tentava aprofundar mais o beijo, mas, ele parecia... Não querer?

O que está fazendo?! – Felipe grita se levantando e eu faço o mesmo.

Te beijando? – respondo tentando parecer ingênua.

Por acaso você ficou maluca? – o crush passava as costas da mão na boca.

Mas, eu achei que... – tento dizer, mas sou interrompida.

Achou o que? – ele diz grosso – que eu estava começando a gostar de você? – ele ri.

Não. Isso não poderia estar acontecendo, não depois de tudo o que eu fiz.

Como você acaba de terminar um relacionamento e já quer sair beijando outra pessoa? – Felipe bagunçava os cabelos. – Você estava chorando até pouco tempo atrás por ter rompido com seu namorado! Eu apenas estava lhe dando algumas aulas de piano, pois, achei que tinha sido muito rude com você!

Ele não era meu namorado! – digo – quer dizer, ele era, mas eu não gostava dele.

O quê? – meu crush se espanta.

Eu gosto de você, Felipe! – solto as palavras que eu sempre guardei – Sempre foi você! Todos já me pediram em namoro menos a única pessoa que eu sempre esperei. E dessa vez eu aceitei apenas tentando conseguir que você viesse atrás de mim já que, agora eu tinha aceitado alguém, você pensaria que teria chance – eu soluçava e ele me olhava como se eu fosse um louca – fiquei durante essas semanas com Eduardo para fazer você se aproximar de mim e quando você me ofereceu essas aulas, achei que tinha dado certo. – digo chorando descontroladamente.

Você é maluca! Eu tenho namorada! – Felipe joga as palavras na minha cara.

Palavras que eu nunca cogitei em ouvir e que eu nunca pensei em pesquisar sobre elas em relação a Felipe, sempre achei que ele fosse sozinho.

Ele vira-se em direção a porta, mas eu seguro a manga de sua blusa.

O que ela tem que eu não tenho? – digo – O que ela tem que faz você querer tê-la, ao invés de mim? – olho em seus olhos.

Ela é perfeita. Gentil, humilde e – ele suspira –, normal.

Normal?

Sim, normal. – ele tira minha mão da sua blusa – Ela não precisa lidar com toda a pressão de uma escola dependendo de você. Ela não quer fazer tudo para que todos a amem. Ela não é a menina que todos veem como exemplo. Ela não é popular. Ela não é poderosa em relação a todos. Ela não é a queridinha do St. Justine. – ele termina e sai da sala.

Eu não saio do lugar, apenas observo aquelas meninas que estavam na porta quando cheguei, entrarem. Minhas pernas estavam bambas, meus olhos já não soltavam lágrimas, eu não queria mais chorar. Queria apenas me retirar dali e gritar ao mundo que Bella Devagner é uma completa otária.

Bella, queremos ajuda – uma delas diz, a mesma de antes – é que nós vamos sair com alguns meninos hoje – ela parecia envergonhada – e queríamos ajuda para escolhermos roupas e de como usar maquiagem – encarava os pés.

Desculpe – me espanto –, o quê?

Claro, se você tiver tempo suficiente, nós sabemos o quanto é ocupada – ela diz.

O que estava acontecendo parecia mais como um sinal.

Um sinal não.

Uma alerta.

Um alerta de que eu era sim, uma mulher poderosa.

Essas meninas pediam minha porque achavam que eu era capaz, confiavam em mim para ajuda-las. Achavam-me poderosa.

Ela não precisa lidar com toda a pressão de uma escola dependendo de você. Ela não quer fazer tudo para que todos a amem. Ela não é a menina que todos veem como exemplo. Ela não é popular. Ela não é poderosa em relação a todos. Ela não é a queridinha do St. Justine”.

Os homens não amam as mulheres poderosas por conseguirem fazer tudo, Felipe havia me mostrado isso. Ser poderosa não quer dizer fazer tudo no concreto. Eles amam as mulheres poderosas porque elas são elas mesmas.

Ser uma mulher poderosa não significava ter voz sexy, usar chicote e ser má – significava estar consciente de suas qualidades, valorizar-se, não ter medo de se impor e acima de tudo, saber que suas necessidades devem vir em primeiro lugar.

A mulher poderosa não se preocupa com homens, ela sabe que é incrível e que não precisa de qualquer um, precisa de um a sua altura. Ela não corre atrás. Tudo aquilo que perseguimos, foge de nós.

A boazinha comete o erro de sempre estar disponível. A mulher poderosa esta disponível algumas vezes, mas outra não.

E como age a mulher poderosa? Ela escolhe cada momento que a faz mais feliz.

Ela não fica pensando nos momentos tristes que teve com o homem ou, onde ela deveria ir para vê-lo novamente. Ela vive a sua vida.

Ela mantém a própria independência.

Ela mantém o controle.

Ela procura resolver os próprios problemas.

Uma mulher é poderosa simplesmente porque não está disposta a abrir mão de si mesma.

E eu sou uma mulher poderosa. Eu não abria mão de mim mesma para correr atrás de Felipe e nem de ninguém. Era isso que eu estava fazendo, deixando-me de lado para conquistar alguém que eu não conseguia acreditar que não gostava de mim.

A mulher poderosa estava se escondendo, mas eu a achei novamente.

Meninas, eu vou deixá-las poderosas.

NOTA:

Aqui está a mulher poderosa que você amam, Little Nyx:

SIM, ESSA MENINA SOU EU, A SEGUNDA ESCRITORA KKKKKKKK


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Notas finais do capítulo

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Little Nyx: @usmilepan