Esparros escrita por Emme


Capítulo 11
Capítulo 11- Laís


Notas iniciais do capítulo

Laís é a definição de "Humano". Milhões de sentimentos compõem essa garota, cuja alma varia de amorosa à sensual. Também possui suas tristezas e inseguranças, e isso só faz com que você, caro leitor, se apaixone ainda mais pela décima primeira personagem do "Esparros".



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Quando André entrou no avião, Laís estava sorrindo, apesar das bochechas coradas pelo ar frio da pista. Ela havia encontrado alguém especial, um namorado carinhoso, gentil e que tinha a mesma compreensão do mundo que ela.Agora, com seu amor indo passar uma temporada na Austrália (graças à bolsa de estudos suada que ele conseguiu), ela teria que se acostumar a ficar novamente sozinha, pelo menos pelos próximos 18 meses que estavam por vir.

A decisão que tomaram juntos era simples na teoria e complicada na prática: Nada de tempo, nada de separação momentânea. Eles continuariam namorando à distância e iriam resistir ás tentações que poderiam ser oferecidas por australianas loiras ou brasileiros bronzeados. Mas essa nem era a grande preocupação de Laís, afinal, ela sabia que eram completamente capazes de dar exclusividade um ao outro.

O que aflingia seu coração, entretanto, era não ter o namorado por perto. Com ele, as sensações de conforto e de felicidade eram permanentes e ela adoraria poder mantê-las consigo. O segurança, calmamente, pediu que ela se afastasse da escada de embarque, para que o avião pudesse partir.

Ela ainda não podia chorar. Ele provavelmente estaria olhando-a pela janela. Era muito importante para Laís que André viajasse ciente de felicidade que ela sentia por ele ter conquistado uma experiência acadêmica tão maravilhosa. Seria egoísta de sua parte querer que ele ficasse. Mas, ela era humana, e qual ser humano não possua egoísmo em suas células?

O segurança pediu novamente para que Laís se afastasse e ela obedeceu. Foi surpreendentemente demorado e difícil conseguir autorização do aeroporto para acompanhar André até o avião, ela não iria dificultar as coisas ainda mais.

Alguns minutos depois, a aeronave estava se deslocando pela pista. E, após gravar da forma mais fiel o sorriso de André em sua mente, Laís ficou para trás. O vento gelado no rosto, as mãos no bolso, as lágrimas no rosto...

Quando Laís chegou à rua de sua casa, encontrou Vic e Helena sentados na calçada, esperando-a. Samantha estava atrás, encostada em uma árvore, com uma garrafa de vodka nas mãos e algumas latinhas de Skoll Beats ao lado. Eles se abraçaram e sorriram, frases como “Vai ficar tudo bem” ecoando silenciosamente pelos olhares repletos compaixão, e subiram as escadas, desviando da interminável obra que ocorria na entrada do prédio de Laís.

Não demorou muito até que alguns copos com álcool surgissem no balcão da cozinha. Todavia, não faziam isso por prazer. Aquilo era beber por solidariedade, deixar que a vodka amarga limpasse sua alma enquanto as merdas da vida batiam em sua porta. Eles nunca sugeririam isso para alguém, mas essa era a opção que escolheram.

—Vou ao banheiro, não acabem com a cerveja- disse Laís. Os demais amigos esperaram, comendo biscoitinhos para impedir (ou atrasar) o efeito que a bebida podia fazer. O que os preocupou, porém, foi quando Laís não voltou dez minutos depois. Eles se entreolharam e Victor levantou de seu banquinho giratório e foi ver a amiga.

Bateu na porta do banheiro e sussurrou um “Láis, sou eu, Vic”. A porta se destrancou. Eles eram amigos a um bom tempo, íntimos o bastante para falar e confessar qualquer coisa sobre suas vidas. Eles se aconchegaram no banheiro branco e parcialmente iluminado, Laís sentada no vaso com as pernas na parede e Vic entre a pia e o corpo da amiga. A cabeça do menino escorada em suas coxas.

—Quando você quiser...- disse Victor. Laís respirou fundo.

—Eu não sei exatamente como explicar o que eu sinto. Minha vida é um caos, eu perdi o controle. Fim.

—Quando você quiser...- Ele repetiu. Ela apoiou a cabeça na parede, os olhos focados na lâmpada de brilho branco.

—Eu estou numa fase complicada. Não sei se sigo o meu coração e faço o curso que eu quero na faculdade ou se ouço meus familiares. O cursinho está apertado, muita coisa pra fazer, pouco tempo disponível. O André era uma cura pra toda essa minha loucura. Agora ele se foi por 18 meses de merda e eu...

—E você se sente como se o único pilar que te segurava houvesse se rompido. - Victor completou. Ele entendia. – Mas isso não aconteceu porque você, Laís, tem amigos. Alguns estão aqui mesmo, na sala, te esperando pra afogar as magoas e te envolverem em abraços quentinhos. Só que, quer saber uma coisa? Mesmo se estivesse sozinha nesse momento, sem amigos, namorado, ou seja lá o que for, eu sei que você estaria bem. Porque você é forte. E uma vadia total. - E riram.

Quando saíram do banheiro, mais uns dez minutos depois, Laís estava melhor. A respeito da faculdade, da família, da falta de tempo... ela saberia lhe dar com isso, estava começando a trilhar seu caminho rumo ao sucesso, ela poderia cometer erros.

— Samanta, cadê a minha cerveja?- Laís gritou, e mais risadas surgiram.

Tudo estava mais leve agora, não pelo álcool, mas pelos amigos. Tudo que ela queria era ir para uma festa e dançar eletrônica e funk por 18 longos meses. Mas Laís sabia que bastava a presença dos amigos para a festa começar, então ela não poupou seu fôlego quando Helena ligou o radio no volume máximo.

Se os vizinhos reclamassem...Bem, ela não podia agradar todo mundo. Ela era Laís, humana, cheia de inseguranças e tristezas. Mas isso não é nada quando se tem um coração grande, repleto de amor e amizades.


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