Esparros escrita por Emme


Capítulo 12
Capítulo 12- Olívia


Notas iniciais do capítulo

Olívia pode ser comparada com um raio de sol no outono. O sorriso, a personalidade doce e gentil, a capacidade de entender o que as pessoas sentem... Isso tudo torna impossível não amar essa integrante maravilhosa do "Esparros".



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Quando Olívia levantou da cama, estava completamente desanimada. Os olhos inchados, resultantes do choro da noite passada, ainda podiam ser percebidos. Ela estava mal. Há uma semana, havia descoberto que não conseguira entrar na faculdade no curso que tanto desejara, e agora, era mais um ano de cursinho para poder tentar novamente. Fazer alguma outra faculdade fora dos limites de Belo Horizonte não era uma opção, então, tudo que lhe restava era mais provas, simulados e exercícios pré-enem de matérias que ela nem sequer gostava.

                Dessa vez, porém, Olívia não podia ser dar ao luxo de ficar no quarto, deitada, desanimada e apenas dando sinal de vida para Victor via facebook: Era o dia do baile de formatura e havia muito para ser feito e preparado. Ela e seu pai andaram por todo o bairro durante a tarde, buscando o vestido, sapato e checando os horários no cabeleireiro e na maquiadora.

                O celular de Olivia vibrou, uma mensagem de texto de Vic jazia na tela:

“Respira fundo, Liv, tudo vai dar certo se não perdemos a esperança. Tenta focar na formatura, ok? Beijos”.

                Vic estava certo. Do que adiantaria deixar todo o medo e insegurança resultante da perda da faculdade estragar a formatura do ensino médio? Ela precisava de foco. Assim, durante todo o tempo em que estava no salão de beleza se aprontando, se esforçou ao máximo para deixar sua cabeça vazia.

                O vestido que ela havia comprado era o mais bonito que encontrara, não pelo luxo, mas por sua simplicidade: Nada de paitês, babados, renda... Apenas uma estampa (cujos tons variavam entre bege, preto, branco) e alguns detalhes verdes distribuídos uniformemente por toda sua extensão. O contraste dessas cores quando sobrepostas ao tom dourado da pele, os cabelos lisos negros e a maquiagem discreta sobre os olhos puxadinhos (típico de japoneses e seus descendentes), tornava Olívia uma visão ainda mais bela de se apreciar.

                Por fora, ela era a perfeição, uma imagem de paz e tranquilidade. Por dentro, seu eu estava em uma profunda luta entre toda a diversão que a formatura iria propiciar e a ansiedade e o remorso por não ter garantido sua vaga na faculdade. Pela milésima vez, ela respirou fundo, entrou no carro e foi para o local da festa.

O salão da formatura era grande e espaçoso. Helena, que era da comissão dos formandos,  conseguiu deixar a mesa de Olivia e dos amigos perto uma da outra.  A decoração era diferenciada, uma mistura de medieval com clássico. Havia plantas espalhadas por todo o estabelecimento e, mais ao canto, uma cachoeira que ocupava toda uma parede. Mais a frente, estavam as mesas dos convidados, com garçons servindo as pessoas sentadas e, em seguida, uma pista de dança e um palco para os shows da noite, com luzes coloridas no teto e bares com diferentes drinks em ambas laterais.

Quase todos os amigos já haviam chegado: Vic usava um terno preto discretamente brilhante com uma blusa social roxa e uma gravata lilás, Helena estava ao lado de sua mãe num vestido azul com forro, um belo decote e com abertura nas costas (modelo desenhado por Vic, inclusive). Sam e Hugo conversavam mais ao canto, enquanto Lizzy e Douglas batiam papo na mesa ao lado. Laís e Diego já podiam ser vistos dançando, ele com um copo de bebida na mão, ela com um vestido slim que ressaltava o corpo magro. Pedro e Clara cumprimentavam os professores e Lucia estava no banheiro.  Malu, infelizmente, não pode ir à formatura, apenas à cerimônia formal.

Tiraram algumas fotos e, a pedido de Laís, foram todos pra pista de dança. Ainda estava na primeira apresentação, um grupo de DJs remixava e trazia a tona o sabor da música eletrônica que Olívia tanto gostava. Ela adorava a batida, as diferentes sonoridades que surgiam... A música entrou pelos seus poros e fez com que seu corpo ganhasse vida. Ela, Vic e Sam levantavam os braços e rebolavam em um frenesi de liberdade enquanto esperavam Diego e Clara com as bebidas (Vodka, morango e nutella).

Tudo estava bem na pista. Em algum momento, Sam e Hugo se separaram dos demais, provavelmente procurando uma pilastra por ai para se beijaram mais a vontade, enquanto que Lizzy e Douglas faziam questão de se agarrar intensamente no meio de todo mundo. Vic havia se juntando a uns outros amigos, Olivia o viu pulando abraçado com um menino alto e magro que Victor havia dito que se chamava Gustavo. Pedro se juntou aos colegas de simulação do colégio.

Olivia aproveitou a pausa para comer um pouco ao lado de Helena. Ambas sentaram ao lado do pequeno trailer com churros e batata frita estilo fast food. Felizmente, as garotas ganharam chinelos na entrada do evento, de modo a salvar os seus pés da dor do salto alto.

Alem disso, a noite só estava começando. Ainda havia a apresentação de um grupo de pagode e um de funk e eles não iriam embora antes do ultimo show! Victor e Olivia estavam juntos, ele iria dormir na casa da amiga. Na volta para a pista de dança, Liv e Helena ainda trocaram olhares com dois caras bonitos, provavelmente parentes de algum outro formando. Alguem para ficar seria legal, mas seria mais prudente esperar os pais irem embora (já que teriam trabalho no dia seguinte).  

Quando o pagode começou, era todo mundo sambando com classe. Sam e Hugo ainda estavam desaparecidos, a garota só daria as caras novamente quando o funk rolasse. Descer até o chão em primeiro lugar, depois o namorado, certo Samantha? Diego já estava começando a ficar meio emotivo, o álcool deixando-o embriagado e, finalmente, o maior milagre que a raça humana poderia esperar aconteceu: Lúcia, a garota séria, moda antiga, com seu jeitinho “não me toque”, finalmente resolveu ficar com um menino que apareceu. Uau!

A noite já estava começando a passar rápido. Às uma hora de show de pagode mal foram perceptíveis, e Olívia e Vic aproveitaram o intervalo para beber algo no barzinho. Dessa vez, algo com muito quiuí e nada de álcool. Assim que conseguiram ser atendido por um dos baristas, a batida de funk começou a tocar no ar.

Em segundos, Samantha estava requebrando ao lado de Laís e Vic logo se juntou. Ele não ficava pra trás no quesito rebolado. Olívia também se soltou novamente para dançar. Acompanhando o ritmo animado do funk, sempre vinha a sensação de sensualidade. Todo mundo gosta de se sentir assim. Aquele momento foi tão intenso e libertador pros amigos que não precisava ter fim. Eles haviam completado o ciclo, agora é uma fase nova com pessoas novas, ambientes novos... uma vida nova.

A festa de formatura foi se encerrando às três horas da manha, logo após o fim do último show. Olívia, Vic, Helena e alguns de seus familiares dividiram uma van até a casa de Helena e, em seguida, a de Olívia. Quando chegaram, seus pais estavam dormindo, provavelmente cansados de toda aquela agitação. Ela e o amigo colocaram seus pijamas e sentaram para conversar no colchão em que Vic iria dormir.

Eles se olharam e deram um sorriso. Olivia estava grata pela festa que a livrou de todos os pensamentos ruins enquanto durou. Ela apertou seu celular e viu as horas: já eram quase quatro e meia da manhã. Ela ignorou o símbolo de “novo e-mail” na parte superior esquerda da tela.

—Não vai ver de quem é o e-mail?-perguntou Vic, atento a súbita apreensão que se formou no rosto da amiga por alguns milésimos de segundo.

—É da faculdade- Liv respondeu- Todo dia me mandam uma atualização da minha posição na lista de espera pra conseguir uma vaga. Estou há quatro dias no mesmo lugar, não vou olhar isso agora.

—Ahn, qual é Olivia! Que que custa? Eu já te disse, temos que ter esperança.

— A minha já acabou faz um tempinho, Vic, especificamente dois dias atrás.

—Mas eu tenho esperança o bastante por nós dois, Liv- E segurou na mão da amiga.

                E ela ficou sem chão quando abriu a mensagem e viu que estava aprovada. Ela conseguiu, tinha sido chamada para entrar na faculdade. Ela queria gritar, pular, dançar por mais horas e horas, mas se acalmou. Abraçou Vic e, não aguentando esperar até o amanhecer, acordou os pais para contar a novidade maravilhosa. Pode-se ouvir do segundo andar a felicidade de todos.

                Esperança: Palavrinha estranha até. Mas é o que se deve ter quando se quer muito e não sabe se irá conseguir. Mesmo que as coisas não deem certo, é importante pensar positivo e esperar o melhor.

                Esperança: Olívia nunca mais iria perder a dela. E caso se esquecesse disso, ela teria seus amigos para lembrá-la.


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