Every Breaking Wave escrita por Coutclara


Capítulo 21
Alone


Notas iniciais do capítulo

Amoreeess!! Eu prometi semana passada e não cumpri devido a minha internet, mas aqui estou eu com os capítulos, não tenho muito a dizer se não poderei estragar o que está por vir, espero que gostem!
Boa Leitura!



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Agulhas, paredes brancas, uma superfície fira, aonde eu estava? Onde estava Jared?

Eu queria tanto apagar as imagens daquela noite, fogo, espadas, o corpo ensanguentado de Jared jazia sobre meus braços sem vida, e depois a completa escuridão.

Meu Jared, meu querido já não existia mais nesse mundo e só restara eu e nossa criança, a dor que estava em meu coração aumentava a cada minuto que o efeito de sedativo passava, eu estava enlouquecendo, presa à amarras e todos aqueles aparelhos médicos me cercavam, aquela sala não parecia ter portas, a comida sempre chegava sabe-se lá de onde e me soltavam apenas o tempo suficiente para refeição e novamente eu era dopada.

Quantos dias? Quantas semanas presa aqui? O enterro de Jared no 4 já tinha se realizado com certeza e eu aqui, tudo estava seguindo em frente e eu aqui, podia sentir minha barriga com um leve volume, oh meu filho! A única coisa que fazia companhia era a aliança e os tenebrosos sonhos que me cercavam.

Certo dia a tal misteriosa porta se abriu, ninguém entrou, nada aconteceu, franzi o cenho quando senti que já não estava mais presa sobre a maca, arranquei os fios e os tubos presos ao meu corpo e me levantei devagar, sentia estar sendo observada, mas não importava.

Andei a passos curtos e lentos até a porta, espiei o lado de fora um longo corredor branco sem portas, talvez houvesse outras salas por trás daquelas salas, mas quem estaria lá se só eu havia vencido?

De um lado podia ver que o corredor terminava em uma curva, do outro só havia uma parede, o estranho era que acima dela havia uma placa os números em azul.

4... 3... 2... 1... T... CT...E. ouvi o som e então uma nova porta se abriu.

– Savannah. – Ao longe vi Terence e Henry, Oh meu Deus! Aquilo na era um sonho, o senhor Jayden estaria a minha espera? Vê-lo seria um tormento, eu leria em seus olhos a tristeza, talvez agora ele realmente nunca me perdoaria, e Rilary... Ela deixou bem claro na despedida que me mataria se eu voltasse sem seu irmão, se ela soubesse então que eu carregava seu sobrinho em meu ventre?

Andei devagar até eles a cada passo que dava me sentia mais distante dele, mais destruída, Terence e Henry me abraçaram e então eu me permiti chorar.

– Shhh acabou, acabou. – Terence sussurrou em meu ouvido em uma tentativa de me consolar, mas nada tinha acabado, essa dor nunca acabaria, ela ficaria para sempre, impregnada em meu coração, eu teria de rever as cenas todos os anos, reviver o terror de mandar duas crianças todos os anos e quem sabe um dia mandar minha pobre criança, e a dor jamais deixaria de existir, tentei me recompor e adentrei o elevador, Henry se limitou apenas a segurar minha mão enquanto descíamos cada vez mais o edifício dos tributos até chegarmos ao ultimo andar onde eu seria preparada para a entrevista, Terence comentou sobre minha estadia de uma semana na Enfermaria para que eu pudesse estar recuperada fisicamente para a aparição, ele também me disse que minha gravidez não era de risco e eu retornaria à Capital quando fosse ter meu filho, comentou que todos os médicos estariam disponíveis para me acompanhar no distrito quatro mandando informações para a presidente e se caso eu escolhesse poderia vir morar na Capital, claro, cumprindo serviços para o governo e obviamente viajando para o 4 afim de prestar treinamentos para os tributos alguns meses antes que os jogos se iniciassem novamente, e assim seria até que meu distrito tivesse um novo vitorioso e eu fosse substituída.

Terence e Henry me deixaram com minha equipe de preparação em uma sala totalmente equipada para os preparativos da entrevista, eles me receberam com tamanha emoção que me fez sentir um pouco melhor, a cada momento me perguntavam se eu estava bem, me divertiam com as cenas que criavam para o meu futuro, falavam o quão famosa eu me tornaria e o como seria um máximo se eu visse para a Capital de vez, bem isso eu não queria que acontecesse, não gostaria que meu filho crescesse no meio de tudo aquilo, de todos aqueles mimos, que se tornasse uma criança estregada, meus ensinamentos poderiam passar facilmente por cima de tamanha beleza que a Capital tinha e isso o arruinaria.

Minha equipe tratou de me lavar, por mais que eu já estivesse limpa até demais, os reparos em meu corpo eram incríveis nem parecia ao menos que havia sofrido vários ferimentos durante dias naquela arena, eu tinha ganhado peso e voltara a ter uma aparência saudável, fisicamente eu estava perfeita.

Eles me maquiaram, trataram de meus cabelos e das minhas unhas, ao fim de toda a preparação meus cabelos, maiores que da ultima vez que me vi em um espelho, estavam macios e sedosos, caindo em pesadas ondas loiras sobre meus seios, meu rosto estava levemente maquiado, a sombra clara e o batom de um rosa fraco, eu parecia uma menina de 16 anos novamente e não a mulher que estava nos jogos assassinando vários jovens com minhas pesadas lâminas, eles se despediram e Henry apareceu trazendo consigo minha roupa, seu sorriso contido mostrava que ele não estava muito confortável em estar ali comigo, bom era mesmo bom ele se sentir assim, ele estava convencido que eu não permaneceria viva...

– Savannah.

– Henry.

– Apesar de tudo estou feliz que esteja viva, sei que esta sofrendo, mas você encontrara uma forma de ser feliz, venha, vamos vesti-la. – me levantei da poltrona e tirei o roupão ficando apenas com as peças intimas quase da cor da minha pele. Henry abriu a bolsa de pano e revelou um leve vestido azul brilhante, com o tecido fino, azul... Jared amava tanto aquela cor, lágrimas vieram aos meus olhos enquanto ele me vestia, e então voltei a me sentar para que Henry pudesse colocar os saltos brancos, ele então me olhou e soltou um suspiro.

– Você quer ouvir? – Henry perguntou ainda ajoelhado e me olhando.

– Acho que não estou preparada para ver as cenas, não sei o que esperar, mas não quero ter que ouvir agora sabendo que serei obrigada a sorrir enquanto assisto a mim mesma matando Lartius, a mim mesma nos melhores momentos dos jogos e todos aqueles jovens.

– Você acha que aguenta?

– Eu preciso aguentar Henry. – suspirei girando a aliança em meus dedos e me levantei. – Podemos?

– Só mais uma coisa. – Henry andou até mesa onde estavam os produtos usados em mim e abriu uma gaveta ali, ele tirou uma caixinha de veludo branca dali e abriu revelando um colar e brincos adornados de diamantes e com pequenas safiras, tirei meu cabelo do caminho para que ele pudesse colocar o colar, coloquei eu mesma os brincos e aceitei quando ele me ofereceu o braço e me guiou pelo corredor branco até estarmos na parte maior daquele andar, um salão negro com luzes brancas e colunas e alguns lugares, vi um pedestal e ao lado estava o senhor Jayden, parei na mesma hora, não sabia o que esperar Henry apertou minha mão antes de deixar o salão e eu encarei o pai dele, ali na minha frente, mas não via tristeza, pelo contrário seus olhos brilhavam em esperança e alívio, andei receosa até ele e ao me aproximar ele me pegou em uma abraço e vi que estava chorando.

– Obrigada, por lutar pelo meu filho até o fim, sou grato a você e espero que tenha me perdoado, compartilho de sua dor, talvez não com tamanha intensidade, mas para um pai enterrar seu filho... isso é muito difícil, obrigada por estar ali por ele até o ultimo minuto, você fez o que não pude fazer pelo seu, por meu amigo tão querido, saiba que estarei presente para essa criança, serei um bom avô e cuidarei de você e sua família.

– Senhor Jayden... eu sinto tanto, sinto pela falta dele, pelo senhor, me perdoe.

– Não tenho pelo o que perdoa-la e sim em agradece-la, agora suba, saiba que quando estiver lá você se comportara como uma dama, uma vitoriosa que honra os jogos, pode ser difícil, mas tente, em breve estaremos no trem. – Ele se foi e então eu pude ouvir lá em cima a voz de Dita lá em cima, ouvi-a apresentar minha equipe, Henry, Terence, Jayden e então quando começou a falar de mim um tudo desceu do teto e me senti como se estivesse prestes a voltar para a arena, uma onda de pânico me pegou por um minuto e eu me segurei para não sair dali, quando estava completamente cercada pelo tubo o pedestal começou a me erguer até o palco.

Fui atingida pelas luzes dos holofotes e pelos aplausos, levei alguns segundos para me recuperar, mas quando consegui abri um sorriso e encarei Dita.

– Savannah! Como é bom revê-la.

– Dita o prazer é todo meu. – andei até ela e nos sentamos frente a frente, ela começou a falar coisas sobre os jogos, mas não dei muita atenção para isso, na maior parte do tempo vaguei em meus pensamentos me fechando em meu pequenos mundo até ser trazida de volta ao ouvir.

– Vamos então rever os melhor momentos dos jogos. – Nossas cadeiras foram giradas e ficamos de frente para o enorme telão, a insígnia da Capital surgiu e então o labirinto de gelo, a contagem, o banho de sangue, a luta com os ursos polares, eu quase morta e Jared me encontrando, Jared... o sofrimento em seus olhos, o desespero, as meninas nos encontrando e ele cuidando de mim, mais lutas, mais jovens sendo mortos, minha luta junto a Amy e Cristine com os lobos, Amy sendo morta e nós retornando ao esconderijo.

E então as lutas finais, a nova arena, cada uma das quatro lutas, e então até sobrar eu Jared e Lartius, assisto novamente a mim deixando que Jared seja morto por Lartius e sem fazer nada, mas ao invés de ficar paralisada algo de diferente aconteceu, aquela ali não era eu, só havia raiva em meus olhos e eu ataquei Lartius, o sorrisinho convencido sumiu de seu rosto e ele fraquejou quando fui para cima, minha raiva era enorme e enfiei a espada enlouquecidamente pelo corpo de Lartius, quebrei seu pescoço com minhas próprias mãos, mesma assim continuei golpeando-o até estar exausta, até seu corpo sem vida estar completamente deformado, eu estava enlouquecida e então corri até Jared, minhas lágrimas não paravam de cair de meus olhos, e eu o agarrava, me recusava a soltá-lo sequer um minuto e o fogo continuava a se aproximar.

A voz do Sr. Flickerman ecoou pela arena anunciando minha vitória e um aerodeslizador surgiu por cima de mim resgatando a mim e levando o corpo de Jared junto ao meu, nos colocando a bordo do veículo e nos levando para longe da arena em chamas e o telão se apaga.

Nossas cadeiras voltam para o lugar de antes e eu estou com lágrimas nos olhos, completamente abalada, Dita me encara e fala com delicadeza.

– Sinto muito Savannah...

– Não Dita, não sinta, meu amor por Jared será eterno, mas todos sabemos que nos jogos só há um vencedor e ele me deixou vencer, ele deu a vida por mim e por nosso pequeno que esta por vir. – coloquei minha mão sobre meu ventre e sorri fraco, a plateia reagiu à minha revelação com expressões confusas e outras assustadas, algumas mulheres choravam, e homens velhos me olhavam como um troféu.

Dita finalizou a entrevista e eu pude voltar para meu quarto no 4º andar do Edifício, no dia seguinte estaríamos embarcando no trem de volta ao distrito quatro, naquela noite dei mais uma entrevista para Dita, algo mais íntimo e individual, fomos a um jantar oferecido a mim onde fui obrigada a fotografar com a presidente, os idealizadores e meus “amáveis” patrocinadores.

Quando pude enfim descansar me joguei na cama e apaguei me entregando aos pesadelos e a depressão.

– Doce menina... – lá estava eu na minha antiga casa, deitada em minha antiga cama e sentindo o carinho de minha mãe em meus cabelos. – Savannah meu amor precisa se alimentar para que essa criança venha a nascer saudável, minha pequena. – me sentei, movida apenas pela ideia de cuidar de meu filho, já haviam se passado dias desde quando tinha chegado, nada ali era mais nosso, nós agora morávamos na aldeia dos vitoriosos, mas eu vinha para cá quase sempre para me sentir um pouco em casa novamente.

Aceitei a comida que minha mãe me dava e ao terminar segui ela silenciosamente pelo distrito ignorando os olhares lançados a nós e voltando para aldeia, eu estava evitando a família de Jared, principalmente Rilary, mamãe me mandou para meu quarto quando chegamos e foi se ocupar com outras coisas, não esperava eu encontrar Rilary sentada em minha cama, seus cabelos negros estavam maiores, seus olhos castanhos tão brilhantes quanto eu me lembrava, ela estava vestida totalmente d preto e tinha um batom vermelho nos lábios, quando viu minha chegada ela sorriu.

– Sabia que alguma hora a encontraria. – um pânico se instalou dentro de mim sentindo algum ruim logo por vir.

– Rilary, pensei que não quisesse me ver.

– Eu não queria, verdade, mas eu pensei... De que adianta todo esse ódio agora né? Meu pai agora cai de amores por você, nossa família achou um meio de se estabilizar depois da perda dele, minha mãe nem chora mais a noite. Só eu ainda não consegui aceitar que ele se foi... e eu precisava de alguém que me entendesse, eu precisava vir atrás de perdão para poder continuar em paz...

– Ele te amava. – me aproximei e sentei próxima a ela. – Ele amava de verdade Rilary.

– Mas eu não fui a irmã que deveria ser! E nunca mais terei a chance de ser. – ela começou a chorar e eu a abracei. – Eu queria o perdão dele, mas ele se foi, e agora eu terei de viver com a dor.

– Rilary, não havia nada para perdoar.

– Você me perdoa?

– Claro. – abracei-a – Também sinto a falta dele, ele estará vivo para sempre em nossos corações.

– E essa criança... Ele ficaria feliz em ter um filho com você.

– Onde quer que ele esteja ele está feliz, ele foi feliz, e morreu feliz. – eu realmente acreditava naquilo, apesar da saudade e da dor, aquilo era verdade, Jared fora feliz em seus 17 anos e me fez feliz em todos os dias de nossas vidas.


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Notas finais do capítulo

Ahh eu to muito emocionada! Nossa escrever essa história foi complicado, ter que lembrar tudo o que ocorreu quando eu a idealizei a cerca de um ano atrás e colocar ela aqui foi barra! Mas eu consegui, e agora com ela finalizada to sentindo uma dorzinha, ai esse fim... Chorei escrevendo e espero que tenha conseguido emocioná-los com ela, obrigada a quem me acompanhou desde o começo, quem me deu força para continuar a escrevê-la quando a Juh foi obrigada a abandona-la, mas a cada capítulo ela esteve ali me auxiliando e ajudando e assim como eu hoje ela está bastante feliz por mais dever cumprido. Obrigada por aturarem meus atrasos por terem paciência comigo, amo vocês!

—A



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