Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 82
Passeio


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Por João Lucas.

Enquanto Eduarda responde as perguntas do ginecologista, eu fico contando os segundos para a ultrassom começar. Ainda não dá pra ver o sexo do bebe mas eu sei que é uma menina, nem preciso de confirmação, a única coisa que quero é vê-la e ter certeza de que está tudo bem.

Hoje, enquanto estávamos a caminho do táxi para vir pra cá, vimos Alzira na frente de sua casa regando algumas plantas, nós desejamos um bom dia a ela, mas nossa vizinha nos respondeu com um: Vá a merda! Acabamos rindo daquela situação, pois estamos de muito bom humor hoje, mas confesso que agora me preocupo... Não parece seguro morar ao lado de uma pessoa que te odeia.
Dr: É um pouco gelado... - O médico diz, antes de passar um gel na barriga de Du.
Du: Eu sei. - Minha esposa sorri. - Já tive gêmeos!
Dr: Ah, é mesmo! As vezes me esqueço... - O doutor sorri, ele parece nervoso. - Vai ser um prazer ser o seu ginecologista! Minha mulher adora moda, tem um monte de revistas sua em minha casa!
Du: É, eu fiz muitas capas...

Após terminar de passar o gel, o médico começa a deslizar o aparelhinho pela barriga de Eduarda. Fixo meus olhos na tela, mas a única coisa que vejo é um borrão... Apesar de não entender ao certo o que estou vendo, de não enxergar o bebe, eu me emociono! Ali dentro da barriga de minha esposa, está mais um pedacinho de mim, isso é magico!
Du: E então Doutor? Ta tudo bem? Ele tá coladinho no útero? - Eduarda começa a questiona-lo. - Eu já tive uma gravidez tubária, fico com medo de...
Dr: Pode ficar tranquila, está tudo certo!
JL: É só um bebe? - Pergunto. Eu ia adorar ter mais um casal de gêmeos, ou quem sabe trigêmeos...
Dr: É só um sim, e o feto está se desenvolvendo muito bem! Parabéns ao casal...
JL: Ainda não dá pra saber o sexo do bebe, né?
Dr: Não, mas na próxima consulta, daqui um mês, já vamos poder ver! - Ele responde sorrindo.

O exame termina e assim que Eduarda se arruma nós vamos pegar um táxi. Tem duas crianças nos esperando em casa, super ansiosas por notícias. No caminho até nossa residência, vou observando as ruas dessa cidade maravilhosa, Du faz o mesmo... Acho que ela gostaria de estar dirigindo, mas nossos carros foram vendidos antes de viajarmos, afinal pensávamos que nunca voltaríamos pra cá, agora precisamos comprar outros...

Pedi pro motorista fazer o caminho mais longo, para que ele passasse em frente a praia, estava morrendo de saudades dessas paisagens! Abro o vidro e fico sentindo o cheiro de maresia e, isso me faz lembrar de uma coisa.

Eu prometi a Alfredinho que o traria aqui, jurei que o levaria a praia e em seguida comeríamos no McDonald's... Estou devendo isso a ele!
JL: Du, vamos trazer as crianças pra dar um mergulho? - Falo, olhando pro mar.
Du: Ta louco? Pra que? Ah não Lucas, esse sol...
JL: Vamos, por favor! Você lambuza as crianças de protetor solar... - Imploro, com cara de pidão. - Prometi pro Dinho, vai ser legal!

Eduarda me olha demostrando que não está muito animada, mas mesmo assim diz:
Du: O que você não me pede sorrindo, que eu não faço chorando?!

Assim que o táxi estaciona em frente a nossa casa, eu pago o motorista enquanto Du já vai entrando, ela sabe que nossos filhos querem fazer algumas perguntas.

Desci do carro e, quando caminhava até a entrada, vi Alzira me olhando.
JL: Qual é? Vai ficar nos vigiando agora?
A: Eu faço o que quiser, estou na minha casa! - Ela grita.

Sair hoje vai ser uma boa, quando mais longe estivermos dessa mulher, melhor.

Quando abro a porta, vejo Eduarda sentada no sofá contando sobre a consulta pros gêmeos. Ana está a seu lado e também presta atenção na conversa... Amanhã Carmem se juntará a nós, assim que oferecemos seu emprego de volta ela super aceitou.
A: Ele tem olhos de raio-x, tipo o Superman? - Meu filho pergunta, se referindo ao médico.
Du: Não amor, ele viu com a ajuda de um aparelhinho...
A: Mas como?
Du: O Doutor passou um gel na minha barriga, dai deslizou um aparelho sobre ela e então o bebe apareceu na tela do computador!
A: É um gel mágico? - Ele arregala os olhos.
Du: É, é sim... - Ela responde, cansada de tantas perguntas.
JL: Alfredinho, sabe aonde nós vamos agora? - Ele me olha e espera eu mesmo responder. - Na praia!
A: Jula? Eba!
M: Eu também? - Martinha pergunta.
JL: Claro minha filha, vamos todos nós!
Du: Tem certeza Lucas? Não é melhor deixar isso para amanhã, dai a Carmem vai com a gente e me ajuda a cuidar das crianças...
A: Ah não mamãe, eu quero hoje!
M: Eu também! - Meus filhos fazem bico, então Eduarda se levanta dizendo.
Du: Já vi que sou voto vencido, vamos logo nos arrumar...

Olho para Du, ela não está muito animada com o passeio, mas vendo a alegria das crianças vai ficar, tenho certeza... Os três sobem as escadas, para procurar seus biquínis e sungas, e eu telefono para meu pai. Vou pedir um carro emprestado, não dá pra viver só andando de táxi...

Depois que eu liguei, em menos de meia hora um automóvel já estava estacionado na frente da minha casa, Josué que o trouxe. Falei pro meu pai que queria passear com meus filhos, então ele mandou logo o carro mais confortável e espaçoso de todos os seus veículos.

Eu vesti uma sunga e coloquei minha roupa por cima, todos estão prontos e me esperando lá embaixo. Desço as escadas e ao chegar na sala vejo Martinha reclamando.
M: Mom, a gente ainda ta em casa... - Eduarda está passando protetor solar nas crianças, acho que ela despejou um pote inteiro só em Marta.
Du: É pro seu bem Marta, não quero te ver toda queimada e vermelha...

Meus filhos ficam com um aspecto engraçado, suas peles brilham com a quantidade de protetor que minha esposa passou.

Vamos pro carro e é Eduarda quem dirige. Coloco uma música bem animada e nós quatro cantamos juntos até chegarmos na praia.

Meus filhos já conhecem o mar, toda vez que viajávamos pra cá, levávamos eles em uma praia diferente, mas os dois sempre demostram a mesma empolgação, pro desespero de minha esposa... Du sempre fica com medo de que algo aconteça, de que eles se afoguem, de que se percam da gente... Coisa de mãe!

Estendemos nossas toalhas e abrimos o guarda sol, Du tira suas roupas e fica só de biquíni... Ela está em forma, só tem uma leve barriguinha por causa da gravidez, essa que começou a aparecer a pouco e que me deixa muito feliz.
JL: Você não quer passar protetor em mim? - Falo, tirando minha camisa.
Du: Vai ser um prazer... - Du começa a deslizar suas mãos por minhas costas, para espalhar bem o creme, e os seus toques me arrepiam, fazem meu corpo estremecer.

Me afasto dela, e pego o protetor de sua mão.
JL: Melhor eu mesmo fazer isso, sentir suas mãos passando por meu corpo já estava me deixando animado!

Eduarda olha para areia, onde nossos filhos fazem castelinhos, e diz:
Du: Não tenho culpa se você é um tarado!
JL: Como se você não fosse por mim... - Digo, me aproximando dela e dando um beijo em seu pescoço. Du fica arrepiada, e se contorce toda.
Du: Para! - Ela dá um tapinha em meu braço e sorri.
JL: Tá, mas quando chegarmos em casa continuamos isso... - Respondo.

O tempo pode passar, mas eu nunca vou deixar de deseja-la! Sempre vou querer seu corpo no meu, os seus toques, suas carícias...
Du: Só de noite, depois que a casa toda estiver dormindo!
JL: Tá bom, mas agora bem que podia rolar uns beijinhos, né?!
Du: Se você prometer que vai se controlar... - Ela sorri e morde seus lábios.

Eu me aproximo de Du e beijo sua boca delicadamente. Parecemos um casal de namorados que acabaram de começar o relacionamento. É assim que me sinto! Com ela, todo beijo é especial...

Continuamos trocando carinhos, até que escutamos Martinha se aproximando de nós.
M: Papai, me compra um sorvete?
JL: Claro! - Pego minha carteira e me levanto do chão, olho em volta e não vejo meu filho, será que ele resolveu ir molhar os pés na água? - Marta, cadê o Dinho?
M: Sei lá papi! - Ela responde, balançando os ombros.
Du: Como assim "sei lá"? Vocês estavam juntos aqui na nossa frente a dois segundos atrás! - Minha esposa diz, já ficando preocupada. - Pra onde ele foi?
M: A gente tava catando conchinha na areia, dai ele falou que ia achar uma bem grandona e saiu procurando...
Du: Ai meu Deus, sabia que vir na praia era uma péssima ideia... - Du se levanta, e começa a caçar nosso filho com os olhos.

Ele é pequeno, não conhece nada aqui, pode se perder com facilidade... Deve ser isso mesmo que aconteceu!

Olho para Du, ela encara o horizonte mas parece não ver ele.
JL: Calma Du, o Alfredinho deve estar por perto, não pode ter sumido tão rápido assim...
Du: Eu to calma Lucas, por enquanto estou!

Nós nos dividimos, minha esposa foi para um lado e eu para o outro com minha filha no colo, e quem achasse primeiro ligava avisando.

Perguntei ao máximo de pessoas que podia, mas nenhuma delas viu um menininho de quase 6 anos, com uma sunga verde.

A praia não está tão cheia, apesar de ser sexta feira, ainda estamos em horário de serviço, as pessoas estão trabalhando.

Onde esse menino se meteu?

O tempo passa e a minha preocupação aumenta, o celular que está no meu bolso não toca nunca, Eduarda também não o achou... Meu coração está apertado, milhares de coisas passam por minha cabeça!

Como ele pode sumir tão rápido assim? Será que aconteceu alguma coisa? Meu filho deve estar perdido, chorando, com medo... Que droga, sou um péssimo pai! Ao invés de ficar com meus olhos cravados neles, fiquei namorando... Um sentimento de culpa me consome! Ideia idiota, pra que vir aqui? Eduarda que estava certa...

Depois de quase meia hora procurando, volto para onde nossas coisas estão, marquei esse ponto de encontro com Du. Chego perto do nosso guarda sol e vejo minha esposa sentada chorando.
JL: Aconteceu alguma coisa?
Du: O contrário disso, não aconteceu nada, eu não achei ele! Cara, o Alfredinho não está em canto algum, perguntei pra todo mundo dessa praia, ninguém viu...
JL: Eu também não achei Du, to preocupadão! - Digo, deixando algumas lágrimas cair.

Minha filha também começa a chorar, apesar da implicância, ela ama o irmão!
Du: Ele estava ali na nossa frente, a gente piscou e sumiu!
JL: Du, eu vou falar com os salvas vidas, ligar pra policia, pros bombeiros, não sei, mas nós vamos achar o Dinho...
M: Papi, será que ele entrou na água e morreu afogado? - A pergunta de minha filha faz Eduarda chorar ainda mais.

Minhas mãos estão tremulas, meu coração acelerado. Já são mais de 30 minutos longe dele e, um desespero sem medidas. Vejo as lágrimas escorrendo pelo rosto de Eduarda e as minhas começam a cair com mais intensidade.
JL: Desculpas Du, não devia ter trazido vocês aqui...
Du: Não mesmo, mas eu também não podia ter aceitado! O Rio de Janeiro é perigoso, a gente não pode ficar andando com duas crianças por aí, todo mundo nos conhece...

Já está passando de tudo por nossa cabeça, até mesmo sequestro... Alguém poderia ter se aproveitado de nossa distração e levado meu filho embora, nós somos ricos, as pessoas sabem disso...

Já estou com meu celular em mãos para ligar pra polícia, quando escuto um grito.
A: Papai! - Olho para trás e vejo meu filho correndo até mim. Seu rosto está vermelho, não por causa do sol, mas sim por ter chorado bastante.

Du corre até ele e lhe dá um abraço apertado, eu faço o mesmo.

Nem sei mensurar o alívio que sinto ao vê-lo bem e aqui na minha frente...
Du: Onde você estava? - Eduarda chora. - Tu quase me matou de preocupação!
A: Eu fui plocular conchinha, mas dai vi uma mulher vendendo blinquedos, eu coli atlás dela mas ela andava lápido... Teve uma hola que eu pelcebi que não sabia volta, então eu comecei a chola, pensei que não ia acha mais vocês! - Meu filho fala, e me dá um abraço.
JL: Caramba, você não podia ter saído de perto da gente... - Eu o aperto.
M: Seu idiota, achei que you tinha morrido!
Du: Nunca mais faz isso! - Minha esposa o encara. - Ta entendendo? Nunca mais!
A: Ta mamãe, desculpa... - Ele chora.

As crianças são assim, um descuido e elas somem...

Paro de olhar para meu filho por alguns segundos, então vejo uma mulher com os olhos fixados em nós.

Ela tem a pele bronzeada pelo sol, veste roupas simples, tem um boné cobrindo sua cabeça e carrega uma grade cheia de óculos, para certamente vender pela praia... Não sei porque, mas tenho a impressão de que a conheço!
Du: O que você ta olhando? - Eduarda percebe o quão vidrado estou naquela pessoa.
JL: Aquela mulher lá! - Aponto. - Ela não para de olhar pra gente...

Todos se viram em sua direção e meu filho diz.
A: Foi ela que me tlouxe pla cá, que me ajudou a acha vocês...
JL: Então eu vou lá agradecer!

Dou alguns passos em sua direção e, ao fazer isso a mulher começa a ir embora.
JL: Espera, quero falar com você! - Grito, mas ao invés dela parar, a pessoa acelera o passo.

Quando percebo, já estou correndo atrás dela.

A moça joga suas mercadorias no chão, talvez porque elas estavam a atrapalhando, e corre ainda mais rápido.

Por que alguém fugiria de mim?

Para minha sorte eu ainda estou em forma! Aquela pessoa não me fez nada de mal, só ajudou, e eu também não fiz nada a ela, mas agora sinto a necessidade de saber quem é, preciso alcança-la.

Faço um esforço e consigo correr ainda mais rápido e, depois de mais alguns segundos de perseguição, consigo agarrar seus braços.

"Me solta!" Ela grita.

Eu reconheço essa voz, pertence a alguém do meu passado...

Seguro a mulher ainda mais forte e encaro seu rosto.

Ela está diferente, um pouco acabada, o tempo não foi generoso com seu rosto, mas sim, eu a conheço...
JL: O que você está fazendo aqui? Por que fugiu de mim? Pra que ajudou meu filho? - A cada pergunta que fiz, parei um pouco para respirar.

Meu coração salta em meu peito, mal consigo puxar o ar, minhas pernas estão doendo, há suor escorrendo por meu rosto, mas agora, o que quero mesmo, é uma explicação.


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Notas finais do capítulo

Amanha não vou poder escrever, vou dar catequese e depois ir na festa de aniversário de uma amiga, mas domingo continuo. :)