Cap. 3

Os dias se passaram calmamente, mas para Elizabeth, eram os mais demorados e entediantes que já vira, sem as visitas constantes de mr.Darcy, seus dias pareciam ter perdido a luz e a alegria, mas pelo menos, se sentia reconfortada com as cartas de mr.Darcy, que nunca deixara de enviar uma sequer.

Porém, quando chegou o tão esperado dia do casamento de Jane , que era a mais sensata e serena da família, esta parecia nervosa com tudo, e se preocupava quando algo não estava no seu devido lugar. Se Jane estava tão nervosa, imagine os nervos de mrs.Bennet. Ela parecia estar tendo um ataque dos nervos, e quando algo estava errado, ela simplesmente surtava e gritava com todos. Quanto a mr.Bennet, ele parecia calmo e ajudava o quanto podia, e era considerado o mais tranquilo naquele dia agitado, entretanto ainda estava triste por ver uma das suas filhas favoritas partir, e nem gostaria de imaginar quando chegasse o dia de Elizabeth, quando não conseguiria disfarçar suas tristezas com tanto êxito como naquele dia.

– Onde está aquela criada que vai fazer o cabelo de Jane? – dizia mrs.Bennet, impaciente com o atraso da criada, que estava cerca de 15 minutos atrasada. - E onde está o vestido? Eu vou ter um ataque, sei que vou. – dizia outra vez, mrs.Bennet.

– Esta na cama, mamãe. Quantas vezes teremos que dizer isso a você? – disse Elizabeth, ficando nervosa com as constantes perguntas da mãe.

– Ah, claro. – disse mrs.Bennet, estendendo o vestido e olhando para ele, fascinada. – Certamente, Miss Bingley tem um gosto notável.

– Ainda não acredito que deixou miss Bingley escolher seu vestido? Depois de tudo aquilo, de como ela te tratou? – perguntou Elizabeth, contrariada, ao se sentar perto da irmã, ignorando os elogios de sua mãe a miss Bingley.

– Ah, Lizzy, temos que aprender a perdoar os outros. Sei que nossa relação não foi uma das melhores, mas ela me pediu desculpas, e como iremos nos tornar irmãs, temos que ter uma boa relação. Já considero um fato esquecido.

– Você é um anjo, minha querida irmã. Mas temo que um dia essa sua inocência em relação aos outros a cegue diante dos fatos.

– Ora, Lizzy, vamos esquecer isso. Hoje é o meu casamento, quero que seja o dia mais perfeito de toda a minha vida.

– Esta bem, mas se você quer que seja o dia mais perfeito de sua vida, aconselho-a a parar de ficar tão nervosa, e sorrir um pouco.

Jane riu da percepção da irmã, e odiou o fato de alguém ter notado o seu nervosismo excessivo, mas sabia que Elizabeth a conhecia bem e era a única capaz de percebê-lo tão facilmente.

– Não fique com vergonha, é normal para todas as noivas, mas se serve de consolo, mamãe é quem está a mais nervosa daqui. Parece que é ela quem vai se casar. – Elizabeth riu de seu próprio comentário, que foi compartilhado por Jane ao observarem mrs.Bennet xingando e gritando com todos, e admirando constantemente o vestido, como se fosse o dela.

Finalmente, depois da criada ter chegado e aguentado todas as gritarias de mrs.Bennet com ela, arrumou o cabelo e a maquiagem de Jane, deixando a linda. E quando Jane estava pronta, todos admiravam- na.

– Jane, você está maravilhosa. – disse mrs.Bennet, deslumbrada ao ver a filha vestida de noiva.

Jane, de fato, deveria ser a mulher mais bela que se viu em toda a Inglaterra . Seu vestido tinha varias camadas, e era branco, com uma estampa de rosas, igualmente brancas, só que pouco mais escuras que o branco do vestido, dando um contraste. Seu penteado, um coque trançado, deixava seus cabelos loiros mais belos, e seu rosto, realçado com a maquiagem, iluminava perfeitamente.

– Eu concordo, Jane, certamente mr. Bingley terá um ataque ao vê-la tão bela. Você está parecendo um anjo. – disse Elizabeth, pegando as mãos da irmã, e exibindo um sorriso.

– Nem brinque com isso, Lizzy. Se ele tiver um ataque, nem sei o que eu faria. – disse Jane, preocupada.

– Lizzy está brincando, logo chegará o dia dela. – disse mrs.Bennet, lançando um olhar de repreensão a Elizabeth, que foi rapidamente esquecido.

Mary e Kitty também elogiaram a irmã, e mr.Bennet parecia comovido e alegre ao ver a filha mais velha prestes a se casar.

Como mr.Bingley queria se casar o mais rápido possível, todos acharam conveniente um baile, que seria mais rápido, e decidiram que Netherfield seria o local da festa. O único que não gostou da ideia foi mr.Bennet que queria que a filha se casasse na igreja, mas concordou logo depois de saber que era o casamento de Elizabeth que seria na igreja, o que o deixou satisfeito.

Mr.Bennet e as filhas mais novas, que já estavam prontas, se dirigiram ao baile pela carruagem, e logo depois uma carruagem iria trazer mrs.Bennet e as filhas mais velhas, já que Jane tinha insistido a presença da irmã, que seria sua madrinha e sabia que era a única que podia deixa-la mais calma.

Quando estavam a caminho do baile, Jane estava muito nervosa, e Elizabeth, tentando deixa-la tranquila a todo custo, porém sem tanto sucesso. E quando chegaram a Netherfield, todas ficaram fascinadas com a decoração. Netherfield não parecia a mesma de um ano atrás. Tinha muitos convidados, e por dentro, parecia estar totalmente redecorada, com belas flores e esculturas.

Mr.Bingley, quando viu Jane, ficou parado e olhando fixamente. Ficou olhando-a por alguns minutos boquiaberto, como se estivesse vendo uma criatura divina, e todos pareciam ter a mesma reação. Quando tentava voltar a si, nem parecia dar atenção a Elizabeth, só estando olhando para Jane, que sorria corada.

– Ah, perdoem-me. – guaguejou ele, voltando a si. – Você está linda, Miss Bennet.

– Ah, obrigada. – disse Jane, corada.

– Ah, perdoem-me, quero que conheçam meu primo, mr. Lewis. – disse mr. Bingley, e um belo homem ao seu lado as cumprimentou.

Elizabeth, que nem havia percebido a sua presença, ficou ligeiramente envergonhada. Mr.Lewis era um homem alto, e muito bonito, e parecia ter a mesma idade de mr.Bingley. Tinha cabelos loiros muito claros e olhos verdes, e parecia ser extremamente agradável.

– É o meu primo que eu comentei a você, miss Jane. – disse mr.Bingley, ainda prestando atenção somente em Jane.

– É um imenso prazer conhece-las. – disse ele, fixando seu olhar em Elizabeth, o que a deixou um pouco confusa. – Especialmente a senhorita. – disse ele, beijando as mãos de Elizabeth, demoradamente.

Elizabeth, no instante, percebeu que mr.Lewis, apesar de ser belo e jovem, era ousado e mulherengo, o que a irritou por quase todo o baile.