Por Eduarda.

Já se passaram um mês e cinco dias desde que dei a luz. O tempo tem corrido muito rápido, as vezes me preocupo, em menos de 70 dias Lucas já vai estar trabalhando novamente... Acabei me acostumei com sua constante presença aqui em casa, em todos esses dias ele esteve sempre ao meu lado me ajudando em tudo.

A única coisa boa do tempo estar passando depressa é que minha quarentena acaba em poucos dias.

Olho no meu relógio de pulso e posso constatar que ainda são 8 horas da noite. Por incrível que pareça, já estou querendo ir dormir. A rotina de cuidar de duas crianças recém nascidas acaba cansando tanto você que o sono chega mais cedo.

Dou uma olhada em meus filhos e vejo que eles estão bem. Pego a babá eletrônica, um acessório que não sai mais de minha mão, e vou até a cozinha onde João Lucas está.
Du: Você acredita que eu estou morrendo de sono a essa hora?! - Digo ao encontrá-lo.
JL: Mas também, os bebes nos acordam assim que o sol nasce...
Du: Nós temos os despertadores mais fofos do mundo. - Quando digo isso, Lucas ri e concorda comigo.
JL: Eu vou preparar um lanche pra mim, você quer?
Du: Acabamos de jantar... Desse jeito você vai acabar engordando!
JL: Você ainda me amaria mesmo se eu estivesse gordinho? - Diz sorrindo pra mim.
Du: Eu vou te amar mesmo que você pese uns 150 quilos! - Digo chegando mais perto de Lucas e lhe dando um beijo na boca.
JL: Olha que assim eu viro um desleixado, em?! - Diz enquanto busca algumas coisas na geladeira - Mas falando sério, eu não comi direito na hora do jantar, estava sem fome!
Du: É eu sei, tinha reparado... Alguma coisa aconteceu pra tirar sua fome?
JL: Não aconteceu nada, só estou preocupado. A minha mãe veio aqui a uns 30 dias atrás e nunca mais ligou, nem apareceu pra saber dos netos... Será que ela ficou magoada?
Du: Sei lá Lucas... Se você quiser a gente pode ir fazer uma visita pra ela amanhã, já posso sair de casa! Eu acho que vai ser até bom, não arredei meus pés daqui desde que dei a luz!
JL: Eu ia adorar... Por mais que a Maria Marta seja autoritária e tente comandar a vida dos filhos eu a amo. É minha mãe, né?!
Du: Eu sei, te entendo!

Me sento à mesa junto de Lucas e espero ele acabar de lanchar.
JL: Tem certeza que não quer? Se quiser posso fazer outro pra você! - Me diz oferecendo uma mordida.
Du: Não Lucas, desse jeito eu vou virar uma baleia. Tenho que controlar minha alimentação, ainda não voltei pro meu peso de antes, falta uns 3 quilos ainda!
JL: Ah, para Du! Tu ta linda do jeito que está!
Du: Eu sou mulher Lucas, eu sempre vou querer perder 3 quilos! - Digo sorrindo.

Meu telefone toca e ao pegar o celular e olhar o visor do telefone não sou surpreendida.
JL: Quem é em Du?
Du: Adivinha? - Digo já levando o celular até o ouvido.
JL: A Cristina? - Pergunta sussurrando.

Balanço a cabeça confirmando a pessoa por trás da linha e em seguida a atendo.
Du: Oi Cristina...
C: Oi Eduarda, tudo bom aí?
Du: Tudo sim, e você?!
C: To bem sim, só liguei pra...
Du: Pra saber dos bebes né? - Digo a interrompendo.
C: Sim, como eles estão? Estou com saudades!
Du: Estão ótimos, hoje nenhum deles teve cólica... Agora estão dormindo!
C: Que bom! E então, que dia a gente pode sair juntos? Eu você e os bebes!
Du: Amanha que tal?
C: Ótimo, eu passo ai pra buscar vocês, pode ser as nove da manha?
Du: Pode sim...
C: Ok, até amanha então. Beijos!

Cristina desliga o telefone antes mesmo de eu me despedir, Lucas me olha intrigado e pergunta.
JL: É isso mesmo que eu entendi? Você vai sair com a Cristina amanhã?
Du: Vou sim! Desde o dia que sua irmã veio aqui, ela não para de me ligar, sempre vem visitar os bebes e tira milhares de fotos deles! Isso ta muito estranho Lucas, estranho demais!
JL: O que será que ela quer, em? No começo eu achei que era só apego por nossos filhos, porque convenhamos, eles são os bebes mais lindos do mundo... Mas agora, ta estranho mesmo!
Du: Ela está insistindo muito pra esse passeio. Quero ver qual é a dela! A Cristina disse que me busca amanha as 9 horas...
JL: Pensei que a gente ia na casa da minha mãe amanha! - Diz mostrando sua frustração.
Du: Nós vamos amor, mas só mais tarde!
JL: Ok então...
Du: Lucas, sabe o que ta me deixando encafifada?
JL: O que?
Du: Ela não disse nada de você ir junto, acho até que ela prefere que você não vá.
JL: Sério? To ficando com medo, vai que essa louca ta querendo fazer alguma coisa contra nossos filhos.
Du: Ai Lucas, não pira.
JL: Ué, se ela tirar eles do caminho, é dois herdeiros da império a menos!

Começo a rir do que Lucas me diz e logo em seguida falo.
Du: Você ta assistindo novela demais Lucas! A Cristina é sonsa, é chata, mas não é assassina! Mas só pra prevenir, você segue a gente amanha, quando ela vir me buscar, você nos acompanha com o carro! Ok?
JL: Ok! Quero só ver onde essa doida vai levar vocês...
Du: Tá bom vai... Já acabou de comer? Quero ir pra cama logo, to com sono!
JL: Ta querendo me levar pra cama é? - Lucas fala isso me lançando o seu olhar mais sedutor.
Du: Mas é só pra dormir, em?!
JL: To com tanta saudades do seu corpo, de ter você... - Diz enquanto beija meu pescoço.
Du: Eu também estou Lucas, mas não podemos... - Digo me afastando dele. - Vamos pensar pelo lado bom, se a gente dormir agora amanha vai ser um dia a menos. A quarentena já está acabando, só faltam 5 dias... Amanha 4!
JL: Você tem razão! É que é difícil te ter tão perto e não poder... Você sabe, não poder te tocar de outro jeito, nem te beijar com o mesmo calor de sempre.
Du: Lucas, é melhor a gente parar com esse papo, vai lá tomar um banho e vamos dormir!

Vou até meu quarto e me deito na cama, eu adormeço rapidamente, nem vejo quando Lucas se deita ao meu lado. Apesar de ainda ser muito cedo, eu estou muito cansada, ando acordando junto do nascer do sol. Meus filhos insistem em mamar as 6 horas da manha...

Como de costume, e sempre pontuais, meu filhos acordam. Me levanto junto de Lucas e nós dois os trocamos e depois eu lhes dou de mamar.

Enquanto os amamento sentada na cama, Lucas nos observa.
JL: Eles estão crescendo rápido. Daqui a pouco já vão estar engatinhando, indo pra escola...
Du: Também não exagera, ainda falta muito pra isso...
JL: O tempo passa e a gente nem vê... Parece que foi ontem que você entrou na minha casa dizendo que estava grávida!
Du: Nem me fale - Digo começando a rir- Aquele foi um péssimo jeito de dar a notícia!
JL: Foi mesmo! - Lucas também começa a rir - Eu quase tive um treco... Mas logo em seguida gostei da ideia! Mas falando sério, na próxima gravidez tenta me contar de um jeito melhor, tá?
Du: Que próxima gravidez Lucas? Ta doido... A fábrica fechou!
JL: Você diz isso agora, eu ainda vou te convencer! - Diz me dando um beijo.
Du: Aham, tá bom...

Termino de dar de mama e coloco meus filhos no berço novamente.
JL: Ainda ta cedo, podíamos voltar a dormir...
Du: Eu nunca consigo, meu sono sempre acaba.
JL: Vamos tentar vai, eu faço cafuné em você até tu dormir!

Sorriu para Lucas e vou em direção a cama. Ao me deitar, pego meu celular e o coloco para despertar. Não posso esquecer que tenho um compromisso hoje.
Du: Coloquei pra tocar as 7:45! Quem acordar primeiro desliga o despertador! Acho que os bebes não vou gostar de acordar assim.
JL: Se nem eu gosto, imagina eles... - Diz enquanto se senta ao meu lado na cama.

Lucas começa a me fazer cafuné e eu acabo adormecendo rapidamente, carinho é o melhor remédio pro sono chegar.

O despertador toca e eu acordo logo em seguida. Rapidamente o desligo e me levanto da cama. Penso em acordar Lucas, mas ele parece estar tento um sonho tão bom que prefiro não incomoda-lo.

Vou até o quartinho de meus filhos e escolho duas roupinhas lindas pros dois. Volto para meu quarto e ao tropeçar em um tapete acabo soltando uma espécie de grito que acorda Lucas.
Du: Pô, desculpa.. Tropecei nesse negócio - Digo apontando pro chão.
JL: Não, tudo bem! Você se machucou? - Diz enquanto esfrega os olhos.
Du: Não, nem cheguei a cair... Mas acho melhor a gente guardar esse tapete, imagina se tropeçamos nele com os bebes no colo?
JL: Credo, Deus me livre... Quando voltarmos eu o tiro dai! Mas então, vamos dar banho neles?
Du: Vamos, você dá banho no Zézinho que eu dou na Má...

Depois de dar banho, vestir e perfumar nossos filhos, olho no relógio e vejo que vamos acabar nos atrasando.
JL: São 8:30, que horas que ela disse que passava aqui?
Du: As 9 horas! Do jeito que sua irmã é, duvido que se atrase... Vou tomar meu banho correndo e depois você toma o seu!
JL: Toma banho correndo não, você acaba se cansando... - Logo depois de me dizer isso, Lucas começa a rir.
Du: Besta... - Digo ao entender a piada.

Vou até o banheiro e abro a ducha. Nada como um bom banho para começar o dia bem. Quando acabo, me enxugo rapidamente e saiu do banheiro para que Lucas entre. Enquanto me arrumo, dou uma olhadinha em meus bebes. Eles já voltaram a dormir. Não sei onde arrumam tanto sono.

Lucas volta do banho e logo escolhe uma roupa. Apesar de eu ter começado a me arrumar primeiro, ele acaba ficando pronto antes de mim.
JL: Não sei pra que você passa essas maquiagens, tu fica ainda mais linda sem nada no rosto...
Du: Você só diz isso porque me ama. - Digo começando a passar meu rímel
JL: Pode até ser, mas você vai se atrasar desse jeito. Daqui a pouco a Cristina chega e tu não está pronta!
Du: Ela que marcou cedo assim, então que espere... - Paro de passar meu rímel por uns instantes e ao olhar diretamente pra Lucas digo - Mas sabe o que eu tava aqui pensando? Ela deveria estar na Império trabalhando né?!
JL: Deveria sim, mas já que ela é a Presidente da empresa, pode faltar quando quer...

Volto a me arrumar e logo escuto a campainha tocando.
Du: Vai lá atender ela que daqui a pouco desço com os bebes!

Lucas vai até Cristina e eu continuo a me arrumar. Fazia tanto tempo que não me maquiava pra sair que até perdi a prática. Borrei meu rímel um milhão de vezes...

Quando finalmente fico pronta, pego meu filhos e os coloco nas cadeirinhas, desço com os dois e ao chegar na sala sou cumprimentada alegremente por Cristina.
C: Fico muito feliz por você ter aceitado meu convite! Quer que eu leve um deles até o carro?
Du: Claro... - Digo entregando Marta a Cristina.
C: Tchau Lucas, mais tarde devolvo sua esposa e seus filhos. - Diz já se despedindo de meu marido e indo rumo ao carro.

Eu vou até Lucas e ao abraça-lo, sussurro em seu ouvido.
Du: Segue a gente disfarçadamente.
JL: Beleza, vou estar bem atrás de vocês! - diz no mesmo tom de voz.

Peço para que Lucas leve o carrinho de bebe até o carro pra mim e, ao colocar o objeto no porta malas me despeço dele.
Du: Até mais tarde meu amor...

Cristina me ajuda a colocar as cadeirinhas no banco de trás e depois de tudo ajeitado, me sento no bando do carona e ela arranca com o carro.
Du: Pra onde você vai me levar? - Pergunto.
C: Pra Santa Tereza... - Diz me olhando com certo receio.
Du: Pra que? Não é pra me apresentar para aquela sua tia doida não né?
C: Não, nunca. - Diz rindo - É que a Xana, ela é minha amiga, e está morrendo de vontade de te ver, de conhecer seus filhos...

Então é isso? Esse é o motivo de tanta curiosidade por meus filhos... Certamente Xana que pedia para Cristina ligar.
Du: Poxa, eu amo a Xana. Se você tivesse me falado, tinha pedido pra traze-la em casa! Ela me ajudou muito quando precisei...

Pego meu celular e disfarçadamente mando uma mensagem a João Lucas. "Não precisa mais seguir a gente não, vamos ir visitar a Xana... Ta de boa"

No caminho, converso com Cristina sobre a empresa. Ela me conta que a Império está cada vez mais forte e já não deve nada a ninguém. Fico feliz de saber disso, nunca liguei pra essa coisa de dinheiro, mas agora me preocupo com o futuro de meus filhos.

Quando chegamos em Santa Tereza, Cristina logo se dirige a casa de Xana. No caminho me lembro de todas as vezes que passei por aquelas ruas. Na primeira vez, carregava Lucas nos braços, totalmente desesperada, e Xana me ajudou. Na segunda, também sem rumo e cheia de incertezas fui acolhida novamente por aquele ser humano incrível.

Quando chegamos em sua casa, todas as portas e janelas estão fechadas.
C: Acho que não tem ninguém em casa...
Du: Mas como? Você não avisou que eu iria vir?
C: Não, queria fazer uma surpresa...
Du: Poxa, liga pra ela então...
C: Nem precisa, acabei de me lembrar que hoje é o dia da Xana visitar o Luciano no orfanato... Mas não se preocupe, vamos tomar um suco no bar do Manoel que daqui a pouco ela chega.

Sem nem esperar minha resposta, Cristina liga o carro novamente e segue rumo ao bar.
Du: Mas não é bom levar os dois em um bar. - Digo olhando pros meus filhos - Eu adoro o Manoel, mas lá tem muito barulho, eles não vão gostar!
C: Não vai ter ninguém lá, fica tranquila...
Du: Como você sabe? - Digo já começando a ficar desconfiada.
C: É que... Quase não tem pessoas lá a essa hora! É isso! - Diz fingindo um sorriso.

Pego meu celular novamente e mando outra mensagem a Lucas. "Ta ficando muito estranho... Ela ta me levando no bar do Manoel, vem pra cá! Não to gostando do jeito dela, sei lá."

Cristina me olha com curiosidade, como se fosse perguntar o que digitava e antes mesmo que ela dissesse alguma coisa eu lhe falo.
Du: Estava conversando com uma amiga...
C: Ah, sim...

Ela estaciona o carro na frente do bar e ele realmente está totalmente vazio. Até parece fechado.

Ao descer do carro, pego o carrinho de bebe no porta malas e ao colocar meus filhos nele entro com Cristina no bar.
Du: Esse carrinho com dois lugares é uma maravilha... - Digo enquanto o empurro.

Quando pisamos nossos pés no recinto, damos de cara com Manoel. Ele parecia nos esperar!
M: Eduarda, a quanto tempo! - Diz vindo me dar um abraço - Nunca mais apareceu...
Du: Pois é a quanto tempo!
C: Manoel, trás um suco pra gente!
M: É pra já... Fiquem a vontade!

Coloco o carrinho dos bebes do lado de minha mesa e, antes mesmo de me sentar o suco já chega.
Du: Nossa que rápido!

Pego meu celular e vejo que Lucas me respondeu a alguns minutos atrás. "Estou indo aí". Foi o que ele me enviou.

Olho para meus filhos e eles ainda dormem tranquilos...
C: Eles são uns amores né? Tão bonitinhos...
Du: Sim.. - Digo fixando meu olhar neles.

De repente, sinto um líquido gelado caindo em minha roupa. Olho para meu shorts e vejo todo o suco de Cristina em cima de mim.
C: Meu Deus! Me desculpe.. Foi sem querer! - Diz pegando alguns guardanapos de papel e tentando me enxugar- Eu sou um desastre!

Olho para Cristina e ela não parece estar tão preocupada por ter me sujado.
Du: Não, tá tudo bem...
C: Tem um banheiro ali, vai lá se limpar, eu fico aqui cuidando dos bebes.
Du: Não ta tudo bem, não precisa.
C: Du, você vai ficar toda melecada assim? Vai acabar sujando os bebes...

Eu me levanto de minha cadeira e vou até o banheiro. Conheço bem esse lugar, foi aqui que descobri que estava grávida. Lavo minhas mãos e tento limpar a minha roupa. Pelo jeito vai ficar toda manchada.

Quando termino de me limpar tento abrir a porta mas ela parece emperrada. Apesar de todos os meus esforços para abri-la, ela nem sequer se move.

Alguns segundos se passam e escuto a voz de Manoel por trás da porta.
M: Menina Du, a porta emperrou, eu vou buscar umas ferramentas e já te tiro dai... Só alguns minutos.

Tudo isso não pode ser coincidência... Começo a ficar preocupada, será que as teorias de conspiração de Lucas estão certas?

Ligo para meu marido e ele logo me atende.
Du: Lucas, onde você está?
JL: To chegando em Santa Tereza! Ta tudo bem ai meu amor?
Du: Não... Quer dizer, não sei! Vem pra cá logo, to presa no banheiro do bar do Manoel e a Cristina está sozinha com nossos bebes!
JL: O que? Por que? Quer saber, não importa... Eu já to chegando! Cinco minutos...

Desligo o telefone e logo chamo Manoel novamente.
Du: Vai demorar muito pra você abrir aqui?
M: Não, só mais uns minutos...

Olho por debaixo da porta e uma cadeira parece impedir que a porta se abra.
É isso. Estão tentando me manter presa aqui! Mas por quê?

Olho para uma pequena janela no banheiro e decido que é por ali mesmo que vou sair. Ela não é muito grande, com certeza passarei apertada, mas acho que dá pra chegar até o outro lado.

Olho em volta do banheiro e não vejo nada que possa me dar impulso para chegar até a janela.

Acho que todos os anos subindo em árvores quando criança me ajudaram. Dou um pulo até a janela e consigo a alcançar. Coloco meu pés pra fora primeiro e ao passa-los, jogo meu corpo. Quando caiu na calçada, sinto uma leve pontada na barriga. Acho que ainda é muito cedo pra mim fazer esse tipo de coisa.

Olho para cima, pelo lugar que saí, e me coloco uma nota mental. "Avisar o Manoel pra diminuir o tamanho dessa janela, um dia desses um ladrão entra por ali."

Volto até a entrada do bar e encontro Manoel sozinho, olho pro carrinho de meus bebes e ele está vazio. Paro por alguns segundos na porta do bar e escuto a conversa dele ao telefone.
M: Vocês já estão vindo? A menina Du já está ficando impaciente!
Du: Vocês quem? Cade meus filhos Manoel? Quem está com eles?

Um carro estaciona na rua e ao olhar vejo que é Lucas. Ele vem até mim e ao perceber minha cara de preocupação pergunta:
JL: O que ta rolando Eduarda? Cadê nossos filhos?
Du: Eu não sei - Digo já deixando as lágrimas caírem.
M: Não precisa chorar, eles estão bem!
JL: Então cadê eles! - Lucas diz, já muito nervoso.
M: Eu não posso dizer...
JL: Tenho muito respeito pelo senhor, mas se não me contar agora eu chamo a polícia! - Ele já está gritando.
M: Não por favor, se acalme, eles já vem, a Cristina levou eles pra um passeio.
Du: Passeio com quem? Eu não dei permissão... Não interessa o que você diz,vou ligar pra polícia agora! - Falo pegando meu celular.
JA: Não precisa disso...

Me viro para ver de quem é a voz que veio por trás de mim e, ao colocar os olhos no dono dela, quase caiu pra trás.

Olho para Lucas e ele está tão pálido quando eu. Não estou louca, ele também está vendo.

É o Comendador quem está na minha frente. Ele segura José Alfredo nos braços e tem Cristina a seu lado segurando Marta.

Meu sogro não parece morto, nem assombração. Ele está vivo... Mas como, se ele morreu?

Penso em dizer alguma coisa, em perguntar algo, mas antes que eu faça isso, escuto um forte barulho. Alguma coisa caiu no chão.

Olho pro lado e vejo que é Lucas. Ele desmaiou.

Me abaixo a seu lado e tento acorda-lo de todo jeito. O Comendador coloca meus filhos no carrinho e ao se abaixar ao meu lado também tenta acordar Lucas.
Eu não pergunto nada a ele. Simplesmente continuo a chamar por meu marido.

Não sei o que está acontecendo aqui, ainda estou muito confusa com a presença de meu sogro, mas a única coisa que me interessa agora é que Lucas desperte logo.