Marinwaal: besties forever escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 13
Sentiu saudades, vadia?


Notas iniciais do capítulo

Bem, o próximo será o último :P



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/574332/chapter/13

Deixava a escola a passos largos, rápidos e cambaleantes. E alto, eu chorava. Por tudo. Pela morte de Ali; por ela ter sido uma vadia grande parte de seu tempo em vida (o que ocasionara todo o resto, posteriormente); por ter ajudado Ali a cegar Jenna Marshall; por meu pai claramente amar minha nauseante meia-irmã mais do que a mim; por minha mãe passar mais de 90% do dia fora de casa e quase nunca estar por perto quando preciso dela; mas principalmente, por ter a pior melhor amiga de todos os tempos.

Parte de mim queria apenas voltar lá, sacudir Mona pelos ombros e perguntar por quê? Afinal eu... eu nunca havia sido má. Com ninguém. Está certo que durante quase todo o segundo ano eu agira como uma imbecil superficial e sem-cérebro, quase como Ali agia pelos corredores de Rosewood High quando era viva. Mas eu nunca ofendera ninguém do jeito que ela ofendia. Lucas estava de prova. E quanto a Mona? Durante muito tempo eu não a apoiei, era verdade, mas eu nunca a pejorara como Ali costumava fazer. E quanto a tudo que vivemos depois? Eu a beijara no intuito de fazê-la ter certeza de que queria me redimir e ela... parecera feliz depois disso. Teria a nossa amizade sido um plano desde o início? Para simplesmente fazer com que a vingança fosse mais dolorosa no final?

Era incrível como Alison estava morta há dois anos e eu ainda sofria as consequências por ela. Alison me puxara – puxara todas nós – com ela para o fundo do poço. Eu não quis, nunca, fazer nenhuma das brincadeiras de mal gosto que ela costumava propor. Não quis cegar Jenna, não quis transformar Mona no Monstro do Rancor. Apenas não fui forte o suficiente para impedir Alison de fazê-los. E eu definitivamente não merecia estar passando por aquilo.

As lágrimas ensopavam meu travesseiro e eu adormeci por falta de forças de tanto chorar.

Sonhei por meio segundo com a imagem estática e embaçada de uma garota loira – só via alguns centímetros das pontas do cabelo – usando um sobretudo vermelho, leggins e botas pretas. Algo nela era assustadoramente familiar e eu acordei com a palpável sensação de que já havia visto aquela silhueta em algum lugar.

Acordei com a mão esquerda segurando minha camiseta. Tinha a sensação de que alguém (o fantasma de Alison, provavelmente) estava à minha espreita. Se fechasse os olhos era capaz de ver aquela garota envolvida em vermelho de frente para mim.

Lembrei subitamente que Aria já havia dito que vira, no dia do memorial Alison – que fora prestado em Rosewood High – , um vulto de alguém vestindo vermelho, fora dos limites da escola. Todas nós acháramos que a visão poderia ter a ver com os ataques de pânico que Aria sofria mas, analisando isso agora, de longe, fazia sentido e era uma coisa que deixava a mim próxima a um ataque de pânico.

Procurei pelo celular - felizmente, Aria era a primeira em minha lista de contatos – e perguntei a Aria se poderia passar na casa dela.

Ela não perguntou de imediato o que eu fazia ali e quando ela o fez, eu apenas disse que precisava de alguém para conversar. Ficamos em silêncio por um tempo balançando as pernas na namoradeira quase centenária da varanda dela. O entardecer estava finalmente mais frio.

– Então – começou Aria, com uma voz um tanto encabulada - , você chegou a falar com Mona hoje?

Sua expressão era tranquila. Ela não parecia nem um pouco como da última vez que havíamos falado sobre Mona e, por aquele momento, a lembrança da confissão de Mona sobre ter me atropelado não veio à minha mente.

– Sim – eu disse, com um sorriso fraco no rosto – Acho que a dra. Sullivan tinha razão. Com a medicação certa ela pode mesmo voltar a conviver em sociedade.

O que Mona havia me dito mais cedo genuinamente não estava em minha memória. Eu não lembrava do quanto havia chorado no caminho para casa naquela tarde também. Ao dizer a última frase a Aria, apenas lembrava, mais uma vez, da versão doce de Mona, aquela que havia pegado em minha mão e dito que havia sentido a minha falta.

Lentamente, a verdadeira razão pela qual eu havia vindo ali começou a se manifestar em minha mente e eu mencionei a Casaco Vermelho para Aria, sem mencionar, obviamente, que ela era provavelmente a capitã da Equipe –A. Ainda assim, eu vi um misto de nervosismo e preocupação cruzar o rosto de Aria, e a garota ficou ainda mais pálida do que já era.

– Isso me persegue – sussurrou ela.

– Como assim? – franzi uma sobrancelha.

Aria apenas me pediu para esperar um segundo e entrou na casa. Pouco tempo depois, apareceu com um de seus blocos de desenho em mãos. Se sentou novamente ao meu lado e folheou o bloco até a metade. No centro da folha, havia um desenho da garota de corpo inteiro. Os traços foram obviamente feitos com esferográficas coloridas, mas eram lindamente ricos em detalhes. Desde os botões do casaco até as pontas do cabelo loiro da garota, que eram distintas e bastante onduladas, diferente das do cabelo de Ali. Metade do rosto dela estava coberta pelo capuz do casaco, e parecia que Aria havia descarregado toda uma eventual raiva rabiscando o fundo com caneta preta. O trabalho parecia ser tão rico em sentimentos que me provocava arrepios.

– É lindo – eu disse a ela.

E de fato era. Parecia que a Chapeuzinho Vermelho havia crescido, magicamente saído de sua fábula e resolvido virar manequim para que Aria a desenhasse.

– Talvez – ela rebateu, se recostando no banco de madeira e abraçando as pernas – Mas tê-la tanto em minha cabeça ainda vai me enlouquecer – olhou para mim – Eu não a vi somente no memorial de Ali, sabe? Também pensei tê-la visto correr ao longe na noite do acidente de Jenna, quando estávamos todas do lado de fora da casa dela.

Ao escutar isso, meu coração deu cinco cambalhotas dentro de meu peito. Mona nem ao menos morava em Rosewood quando o acidente com Jenna aconteceu! Não sabia sequer da existência de Alison!

Se Aria viu mesmo a srta. Casaco Vermelho nos espionando quando estávamos no sexto ano, e se esta é de fato a capitã do time, então... Mona pode ter sido realmente obrigada a fazer coisas que não quisera fazer e... certo, eu disse a mim mesma, acalme-se.

O milímetro de sorriso que aparecia em meus lábios evaporou. Há quanto tempo –A estaria de olho em nós?!

Aria folheou o bloco mais uma vez e, na próxima folha, havia um desenho menor da garota, desta vez de perfil, em meio a várias árvores, aparentando correr.

– Eu a vi naquele dia, mas não achei que fosse importante – continuou Aria – Mas então eu a vi novamente, três anos mais tarde, numa noite pouco depois de terem dado Ali como morta. Estávamos todas juntas e o flashback da noite do acidente de Jenna veio a mim instantaneamente, como um déjà vu. Não me pergunte como eu soube que se tratava da mesma pessoa. Eu simplesmente soube. E assim que a vi no memorial de Ali, poucos dias depois, comecei a ter pesadelos. São mais esparsos hoje em dia, mas ainda tenho. Porém haviam noites em que eu não conseguia dormir sem uma luz noturna ou sem ter tomado algum remédio para ansiedade – ela fez uma pausa e olhou para mim, os olhos cheios de lágrimas – Não sei porque, das três vezes que essa criatura apareceu, eu fui a única a vê-la, sendo que estávamos todas juntas. Às vezes eu acho que sou realmente maluca.

– Você não é maluca – recostei a cabeça dela em meu ombro – Eu acho que a vi também.

Minha ideia era falar que havia sonhado com a srta. Casaco Vermelho, mas foi então que os detalhes da paísagem do sonho ganharam vida. Estava escuro. Haviam árvores em volta. Uma ambulância e vários carros de polícia ao fundo.

– Ela estava lá – eu disse – na noite em que Mona caíra do penhasco. Eu acho que foi ela quem nos mandou aquela mensagem. Acho também que ela está por trás de tudo que tem a ver com –A.

Aria tremeu por um momento.

– Devemos contar para alguém?

– Não sei – admiti – Também não sei até que ponto esse “Fantasma do Natal Passado” pode ser considerado uma ameaça. Afinal, estamos sendo observadas por quase cinco anos e nunca houve um confronto – suspirei – Spencer com certeza diria que é coisa da nossa cabeça. Acho que devemos... esperar.

Aria empalideceu outra vez, sua expressão dizia que esperar não ia adiantar nada, mas concordou. Em um último pedido, perguntei se poderia tirar uma foto do primeiro desenho para “consultas futuras”.

– Leve – disse ela, achando graça antes de arrancar a folha do bloco – Só não está autografado.

Nos despedimos e eu comecei a me afastar da casa de Aria, com o desenho dobrado no bolso de minha jaqueta. Minha intenção era ir ao shopping King James e comprar um sobretudo vermelho. Na manhã seguinte, iria ser o detector de mentiras ambulante de Mona. Queria saber de vez até que ponto ela estava dizendo a verdade sobre não conhecer sua mestra, ou ex-mestra, como ela alegara.

Havia escurecido rápido e as ruas estavam sombrias e desertas. O tilintar de novas mensagens de meu celular cortou o silêncio praticamente ensurdecedor. Todas as possibilidades passaram despercebidas por minha mente, menos uma, a que estava fora de cogitação havia semanas. E, assim que cliquei em ler, tive vontade de vomitar, como da última vez.

Já ouviu falar que os artistas são as pessoas mais sensíveis?

Shh, não conte para a Aria, mas ela é, com certeza, o elo mais fraco.

Tão fácil de quebrar!

Um descuido e ela acaba preenchendo o lugar de Mona na Casa dos Loucos.

–A


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!