Por João Lucas

Quando minha mãe vai embora ainda é cedo, olho no relógio e não passam das 9 da manha. Eduarda parece cansada, seu semblante é de sono.
JL: Se você quiser pode voltar a dormir...
Du: Ah não Lucas, daqui a pouco os bebes acordam...
JL: Você que sabe! - Digo dando um rápido selinho em sua boca - Mas então, tu tá com fome? Estava indo preparar um café da manha pra você antes do furacão Marta chegar...

Eduarda olha pra mim e começa a rir, ao ver que eu estava sem compreender o motivo, ela me explica:
Du: É que Marta é o nome da nossa filha, e é engraçado quando você chama sua mãe pelo nome... Parece que está falando da bebe, sei lá.
JL: Espero que dá avó ela só herde o nome mesmo!
Du: Também espero, a sua mãe não é uma pessoa fácil de lidar! Mas bora comer que eu to morrendo de fome...

Vamos até a cozinha e eu faço um belo café da manha para Eduarda. Minha esposa insisti para me ajudar, mas eu recuso. Já estou virando mestre em preparar esse tipo de refeição, em todos esses meses casado com Du sempre fiz questão de agrada-la com esse tipo de surpresa, apesar de nunca ter conseguido surpreende-la realmente.
JL: Já reparou que toda vez que tento levar café na cama pra você na cama, tu acorda antes? - Digo enquanto a sirvo com ovos mexidos.
Du: Você já me chamou de estraga prazer e tudo... - Diz pegando o garfo e experimentando o que preparei. - Tá uma delícia!
JL: Da próxima vez que eu não estiver na cama, tu espera lá e finge que ta dormindo, só pra mim realizar um sonho antigo, tá? - Digo fazendo graça.
Du: Tá bom! Prometo que vou tentar... É que eu fico com saudades! - Diz abrindo um lindo sorriso.
JL: Mas é muito amor por mim, em? - Ao falar isso, vou até Eduarda e lhe dou um beijo na boca. Me sento ao seu lado e começo a comer também.
Du: Você cozinha muito melhor que eu...
JL: São só alguns ovos mexidos, não sou um mestre cuca!
Du: Que humildade é essa em Lucas? Não combina com você! - Fala rindo.
JL: Ta me chamando de metido é? Olha que eu te castigo... E você sabe que eu posso ser muito severo.
Du: Aé? E qual será o meu castigo? - Diz colocando seu rosto mais perto do meu.
JL: Vai ter que me beijar muito, até que eu decida te perdoar!
Du: Nossa, como você é ruim!

Eduarda coloca sua boca na minha e logo estamos em um beijo. Nunca vou enjoar de sentir o gosto da boca de Du, nunca vou deixar de desejar seus macios lábios nos meus...

Ela para de me beijar e em meio a um sorriso, pergunta:
Du: E então, já fui perdoada?
JL: Hum.. Acho que não, preciso de mais beijos! - Digo rindo pra ela.

Minha mulher já estava indo de encontro a minha boca quando a campainha toca. Essa casa está muito movimentada hoje.
Du: Será que é sua mãe de novo? Se for ela vai me ouvir... - Diz se levantando para abrir a porta.
JL: Calma Du - Digo a segurando. - A Ana abre, se for alguém importante ela vem nos chamar.

Em poucos segundos começamos a escutar uma voz conhecida vindo da sala.
DU: Parece ser a Cristina...
JL: Também achei, mas o que ela faz aqui?!

Já estávamos nos levantando rumo a sala, quando Ana aparece.
Ana: Senhor Lucas, sua irmã está na sala querendo falar com vocês dois...
Du: É a irmã loira né?
Ana: É sim dona Eduarda... Quer que eu prepare um suco pra vocês?
Du: Obrigada, mas por enquanto não...

Caminhamos até a sala e no caminho me pergunto o que trouxe Cristina até aqui, logo pela manhã... Será que aconteceu alguma coisa na Império?

Encontramos minha meia-irmã sentada no sofá da sala, ela se levanta quando nos vê e vem até nós dois para nos abraçar.
C: Desculpe por ter vindo cedo...
Du: Não, tudo bem! Tá tranquilo... A gente tem acordado cedo por esses dias!
C: Que bom...
JL: E então... Você veio visitar os bebes? - Digo, arriscando um palpite.
C: Ah, sim! - Diz esboçando um grande sorriso. - To querendo muito ver eles.. Será que posso?
Du: Claro que sim... Só que tem que fazer silêncio porque eles ainda estão dormindo!

Nesse mesmo instante, começamos a ouvir um choro de bebe vindo pela baba eletrônica. Eduarda olha para o aparelho e depois para Cristina, e entre um sorriso fala:
Du: Estavam dormindo... Vamos lá em cima ver o que eles querem!
C: Oba! - Diz indo em direção a escada junto de Du.

Eu vou atrás das duas logo em seguida. Não entendi esse interesse repentino por meus filhos... Tudo bem, ela é tia, mas porque quis vir aqui tão cedo? O que será que a deixou tão curiosa? Talvez alguém a tenha informado da fofura de meus filhos...

Quando chegamos no quarto, Cristina foi logo para perto dos bebes. Eles ainda choravam, mas assim que nos viram começaram a se acalmar... Talvez só estivessem com saudades.

Olho se estão com as fraudas sujas e percebo que não. Cristina me pede permissão para pegar José Alfredo no colo e ao ter minha confirmação se abaixa para pega-lo. Já com meu filho nos braços diz:
C: Lucas, você acha ele parecido com nosso pai?
JL: Não sei, Nunca fiquei reparando nisso...
Du: Acho que ele parece mais com o meu pai do que com o Comendador... Infelizmente!
JL: Sério, Du?! Eu acho que eles se parecem mais com a gente! - Digo todo orgulhoso - O nariz dele é meu, tenho certeza!
C: É, lembra um pouco... - Diz, colocando Alfredo no berço e pegando Marta logo em seguida. - Legal vocês terem posto o berço no quarto de vocês...
Du: É, nós ficamos muito preocupados nos primeiros dias, achávamos que eles iam chorar e não íamos ouvir... Coisa de pais de primeira viagem!
C: Será que eu posso tirar umas fotos dos bebes?
JL: Pode sim... Mas pra que? Não é pra por na internet não, né? É que tem um monte de blogueiro querendo foto dos nossos filhos e não vou dar esse gostinho pra eles!
C: Não eu só queria ter a foto mesmo, pra ver de vez enquanto... Posso? - Diz um pouco nervosa.

Eduarda olha pra mim e percebo desconfiança em seus olhos, mas mesmo assim ela permite que Cristina tire as fotografias. Depois de milhares de fotos, em milhares de ângulos, Cristina olha para Eduarda e pergunta:
C: Você já esta boa? Já pode sair de casa?
Du: Eu to me recuperando muito bem... Mas acho que não posso ficar andando por aí... Por quê?
C: Queria te convidar pra dar uma volta com eles qualquer dia desses... Sei lá! Tomar um banho de sol!
Du: Acho que é muito cedo pra eles ficar debaixo de sol...
C: Tá bom, mas quando puder você me chama pra ir junto, ok?
Du: Tá, eu te ligo então... - Volto a olhar para minha esposa e percebo que a desconfiança passou a ser curiosidade.
C: Bem, agora eu vou indo... Me liga em Du! Vou esperar!

Levo Cristina até a porta e me despeço dela. Antes de voltar pro quarto, passo na cozinha e faço um sanduíche. Eu e Du não havíamos acabado de comer quando ela chegou, Eduarda ainda deve estar com fome.

Coloco nosso lanche em uma bandeja e levo até o quarto.
JL: Trouxe pra gente comer... - Digo me sentando na cama com a bandeja. - É de peito de peru!
Du: Você não achou muito estranho a reação da Cristina? Querendo tirar foto, sair comigo e os bebes... Sendo que nem amiga a gente é!
JL: Ah, sei lá... Um pouco! Talvez ela tenha se encantado com nossos bebes! Eles são a coisa mais fofa desse mundo, ninguém resiste!
Du: Não sei Lucas, achei muito estranho!
JL: E você vai ligar pra ela?
Du: Você quer apostar que se eu não ligar ela mesmo liga? Estava muito ansiosa! Achei muito estranho!
JL: Para de bobeira Eduarda, ela só ficou encantada com os bebes e pronto! - Pego na mão de Du e a arrasto pra cama - Vem, vamos comer!
Du: Assim que eu melhorar eu vou ligar, quero ver qual é a dela!
JL: Tu que sabe! - Digo enquanto mastigo meu sanduíche.

Quando acabamos de comer, os bebes voltam a chorar. Se da última vez era sem um motivo concreto, nessa vez eles tem dois: Frauda suja e fome.

Nós os limpamos e trocamos suas fraudas rapidamente, Eduarda os amamenta e eles logo voltam a dormir. Isso é o que mais fazem...
Du: Nós temos umas 2 ou 3 horas até que eles acordem... Eae, o que fazemos nesse tempo?
JL: Eu tenho uma ótima ideia... - Digo a pegando pela cintura beijando sua boca.

Arrasto Eduarda para o quarto ao lado e ao deita-la na cama com cuidado, digo sorrindo.
JL: Ainda bem que a gente colocou uma TV aqui!
Du: E que jogo vamos zerar agora?
JL: Eu comprei uns novos, vou lá pegar - Falo indo até a sala e pegando os últimos jogos adquiridos por mim.

Quando volto pro quarto, Eduarda já está com os joysticks na mão. Escolhemos o jogo, um de zumbis, e apertamos play.
Du: Só deixa no volume baixo pra não acordar os bebes...
JL: Beleza!
Du: Preparado pra perder?! Além de ser muito pilota, eu tenho a melhor mira de todas, vou matar muito mais zumbis que você!
JL: Aé? Vamos ver! - Digo me concentrando no jogo.

Agora somos adultos, somos responsáveis por duas crianças e por manter uma casa em ordem, mas apesar de tudo isso, nunca deixamos de brincar um com o outro.

Antes de tudo, Eduarda é minha amiga, minha companheira de game, o meu brother! Paro de prestar atenção no jogo por alguns segundos e mantenho minha concentração em Du. Eu tenho muita sorte: A minha mulher é a mais linda de todas, é a melhor mãe, a melhor jogadora de vídeo game, a mais divertida e a mais compreensiva de todas as esposas.

Ela me olha sorrindo e diz com toda felicidade.
Du: Você perdeu!!
JL: Não. Eu ganhei! Sou um cara de sorte... - Puxo Eduarda pra perto de mim e a abraço apertado.
Du: Quê que te deu, em?
JL: Nada, é que eu gosto de te ter pertinho de mim... Só quando sinto o seu corpo perto do meu que tenho certeza que você existe mesmo!

Sinto que ela não entende o motivo da minha repentina declaração de amor. Du me dá um beijinho e aperta o play novamente.

Tento recolocar minha atenção no jogo, mas a única coisa que eu consigo pensar é no quanto sou um cara sortudo.