Por Eduarda

Lembro das minhas aulas de Filosofia no colégio, quase nunca prestava atenção, ficava no fundo da sala conversando com o Lucas, brincando e contando piadas... Uma das poucas coisas que me recordo, é das três etapas da experiência filosófica.

Estranhamento

Questionamento e,

Resposta filosófica.

Estou pensando isso porque sinto que passo por essa experiência... Estranho essa nova vida que levo, que na verdade nem é tão nova assim, questiono se é isso que quero pro resto da vida, se isso me faz feliz, mas só não tenho uma resposta pras minhas dúvidas.

Meu marido está tão diferente... Não que eu seja a mesma Eduarda de anos atrás, também mudei, mas sinto falta da pessoa que eu era.

Está de tarde, o clima é bom, o sol ainda ta no céu... Maria brinca com meus filhos em um dos cômodos da nossa gigantesca cobertura, enquanto eu fico em meu quarto olhando minhas jóias.

Algumas eu ganhei de Lucas, duas são presentes de aniversário e outras ele me deu pelo simples fato do dinheiro estar sobrando, mas a maioria eu mesma comprei.

Quando eu usei pela primeira vez uma joia com o preço mais alto que de uma casa, abominei o tipo de pessoa que as usava, e no entanto hoje me tornei uma delas... É inevitável mudar de ideia? Queria que não fosse... A realidade é que eu também me tornei outra, sou diferente do que era, mas só parei para refletir sobre isso há algumas semanas atrás.

Coloco a mão sobre minha barriga, nem sei como isso foi acontecer... Na verdade sei, é óbvio, mas não estava planejado, não pensava sobre isso. Simplesmente aconteceu, talvez depois de uma noite de gala, após beber muito champanhe... Mas eu gostei, finalmente me sinto preparada pra isso. Porém, após ter a confirmação, não contei a Lucas, queria que fosse em um dia especial, diferente da primeira vez, mas ele nunca parecia ter tempo pra receber a notícia.
Não estou tendo enjoos, muito menos tonturas, se não fosse a menstruação atrasada nem desconfiaria.

Meu marido queria tanto ter outro filho a 5 anos atrás, será que continua com a mesma vontade ou isso já saiu de seus planos?

Nós precisamos conversar, eu tomei algumas decisões sobre a minha vida e e carreira, preciso lhe contar...
M: Papi! - Escuto minha filha gritando, ele já chegou?

Saiu do meu quarto e vou até a sala, Lucas está ali, brincando com nossas crianças. Ele geralmente só chega de noite, fico feliz de vê-lo aqui e saber que o sol ainda não se foi.
Du: Chegou mais cedo meu amor... - Falo, e vou a seu encontro para um selinho.
JL: É, eu tenho um monte de trabalho acumulado, mas resolvi deixar pra lá, pelo menos por hoje... Vim brincar um pouco com meus filhos!
A: Papai, cê vai vê Peppa com a gente?
JL: Ver quem? - Ele me olha - Que isso?
Du: Como assim você não conhece Peppa Pig? Em que mundo tu vive Lucas? - Sorriu. - É simplesmente o melhor jeito de distrair os seus filhos...
M: É papi, o desenho mais legal de todos! - Ela olha para seu pai sorrindo.
JL: Oba, então eu vou assistir com vocês, bem agarradinho... - Ele se abaixa até nossos pequenos. - Mas antes o papai quer um abraço bem apertado!

Meus filhos pulam nos braços de Lucas e depois se sentam no sofá para esperar. Maria, que também está aqui, se despede das crianças e depois da gente.
M: Tenho que ir, boa tarde pra vocês meus queridos... Até amanha!
Du: Até... - Ela vem aqui diariamente, mora perto de nós, e quando não vem meus filhos sentem falta.

Eu a levo até a porta e quando volto encontro meu marido sentado no chão, Martinha lhe mostra um boneco da Peppa, estão sendo apresentados...
Du: Lucas, o desenho vai demorar um pouquinho pra começar, você pode conversar comigo a sós?
A: Ah mamãe... - Meu filho reclama.
Du: É rapidinho, já devolvo o pai de vocês!

Lucas se levanta e me segue até um canto da sala longe dos dois.
Du: Fiquei feliz de você ter vindo mais cedo hoje. - Eu lhe digo.
JL: É, eu sei que não parece mas eu também sinto saudades de ficar de bobeira com vocês... Me sinto mal pelo fato de minutos atrás nem saber o desenho favorito dos meus filhos!
Du: E eles sentem muito a sua falta Lucas, da tua companhia!
JL: Eu também sinto Du, muita! - Ele abaixa a cabeça. - Acho que to exagerando no excesso de trabalho...
Du: Sim, está! - Respondo.
JL: Me desculpe! Não queria que tu ficasse brava comigo...
Du: Não estou brava, só triste! Não era assim que imaginava o tudo diferente! Queria que você ficasse mais em casa, eu queria poder ficar mais em casa... Amanha mesmo, não to a fim de ir em evento nenhum!

Ele fica em silêncio, como se estivesse tomando uma decisão, então me olha sorrindo e diz:
JL: Tudo bem, tu não precisa ir... Eu ligo amanha e cancelo a sua presença, digo que você não está passando bem!
Du: Jura? - Ele assenti que sim. - Obrigada... - Dou um abraço em Lucas e ele me aperta. - Eu posso te pedir mais uma coisa?
JL: Claro! O que você quiser...
Du: Janta comigo amanhã, só nós dois, eu quero te informar algumas coisas...
JL: Que coisas? É sério?
Du: Não precisa se preocupar, acho que vai ser notícia boa... Tu só tem que estar aqui amanha na hora do jantar!
JL: Só isso? Pode contar comigo! - Ele me dá um beijo na testa e em seguida caminha rumo ao sofá.
Du: Só mais um coisa! - Lhe digo e ele volta a olhar pra mim. - Eu que vou fazer a comida...
JL: Pensando bem, acho que tenho um compromisso... - Ele sorri.
Du: Para vai, melhorei bastante! Aquele curso de culinária me ajudou muito!
JL: É verdade, uma aula de 2 horas com um chefe de cozinha foi quase milagrosa... - Ele tira sarro. - Tu quase virou uma mestre cuca!
Du: Ah, fica quieto! Se vai ver, minha comida vai te deixar de queixo caído.
JL: Vai colocar ácido nela? Só assim... - Ele ri e eu também.
Du: Me aguarde, vou te surpreender...
JL: Ta bom vai. - Lucas coloca uma mão em minha cintura e dá um beijo em minha bochecha. - Mesmo que estiver ruim eu como tudo...

Caminhamos juntos até o sofá e então sentamos no meio de nossos filhos, Alfredinho ao meu lado, Martinho ao dele. O desenho começa e percebo pela cara de Lucas que ele quer fugir dali, na verdade eu também quero, nunca vou entender o que a Peppa tem, que tipo de lavagem cerebral ela faz...

Nossas crianças se deitam no sofá e colocam a cabeça em nossos colos, é impressionante a concentração deles.
JL: Eles são porcos? - Ele me pergunta.
M: Shiiiu, não faz barulho papi! - Martinha diz.

Ele olha pra mim e sorri, eu faço o mesmo.

Coloco minha cabeça no ombro de Lucas e começo a ficar com sono. Esse sintoma eu tenho... Sinto suas mãos me fazendo cafuné e então minhas pálpebras pesam ainda mais, a voz da televisão vai sumindo, os barulhos também, até que adormeço.

"Há um imenso silêncio, não tem nada a minha volta, apenas escuridão. Vago sozinha, até que escuto um bebe chorando. Olho para trás e vejo uma luz surgindo no horizonte, corro até lá e dou de cara com uma criança saindo da barriga de alguém. Me aproximo mais e a pessoa que acabou de parir sou eu.

Observo tudo intrigada. Como posso estar aqui, se também estou alí? Vejo o outro eu pegando a criança no colo, um menino, porém ela parece desesperada. A outra Eduarda olha pros lados e não encontra ninguém, nenhuma pessoa para lhe ajudar. Tento me comunicar, falar com ela:
Du: Calma, eu estou aqui! - Digo, praticamente gritando.

Eu não me escuto, apenas continuo berrando por alguém e, quanto mais aumento o tom de voz, maior é a intensidade que o bebe chora.

Me desespero, tento me consolar, tocar em mim mesma, mas não consigo.

Puxo ar e grito com todas minhas forças: EU ESTOU AQUI! Mas quando abro os meus olhos, já não estou mais lá."

JL: Eduarda! - Ele me balança, olho sua cara de preocupação e então pulo em seus braços. - Calma! - Lucas me aperta e eu fico tremendo em seus braços.
Du: Era tudo escuro, não tinha ninguém do meu lado naquele momento... - Choro.
JL: Foi só um pesadelo, eu to aqui meu amor! Nunca vou te deixar só...
Du: Você já deixa Lucas! - Olho pros lado, já anoiteceu, parece que me deixaram dormindo aqui por um bom tempo. Meus filhos não estão no cômodo, então me permito falar. - Hoje foi uma exceção, mas se eu tivesse tido esse sonho ontem tu não estaria aqui para me acalmar! - Ele não diz nada, apenas me olha. - Eu te amo, você me ama, mas a gente só se encontra de noite, dormimos, as vezes fazemos amor, mas eu nem sei a última vez que ficamos só conversando, curtindo um ao outro sem pensar em trabalho!
JL: O que tá acontecendo Du? Até semanas atrás você também queria crescer, se interessava pelos seus contratos, queria mais campanhas e...
Du: Muita coisa acontece em algumas semanas Lucas, muitas! - Estou chorando, há lágrimas descendo de meus olhos. - Percebi que se eu tiver mais um filho não vou ter tempo pra ele, você não vai ter tempo! Vi que tu não iria me acompanhar na primeira ultrassom, no dia em que descobriríamos o sexo do bebe... - Respiro fundo. - Talvez nem no parto você estivesse, me abandonaria lá!
JL: Que doideira é essa? Eu nunca te deixaria sozinha... Mas por que isso agora? Você quer ter outro filho? - Ele me pergunta.
Du: E se eu quisesse? Tu ia topar?
JL: Du, você sabe que eu sempre quis ter mais um filho... - Ele pega na minha mão. - Mas agora não podemos, tenho compromissos, você tem fotos pra fazer, campanhas que precisariam de você magra, já assinamos documentos, temos que ser respon...
Du: Que pena! - Tiro minhas mãos de perto dele. - Sinto muito por estragar seus planos e por te causar prejuízos, mas agora já foi, eu to grávida Lucas, to esperando um filho seu!

Meu marido me encara e por alguns segundos acho que ele vai desmaiar.
JL: Me De-Deus... - Ele gagueja. - Como isso foi acontecer?
Du: Sério que você não sabe?

O vejo indo até o sofá e se sentando nele, meu marido parece tão assustado, confuso. Meu antigo Lucas só sentiria felicidade e pronto.

Sei que eu não devia julga-lo, há anos atrás estaria bem pior que ele, destroçada, amaldiçoando o dia em que não tomei a pilula, mas hoje não, fico feliz de saber que tem outro alguém crescendo dentro de mim.

Olho para saída e sinto aquela Eduarda rebelde pedindo pra sair, querendo fugir dali, correr dos problemas... Lucas ainda está estático no sofá e então eu pego minha bolsa e saiu.

Bato a porta com força e escuto meu marido me chamando, perguntando pra onde eu vou... Apenas ignoro.

Entro no elevador e desço até a garagem, pego meu carro e saiu do prédio, quero ir pra longe daqui, ficar sozinha e pensar o máximo que posso, mesmo que isso não me ajude, preciso fazer...

Lembro do dia que decidi parar de tomar o anticoncepcional, achei que aquilo estava me fazendo engordar e eu precisava emagrecer para uma campanha, estava com a vaidade a flor da pele! Conversei com Lucas e ele super topou, existiam varias outras formas de nos proteger: Diafragma, preservativo, tabelinha, pilula do dia seguinte...

Porém, vamos em muitas festa, muitos eventos, todos regados aos mais variados tipos de bebidas... Algumas vezes exageramos, nos empolgamos demais e esquecemos de tudo. Foi assim, mas uma gravidez derivada da inconsequência. Mudamos ou voltamos a ser o que éramos desde o principio?

Quando fiz o teste Lucas não estava aqui, se encontrava no Texas fazendo negócios. Fiquei chocada no primeiro instante, mas depois percebi que era uma oportunidade para curtir cada momento da gravidez, a minha primeira não foi emocionalmente fácil, nem em outros sentidos. Pelo menos nessa me sinto bem, não enjoou com o cheiro da comida nem nada...

Pensei que Lucas ficaria feliz, queria contar de outro modo, diferente da primeira vez, mas no final foi praticamente igual... No impulso, na hora do desespero, de um sentimento ruim.

Dirijo por alguns minutos até que me encontro passando perto do Central Park. Estaciono meu carro, e caminho até lá.

Gosto desse lugar, mas não venho muito aqui de dia, as pessoas me reconhecem, não me deixam curtir a vista em paz...

Sempre quis fazer um piquenique aqui com meus filhos, mas nunca tive tempo. Quanto desperdício de vida... Trabalhando anos para ter mais e, cada dia vivendo menos.

Não está tão escuro, por onde passo as luzes iluminam bem. Aqui não é o lugar mais seguro do mundo a noite, mas me sinto melhor ao ver todas essas árvores e respirando o ar puro... Paz é o que eu preciso.
JL: Você não devia vir aqui sozinha... - Escuto a voz de Lucas, me viro para olha-lo e ele está em pé bem na minha frente, olhando pra baixo.
Du: Como me achou aqui? Você deixou nossos filhos sozinhos? - Pergunto, um pouco brava.
JL: Claro que não, pedi pra Rose ficar dando uma olhada neles... - Rose é o nosso Silviano. - Eu posso ser qualquer coisa, menos irresponsável!
Du: Na verdade você é responsável até demais... Mas tu não respondeu, como me achou?
JL: Eu podia dizer que te conheço tão bem que li sua mente, que previ onde tu estaria... Mas não, isso seria mentira. - Ele ri. - O GPS do seu carro, ele me mandou a localização...
Du: Quando tu baixou esse aplicativo disse que era pra minha segurança, não para ficar me seguindo...
JL: E você acha seguro estar aqui sozinha a noite? Não é só no Brasil que existe bandido! Vem, a gente precisa conversar...

Lucas caminha até mim e me dá a mão, ele puxa meu braço, me fazendo ficar mais próxima dele e então andamos juntos em silêncio até encontrar alguns bancos. Nós nos sentamos e então ele começa a falar:
JL: Pisei na bola...
Du: Já faz um bom tempo que está pisando!
JL: Eu sei que você não vai ficar de boa comigo se eu só pedir desculpas e pronto, né?
Du: Ainda bem que você sabe!
JL: Era isso que tu queria me contar? Da gravidez...
Du: Isso também, mas tem mais coisa! - Encaro seus olhos, meu marido parece ter chorado, sinto um pouco de culpa em seu olhar. - Você ta demitido!
JL: Hã? - Ele me olha assustado.
Du: Tu tá demitido! - Falo com firmeza em minha voz. - Ou eu me demito... Não sei como dizer! Só não quero mais que tu me agencie, nem cuide da minha carreira, não to a fim de trabalhar pra você! To fora da Botticelli!

Sua reação é estranha, ele não parece bravo nem irritado comigo.
JL: Eduarda, por que ta fazendo isso? Pensei que gostasse de ser modelo...
Du: Mas eu gosto, só que tem uma hora que enjoa! Sabe quando você só faz uma coisa pelo simplesmente fato de não querer decepcionar alguém? Eu não quero te deixar triste, mas as vezes tenho vontade de ficar parada, de não pensar o que vai acontecer amanha, de não me preocupar com o que as pessoas vão achar do meu trabalho... Isso não significa que eu não ame mas o que faço, eu só queria um tempo! Consegue entender?
JL: Claro, eu te entendo! Mas tu não pode sair... Aquilo lá é seu também, você é dona.
Du: Eu posso fazer o que eu quiser! Não caiu a fixa ainda? To grávida, vão ser meses parada, primeiro pela gestação, depois cuidando do bebe! Não vou deixar meu filho em casa com semanas de vida e ir pra um estúdio de fotos! Não dá! Cadê o Lucas que moraria comigo até numa casinha de sapê? Que não se importa com dinheiro? Que queria uma família grande e...
JL: Nessa loucura que é a vida, acho que me perdi dele! - Sinto sua mão pegando na minha. - Me ajuda a me achar Du? Eu sei que não to certo, me sinto mal por isso as vezes! Mas é mais forte que eu... Gosto da sensação de poder que a grana trás! E você também mudou, porém eu amo essa nova Eduarda!
Du: Eu também amo você e todas suas facetas, mas não to a fim de criar um filho sozinha, mesmo tendo um marido dentro de casa... - Me lembro de uma coisa que me deixou extremamente magoada: - Você não foi na apresentação de Balé da Martinha, sabe como isso doeu nela?

Lucas começa a chorar, talvez só agora tenha se sentido culpado.
JL: Sei que promessas não valem nada, que palavras ditas sem verdade são inúteis, mas eu vou ser diferente daqui pra frente!
Du: Acha que consegue fazer isso?
JL: Eu tenho certeza... Olha, eu vou cancelar seus contratos tá?! Vai ser um prejuízo gigantesco pra Botticelli, mas dane-se! - Ele sorri. - O que me importa de verdade é seu bem estar, te ver bem! - Sinto meu marido colocando a mão em minha barriga. - A quanto tempo você descobriu?
Du: Há umas 2 semanas...
JL: Eu fiquei chocado quando você me falou, não tava esperando isso... Tu devia treinar o jeito de dar essas notícias, a segunda vez que me fala e quase me mata do coração!

Nós dois rimos e ele se aproxima mais de mim.
JL: Eu disse que não era a hora pra isso, mas na verdade nunca tem uma data certa, um dia específico... Nunca vamos estar totalmente preparados! Os gêmeos vieram mais de surpresa que esse neném e nós os amamos mais que tudo na vida! Na verdade, eu já amo esse bebe mais que tudo...
Du: Não parece! Você ficou tão chocado, parecia que eu tinha dado a notícia da morte de alguém, não da vida!
JL: Mas eu to feliz sim, um pouco surpreso ainda, mais muito feliz! Obrigada por esse presente, por mais um serzinho me chamando de papai e dando sentido a minha vida! Você foi, é e sempre será a melhor coisa que me aconteceu. Nossos filhos foram a melhor coisa, tudo que tem relação a você é incrível e mágico... Eu to sendo um estúpido, virando uma pessoa que não quero ser, mas tenho certeza que se tu me der a mão e me puxar, consigo sair dessa!

Eu estou chorando, ele acaricia minha barriga com uma das mãos e com a outra enxuga meus olhos. Sei o que pensa: São os hormônios... E realmente é!

Lucas se aproxima de minha boca e quando nossos lábios iam se tocar seu celular toca. Meu marido anda com dois telefones, um pessoal e outro dedicado ao trabalho... Nem preciso dizer qual tocou!
Du: Atende, deve ser importante. Sempre é...
JL: Não! - Ele silencia a ligação e coloca o aparelho no bolso. - Não mais importante que você, isso pode esperar...

Não consigo evitar, um imenso sorriso se forma em meus lábios. Me sinto prioridade novamente.
Du: Onde a gente estava mesmo?
JL: Aqui ó... - Ele puxa minha nuca e nossas bocas se encontram.

Não sei porque, mas escuto uma música tocando na minha mente e ela parece resumir bem como nos sentimos agora: "Hoje ninguém vai estragar meu dia, só vou gastar energia pra beijar sua boca" E é só isso que quero agora, nesse instante. Apenas sua presença e seu lábios me importam.

Os filósofos sempre tentaram formular uma resposta pra pergunta: "O que é felicidade?" Mas esse sentimento é variável pra cada um, não tem jeito de explica-lo...

Ninguém nunca vai ser completamente feliz, isso é impossível, mas há momentos que compensam todas as lágrimas derramadas! Esse parece ser um deles.