Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 83
Passado/Presente.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura..



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Por Eduarda.

Quando meu filho desapareceu eu já pensei o pior, mas felizmente ele já está aqui a meu lado são e salvo. Quando o vi voltando, senti tantas emoções ao mesmo tempo que quase não sei explicar. Como pode uma pessoa tão pequena ocupar tanto espaço no meu coração?

Alfredinho estava na minha frente e, eu conferia seu corpo com meus olhos para ver se ele não havia se machucado, quando percebi Lucas com o olhar cravado em alguém. Era uma mulher, ela usava um boné e tinha a pele bronzeado pelo sol.

"Por que meu marido está a encarando?" Pensei.

Dinho disse que foi aquela pessoa que o ajudou, então Lucas caminhou até ela para agradecer, e quando eu vi, os dois estavam correndo... Ele atrás dela.

Eu não podia acompanhar o ritmo de meu marido, estou grávida e correr atrás de alguém não me pareceu uma boa ideia, mas não ia ficar parada. Peguei Alfredo e Marta pela mão e segui os dois com passos acelerados.

Ao longe, vi Lucas alcançando a mulher e segurando seu braço. Se ela só nos ajudou, por que fugia?

Assim que me aproximei deles, ouvi além das respirações alteradas um choro começando a surgir da boca, e também dos olhos, daquela mulher.
P: Não quero que me vejam assim, toda mal vestida, acabada... - Ela cobriu seu rosto.
JL: Não precisa ter vergonha, você me ajudou, achou meu filho, só quero te agradecer...
P: Eu dispenso sua gratidão! - Ela tira as mãos de sua face e limpa seus olhos.

Olho suas roupas, nunca pensei que um dia a veria assim, ela sempre teve pose, classe, dinheiro... Mas agora parece uma pobre coitada!
Du: O que aconteceu contigo? - Pergunto e em seguida recebo um olhar de cima abaixo.

A família de Priscila, a mulher que tentou tirar Lucas de mim e recebeu uma bela lição por isso, estava falida, mas nunca pensei que chegaria ao ponto dela ter que vender muambas na praia, porque é isso o que ela faz.
P: Ta feliz de me ver assim? Ao contrário de você, eu não tive muita sorte... - Ela parece envergonhada de nos ver, mas mesmo assim não perde a pose.
Du: Eu não fico feliz com a falta de sorte dos outros! - Respondo.
P: Pois fique sabendo que se fosse você aqui no meu lugar, eu ficaria...
A: Você conhece a Pliscila mamãe? - Meu filho pergunta, já havia até me esquecido do motivo que me trouxe até minha ex inimiga.
Du: Conheço sim, a gente já foi...
P: Rivais! - Ela responde.
A: Que isso? - Olho para ele e sussurro: Depois te explico. E então volto a prestar atenção em Priscila.

Suas unhas não estão feitas, seu rosto que antes era de porcelana agora já apresenta algumas linhas de expressão bem profundas, não entendo o que pode ter ocorrido na vida dela.
P: Vocês querem me agradecer, né? - Ela diz. - Tudo bem, por nada, foi um prazer, o filho de vocês é um fofo! - Ela olha para Martinha que a analisava de cima abaixo e continua. - Os dois filhos! Mas agora tenho que ir, preciso terminar de vender minhas coisas...

Ela dá as costas pra nós e volta para pegar suas coisas que estavam jogadas no chão a alguns metros da gente.

Meu marido caminha atrás dela, tira sua carteira do bolso e eu escuto ele dizendo.
JL: Eu pago pela sua mercadoria, mas as coisas podem ficar com você.
P: Eu estou pobre, mas não preciso de esmola...
JL: Não é esmola, é um presente. - Ele pega algumas notas na carteira. - É de coração!

Priscila aceita o dinheiro, sorri ainda envergonhada e agradece.
P: Muito obrigada! - Ela já ia se afastando da gente quando meu marido diz.
JL: Me conta o que aconteceu. Você tem berço, veio de uma família tradicional, morou fora, fala outros idiomas...
P: Talvez seja castigo! - Ela fala, voltando a nos olhar. - Eu tinha tudo a meu favor, mas mesmo assim perdi várias oportunidades... Nada mais deu certo na minha vida, aquela surra que levei foi só o começo. Minha família ficou cada vez mais pobre, perdemos nossa casa, não tínhamos para onde ir... Depois que eu fiquei totalmente sem grana, os amigos desapareceram.
Du: Se é assim, na verdade você nunca teve um amigo...
P: É, agora eu sei disso... - Ela voltou a me olhar. - Você está muito bonita, o tempo não parece ter passado pra você, enquanto a mim, trabalhando de sol a sol aqui nessa praia, envelheci 1 ano a cada mês!
Du: Você é estudada, podia ter encontrado um emprego melhor, menos cansativo e difícil...
P: Eu não sou... Todas as faculdades que fiz, parei na metade!

Escutamos um homem chamando Priscila e ela olha para trás sorrindo, ele também carrega alguns óculos e outras muambas, será que trabalham juntos? Olho novamente para suas mãos e só agora noto uma aliança em seu dedo. Ela casou?
P: Eu tenho que ir, meu marido precisa de mim. Não vou dizer que foi bom ver vocês, porque não foi... Saber que os dois estão bem, ricos, felizes e lindos doe um pouco no meu ego, mas foi interessante ver o passado batendo a minha porta.

Ela vai indo embora e eu fico olhando Lucas em silêncio por alguns segundos, até imagino o que se passa por sua cabeça, talvez seja um: Aqui se faz, aqui se paga...

Priscila queria tanto ser cada vez mais rica, ter o meu marido, se achava o máximo, vangloriava seu sobrenome chique, mas agora vive uma vida simples e difícil... Deve ser complicado pra ela.
M: Eu não entendi nothing! - Martinha diz, me fazendo rir.

Depois de tudo isso ficamos sem clima para curtir a praia e decidimos voltar para casa. Alfredinho até pediu para passarmos no McDonald's, mas nós não fizemos sua vontade, ele merece um castigo depois do susto que nos deu.

No caminho de volta, meus filhos adormeceram. Eles estavam tão cansados, que nem se importaram com o fato do sol ainda estar brilhando no céu, os dois simplesmente apagaram.

Estou parada num sinal vermelho, mas minha cabeça não para de funcionar, penso em Priscila, na sua situação... Eu estou feliz por ter a reencontrado, por saber que apesar de ainda não gostar da gente, ela nos ajudou.
Du: Lucas... - Sussurro seu nome, para não acordar as crianças. - Você ficou com pena dela?

Ele para de olhar pela janela e me responde.
JL: Não Du, é um trabalho digno, por que teria pena?
Du: Não to falando pelo trabalho, e sim pela pobreza, pelas roupas dela, por sua pele não estar tão impecável como antes... Ela gostava de luxo, deve doer ver as pessoas que você não gosta tão bem, enquanto tu ta daquele jeito. A Priscila quis fugir, ficou com vergonha de você, não queria que tu a visse. - O sinal verde abre e eu sigo com o carro.
JL: Você acredita em carma? - Ele sorri. - Eu estou começando a acreditar... O que a gente planta é o que colhemos depois. Não fico feliz por ela estar mal, mas a minha ex teve todas as oportunidades do mundo, não aproveitou porque não quis!
Du: A vida é tão imprevisível, né? Um dia a gente tem, no outro não. Estamos bem, e num piscar de olhos tudo muda. Ter dinheiro hoje, não é garantia de tranquilidade no futuro. Tudo é uma constante mudança, cada dia é uma nova página, uma nova história que começa...

Dentro do carro fica silêncio, só escuto a respiração dos meus filhos, até que Lucas começa a rir.
JL: Ué, o que quê te deu? Resolveu filosofar?

Eu riu, e respondo.
Du: Qual é? Eu sou praticamente uma Platoa, uma Aristótala...
JL: Aham, lembro muito bem, todas as provas de filosofia que eu colava de você era um puxão de orelha que levava dos meus pais! - Ele ri e eu também.
Du: Eu tirava nota ruim por sua culpa, não conseguia me concentrar na aula porque ficava só olhando você... - É tão bom poder dizer isso e não ficar com vergonha, ele sabe que eu sempre o amei.
JL: Vou pedir pros meus pais se desculparem com você! - Eu tiro os olhos da rua por alguns segundos e o encaro, não entendi o que ele quis dizer. - É que eles fizeram um filho tão gostosão que te prejudicou na escola...

Nós rimos juntos e nossas risadas até se misturam, parecem uma só. Tudo que é engraçado pra ele, é também para mim. Quando estou triste, ou se qualquer coisa me incomoda, é só ver seus lábios esticados e o seus dentes à mostra que as coisas ficam melhores.
M: Parem de rir! - Minha filha resmunga. - Eu quero dormir...

Já tínhamos esquecido de controlar o som de nossas vozes, acabamos acordando ela.
Du: Desculpa! - Sussurro.

Vou deixar eles dormirem até chegarmos em casa, depois terei que acorda-los pois se continuarem dormindo durante a tarde, a noite não terão sono e, eu até gostaria de passar a madrugada contando historinhas pra eles, mas hoje tenho outros planos para gastar essas horas. Penso, enquanto olho para Lucas.

Estaciono o carro na garagem, desço do automóvel e vou falar com os dois.
Du: Bora abrir esses olhinhos...
A: Ah mamãe, eu to com sono!
Du: Eu sei, mas te ajudo a tomar banho e rapidinho ele desaparece, agora levanta, senão vou ter que te encher de cócegas! E você também Marta!

Os dois dão um pulo do banco e saem correndo para dentro de casa.

Todo mundo ri, mas ninguém suporta cosquinhas. É até irônico...
JL: Eu também to precisando de um bom banho, de tirar essa roupa e colocar uma limpinha! - Lucas me olha. - Quer me ajudar?
Du: Hm... Acho que o senhor já está bem grandinho para precisar da minha ajuda. - Ele faz bico. - Mas como eu sou uma pessoa muito generosa e legal, posso te ajudar a se despir mais tarde, quando formos dormir... - Ele sorri e eu também.

Assim que entramos em casa nos deparamos com uma mala do lado da nossa porta. Olhamos pro sofá e vemos meus filhos, Ana e Alzira sentadas, talvez nos esperando.
JL: O que você está fazendo aqui? - Meu marido fala, assim que a vê. - Ana, você não deveria ter deixado essa mulher entrar, ela não é bem vinda...
Ana: Desculpe seu Lucas, eu não sabia, e...
A: Não culpe a empregada de vocês, eu que insisti para entrar. - Ela se levanta e abre as duas mãos, como se esperasse um abraço. - Eu vim me despedir dos dois, vou fazer uma viagem, provavelmente sem volta.

Essa mulher é louca? Bipolar? Nunca a achei perigosa ou capaz de fazer grandes maldades, mas que ela não bate bem da cabeça já ficou claro...
JL: Você não está esperando um abraço, né?
Du: Ana, leva as crianças pra cima fazendo um favor?
Ana: Sim senhora, Du!
A: Vocês roubaram minha herança, mas até que eu não odeio vocês... - Ela diz, olhando pros meus filhos. - Adeus viu?

Eles dão tchauzinho com a mão e sobem as escadas. Enquanto isso, fico olhando para uma mesinha que se localiza na sala, tem uma xícara de chá sobre ela, talvez Ana tenha servido a nossa visita...
Du: Sério, você precisa de um psiquiatra! Eu conheço um ótimo que me ajudou muito, se quiser te passo o número dele...

Ela ri e finalmente abaixa seu braços.
A: Pelo jeito, os dois não vão se despedir de mim de forma amigável! Eu só vim aqui e esperei vocês dois chegarem, para mostrar que não há mais ressentimento entre nós, eu sou uma pessoa boa, não guardo rancor, sou maior que isso...
Du: Ual, que modéstia!
A: Já que ninguém me quer aqui, já vou indo... Foi um prazer esperar vocês por horas! - Ela pega uma bolsa, que de tão grande mais parece uma mala, e coloca sobre seus ombros. - Diga a Ana que o chá dela estava ótimo! Adeus...

Ela caminha até a saída, pega sua bagagem e, em seguida saí pela porta.
JL: Sabe a frase que a Martinha disse hoje? - Ele me pergunta. - Então: Eu não entendi nothing...
Du: Muito menos eu! - Sorriu. - É cada um que aparece...

Subimos as escadas e com a ajuda de Lucas dou banho nos meus filhos. Nós os trocamos e logo os dois descem pra assistir televisão na sala.
JL: Eu to indo pro banho agora, tem certeza que não quer vir?
Du: As crianças Lucas...
JL: Elas estão lá em baixo vendo TV, nem vão se lembrar da gente! Vamos aproveitar vai... - Ele me lança um olhar sedutor.
Du: Até que você tem razão, daqui a pouco eu vou estar uma baleia e você...
JL: Vou te desejar do mesmo jeito! - Ele não deixa eu terminar de falar. - Tanto faz seu peso, eu amo a Eduarda por fora, a aparência dela, mas também sou completamente apaixonado pela interior...
Du: Lucas, falando assim você me convence até de tomar banho com ácido! - Sorriu, e me aproximo dele. - Meu gato!

Nós nos beijamos e com as bocas coladas caminhamos em direção ao quarto. Nossos olhos estão fechados, mas conhecemos bem esses caminho, nem precisamos enxergar. Meu esposo abre a porta e andando para trás começa a me guiar até o banheiro.

Ele tira minha blusa e quando ia desabotoar meu sutiã, tropeça em algo e cai no chão, eu que estava grudada a seu corpo, acabo caindo sobre ele.
JL: Você tá bem? - Ele me questiona.
Du: Acho que sim... - Saiu de cima de meu marido e me ajoelho perto dele.

Procuro no que Lucas tropeçou e vejo uma blusa minha enroscada no seu pé. Que estranho, ela estava no closet...

Olho em volta do quarto e percebo que minhas roupas e também as de Lucas, estão espalhadas pelo quarto.
JL: Um furacão passou por aqui?

Me levanto e caminho até o closet, ele consegue estar ainda mais bagunçado, todas minhas roupas estão amarrotadas e jogadas pelo chão.

Alguém fez isso, e é meio óbvio que foi Alzira.

Será isso a sua vingança? Que infantilidade é essa? Por que ela viria aqui só para bagunçar nossas coisas?

Há não ser que...

Corro até uma gaveta, ela que estava trancada a chave, mas agora se encontra aberta. Tem uma caixa dentro, onde eu guardava as minhas jóias, mas está vazia.
Du: Cachorra, desgraçada...
JL: Du, eu to boiando! - Lucas aparece na porta do closet. - O que aconteceu?
Du: A Alzira roubou minhas jóias... Eu não tive tempo de guardar em um lugar mais seguro! Que filha da mãe!
JL: Meu Deus... Você tem certeza? Procurou direito?
Du: É claro que tenho, guardei elas aqui e agora não estão mais, diamantes ainda não andam! - Respondo, brava.
JL: Mas por que ela fez isso? Se a gente for na polícia e denunciar a Alzira vai presa, que burra!
Du: Burra nada, ela estava indo embora, fugindo sabe Deus pra onde! E ainda fez questão de esperar a gente voltar, só pra depois ficar se sentindo o máximo!
JL: Ela desistiu da herança? As jóias são valiosas, mas sei lá, ela podia ter roubado depois de receber o que herdou!
Du: Ela tinha pressa de conseguir grana, de sair daqui, só não sei porque...

Nesse instante, alguém bate na porta. Visto uma blusa e vou abrir e, é Ana quem me espera do lado de fora do quarto.
Ana: Tem ligação pro seu Lucas, uma tal de Rose lá dos Estados Unidos, essa mulher já ligou umas mil vezes hoje...
JL: Será que vem mais problemas? - Ele me olha. - Vou lá atender...

Lucas desce as escadas correndo, e eu fico a sós com Ana.
Du: Você deixou a Alzira sozinha aqui em casa? - Sei que foi ela, só preciso da confirmação.
A: Não, eu fiquei ao lado dela o tempo todo, só saí pra fazer um chá... Mas porque ela insistiu muito!

E foi esse tempo que Alzira aproveitou para me roubar...
Du: Aquela mulherzinha levou todas as minhas jóias!
A: Meu Deus! - Ela leva as mãos a boca. - Me desculpa, eu não devia ter deixado ela entrar, me perdoe...
Du: Tudo bem, a culpa não é sua!

Estou triste, não pelo valor material, e sim pelo sentimental. Algumas delas foram presentes de Lucas, me lembravam tanta coisa... Em um dos meus aniversários, ele me deu uma pulseira de Rubis, disse que o vermelho da pedra nem se comparava ao brilho dos meus cabelos, muito menos a beleza, mas que aquela peça o fez se lembrar de mim. Toda vez que eu via aquela joia, me lembrava daquele momento.

Escuto passos apressados subindo as escadas e, logo Lucas aparece com os olhos cheios de lágrimas.
JL: Du, eu acho que entendi o que aconteceu...
Du: Você ta chorando! - Falo, me aproximando dele.
JL: A Rose ligou, eu não entendi direito, mas parece que fizeram um exame no corpo da Maria antes dela vir pra cá e, ele só ficou pronto agora...
Du: Exame pra quê?
JL: Para saber a causa da morte! Eu mexi meus pauzinhos e consegui a liberação do corpo antes desses papéis, mas eles foram parar lá em casa! E adivinha? - Ele ainda chora. - Encontraram uma subistância desconhecida no sangue dela, uma espécie de veneno... A Maria foi assassinada!
Du: O que? - Meu olho também começa a transbordar.
JL: Eu perguntei pra Rose e ela disse que havia ligado pra Alzira contando isso, pedindo para ela nos avisar... Já conseguiu juntar 1+1?
Du: Já Lucas, já... - Enxugo meu rosto. - Nesse instante, tem uma assassina a solta por aí com as minhas jóias e rindo da nossa cara! Não sei você, mas eu não vou ficar aqui parada e deixar essa mulher se dar bem!


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Notas finais do capítulo

Eu não estou muito bem hoje, passei o dia enjoada e tonta, espero que tenha ficado bom... Desconsiderem qualquer erro de escrita, eu mal corrigi o texto.