P.O.V Albus

Acabou o jantar. Já estava quase todo vazio. O meu problema era que as amigas da Monica não saiam de perto dela. A porcaria era que elas pareciam ser grudadas uma na outra. Iam no banheiro junto, andavam a escola inteira grudadas e falavam de assuntos que só elas entendiam. Caramba, eu preciso fazer ela ficar aqui sozinha comigo.

Lauren foi a última a sair. Scorpius e Rose disseram que quanto mais cedo melhor e eles nos deixaram sozinhos. A gente ficou sem conversar. Só no silêncio, um olhando para o outro. Eu realmente odiava admitir o quão linda eu achei que ela ficou com aquele cabelo e aquela pose durona. Mas isso ficava só entre mim e eu mesmo...

Ela foi embora e eu continuei lá, encarando Monica. Acho que ela percebeu, porque algum tempo depois as amigas dela foram embora. Ela ia saindo também, quando a chamei.

– Ei, Monica. - Ela me olhou com os olhos arregalados, sorriu e depois arregalou os olhos novamente. - Tudo bem?

– Comigo? - Ela franziu a testa. Afirmei. - Claro! Ahn...É... - Ela se virou para ir embora.

– Não, espera! - Ela me olhou de novo. Eu me aproximei. - Você estava indo para o dormitório?

– Escuta, Al... - Ela disse meu apelido com certa relutância. - Se você veio falar comigo porque sua namoradinha disse que eu falei de você... Não faz isso, não, tá?! - Ela abaixou os olhos. Ali eu meio que duvidei que ela fosse capaz de acertar uma faca no braço de Lauren.

– Quem? - Fingi de desentendido.

– Olha... Quando você e ela terminarem... Você fala comigo. - E saiu. Mas a Walsh precisava de mais tempo.

– Ei, espera! - Eu tentei alcançá-la. Ela parou e olhou com uma cara de tédio para trás.

P.O.V Rose

Ficar ali era mais entediante do que tudo. Estava até me dando sono. Aquele corredor era quase deserto. Me sentei atrás de uma parede. Eu acho que aí eu cochilei.

Acordei, talvez minutos depois, com um cochicho.

–...alguém do Ministério. - Era uma voz masculina. Era familiar mas, como era um cochicho não soube distinguir.

– Talvez. Mas... - Era outra voz masculina. Merda, não era Monica!

– Se for, a gente tem que dar um jeito logo. E um primeiro passo é fazer Andrews falar a nova senha de Lufa-lufa. – Ai meu Merlin, tomara que essa pessoa não olhe para cá.

– E por que você acha que Laura Wess é a nossa pessoa? – Puta que pariu! Eu estou soltando mais palavrões agora do que na minha vida toda mas... Isso é motivo. Nota mental: avisar já Lauren.

– Eu me lembraria de ver uma garota bonita de cabelos rosa! - Ótimo, mãe da Lauren! Parabéns!

– E se ela pintou agora? – Esse daí tá com medo ou...?

– Ela... Parece alguém... – E aí você quer matar-la? Cara, você tem uma lógica de se admirar!

– Acho que sei quem é. – A segunda voz falou em um tom um tanto amigável. Parece que até pessoas más tem com quem contar.

– Ótimo. Eu te vejo amanhã. - A curiosidade bateu. Olhei pelo lado da parede para tentar ver o cara com quem estávamos lidando. Tudo que pude ver foi uma tornozeleira.

Como o nosso assassino saiu por um lado e seu amigo por outro, decidi seguir o chefão. Ele não era visível. Parece que a pessoa pensou bem em tudo. Estava com um boné - que, aliás, é um objeto trouxa. Ele meio que é um adorador encubado, não é?! - e a capa. Resumindo, não dava para ver gravata e ele não estava de cachecol. Maravilha. Os passos dele ecoavam pelos corredores, enquanto os meus eram baixinhos. Viramos o corredor e, antes que ele pudesse olhar, me escondi. Mas a situação seguinte me pegou de surpresa.

Eu não o via mais e aí, passando em frente uma porta aberta, uma coisa invisível me empurra e eu entro num armário de vassoura que, cá entre nós, nunca tinha visto. Aposto que foi feitiço de Desilusão. Mas o pior foi que, segundos depois, Scorpius Malfoy é empurrado em cima de mim e a porta foi trancada.

– Ei! - Eu grito inutilmente. - Abre a droga dessa porta! Pessoa invisível! Abre essa porcaria!

–Weasley. - Scorpius me chama, mas eu ignoro.

– Ou! - Esmurrei a porta novamente. - Que merda! Abre isso!

– Weasley. - Revirei os olhos e bati na porta novamente.

– Que saco. - Murmurei.

– Weasley! - Olhei para o Malfoy.

– Que foi? - Perguntei, ríspidamente.

– Quem era, você viu? - Ele ergueu uma sobrancelha. Pelo menos eu imaginei que ele fez isso, já que estava escuro.

– Por que estava seguindo o mesmo cara que eu? - Cruzei os braços.

– Escutou alguma coisa que nos ajudasse? - Indagou ele.

– Tinha outro cara para seguir, sabia?! - Ergui as sobrancelhas, incrédula.

– Você vai responder alguma das minhas perguntas? - Eu não enxergava sua expressão e isso me irritava.

– E você vai responder alguma das minhas? - Acho que ele se aproximou. Aposto que o escuro incomodava ele também.

– Posso te fazer um outra pergunta então? - Ele se aproximou mais. Epa!

– Diga. - Tentei parecer calma mas tive a leve sensação de que as palmas das minhas mãos estavam suadas.

– O que você pensa sobre um beijo num armário de vassouras? - Era isso mesmo que eu estava ouvindo?

– Diante das circunstâncias... Acho sem noção. - Descruzei os braços. Ele se aproximou mais de novo.

– Ainda bem que eu tenho uma queda por esse tipo de coisa. - Ele se aproximou mais. Eu não recuei. A gente ia se beijar. Eu estava quase aceitando a ideia de que meus lábios tocariam os dele e tudo mais. Estávamos próximos. Muito próximos. Sentia a respiração dele e ele a minha. Eu até conseguia enxergar sua boca rosada.

Mas aí a porta se abriu e Albus e Lauren apareceram, nos olhando boquiabertos. Me afastei bruscamente de Scorpius.

– O universo está virando de cabeça para baixo? - Albus perguntou.

– Para mim ele sempre esteve assim! - Scorpius balançou os ombros. - Vamos sair daqui e nos digam logo o que descobriram.