Marinwaal: besties forever escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 9
Meias verdades


Notas iniciais do capítulo

Ia juntar este e o próximo capítulo em um só mas desisti porque quero prolongar a fic o máximo possível (não quero que acabe ;-; )



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Depois que saí da casa de Leona, meu corpo ainda tremia. Não que eu não confiasse nela, mas e se os coordenadores do Radley tivessem um argumento muito bom para convencê-la de que Mona se curaria mais rápido em um hospital fora da Pensilvânia?

Sacudi a cabeça, tentando dissipar tais pensamentos. Leona era uma mãe. E todas as mães são mulheres-maravilha quando se trata de defender alguma coisa em relação aos filhos. E, além do mais, eu havia acabado de arrancar meu coração e entregá-lo para ela, explicando cada um dos vinte e cinco mil motivos pelos quais Mona não deveria ir embora. O universo tinha que conspirar a meu favor, ao menos desta vez.

Olhei o relógio digital no painel do carro. Passava um pouco das nove e, com sorte, daria para chegar bem a tempo para minha segunda aula da manhã. Afinal, eu não iria ficar em casa, sozinha, remoendo as possibilidades depois da conversa que tive com Leona. Precisava arejar a cabeça.

Senti meus ombros relaxarem enquanto percorria os corredores de Rosewood High em direção ao meu armário depois do sinal anunciando o fim da primeira aula. O típico burburinho das pessoas passando em volta fazia eu me sentir em casa.

Vi Aria, Emily e Spencer caminhando em minha direção. Emily e Spencer um tanto atrás e Aria na frente, liderando-as. Parecia ligeiramente brava. Mas não foquei em tal detalhe. Não as via em quase dois dias e só percebia agora o quanto tinha sentido saudade.

– Ok – começou Aria, áspera - , se eu não suspeitasse que algo muito estranho está acontecendo com você, eu chutaria que você não ouviu o despertador de novo. Mas, como disse antes, algo muito estranho está acontecendo. E eu quero saber o que é.

Aria falava tudo rápido demais, com o seu usual tom adoravelmente sarcástico. Era difícil se irritar com ela, ainda que quase sempre era ela quem se irritava com tudo.

– Oi para você também – eu disse, ainda sem me abalar, abrindo caminho por entre as pessoas para chegar até a minha sala.

– Hanna... – Aria me puxou delicadamente pelo braço me fazendo voltar para o lugar onde eu estava, perto dos armários.

– Acalme-se – disse Emily com o canto dos lábios, rente ao ouvido de Aria.

Era muito bom ouvir a voz de todas elas.

– Me acalmar coisa nenhuma! – Aria deu um passo para longe de Emily, se aproximando mais de mim – Hanna, o que está acontecendo?

Embora ela tivesse feito a pergunta numa voz mais branda, eu não entendia porque ela estava tão nervosa. –A parecia ter sumido de vez e nossas vidas estavam gradualmente voltando ao normal.

Suspirei, me dando por vencida e me recostando ao meu armário.

– Estão querendo transferir Mona para outro hospital, em Nova York.

As garotas se entreolharam.

– Como você sabe? – Perguntou Emily delicadamente.

– Porque tenho ido ao Radley saber como ela está – disse, esperando a menos compreensiva das reações, mas nenhuma delas pareceu surpresa.

– Eles não podem fazer isso – falou Spencer, juntando as sobrancelhas.

– Eu sei!

– Não, é sério – Spencer cruzou os braços em volta de seus livros - , eu sei que você é boa em escândalos. Se precisar, faça um, mas não deixem que a levem. Ela é a nossa única fonte de respostas para tudo que aconteceu nos dois últimos anos.

Respirei fundo, fechando os olhos por um segundo, percebendo que ainda estava cansada demais para discutir sobre qualquer coisa.

– Eu acabo de vir da casa da mãe dela. Leona me prometeu dar um jeito em tudo. Mas... – olhei para Spencer, sentindo que nunca soara tão convicta em toda a minha vida – Eu não estou fazendo isso porque quero respostas.

– Então por quê? – Aria parecia nervosamente curiosa.

Olhei brevemente para Emily. Ela parecia não tão curiosa, como se já soubesse o que eu ia responder.

– Porque me machuca vê-la daquele jeito.

Começava a me afastar novamente porém ouvi Aria soltar um riso irônico e parei, virando-me para ela mais uma vez.

– Está com pena dela? – cuspiu Aria, um pouco alto demais.

Emily estava rente a ela, como um guarda-costas ou como um policial altamente treinado, apenas para o caso de Aria passar dos limites. Spencer tinha as costas rente ao metal azul dos armários, alheia à pequena confusão que parecia estar prestes a se formar. Eu não respondia, apenas olhava para o piso.

– Isso é inacreditável! – disse Aria em resposta ao meu silêncio – Depois de tudo que a vadia nos fez passar? Não é possível que você tenha se esquecido de tudo que ela fez com você, conosco! – ela procurava pelo meu olhar quase que desesperadamente – Esqueceu também que ela passou por cima de você com aquele carro?

Juntei os lábios. Fui tonta ao achar que não choraria mais, pelo menos até o fim do dia.

Não basta cravar a faca em meu peito, você ainda tem que girá-la, não é?, eu quis dizer.

Ouvi-la dizer vadia doeu ainda mais do que ouvi-la lembrar-me do atropelamento, foi como receber uma ofensa direta. Parte de mim queria mandá-la calar a boca, dizer que, como quase todos ao nosso redor, ela não conhecia a verdadeira Mona. Mas a outra parte de mim sabia que Aria estava coberta de razão. Doente ou não, por uma questão de honra ou não, Mona nos fez reféns de um inferno por quase dois anos. E, no fundo de meu âmago, por mais que eu quisesse, eu realmente não sabia se seria capaz de perdoá-la por isso.

Eu ainda tinha pesadelos com Mona dentro daquele maldito moletom preto e com a sensação que tive ao colocar meus olhos nos dela naquela hora. Aquele foi o momento em que eu vi as suas duas personalidades colidirem. Ela estava furiosa e amedrontada. E parecia que eu também tinha duas personalidades, pois desejei enforcá-la e abraçá-la ao mesmo tempo.

Por mais que doesse, eu entendia o lado de minhas amigas. Se eu não houvesse conhecido Mona antes de tudo isso, com certeza eu pensaria como elas. Mas a questão é que eu conheci, e aprendi a amá-la. E provavelmente continuaria amando para sempre. Ninguém ali a via como eu. Ninguém era capaz de sentir por ela o que eu sentia.

Porém, uma coisa infelizmente não anula a outra e, dando as costas para Aria, sem ter-lhe respondido mais nada, indo em direção a minha sala, tive ainda mais certeza de que mesmo que eu acabasse perdoando Mona, jamais seria capaz de esquecer a maior traição de minha vida.


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