Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 26
Comendador




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Por João Lucas

Sinto todo meu corpo dolorido e levo minha mão a cabeça, ainda sem abrir os olhos, e sinto um líquido quente escorrendo por ela.

Quando minha consciência volta por completo, a primeira coisa que vejo é Eduarda. Ela está chorando, parece preocupada.

Ao perceber que estou despertando Du me puxa para um abraço e diz:
Du: Que susto, Lucas...
JL: Eduarda... Eu acho que to doido, vi meu pai!
Du: Então estamos todos loucos meu amor! - Diz apontando para o lado - Eu também estou vendo!
JA: Meu filho, você está bem? - Viro minha cabeça para o lado e vejo, é meu pai, o Comendador!
JL: O que tá acontecendo aqui? - Digo, tentando me levantar.
JA: Agora não é hora de explicações, você está sangrando, bateu a cabeça quando caiu! - Meu pai se vira para Manoel, que assistia tudo de longe, e lhe pede para trazer alguns curativos.

José Alfredo e Eduarda me ajudam a levantar e ao me sentarem em uma cadeira começam a me fazer perguntas.
Du: Quantos dedos tem aqui Lucas? - Diz me mostrando 2 dedos de sua mão.

Sorriu para Eduarda e logo em seguida digo.
JL: Eu to bem meu amor! A minha cabeça ta doendo um pouco, mas o que está me deixando tonto de verdade é a presença dele. - Digo apontando para meu pai. - Você morreu! Eu te velei. Nós te velamos... - Digo olhando para Eduarda. - Não é possível!
Du: Depois pensamos nisso Lucas, o importante agora é cuidar desse machucado. - Diz ao pegar os curativos e remédios trazidos por Manoel. - O corte não é muito profundo, acho que não precisa dar pontos!

Eduarda começa a limpar meu ferimento. Apesar de estar sendo cuidadosa, sinto dor toda vez que ela passa o algodão cheio de álcool em cima do meu corte..
JL: Caramba, tá bom já. Ta doendo! - Digo afastando minha cabeça de suas mãos.
Du: Para de drama, dói mas é pro seu bem! - Diz continuando a cuidar de meu machucado.

Meu pai, que até essa altura estava em pé me olhando, pega uma cadeira e se senta a meu lado. Ele volta seu olhar para meu filhos, que dormem tranquilamente no carrinho, e diz.
JA: Que orgulho de você Lucas, me deu dois netos lindos!
JL: Eu te vejo, eu te escuto, mas ainda não consigo entender como.
JA: É uma longa história, mas prefiro simplificar pra você em três palavras: Eu, não, morri. - Diz pausadamente.
Du: Isso a gente percebeu, né! - Fala rispidamente.
JA: Você está brava comigo mocinha? - Diz encarando Eduarda.
Du: Mas é claro, você fez a gente chorar, sofrer por sua morte, e de repente, aparece assim, do nada. E ainda por cima quase mata meu marido de susto!
JA: Desculpe o mal jeito, não estava nos meus planos aparecer... Só queria ver meu netos!
JL: Então é por isso que você ligava e se preocupava tanto com meus filhos né? - Digo encarando Cristina.
Du: Que falsa, fingia que queria ser minha amiga! - Du já esta muito irritada com toda situação.
C: Não era falsidade, só estava ajudando meu pai! - Cristina também começou a se exaltar.
JL: Vocês duas não vão brigar, né? Por favor...
JA: Lucas tem razão! Não há motivos pra isso!
C: Desculpa pai, é que não gosto de ser chamada de falsa.
Du: E eu não gosto de ser feita de trouxa! - Diz emburrada.
JL: Sabe pai, tem uma coisa que eu ainda não entendi...
Du: Só uma? Eu ainda to boiando! - Diz me interrompendo.

Repreendo Eduarda com um olhar, e continuo a falar.
JL: Você ainda tem muita coisa pra me explicar, mas agora o que eu quero saber mesmo é porque tu contou tudo pra Cristina... Pelo que entendi, você forjou sua morte, né? E a única pessoa que sabia disso era ela? - Digo apontando para minha meia irmã.
JA: Não era só a Cristina, algumas pessoas também sabiam... O Josué, o Manoel...
JL: Então quer dizer que você confia mais neles do que na sua família... - Digo deixando uma lágrima descer de meu rosto.
JA: Meu filho, não é questão de confiança.. É só que, se eu tivesse contado a vocês, sua mãe certamente ficaria sabendo!
JL: Pai, você sabe como eu me senti quando você morreu? Estavamos brigados, eu pensei que a culpa era minha... E no final das contas, você ta vivo!
JA: Lucas, como você mesmo diz: Eu pisei na bola! Agora eu sei que você não teve nada com a Ísis, estou te devendo um pedido de desculpas... Está atrasado a mais de sete meses, mas por favor, me perdoe!

Olho para meu pai e ele está com os braços abertos esperando um abraço meu. Lembro do dia em que brigamos, o mesmo em que ele supostamente "morreu".

Me lembro de toda culpa que senti e de todo arrependimento por nunca ter dito que o amava.

Vou até perto dele e, já o abraçando, digo em meio as lágrimas.
JL: Eu te perdoo pai! - Ficamos nesse abraço durante alguns segundos.

Não era só eu que chorava, percebi que todos em volta também estavam emocionados. Quando saiu dos braços de meu pai olho para Eduarda. Ela também está chorando.
Du: Apesar do susto que o senhor nos deu, eu fico muito feliz de te ver vivo... Acho que tenho que te agradecer, se não fosse por você, meus filhos nem estariam vivos! - Ao dizer isso, Du deixa um lágrima cair de seus olhos, lágrima essa rapidamente enxuta por suas ágeis mãos- Será que eu também posso te dar um abraço?
JA: Mas é claro minha norinha encrenqueira! - Diz se levantando e indo até Eduarda.

Os dois se abraçam, e logo todos nós nos sentamos envolta de uma mesa para conversar sobre tudo o que aconteceu.

Antes de começarmos a falar, Manoel tranca todo o bar, não podemos correr o risco de mais alguém ver o Comendador aqui.
M: Menina Du, posso fazer uma pergunta? - Diz assim que acaba de trancar todas as portas.
Du: Pode sim...
M: Eu te tranquei no banheiro, como que você saiu de lá?

Olho para Eduarda, também curioso, e ela responde com um sorriso no rosto.
Du: Eu pulei a janela do seu banheiro! Não podia ficar lá parada e deixar meus filhos aqui sozinhos... Aliais, você tem que diminuir aquilo, um dia um ladrão entra por lá!
JL: Eu não acredito que você fez isso, minha macaquinha! - Digo apertando a ponta de seu nariz.
Du: Ai Lucas, que vergonha... Olha os outros aí! - Eduarda ficou corada - Vamos falar do que interessa! - Du olha para meu pai e lhe diz: - Pode começar a explicar tudo. Como você fez isso, pra onde foi, quando pretendia voltar... Tudo!
JA: Vai demorar um pouco...
JL: Tudo bem, nós temos tempo!

Meu pai começa a contar sua história e em alguns momentos me sinto em uma novela... E das mais loucas possíveis. Tudo que ele fez e passou parece ser uma coisa irreal: Ficou preso em um caixão, trabalhou em um garimpo... Tanta coisa aconteceu em sua vida nesse tempo.

Depois de horas conversando, Du já nem estava mais a meu lado. Tinha se afastado para amamentar nossos filhos.

Olho para meu pai depois de ouvir toda sua história e lhe digo:
JL: Poxa, muita coisa rolou na sua vida...
JA: Na sua também... Na de seus irmãos! Eu sei de tudo, Cristina sempre me contava.
JL: Eu queria que você estivesse comigo em todos os momentos que precisei do seu abraço meu pai!
JA: Me desculpe filho, eu prometo que nunca mais morro de mentirinha!

Sorriu para o Comendador e ele me dá outro abraço. Eduarda volta para meu lado, e ao se sentar novamente em nossa mesa, me diz sorrindo.
Du: Eles já estão alimentados!
JA: Que bom! Eu posso pega-los? - Diz já envolvendo Marta em seus braços.
Du: Você gostou da homenagem que fizemos? Demos seu nome ao bebe!
JA: Eu sei, fiquei muito emocionado quando Cristina me contou!

Eduarda olha para minha meia irmã e lhe diz.
Du: Foi mal ae por ter te chamado de falsa... Estava nervosa!
C: Tudo bem, desculpa também por ter te enganado. É que eu não podia falar nada!
JA: É assim que eu gosto, minha família toda se dando bem.

Ficamos mais algum tempo conversando e quando olho no relógio, percebo que o céu já deve estar escurecendo. Com todas as portas do bar fechadas, nem vi o tempo passar.
JL: Precisamos ir embora né amor? - Digo olhando para minha esposa.
Du: Sim, já está tarde, nem dá tempo de passar na sua mãe... Temos que ir direto pra casa, to super cansada e até trocar, dar banho e arrumar nossos filhos pra dormir, já vai estar na hora da gente cair na cama!
JL: Mesmo que fosse cedo, não ia conseguir olhar na cara da minha mãe. Ia me sentir culpado de não contar nada pra ela! - Digo um pouco chateado.
JA: É por pouco tempo meu filho, daqui a pouco vou revelar pra todos que estou vivo.

Me levanto para ir embora, e uma súbita ideia vem a minha mente.
JL: Pai, onde tu ta morando?
JA: Aqui no fundo, atrás do bar do Manoel.. Por quê?
JL: Você podia ir morar com a gente! - Digo olhando para Du.
JA: Acho que você bateu a cabeça muito forte! Como vou morar com vocês? Alguém ia acabar descobrindo, sua mãe quando for te visitar, ia me ver... Ou seus irmãos!
Du: Não Comendador, é uma boa ideia. Os irmão de Lucas nunca vão nos visitar, a Clara até vai as vezes, mas sempre liga antes avisando! E a nossa empregada é um tumulo. Nunca contaria nada pra ninguém!
JA: E Maria Marta?
JL: A mãe parou de ir em casa, a gente meio que brigou, queria ir na casa dela hoje justamente pra fazer as pazes... Mas isso pode esperar!
Du: Ficaríamos muito felizes de ter você em nossa casa! - Eduarda também está insistindo para que meu pai vá morar conosco. Isso me deixa feliz, é bom saber que ela também gosta dele.
JA: Quer saber de uma coisa? Eu vou sim! Desse jeito poderei ver meus netos todos os dias!
JL: Ótimo! Você vai com a Cristina buscar suas coisas que eu e a Du vamos pra casa com os bebes! Nos encontramos lá...

Vou até o carro de Cristina e pego as cadeirinhas de meus filhos, ao instala-las em meu automóvel e colocar meu bebes nelas, me despeço de todos e então entro no carro. Antes de liga-lo, Eduarda me diz.
Du: Deixa eu dirigir? Eu já to ótima, por favor... To com tanta saudades de pilotar um carro! Deixa...
JL: Ta bom, se você consegue pular até de uma janela, já pode voltar a dirigir! - Digo descendo do automóvel e me sentando no banco do carona.

Eduarda se senta ao volante e posso ver um brilho em seus olhos. Ela adora isso.
Du: Com ou sem emoção? - Diz sorrindo pra mim.
JL: Com cuidado! - Digo me virando para olhar meus filhos.
Du: Pode ficar tranquilo, comigo no volante, não tem problema.
JL: É que você é muito pilota, né? - Digo rindo.
Du: Muito!

Vamos em direção a nossa casa e no caminho conversamos sobre tudo que aconteceu hoje.
JL: Eu nem acredito que desmaiei ao ver ele.
Du: Também, com um susto daqueles... Mas falando nisso, como ta seu machucado?
JL: Ta ótimo, a melhor enfermeira do mundo cuidou dele... - Digo sorrindo.

Quando finalmente chegamos em casa, após dar banho, trocar e colocar pra dormir nossos filhos, vamos para a cozinha.

Estamos morrendo de fome, com toda a loucura do dia acabamos não comendo nada.
Du: A minha barriga ta roncando!
JL: Então, eu só sei fazer comida de café da manha, e sanduíches... - Digo lhe lançando um sorriso.

Eduarda também sorri, e ao se sentar a mesa me diz:
Du: Então me prepara um café da manha pra comer na hora do jantar...

Pego alguns ovos na geladeira e faço o meu famoso ovo mexido. Sirvo Eduarda e logo em seguida me sento pra comer.
JL: Que dia louco esse!
Du: Nem me fale... Você reparou como o tempo passou voando?
JL: Anoiteceu muito rápido! - Digo me levantando para buscar um suco na geladeira - Laranja ou uva?
Du: De laranja... Sabe que eu tava pensando?
JL: Diz ai...
Du: Amanha vai faltar só 3 dias pra minha quarentena acabar! - Diz sorrindo maliciosamente.
JL: Você ta contando os dias é... - Digo beijando sua boca.
Du: Eu estou, por que? Você não?
JL: Os dias, os minutos, os segundos!

Quando acabamos de comer, vamos para sala esperar meu pai. Ele já está demorando.
Du: Eu acho que minha alma envelheceu uns 50 anos! To morrendo de sono Lucas. - Diz se deitando no sofá e colando a cabeça sobre meu colo.
JL: Não é só você não, eu também to! - Digo enquanto mexo em seus cabelos.

A campainha toca e Eduarda logo se levanta para abrir a porta, no caminho até a maçaneta, me diz:
Du: Já estava achando que seu pai tinha desistido de vir aqui!

Me levanto e vou até a porta para receber meu pai e sou surpreendido.
JL: Mãe? O que você ta fazendo aqui?
MM: Eu sei que é tarde, me desculpem... Preciso falar com meu filho, acabei de sair da Império. É um assunto que não pode ser tratado outra hora, e muito menos por telefone! Posso entrar?
Du: Eu não sei, a gente ia dormir - Eduarda diz isso sem conseguir disfarçar sua preocupação.

Meu pai pode chegar a qualquer momento, eu disse que minha mãe não viria aqui, ele não confiará mais em mim se encontra-lá em minha casa.
JL: É mãe, estamos indo dormir...
MM: Ainda estão bravos comigo por causa das babás? Caramba, me desculpem, só queria ajudar!
Du: Ta de boa já, ta perdoada... É que estamos com sono mesmo, volta amanha! - Diz tentando fechar a porta.

Minha mãe empurra Eduarda e entra em minha casa.
MM: Não admito ser expulsa. Se estou aqui é porque o assunto é sério.
JL: Então fala logo!
MM: Credo João Lucas, vai voltar a ser aquele adolescente rebelde?
Du: Tá certo. Nos desculpe Marta! Olha, senta ai no sofá e conta pra gente o que ta rolando...
MM: Já que estão com pressa, vou direto ao ponto. - Diz se sentando - A império está sendo roubada!
JL: Como assim? - Digo espantado.
MM: Alguém retirou alguns milhares de dólares da conta pessoal da empresa! E como só eu, Cristina, você e seus irmão que tem a senha... Um de vocês está roubando a empresa!
JL: Tu não ta achando que é eu, né?
MM: Não estou achando nada meu filho, só estou aqui para perguntar se você sabe de alguma coisa sobre isso...
JL: E por que pra mim? Já perguntou pra Clara, pra Cristina, ou pro seu queridinho Zé Pedro?
MM: Já sim, mas eles não teriam motivo para roubar a empresa ... Já você!
Du: Você ta louca? Que motivo o João Lucas teria? Ele trabalha lá! E além do mais é seu filho, dono da empresa!
MM: É sim, mas quando ameacei demiti-lo, ele nem sequer teve medo. Sabia que podia pegar uma boa quantia caso perdesse o emprego... Não é?
JL: Eu não acredito que você está pensando isso de mim! - Me levanto do sofá e lhe indico a porta - Vá embora agora e só se atreva a voltar quando quiser me pedir desculpas.
MM: Meu filho... - Diz se levantando - Não quero te acusar, só quero entender quem fez isso. Só nós 5 temos a senha. Se não fui eu, não foi a Cristina, nem a Clara e José Pedro...
JL: Então só pode ter sido o irresponsável do Lucas né! - Digo já deixando uma lágrima cair. - Por favor, vá embora!
Du: Marta, o José Alfredo também tinha essa senha aí?

Uma luz começa a surgir em minha mente. Sei muito bem o que ela está pensando.

Minha mãe olha para Eduarda sem entender o motivo da pergunta e diz:

MM: Claro que tinha... Mas os mortos não tiram dinheiro do banco, muito menos aquela pequena fortuna!

É isso, só pode ser. Meu pai deve ter precisado de dinheiro...
JL: Olha mãe, não fui eu! Se você quiser acreditar, acredita, se não quiser, adeus. - Digo indo em direção a porta.

Quando estou preste a abri-la a campainha toca.

Agora é ele. Só pode ser meu pai.

Olho para Eduarda e ela está pálida.

Minha mãe já está vindo em direção a porta.

Precisamos fazer alguma coisa...

Mas o que?


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