Garota Camaleão escrita por Aurora


Capítulo 2
Dúvidas


Notas iniciais do capítulo

A confusão é proposital.



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Alison,

Eu sempre enrolei em tudo, por menor que fosse a situação, mas agora vou ser direta como nunca fui em minha vida: Sinto sua falta. Sinto muito sua falta, e é impossível te esquecer, as mínimas coisas me lembram você, não consigo olhar para algum cabelo loiro ou nariz pequeno sem lembrar do seu rosto, e seus lábios finos e rosto em formato de coração são duas obras de arte impregnadas em minha mente. Mas do que mais sinto falta é de seu jeito, aquele seu jeito de menina errada que faz tudo o que vem a cabeça, aquele mesmo jeito misterioso que me convence só com um olhar, aquele jeito de quem tem tudo mas preferia ter nada, todos os jeitos em uma pessoa só, aquele jeito Alison.

Você me fazia sentir especial ao mesmo tempo em que me fazia sentir como se fosse qualquer outra pessoa. Você era a confusão, Alison.

Me pergunto se tudo aquilo era real, ou se os sentimentos foram embora junto com você, ou se ainda lembra de mim. Na verdade Alison, eu ainda não entendi o porque de você ter partido. Partido não, fugido. Eu ainda estou tentando aceitar esse fato. Mas as vezes eu penso que não seria uma surpresa tão grande se eu não gostasse tanto de você, aliás aquilo parecia algo do qual você faria, mas uma parte minha acredita fielmente que você vai voltar em qualquer dia desses agindo como se nada tivesse acontecido.

Mas eu simplesmente acordei, deitada em sua cama porque como de costume havia dormido em sua casa. Você não estava lá mas imaginei que estivesse vivendo sua outra vida do qual não me incluía. De um certo modo eu estava certa. Mas levei um pouco mais de tempo ate perceber que suas roupas não estavam mais lá, nem seu computador, nem seu celular, nem sua mochila, nem nenhum de seus pertences, nem você. Foi aí que eu comecei a imaginar, primeiro veio o desespero, fiquei com medo de te perder, depois eu tentei acalmar a mim mesma, dizendo que talvez você só iria viajar, não funcionou.

Lembro que desci as escadas correndo e encontrei sua mãe tão desesperada quanto eu, e nossos olhares se encontraram e as duas souberam que você tinha aprontado. Vi a cabeça dela pender para trás como se disesse que não aguentava mais tudo aquilo. Senti meus próprios joelhos fraquejarem e me segurei para não cair ali mesmo. De alguma forma naquele dia eu soube que não era só uma brincadeira, mas mesmo assim eu esperei, esperei uma semana, duas, três, esperei um mês, você não voltou, três meses e você ainda não voltou, me pergunto se não terei chance nem de dizer um adeus.

Todos os dias antes de deitar tenho aquelas visões de como minha vida era com você, de como ela mudou de uma hora para outra, e de certa forma não consigo me lembrar e nem me imaginar com aquela outra vida sem você. Você me levou para novos lugares, me fez experimentar coisas novas, riu comigo, chorou, me fez sentir viva pela primeira vez, me fez ser errada pela primeira vez, e por mais que eu não devesse, eu gostei daquilo tudo.

Fico listando os motivos da sua fuga, e sabe, eles são muitos. Aliás só o fato de você ser você já é um motivo. Mas eu sei que ainda tem coisas das quais eu não sei, porque apesar de eu ser exclusivamente sua você pertencia a muitas pessoas, eu vivo só com você e você vive com o mundo.

Alison, eu sou só mais alguém insignificante em sua vida? Eu espero que não, porque você foi tudo na minha.

Com saudades e dúvidas,

Lúcia.


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Notas finais do capítulo

Obrigado a quem leu até aqui. E obrigada a Plavnist e a Avery por comentarem. Um grande beijo a todos.