P.O.V Rose

– A gente precisa conversar! - Falamos em uníssono quando nos encontramos no corredor. Depois de nos entreolharmos e soltarmos uma risada, Scorpius assumiu uma expressão séria, que Al, Lauren e eu acompanhamos.

– E então...? - Perguntei ao loiro ao meu lado.

– Eu encontrei um anel com uma cobra na cama de Caleb. - Afirmou ele. Espera, anel? Eu não sabia nada sobre um anel! - Mas a cobra não é a serpente de Sonserina! - Silêncio. - E vocês? - Ele apontou para Albus e a garota de cabelo rosa ao seu lado.

– Eu encontrei um brinco. - Eles falaram ao mesmo tempo e depois um olhou para o outro com a testa franzida.

– Onde você achou esse? - Lauren ergueu uma sobrancelha.

– Coincidentemente eu pisei nele lá no jardim. - Albus disse, num tom brincalhão.

– Faz sentido. - Lau assentiu.

– Faz? - Perguntei confusa.

– Aham! Eu achei esse jogado debaixo da janela, como se a dona quisesse jogar fora... Um pode ter parado lá em baixo e esse não caiu. - Ela ergueu o brinco.

– Scorpius, essa é a mesma cobra? - Albus ergueu o outro par do brinco.

– Exatamente igual. - Afirmou ele.

– E agora? - Perguntei.

– De qualquer jeito eu avisei Rollins. Ele deve mandar alguma resposta em breve. - O loiro mordeu as bochechas por dentro.

– É... - Suspirei.

****

Agora eu tinha que me concentrar. Não posso dormir. De olho! Fiquei andando de um lado para o outro, no "corredor divisor". Talvez eles aparecessem lá de novo. Ou não. Ah, cara, ele viu que eu o segui. E Scorpius também. Mordisquei minha unha, nervosa. De qualquer jeito, tenho que admitir que gosto dessa adrenalina de estar fazendo algo como meus pais fizeram. Algo que me prove alguém de Grifinória de verdade.

Comecei a balançar meus pés freneticamente. Voltei a andar de um lado à outro. De costas. Foi quando trombei em alguém, soltei um grito extremamente e ridiculamente fresco e peguei minha varinha.

– Lumos! - Gritei, mas acabou que a varinha estava de cabeça para baixo. Quando eu a virei, consegui ver a cara de uma garota com um ar assustado.

– Oi? - Ela ergueu as sobrancelhas. - Rose Weasley? - Iluminei a cara dela. Ah meu Merlin, não me diga que essa é... - Stephanie Parkinson! Não se lembra? - Por dentro eu estava com muita muita muita muita raiva. Por fora também. - Não sabia que você estava nessa missão também. Ahn... Rollins me mandou! - É! Essa era a resposta dele? Com certeza eu estava com uma puta raiva. - Sabe?! Depois da cobra? - A única cobra que eu estava vendo estava olhando para mim. - Aí eu vou pra Sonserina novamente! Você não vai falar nada, só vai ficar me olhando com essa cara de hipogrifo com febre?

Eu não falei nada até agora porque Stephanie Parkinson era simplesmente a vadia que me importunou nos meus sete anos nessa escola. Por que vadia? Bom, digamos que ela namorava Scorpius Malfoy e mesmo assim decidiu beijar TODOS os garotos dos quais eu gostei. Como a informação de que eu gostava deles chegava à ela? Não faço ideia. Uma vez a filha da mãe agarrou um garoto de Lufa-lufa pelo qual eu babava na minha frente e parecia que queria engolir ele. Argh.

– Weasley! - Ela gritou, me tirando dos meus devaneios.

– Ah! Parkinson! Por que você vai entrar nessa missão mesmo? - Semicerrei os olhos. Se fosse na época que eu estudava aqui, eu juro para você que desconfiaria dela mais do que qualquer pessoa.

– Reforço para Sonserina! - Ela deu uma risada histérica. Ah, como eu odiava aquele riso. Ela não tinha mudado nada. Tirando os cabelos que estavam loiros e que ela tinha cortando um pouquinho, ela continuava sendo irritante e continuava usando aqueles enormes saltinhos que saiam fazendo barulho. - Emocionante, não é? Nooossa! Teu cabelo está grande! - Sua falsidade também, foi o que quis responder, mas me conti. - E esses óculos? Do tio, não é?! Super sexys para você. - Ela sorriu falsamente. Eu apenas suspirei.

– O dormitório de Sonserina não é por aqui. - Murmurei.

– Ah, eu sei! Mas eu queria ver se encontrava Scorp. - Ah, Merlin, por favor me diz que não vai começar tudo de novo! - Ele está por aqui?

– Não sei. - Disse ríspidamente.

– E você gostou do meu cabelo? - Olhei para a Parkinson com uma cara de tédio. - Claro que sim, Steph! - Ela fez uma péssima imitação da minha voz. - Você não quer conversar, não é mesmo? - Como se não estivesse na cara. - Ótimo. Vou procurar Scorp. Novamente. - Aproveita e desaparece do mundo. - Bye. - E ela, graças à Merlin mesmo, foi embora.

– Imbecíl. - Murmurei, quando ela já estava longe.

****

A voz irritante de Parkinson ainda fazia minha cabeça latejar de manhã. Respirei fundo e me levantei.

– Bom dia, flor do dia. - Melanie sorriu.

– Bom dia. - Disse, preguiçosamente.

– Pegando pesado na monitoria? - Ela me jogou uma jujuba e eu aceitei.

– Com certeza. - Assenti.

– Te espero lá em baixo, ou...?

– Pode ir! Deixa eu tomar banho. - Peguei minha roupa e fui até o banheiro.

– Hoje tem jogo de Quadribol. Te vejo nas arquibancadas! - Ela gritou para eu escutar.

– Até. - Respondi como se soubesse ou me importasse com Quadribol agora. Na época que eu estudava aqui de verdade, eu jogava no time como artilheira. Tia Gina ficava toda orgulhosa. Dizia que puxei seu talento. Pode ser, sei lá. Mas minha mãe ficava toda aflita. Ficava contando quantos acidentes poderiam acontecer e tudo mais, aí meu pai dizia que não aconteceria nada porque eu era confiante. Ele dizia que quando se está confiante conseguimos fazer qualquer coisa. Ele sempre esteve certo nesse tipo de coisa. Depois disso a discussão sobre os jogos acabava. Bom, pelo menos por um tempo...

Desci para o Salão Principal e encontrei com Melanie indo para o campo. Depois do café, Malfoy nos fez parar no corredor só para apresentar a Parkinson e explicar porque ela está na missão. Acho que ele notou minha cara, porque me olhou com um sorriso torto. E depois Lauren me olhou com uma cara maliciosa. Para ela eu devolvi um dedo do meio.