Alison,

Se me pedissem para te definir agora, eu não conseguiria, porque você é uma menina camaleão. Você chora na mesma intensidade que sorri, seus sentimentos, opniões, reações e emoções são quase impossíveis de se acompanhar, principalmente para alguém como eu.

Você poderia ter chegado, me cumprimentado, ter dito algo como: ‘’ Oi, prazer em te conhecer ‘’, ir explicando pouco a pouco até eu entender, mas preferiu jogar toda a carga em cima de você para mim, quase não deu tempo de falar seu nome.Porém você é muito complexa para alguém tão normal quanto eu, então te entender e aceitar naquela epóca foi um desafio.

Se eu não fosse tão desatenta, teria percebido antes que te aceitar e entender não era um desafio, e sim a melhor parte da nossa amizade, ou o que quer que tinhamos.

Bom, naquele dia em que nos conhecemos, eu passei a impressão errada para você, já que praticamente fiquei muda enquanto você falava de como sua mãe não era indicada para ter uma filha como você, desculpe, é que eu estava impressionada demais com a facilidade em que uma confissão daquelas saía de sua boca, porque eu juro que as mesmas palavras estavam entaladas na minha garganta a tempos. Logo você mudou o rumo da conversa de ‘’ minha mãe é idiota ‘’ para ‘’ o mundo inteiro é idiota ‘’, e aquele ‘’ não se sinta ofendida ‘’ foi um tanto que denecessário, porque eu sabia que estava nesse grupinho de idiotas, pelo simples fato de nunca querer mudar a eterna idiotice em que eu vivia. Mas você fez isso por mim e eu sou eternamente grata.

Mas enquanto você falava e eu te observava, eu senti uma coisa muito forte mas não soube o que era, senti que vinha lá do fundo e atingia cada parte minha, e aquilo pode ter sido resultado de vários fatos, mas eu prefiro chamar de ‘’ Sentimento Alison ‘’ porque aquilo era complexo demais para ser explicado e envolvia muito mais do que aparentava, assim como você.

E quando seu amigo de jaqueta de couro veio avisar que o Q havia chegado, quem quer que fosse ele, você me convidou para uma festa, mas eu disse que estava acompanhada, e você deu um sorriso que até hoje não pude destinguir se era verdadeiro ou falso. Não dei número de contato, nem endereço, nem nada, nem ao menos o meu nome, e eu pensava que você seria mais uma daquelas pessoas que teriam um significado enorme para mim mas em sua cabeça eu seria apenas um nada. Pensei que você seria mais uma da lista que eu chamo de ‘’ Eu poderia ter feito alguma coisa, mas não fiz nada ‘’. E pela primeira vez alguém se preocupou em fazer a diferença, e olha, eu já comecei a te amar só por causa daquilo, e só foi aumentando.

Desculpe pela mentirinha, eu não estava acompanhada coisa nenhuma, só era medrosa e chata demais para ir a uma festa com uma menina que eu acabei de conhecer, com o Q e com o jaqueta de couro.

Ah, o fato de que eu não vou enviar essa carta deixa ela mais sem sentido ainda.

Com saudades,

Lúcia.