O fato é o seguinte:

Você está lá toda linda e maravilhosa procurando o homem da sua vida logo na adolescência - já adianto que é burrice, mas vamos continuar - e quando você encontra seu primeiro crush hard vira a maior stalker de todos os tempos.

Meu nome é Mayara, e prazer, eu fui uma stalker de carteirinha.

Sem mistérios ou vergonha, eu realmente admito isso porque hoje brota aquele orgulho maravilhoso por não ser mais esse tipo de pessoa. Obrigada universo que conspira a meu favor. Afinal, uma pessoa que entrava todos os dias do instagram de outra, caçava as postagens do facebook e colava no twitter, isso é ser doente. Por favor, não faça isso, a não ser que o cara seja gostoso pra caralho. Apesar de que no meu caso ele era feio como um jumento. Por que universo? Por quê? Se ainda fosse um musculoso bem delícia com olhos sedutores que olhasse pra mim e fizesse meu coração dizer ''Não sei, te acho um gatão'', porém não, o cara era feio mesmo.

Deixando a aparência de lado, vamos passar para a fase em que eu caçava ele. Bom, éramos do mesmo círculo de amigos na época e a galera apoiava o meu crush super apoiado. Eu também apoiava, óbvio, espera isso não fez sentido. Esquece.

Digamos que depois que ele se mudou para a minha sala de aula eu comecei a perseguir ele, mas dessa vez pessoalmente até porque a gente já se conhecia. Eu importunei ele e insisti até dar um jeito de colocá-lo no meu círculo de amigos. Nenhum homem resiste à pressão, minha colega, tenha isso em mente.

Nós conversávamos muito por mensagem - tipo, muito - e isso levava ao fato de que nos conhecíamos relativamente bem. Mas francamente, eu não queria conversar, eu queria caçar o boy poxa, queria fazer ele se apaixonar por mim logo sem essa enrolação de amiguinhos e blábláblá. Via-da-gem.

Bom, esse meio não é importante e não tem graça alguma, é só aquele lance natural de que eu engatei o touro - touro minha cara aquilo tava mais pra uma ovelha mansa, mas vamos considerar o modo de falar -, e consegui tê-lo oficialmente como meu namorado. Comemorações para todo o lado, O CRUSH VIROU MEU NAMORADO AOW. Na época eu estava assim, tudo bem que hoje eu sinto vontade de me atirar da minha sacada que no máximo quebraria meu braço, porém continuemos.

Oh que linda relação, parecendo dois pombinhos no começo de uma paixão own ti fofo. Beleza, tudo ótimo. Então decidimos ir ao cinema com a galera, eba adoro, vou ver um filme do lado no namoradinho novo. Mas eis que cai a minha ficha: nós ainda não tínhamos nos beijado de verdade. E estávamos indo pra um cinema juntos. E eu sendo a garota inocente que ainda era BVL, fui com as pernas tremendo, como não tremeria?

Então, lá estávamos nós. Um do ladinho do outro assistindo um filme que eu não faço ideia de qual era, mas para começar não estávamos naquelas cadeiras sem divisão, eram daquelas comuns que tinham um país no meio pra colocar um mísero refrigerante. E só pra constar, dois anos antes, quando ele era só o cara que estudou comigo na quinta série, nós tínhamos sentado numa dessas de casal e ficamos o filme inteiro tacando pipoca nos outros e sendo alertados pela moça do cinema porque não calávamos a boca. Crianças inocentes.

E ficamos lá, assistindo ao filme. Eu, é claro, não ia tomar uma iniciativa até porque isso não é a função da mulher - machista do caramba, na verdade eu estava era nervosa - e fiquei o FUCKING FILME INTEIRO ESPERANDO O BABACA OLHAR PRA MIM E ME BEIJAR LOGO AQUELE VIADO.

E ele fez nada. N-a-d-a.

Ah sim, dai chegou o final do filme, os créditos rodando na tela e a luz acendeu. A galera começou a sair e meus amigos ainda lá esperando a gente. E chegou a hora, ele ficou me encarando sorrindo como quem quer me beijar. ENTÃO VEM LOGO POXA NÃO FICA ME ENCARANDO.

Mas eu com a ''experiência'' que eu tinha não queria ter meu primeiro beijo na frente de um monte de desconhecidos e com meus amigos me encarando.

Mentira, eu tava era nervosa.

Então eis que eu fiz. Sim colegas eu fiz!

Não, não é isso que vocês estão pensando.

Eu empurrei a cara dele pro lado. O cara tava pra me beijar e eu empurrei o rosto dele, levantei da cadeira e falei que a gente tinha que sair. E foi isso. Acabou. Fim.

Bom, uma semana depois nós terminamos e hoje eu dou graças por esse término maravilhoso que o destino me concedeu dos céus.

Mas eu empurrei a cara dele. Foi tipo, bem forte. A cara que ele fez foi de homem bolado. Essa história não tem moral, é só eu contando pra vocês bem resumidamente da vez que eu dei um tapa num cara quando ele ia me beijar.

Fim, eu acho.