Temporits Actis escrita por Krika Haruno


Capítulo 23
Capítulo 23: Festinare docet




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Marin descia em silencio, não gostaria de passar por Capricórnio, mas não tinha alternativa. Poderia ate usar o caminho por de trás dos templos, porem com aquele clima de desconfiança não poderia facilitar. Passou por Peixes e Aquário sem encontrar resistência e para a sua surpresa a décima casa estava vazia e reconstruída.

Passou por Sagitário, Escorpião ganhando a casa de Libra. Pode sentir alguns cosmos vindo dela.

Encontrou Shion, Deuteros, Regulus, Dégel e Cid.

- Bom dia. – disse sem olhar para o capricorniano.

- Bom dia. – respondeu gentilmente o aquariano.

Cid apenas a fitou para desviar o olhar em seguida.

- Onde está indo? – indagou Shion.

- A Leão, Lara permitiu. – respondeu antes que ele começasse a implicar.

- Eles não estão em Leão. – disse Regulus. – estão ajudando na vila.

- Vou ate lá. Posso? – olhou para o ariano.

- Vá. – respondeu seco.

A amazona seguiu seu caminho sob o olhar atento do espanhol que só esperou por alguns minutos para ir atrás dela.

- Vou a Virgem, avaliar os estragos. Não demoro.

Deram nos ombros, principalmente Shion que não tinha o menor interesse em ajudar na construção do sexto templo.

Marin trazia a mascara nas mãos. Não imaginava que ficaria tão sem graça na presença dele. Alem do mais existia Asmita.

- Marin.

Sentiu o braço ser retido.

- Cid? – levou um susto recolocando a mascara.

- Desculpe se a assustei. – abaixou o rosto.

Ficou em silencio.

- Eu... queria pedir desculpas por ontem. Fui indelicado.

- Eu...

- Não deveria ter agido daquela forma, mas... – a fitou. – meus sentimentos falaram mais alto. Me desculpe.

- Não tem por que pedir desculpas Cid. Você não me obrigou a nada. – deu um meio sorriso envergonhada.

- Não está com raiva de mim?

- Não. – o fitou.

Ele sorriu, como estava aliviado por ouvir aquilo.

- Só peço um tempo... estou confusa. Nós somos defensores de Athena e...

- Eu sei. Também me sinto assim.

Os dois sorriram.

- Vou indo.

- Tudo bem. Nós vemos depois.

- Sim.

Surpreendendo a amazona, Cid pegou a mão dela beijando-a.

- Cuide-se. – disse.

- Você também. – sorriu.

Cid esperou que ela se fosse para voltar para Libra.

Marin sentia o coração pesado. Sentia alguma coisa pelo espanhol, mas a imagem de Asmita fazia-se constante. Não poderia negar que o indiano mexia com ela.

Entrou em Virgem com receio. Desde o fim da invasão não conversara com ele. Rendendo-se a curiosidade adentrou templo a fora a procura dele, não o encontrando.

- "Deve esta recluso em algum lugar. – suspirou. – mesmo que eu agradeça vai ser grosseiro." – pensou saindo do templo.

Andava com o rosto baixo quando sentiu um cosmo aproximando. A amazona ergueu o rosto imediatamente sentindo o coração disparar. Era ele.

O cavaleiro fingia não ligar para a presença dela, e com esse fingimento, passou por ela sem ao menos olhá-la.

- Asmita. – o chamou.

Ele parou, mas sem se virar.

- Obrigada por ontem. Se não tivesse me ajudado...

- Não tem porque agradecer. – disse seco. – se eu não a tirasse daquele mundo, seria acusado.

- Eu sei que Aioria é...

- Não estou falando dele. – disse mais seco ainda.

- Não...?

O indiano virou-se caminhando ate ela. Marin prendeu a respiração ao senti-lo tão próximo de si. Os dois se encararam por longos minutos. A amazona encolheu-se, não por medo de uma atitude agressiva dele e sim por medo que ele a beijasse de novo e com isso demonstrasse que gostava dele. Asmita por sua vez interpretou que ela tinha aversão por ele.

- Mesmo em tempo de guerra... – disse colado ao ouvido dela. – você não precisa temer. Afinal tem quem a proteja.

- Do que esta falando? – sentia os sentidos alterarem por causa do incenso que exalava dele.

- Nada. – desviou o olhar para os lábios emoldurados pela mascara. A tentação era grande em arrancar aquele objeto e beijá-los pouco se importando com o que vira na noite anterior contudo... Marin não pertencia a ele. Ela decidira permanecer ao lado do capricorniano. – adeus amazona de Águia.

Saiu deixando-a atordoada. O coração batia descompassado. Perto de El Cid sentia-se bem e protegida, mas nada que comparasse quando estava perto de Asmita.

O virginiano seguiu direto para seu local de meditação. Passara a noite e parte da manha fora pensando em tudo que tinha acontecido ate então. Estava claro que ele perdera aquela batalha e tomara a decisão de apagar de sua mente a existência daquela amazona.

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Lara que ficara sabendo que os cavaleiros do futuro estavam na vila chamou Lithos, Áurea e Selinsa para acompanhá-las. Ainda havia muito trabalho a ser feito.

Durante o trajeto do templo a Libra, a amazona instruía sobre ações que fariam naquele lugar.

Apenas pararam na sétima casa para ver os trabalhos de reconstrução. Dégel passava as ultimas informações para a sacerdotisa enquanto as outras três conversavam com Regulus. Contudo vez ou outra Áurea olhava para o ariano, que continuou sua tarefa pouco se importando com a presença dela.

- Vamos meninas? – indagou a amazona aproximando.

- Sim.

Passaram e quando Áurea passou perto de Shion ele se quer a olhou.

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- O que está havendo? – indagou o sagitariano visivelmente nervoso.

- Eles não querem nos obedecer. – disse Kárdia.

- Claro, estão nos tratando como escravos. – rebateu Miro.

- Não são escravos são traidores. – Mani alfinetou.

- Já chega. – Sísifo aumentou a voz. – trouxe alguns moradores para ajudarem na reconstrução. Eu terei uma reunião agora com o mestre, portando Dohko continue os trabalhos.

O libriano deu um sorriso, enquanto Aioria e os demais fitaram o sagitariano indignados.

- Você... – Aioria cerrou o punho.

- Mas Dohko, nem Saga nem nenhum deles vão para Shounion. - Sísifo aproximou dos dourados. - Tenham um pouco de paciência. – disse para apenas os dourados ouvirem. – eu entendo o lado de vocês, mas entendo também o lado deles. Eu sei que vocês... – fitou o leonino, Kanon, MM e mais alguns. – fariam a mesma coisa.

Aioria abriu a boca mas fechou.

- Vamos fazer o que nos pede. – disse Saga que falava por todos. – vamos continuar. – puxou a fila.

- Dohko.

- Sim.

- Continue os trabalhos mas sem exagerar.

- Está bem.

Concordou apenas diante dele, pois foi só o sagitariano dar as costas, o trabalho duro- leia-se para os dourados – continuou. Houve alguns conflitos e alguns olhos roxos, entre Mani e MM, Kárdia e Miro, Kanon e Dohko e claro que esses acontecimentos chegaram aos ouvidos do grande mestre. As meninas que tinha ido para a vila presenciaram tudo com Áurea, Marin e Lithos tomando partido para os dourados. Lara tentava apaziguar e Athina apenas observava.

Ao fim da tarde as brigas cessaram com a chegada de Albafica que trazia uma mensagem de Sage.

- Albafica? – Hasgard estranhou vê-lo. – o que faz aqui?

- Uma mensagem do mestre. – disse frio, mas de olhos fixos em Athina que estava bem mais atrás. – ele está convocando todos para uma reunião no principio da noite.

- E sabe do que se trata? – indagou Manigold.

- Do que mais seria? Da cenas lamentáveis entre os traidores e os cavaleiros.

- Foram eles. – Kárdia disse em tom acusador.

- Foram vocês. – rebateu Miro.

- Silencio. – pediu Shaka, o que foi atendido prontamente. – estaremos lá Albafica.

- Sísifo dispensou todos para se preparem para a reunião.

- E nós? – perguntou Áurea.

- Todos. – disse mais seco ainda. – estão dispensados.

Hasgard e os demais seguiram na frente, seguidos por Lara e as meninas e depois pelos dourados. Athina via o grupo sair.

- "Parece ser sério." – pensou e quando estava prestes a andar, teve seu braço retido.

- Athina.

- Gus-tavv?

- Como você está? – sorriu. – infelizmente não posso mais vê-a.

- Estou bem. – disse receosa e Afrodite percebeu.

- Acredita que eu sou um traidor?

- Eu não sei... sempre foi bom para mim, mas o senhor Dohko me contou... – abaixou o rosto.

- Eu entendo... - murmurou

- Espero que tudo seja um simples mal entendido. – notou o tom da voz dele. – sei que é um verdadeiro cavaleiro.

- Obrigado.

- Athina.

A voz grossa e imperativa assustou os dois.

- Senhor Albafica? – a garota ficou vermelha.

- É melhor ir para casa. – disse com os olhos fixos em Afrodite.

- Sim senhor. Ate mais Gustavv. – sorriu, o que deixou o pisciano do passado incomodado.

- Ate mais. – retribuiu o sorriso.

Albafica só esperou que ela se afastasse...

- Fique longe dela. – disse frio.

- Do que tem medo? – desafiou. – acha que eu faria algo a ela?

- Não fez contra Atena?

- Você não sabe de nada. – deu um sorriso. – da mesma maneira que eu não faria nada contra Atena, não faria contra ela. Ainda mais ela. – deu ênfase a frase.

Saiu sem dar chance de resposta ao pisciano do passado, apesar de não ser explicito ele entendera muito bem o sentido da frase e aquilo o deixou preocupado.

E como o combinado ao cair da noite todos estavam no salão de Atena.

Sage estava no trono tendo ao seu lado seu irmão. Os dourados estavam a sua direita, os cavaleiros a esquerda, Lara, Marin, Lithos, Áurea e Selinsa atrás dos cavaleiros.

Estavam aflitos pois pela maneira que o mestre convocara a reunião parecia algo grave.

- Agradeço a presença de todos. – disse.

Enquanto isso...

- Pode ir.

- Achei que minha aparição fosse demorar. – sorriu.

- Gosto de antecipar as coisas. Vá e transmita meu recado a eles.

- Será um prazer, nobre titã. – Aspros fez uma leve reverencia diante de Pontos.

De volta ao santuário...

- Soube do ocorrido na vila. – a voz saiu séria. – alguém tem algo a dizer?

- Não aconteceu nada senhor Sage. – disse Saga.

- Não precisa tentar encobrir cavaleiro de gêmeos. Eu sei o que aconteceu e como aconteceu. E minhas ordens são...

Sage calou-se. A atenção de todos voltou-se para a porta principal. Segundos depois ela foi aberta violentamente, um cosmo agressivo tomou conta do lugar. Todos os cavaleiros tomaram posição. Marin e Lara passaram a frente de Lithos e Áurea.

- Que comitê de boas vindas. – disse uma voz.

Deuteros que estava temeroso pois o cosmo era familiar, arregalou os olhos ao escutar a voz.

- Quem é você? – indagou Dohko.

Diante deles surgiu uma figura trajando uma roupa semelhante a que Sage usava porem toda negra. A pessoa usava uma mascara.

- Só sou um mensageiro. – deu um passo.

- Mais uma passo e morre. – disse Shion.

- Quanta hostilidade cavaleiro de Áries. Não se preocupe não vim lutar.

- E o que quer? – indagou Sísifo que tinha a leve sensação de conhecer aquele cosmo.

- Trago um recado do meu senhor. O nobre titã Pontos.

Ficaram em silencio.

- Ele deseja a presença de vocês na fortaleza para um dialogo.

- Acha que vamos acreditar em você? – Kárdia tomou a frente.

- Não preciso que acredite em mim Escorpião.

A duvida começou a assolar todos, o homem parecia conhecê-los. Deuteros estava temeroso era evidente que se tratava de seu irmão. Kanon também desconfiava. Já Sage tinha certeza.

- Quem é você? – perguntou novamente o libriano.

- Um velho amigo. – levou a mão a mascara para retira-la.

- Saia daqui. – gritou Deuteros assustando a todos.

- Está com medo que eles vejam meu rosto? – o homem sorriu por debaixo da mascara.

- Diga a Pontos que iremos. Agora saia!

- Estou decepcionado com a sua hostilidade Deuteros.

Lara arregalou os olhos.

- "Não pode ser..."

O homem sem se importar tirou a mascara revelando seus olhos azuis e cabelos da mesma cor. A perplexidade era vista no rosto de todos e alguns voltaram a atenção para Deuteros.

- Mas ele... - Regulus fitou o Deuteros. – se parece...

- Alguns de vocês não devem me conhecer. Afinal fui morto antes de suas chegada.

- Mestre Sage... – Shion o fitou.

- Permita que eu me apresente: Aspros o verdadeiro cavaleiro de gêmeos.

- O que?

Não era só os guardiões do passado que estavam assustados, os cavaleiros do futuro estavam igualmente perplexos.

- Como assim o verdadeiro? – indagou Miro. – não é você? – olhou para Deuteros.

- Permita que eu conte uma pequena historia.

- Cala a boca Aspros. – disse Asmita tomando a dianteira.

- Ora se não é o cavaleiro de Virgem. – olhou zombeteiro. – ficou amiguinho do meu irmão? Esqueceu que quase o matou?

- Afinal... – Manigold estava confuso. – você não estava morto?

- Estava, mas voltei a vida. Não poderia morrer sem conseguir o meu objetivo. – fitou Sage.

- Como? – Cid o fitava frio.

- Os titãs me deram uma oportunidade em troca de alguns favores.

Lara que o encarava passou a fitar Deuteros.

- "Aquilo não foi um sonho... ele realmente..."

O geminiano sentiu o peso do olhar, não tendo coragem de fita-la.

- Tirando Cid, Sísifo, Manigold, Hasgard, Asmita e Larinha. – sorriu para a amazona. – os demais são novos. Não tive o prazer de conhecê-los em vida.

- É realmente uma pena que tenha se vendido a eles Aspros. – disse Sage levantando. – tinha esperança que tivesse se redimido.

- Redimido? – gargalhou. – não me arrependo de nada que fiz, e se não fosse a minha sombra, hoje eu estaria aí. – apontou para o trono. – meu lugar por direito.

Sage deu um longo suspiro.

- Do que está falando Aspros? – Hasgard ainda não conseguia acreditar que ele estava vivo.

- Parece que ninguém sabe da historia. Quiseram mesmo que tudo ficasse escondido... não é Sage, Deuteros e Asmita? Pois muito bem, nada mais justo que a verdade venha a tona e que todos saibam sobre esse assassino. – apontou para Deuteros.

Todos os olhares dirigiram-se para Deuteros.

- Ele não é assassino. – disse Saga surpreendendo todos. – ele só fez o que era certo, parar um traidor.

- Ora... você deve ser o cavaleiro de gêmeos. Saga. Já ouvi falar muito de você, matador de deuses.

O geminiano recuou na hora.

- A historia se repete não é? Mas ao contrario de você que fraquejou no ultimo momento e foi morto por Atena, eu vou conseguir.

Os olhares dirigiram-se para Saga.

- Morto por Atena...? – era a indagação feita pelos cavaleiros.

- É uma longa historia. – disse Aspros. – um dia irão saber o quanto ambiciosos são os nascidos sob a constelação de gêmeos. Resumindo a minha historia eu usei a minha sombra para matar o mestre, mas ela acabou se revoltando contra mim e me matou. Desde então ele usurpa a armadura de gêmeos.

- Isso é verdade Deuteros? – indagou Dégel.

- Sim. – disse seco.

- Já fez o seu comunicado. – Kanon entrou no meio. – pode ir embora.

- Como quiser. Aguardo nossa luta.

E da mesma maneira que entrou, de repente, sumiu da visão de todos.

- Mestre Sage explique. – pediu Albafica.

O grande mestre olhou para Deuteros, ele não disse nada.

- Tudo aconteceu há... – Sage contou tudo sem omitir nada. - .. e desde então Deuteros assumiu o posto. Nessa época só estavam no santuário os cavaleiros de Touro, Câncer, Capricórnio, Virgem, Sagitário e a amazona de Taça.

- Peço licença. – pediu o geminiano.

- Ainda não. – Sage voltou a sentar. – Shion, Hasgard, Manigold, Asmita, Dohko, Dégel, Sísifo e Cid irão para a fortaleza, os demais ficaram aqui para proteger o santuário, isso inclui vocês. – olhou para os dourados. – Albafica, Deuteros, Kárdia e Regulus permaneceram aqui. Kanon e Aioria para a fortaleza. As ordens de mantê-los em Leão estão suspensas, a partir de agora cada um vai ficar na sua casa correspondente. Áurea e Lithos ficaram no acampamento. Marin, Lara, Selinsa e Hakurei ficarão encarregadas de protegê-lo. Fui claro?

Afirmaram, ainda surpresos pela historia do geminiano.

- O que se passou aqui está enterrado, o santuário está em guerra e isso que importa. Estão dispensados.

Deuteros mal esperou essas palavras e saiu. Lara foi atrás dele.

Ele corria tão depressa que ela só conseguiu alcançá-lo no meio das escadarias de Peixes.

- Deuteros! – o segurou pelo braço.

Ele não a fitou.

- Por que não me contou? Por que me escondeu?

- Não tinha porque te contar.

- Como não? – gritou. – eu precisava saber.

- Para que? O assunto foi resolvido. Aspros foi detido e Sage salvo.

- Não é por causa dele e sim por você! Eu pensei que confiava em mim!

Ele não disse nada.

- Por que passou por tudo isso calado? Pensei que nós...

- Pensou errado. – disse seco. – não era um assunto que dizia respeito a você. – a fitou com o olhar indiferente, contudo por dentro sentia-se mal. Todos esses anos queria ter contado para ela, seus medos e suas angustias, mas jamais tivera coragem. E agora com o rolar dos acontecimentos pensara que fizera bem. Só faltava uma coisa para acabar com aquele sofrimento. – não era da sua conta.

- Deu-teros... – Lara recuou. – claro que era da minha conta. Tudo que diz respeito a você é da minha conta! Eu poderia ter te ajudado!

- Eu não preciso da sua ajuda. Nunca precisei não precisaria naquela ocasião.

A amazona engolia o choro, ele estava sendo tão rude.

- Mas nós somos... amigos... alias... nós sempre...

- Éramos. Tudo ficou no passado, ainda mais depois que peguei a armadura. Aquela época ficou para trás Lara. Somos defensores de Atena e nada alem disso. Se algum dia senti alguma coisa por você ficou no passado.

Ouvir aquilo feriu o coração dela, assim como dele. Mas Deuteros tinha tomado a decisão.

- Não... – os olhos marejaram. – não acredito nisso... diz olhando para mim, que não sente nada. Diz! – segurou a gola da roupa dele. – diz!

- O que eu sentia por você acabou. – a encarava. – só restou o companheirismo de causa.

- Não é verdade... – as lagrimas escorriam. – não pode ser verdade... eu te amo Deuteros e...

- Pois eu não te amo. – disse frio. – e espero que daqui em diante, nosso relacionamento se resuma a assuntos do santuário. – afastou as mãos dela. – vá para o templo.

Lara engoliu seco, recuou um passo, mais outro para sair correndo, tomando o rumo da floresta. Deuteros a viu se afastar permanecendo parado, por mais que aquilo doesse, por mais que seu ser implorava para ir atrás dela, não iria. A aparição de Aspros apenas confirmou o que já sabia: não havia espaço para ele e Lara. Na sua essência era um demônio e nunca poderia fazê-la feliz. Todo o sentimento que tinha por ela deveria permanecer trancado em seu coração.

- "Eu te amo." – as palavras dela doeram. – eu... eu... – os olhos marejaram. – eu "também te amo"... – deixou as lagrimas escaparem.

- Deuteros.

Ele não olhou para trás, não queria ele o visse daquele jeito.

- Vá atrás dela. – disse recuperando a frieza. – ela tomou o rumo da floresta.

- Você...

- Se realmente gosta dela, vá atrás.

- Tudo bem. – Kanon tomou o rumo da floresta.

- Kanon.

- Sim? – ele virou, Deuteros continuava na mesma posição.

- Cuide dela, por favor.

- Sim.

O geminiano do passado começou a descer as escadas. Kanon tomou o rumo.

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Lara corria sem rumo, não conseguia parar de chorar.

- Deuteros...

Sem perceber tropeçou numa pedra indo ao chão. Levantou sentando no chão.

- Por que...?

Levou as mãos ao rosto para encobri-lo deixando densas lagrimas caírem. Não tinha expectativas de uma vida a dois com o geminiano, mas ouvir aquelas palavras doeram mais que um ferimento em batalha.

- Chore...

Lara sentiu alguém envolve-la quando deu por si percebeu que se tratava de...

- Kanon? – recuou. – o que faz aqui? – enxugava o rosto.

- Não precisa fingir que não estava chorando. Eu sei de tudo.

- Não é nada. – tentou sorrir. – coisa de mulher, não se preocupe.

- Esqueça por cinco minutos... – a abraçou. – que é uma amazona. Se permita ser apenas uma mulher.

A grega ao escutar aquilo teve os olhos marejados e no segundo seguinte voltou a chorar.

- Kanon... ele... – agarrou ao geminiano. – ele...

O cavaleiro continuou em silencio apenas continuando a envolve-la.

- Eu... – ela não conseguia formular uma frase.

- Me escute. – ele fez com ela o encarasse. – estamos perto do final de uma guerra, não sabemos se vamos sobreviver, mas ate os nossos últimos minutos chegarem eu... eu...

- Diga... – engolia o choro.

- Quero que fique comigo. Somos defensores de Atena, mas não nos impede de termos uma vida normal. O que eu quero dizer é que... fique comigo pelo tempo que nos resta.

- Kanon...

- Eu te amo Lara.

A grega o fitou surpresa, não esperava que ele fizesse tal confissão.

- Sei que você ama o Deuteros, mas... me dê uma chance.

Sem que ela esperasse Kanon a beijou. A principio a amazona não correspondeu, contudo acabou cedendo. Realmente ela amava Deuteros mas Kanon oferecia tudo que ela queria... apesar de ser uma sacerdotisa e amazona, ainda preservava a alma de uma mulher que queria apenas ser amada.

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Aos poucos os cavaleiros de Atena foram retirando-se do local. Lithos, Áurea e Marin foram para o interior do templo. Selinsa resolveu voltar para a vila. O único que permanecera no local era Shion a pedido de Hakurei. O cavaleiro rumou para uma pequena sala, destinada ao canceriano. Bateu duas vezes na porta antes de abri-la.

- Queria falar comigo mestre? – indagou o pupilo fechando a porta.

- Sim... – murmurou não muito certo. Com a iminência de uma guerra, decidiu contar a verdade para Shion. – é sobre...

O fitou. Olhar para Shion era como se olhasse para Ranna, eles eram muito parecidos e se não fosse pelas marcas lemurianas, não lembraria em nada que era filho dele.

- Mestre? – notou o olhar vago dele.

- Desculpe... – sentou-se. – talvez não seja o momento adequado, mas...

- Sim...? – começava a ficar aflito.

- Realmente não escutou minha conversa com Sage naquele noite?

- Não senhor. Só escutei o meu nome ser dito.

- O motivo para falarmos de você é... – temia contar a verdade principalmente pela reação dele, afinal eram dez anos de mentira. – é que queremos que nos conte tudo que acontecer no santuário.

- Só isso? Quero dizer, sim senhor.

- Precisamos nos manter em alerta. Qualquer problema me avise.

- Sim.

- Pode ir.

- Com licença.

Assim que Shion retirou-se Hakurei soltou um longo suspiro, mais uma vez não conseguira contar a verdade a ele.

Shion saiu ressabiado, estava claro que seu mestre queria lhe contar algo grave mas que por algum motivo recuou na ultima hora usando uma desculpa qualquer.

- "O que será?"

Estava tão alheio que não notou a aproximação de alguém. Quando deu por si estava cara a cara com a pessoa.

- Au-rea?

- Oi.

Ficaram por algum tempo se encarando.

- Provavelmente deve ser sua ultima noite aqui. – disse seco.

- É o que parece. – ela não deixou por menos.

- Mestre Sage deve me escolher para escoltá-las ate o acampamento.

- Não será necessário. Hakurei já se prontificou. – era mentira, mas não daria o gostinho a ele.

- Meu mestre? – ficou surpreso.

- Sim. – voltou a andar. – não precisa bancar o segurança.

Passava por ele, mas o cavaleiro a segurou. Áurea não olhou para ele, para não fraquejar.

- Vou pedir ao mestre para deixá-las aqui. É mais seguro.

- Não precisa se preocupar com simples mulheres, se pelo menos fossemos amazonas... – não mudou o tom seco. – preocupe-se com suas obrigações.

- Faça como quiser. – disse com raiva.

- Quer me soltar?

Shion a soltou e ao se ver livre continuou o seu caminho. O ariano ainda ficou por um bom tempo parado no corredor antes de seguir para sua casa. Era melhor as coisas seguirem aquele rumo assim nada o distrairia de sua missão.

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Depois da reunião, a japonesa recolheu-se em seus aposentos, contudo sem sono resolveu andar pelos arredores do templo. Com todos surpresos pelo rumo que a batalha tomara dificilmente alguém notaria sua presença e a fim de colocar os pensamentos em ordem foi para atrás da estatua.

Sentou-se para admirar o céu estrelado ainda mais evidente sem a interferência das luzes da cidade.

- "As luzes atrapalham tanto..." – pensou. A amazona desviou o olhar arregalando os olhos por debaixo da mascara. – "Asmita...?"

O cavaleiro estava sentado na parte mais baixa. Era um pedaço plano pois pouco a frente já começava o despenhadeiro. Marin continuou olhando-o.

- "É claro que ele me notou, mas não vai dá o trabalho de cumprimentar." – pensou.

Mas estava errada, Asmita tinha notado a presença dela, mas preferiu ignorar, pois não queria ter mais contatos com ela. A amazona porem não se conteve e foi para perto dele, sentando-se ao seu lado.

- Boa noite. – disse mas sem ouvir resposta. – está tão tranqüilo, - ignorou a falta de atenção. – nem parece que vai ocorrer uma batalha amanha.

- Calmaria é o prenuncio de uma tempestade. – disse mas sem se virar.

- Espero que acabe logo. – ela que o fitava voltou a atenção para o céu.

- Sim.

Seguiu alguns minutos de silencio, com os dois mergulhados em seus pensamentos, de repente Asmita levantou, começando a andar.

- Onde vai? – achou a pergunta estúpida mas foi a única coisa que saiu.

- Para casa. – respondeu sem se virar.

- Minha presença o incomoda muito não é?

Asmita parou ainda virado de costas.

- Um pouco. – incomodava pois ela só tinha olhos para o Capricorniano.

Mas Marin não interpretou dessa forma.

- Pois muito bem. – aproximou-se parando na frente dele. – vou ficar longe de você. O que depender de mim não me verá mais.

O indiano a fitou, essa seria a melhor solução, quanto mais afastada ela permanecesse melhor para ele, contudo...

- Vai ser melhor...

Ao invés de sentir raiva a amazona ficou surpresa, o tom de voz dele não era de arrogância e sim de resignação. Para deixá-la ainda mais confusa, ele tocara seu rosto. Com as pontas dos dedos percorreu desde a testa ate o queixo dela. Foi a conta de retirar a mão e Cid apareceu no alto. O capricorniano tinha ido ate o templo procurá-la mas sentindo seu cosmo rumou para e estatua e por segundos não testemunhara o gesto do indiano.

-As-mita... – ela deixou escapar.

- Marin.

Os dois voltaram a atenção para onde ouviram a voz. O cavaleiro de capricórnio descia a parte íngreme.

- Cid? – indagou surpresa.

- Boa noite. – ele sequer olhou para o indiano. – o que faz aqui? – posicionou-se atrás dela.

- Na-da...eu só...

- Precisa descansar. – depositou as mãos nos ombros dela, gesto este assistido por Asmita. – amanha o dia será longo.

- Eu sei...

- Você também cavaleiro de Virgem. – sem qualquer cerimônia Cid abraçou a amazona por trás.

Marin ficou vermelha enquanto Asmita...

- Já estava de saída.

A amazona fitou o indiano, por mais que o gesto de Cid fosse acolhedor não queria que Asmita presenciasse. Ficou incomodada.

- Boa noite. – disse o virginiano, contudo deu apenas dois passos parando. – aproveitem a noite, pode ser a ultima.

- Não será a ultima. – disse Cid. – vamos vencer e depois que essa guerra acabar, vamos levar uma vida tranqüila, mas se tudo acabar amanha, levarei a lembrança dessa noite comigo.

Asmita deu um meio sorriso.

- Bom proveito.

Deu as costas saindo. Marin o fitava.

- "Asmita..."

- Ele fez algo a você? – indagou seriamente.

- Não... não me fez nada. – ainda olhava o caminho que ele havia tomado.

- Marin. – fez com ela o fitasse. – tudo vai terminar bem.

Ela apenas afirmou com a cabeça.

- Com licença...

Retirou a mascara e beijou-lhe.

Sentiu os lábios quentes dele, contudo não era nele em quem pensava... a falta de ar interrompeu o contato.

- É melhor eu ir. – a japonesa afastou-se, - alguém pode me ver. Boa noite Cid.

- Boa noite.

Tomou o rumo do templo enquanto o cavaleiro ainda permaneceu. Olhava para o céu com um sorriso nos lábios.

- "Ao final dessa guerra, quero que ela permaneça sempre comigo."

Marin entrou depressa em seu quarto, para a sua sorte Lara não estava lá, jogou-se na cama afundando o rosto no travesseiro.

- Asmita... – deixou as lagrimas escaparem.

O virginiano passou direto para o jardim das arvores gêmeas, ficaria trancado ali ate a manha seguinte. Pensaria apenas na batalha próxima. Faria o possível para derrotar os titãs para que Marin pudesse levar uma vida tranqüila, independente com quem.

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Kamus e Dégel apesar do ocorrido mantinham uma relação amistosa, tanto que seguiram direto para a biblioteca. Conversavam sobre o ocorrido. Pouco tempo depois Afrodite se juntou a eles alegando que o clima em Peixes não era dos melhores. Os assuntos mudaram, mas algumas horas mais tarde Gustavv despediu-se alegando preparar para a batalha.

Novamente sozinhos o assunto agora era Kárdia.

- Senhor Sage fez bem em deixá-lo para trás, apesar de achar que Kárdia não vai aceitar.

- São ordens. – disse Dégel. – ele tem juízo suficiente para obedecer. E Miro?

- Acha que ele deve se afastar das batalhas.

- É compreensível, qualquer cavaleiro diria a mesma coisa.

- A batalha de amanha será decisiva, se precisarmos dele...

- Não posso impedi-lo de lutar. – o aquariano do passado levantou, caminhando ate a janela. – ele decidiu seguir esse caminho mesmo correndo risco.

- É...

- Sobre aquelas imagens...

- Dégel...

- Não precisa me explicar se não puder.

- Envolve outras pessoas... mas não somos traidores, tudo teve um propósito, sei que é difícil de acreditar, mas...

- Tudo bem Kamus. É melhor irmos dormir. Amanha o dia será pesado.

O francês apenas concordou.

X.x.X.x.X.x.X

Não tinha participado da reunião ficando preocupada pelo que teria acontecido, mesmo sem permissão subia as doze casas em direção ao templo. Perguntaria as meninas sobre o que tinha acontecido, já que não encontrara a prima na vila. Passou por um caminho usado pelas servas, ganhando rapidamente o penúltimo percurso: Aquário a Peixes...

...Depois de encerrada a reunião voltou imediatamente para sua casa, usaria o tempo livre para treinar. Não se importava se Afrodite estava ou não em casa.

Num cômodo exclusivo para treinamento começou a se exercitar.

Estava treinando o golpe "espinhos vermelhos demoníacos" querendo saber por quanto tempo agüentaria. A primeira tentativa durou o mesmo tempo quando lançara em Temis. Precisava aumentar esse tempo. Tentou inúmeras vezes ate que caiu esgotado mas satisfeito, no próximo combate teria certa vantagem.

Escorando na parede sentou-se. Um dos braços sangrava, assim como um pequeno arranhão na face.

Athina passava ao lado do templo de Peixes, contudo parou. Movida pelo desejo em ver Albafica deu meia volta entrando no templo. Talvez nem o encontrasse, ou encontrasse com Gustavv, porem seguiria em frente. Não ouvindo barulho algum achou que nenhum dos dois estava em casa entretanto sentiu um odor diferente. Primeiro sentiu o cheiro de rosas o que poderia ser tanto de Albafica quanto o de Afrodite, mas depois sentiu cheiro de sangue, com todos esses acontecimentos seu olfato já distinguia esse cheiro dos demais. Sem pensar duas vezes dirigiu-se para onde o odor provinha. Abriu de uma vez a porta levando as mãos ao rosto ao ver o pisciano sentado porem com a cabeça tombada para o lado.

- Senhor Albafica. – correu ate ele ajoelhando a sua frente. – senhor...

- O que faz aqui? – abriu um pouco os olhos.

- O senhor está ferido. – estava prestes a tocá-lo.

- Não me toque! – disse grave endireitando o corpo. – não deveria está aqui.

- Eu...

-Vá embora.

- Mas...

- Vá embora. – disse mais enérgico.

Athina levantou, saindo correndo. Albafica soltou um longo suspiro. Tentou levantar mas seu corpo não obedecia. Passou alguns minutos quando ouviu um barulho na porta. Ergueu o olhar já preparado para as perguntas de Afrodite contudo assustou-se.

- Athina...?

A grega trazia uma bacia com água e algumas toalhas. Sem dizer nada agachou diante dele, molhando a toalha na água.

- Por que voltou?

Ignorou a pergunta e sendo rápida passou a toalha em um dos ferimentos do braço.

- Já disse para não me tocar. – gritou, com medo que o sangue a atingisse.

- Deixe- me ajudá-lo. – o fitou. – por favor. – sua voz era suave.

E isso desconcertou o pisciano que sem dizer nada recebia os cuidados da jovem.

Ela pouco se importava se o sangue dele a acertaria ou não, tudo que queria era apenas ajudá-lo, mas para não contrariá-lo esforçou-se o maximo para não tocá-lo. Estava prestes a lavar a toalha na água...

- Use outra água. – disse.

Ela apenas assentiu, levantando para ir a cozinha.

Albafica encostou o corpo na parede, pensando. Não entendia a atitude dela. Um simples tocar poderia contaminá-la o que diria o contato com sangue.

-FFB -

Era um festival de Athena. Nas raríssimas voltas ao santuário, era somente naquela época. Tinha 14 anos e a três treinava para suceder Lugonis o cavaleiro de Peixes. Devido ao treinamento seu sangue começava a apresentar resistência para o veneno e também devido ao seu jeito arredio mantinha-se afastado das pessoas. Estava num canto vendo o vai e vem das pessoas. A vila estava em festa. Barracas de comida tipica, dança, teatro, tudo em homenagem a deusa que protegia aquele local.

Olhava para as danças, quando sentiu alguém passar por ele e nesse passar houve um rápido esbarrão. Virou o rosto para ver quem era, seus olhos castanhos fixaram na garotinha de cabelos curtos castanhos.

- Me desculpe. – a voz saiu bem infantil.

Ele não respondeu, só tinha olhos para ela.

- Athina!

Teve a atenção chamada para onde vinha a voz. Viu de longe um homem e julgou ser o pai dela.

- Aza! Ande logo. – gritou novamente o homem.

- Estou indo pai. – virou a atenção para Albafica. – me desculpe. – sorriu e se foi.

O aspirante ainda continuou por muito tempo com o olhar fixo para onde ela estava.

- Albafica?

Piscou os olhos algumas vezes.

- Mes-tre?

- Algum problema?

- Nenhum. – ainda tentou vê-la, mas ela tinha sumido no meio das pessoas.

- A cada ano as pessoas dedicam-se ainda mais ao festival. – disse. – nosso dever é proteger essas pessoas.

Albafica o fitou.

- Nossa missão é proteger o santuário e todos que moram nele.

O pisciano concordou.

- "Vou proteger o santuário e ... Athina... "

-FFB-

Albafica deu um leve sorriso.

- "Ela nem deve ser lembrar,,,".

Enquanto isso na pia da cozinha, Athina enchia mais uma bacia. Olhava para a água límpida mas a mente viajava.

-FB-

Era sua época favorita, adora o festival dedicado a Atena. Desde cedo estava na rua, indo ora para as barracas de comida típica ora para o meio da roda. Mas já estava na hora de ir embora e o pai já tinha sumido há muito tempo.

- "Impaciente."

Começou a correr rumo a sua casa, estava tão afoita que apenas sentiu um leve esbarrão, virou o rosto para ver quem era, seus olhos castanhos fixaram num garoto de madeixas azuis claras e um rosto excepcional.

- Me desculpe. – a voz saiu bem tímida pois jamais tinha visto rapaz tão bonito.

Ele não respondeu, a olhava fixamente..

- Athina!

Voltou a atenção para onde vinha a voz. Era seu pai.

- Aza! Ande logo. – gritou novamente o homem.

- Estou indo pai. – virou a atenção para Albafica. – me desculpe. – sorriu e se foi.

Nunca o tinha visto pela vila, de certo era algum estrangeiro, mas uma coisa tinha certeza jamais esqueceria aquele rosto.

-FFB-

- "Ele nem deve saber que era eu..."

Voltou para o cômodo realizando o mesmo processo no outro braço.

- Pode deixar as toalhas aí, eu as limpo depois.

- Estava treinando? – pegou a ultima toalha limpa.

- Sim.

- Tão intensamente?

- Teremos uma batalha amanha.

Com a ponta da toalha molhou na água e sem que ele esperasse passou o pedaço de pano no rosto dele limpando o arranhão.

- Por ser pequeno não vai ficar marca.

- Não se preocupe com isso. – respondeu no automático, já que estava perdido na sensação de tê-la tão perto de si.

- Pronto.

- Obrigado.

Seguiu alguns minutos de silencio, com os dois se encarando. Athina o fitava fascinada, de perto o rosto era ainda mais belo.

- O que foi? – estava encabulado com o olhar dela.

- O senhor é tão bonito... – disse contemplativamente.

- Obri-gado. – corou.

- Eu vou indo, desculpe por atrapalhá-lo.

- Você não atrapalha. – disse prontamente. – obrigado Aza.

A garota sorriu. Mesmo com o passar dos anos, depois de um rápido encontro entre eles, - depois daquele episodio haviam se conhecido formalmente, ele não havia esquecido seu apelido.

Pensou em algo, que talvez o fizesse ficar bravo com ela e mesmo com os riscos que corria, queria sentir aquela sensação.

Albafica contemplou o sorriso. Como queria tocá-la, sentir um abraço, ate mesmo um beijo, entretanto isso não lhe era permitido. Com o silencio seus olhos pararam nos lábios rosados dela, Athina percebeu o olhar dele.

Assustando-o, a garota aproximou colando seus lábios nos dele.

- Fi-cou doi-da?

Não se importou levando as mãos ao rosto dele, segurando-o. Albafica desesperado, tentava se desvencilhar mas sem tocar nela, aquele contato poderia ser fatal.

- Athina...

Não se afastou. O pisciano estava no limite da razão, quanto mais tempo passava mais veneno a garota recebia, contudo aqueles lábios colados aos seus eram um convite.

O beijo iniciou calmo, delicado. O pisciano passou a mão pela cintura dela, trazendo-a mais para si. Desde que se tornara aprendiz aquele era seu primeiro contato mais próximo como uma pessoa. Ainda mais por ser um beijo. Achava que morreria sem saber como era, mas agora poderia dizer que era perfeito.

Athina sentia-se leve, sempre sonhara em beijá-lo, ficava imaginando a cena e agora era real. Se estava se arriscando ou não, já não importava.

O contato ficou mais ardente, os dois queriam mais contudo...

Albafica abriu os olhos ao senti-la amolecer.

- Athina? – gritou assustado. – Athina!

Ela tombara para o lado.

- Athina. – a deitou no chão. – Aza fala comigo. Aza.

Ela estava pálida.

- O que eu fiz... – os olhos marejaram. – Aza acorda, você não pode... você não pode... – as lagrimas escorriam pelo rosto. – não pode...

Ergueu o rosto, lembrando-se de algo. Sem hesitar a tomou nos braços, saindo do cômodo. Só havia uma salvação para ela.

Afrodite acabava de subir as escadas de sua casa, a conversa com os aquarianos era agradável mas tinha que voltar, o mestre poderia achar ruim. Subiu despreocupadamente ganhando o pátio da entrada, quando sentiu o cosmo alterado de Albafica.

- "Lá vem chumbo grosso." – pensou.

Apertou o passo, pois não queria deixá-lo nervoso.

- Já cheguei. – disse.

- Afrodite.

O sueco arregalou os olhos ao ver Athina nos braços dele totalmente pálida.

- O que fez a ela? – vociferou. – não pode tocá-la seu miserável!

- Salve-a. – engoliu o xingamento. – por favor. – a voz era suplicante.

O sueco recuou surpreso, não via com nitidez o rosto do pisciano, mas a julgar pela voz ele parecia apreensivo.

- O que aconteceu?

- Ela entrou em contato com meu sangue.

- Venha.

Seguiram apressados para o interior da casa. Albafica deitou a jovem na cama de Afrodite. Seu estado não era bom.

- Tem quanto tempo?

- Uns dez minutos. – respondeu de olhos fixos nela.

Gustavv o fitou, agora sob a luz das lamparinas, via a expressão angustiada dele, ate os olhos estavam marejados. Voltando a atenção para a garota tocou na altura do peito dela.

- Vinha de rosas. ( obs: eu tentei achar imagens desse golpe para descrevê-lo, mas não encontrei, então imaginei como ele poderia ser, quem souber onde posso achar me diga por favor.)

O cosmo do dourado elevou-se, ao redor de Athina surgiu raízes cheias de espinhos que envolveram o corpo dela, mas sem feri-lo. Albafica que observava prendeu a respiração.

Minutos depois onde antes havia espinhos dera lugar a rosas vermelhas e essas desabrocharam. O pisciano do futuro,apesar da gravidade do caso, olhava admirado, Athina parecia ainda mais bela envolta pelas pétalas.

Aos poucos a grega foi ganhando cor, sua respiração antes pesada voltava ao normal.

- Athina. – Albafica aproximou. – Athina.

Abriu lentamente os olhos, passando a fita-lo.

- Aza... – ignorou totalmente a presença de Afrodite deixando a emoção tomar conta, os olhos antes marejados, derramaram as primeiras lagrimas. – Aza...

Afrodite estava aliviado, mas não menos surpreso pelas atitudes do companheiro. Ele sempre fora frio com ela, contudo parecia que ele realmente estava preocupado e ate temeroso que ela morresse.

- Aza...me desculpe... – pediu num sussurro. – eu não deveria...

- Eu queria. – disse a jovem fitando-o intensamente. – se morresse, morreria feliz. – sorriu.

O sueco olhava-os pasmo. Agora sim, as coisas faziam sentido. Albafica a tratava de maneira fria, para mante-la afastada, ela contudo não parecia se preocupar. Era obvio que os dois...

- " Eles são apaixonados... e... – arregalou os olhos. – foi com um beijo que ela..." Você nos deu um grande susto Athina. – disse Dite.

- Desculpe. – sorriu.

- Obrigado Afrodite. – disse Albafica.

- Não há de que.

- Será que posso te pedir mais uma coisa?

- Peça.

- Poderia levá-la para casa?

- Claro. – ele levantou, pronto para pega-la no colo quando... – vou buscar um pouco de água para você, ajuda a eliminar as toxinas, já volto.

Saiu. No corredor deu um meio sorriso, falara aquilo para deixar os dois a sós. Achava o jeito que ele tratava a grega totalmente grosseiro, mas agora olhando sob aquela ótica, achou ate plausível. Ele apenas queria protegê-la. A historia dos dois era triste, mesmo se um dia ele deixasse a vida de cavaleiro os dois nunca poderiam ficar juntos.

- "Perto e tão longe ao mesmo tempo. "

No quarto...

- Me desculpe mais uma vez. É por isso que não gosto que se aproxime de mim.

- Não tem importância Albafica. Prefiro correr o risco do que ficar afastada de você. – percebendo o tinha dito corou.

Albafica apenas sorriu.

- É engraçado Gustavv ter o dom da cura.

- Gostaria de ter também... mas sou grato a ele.

- Ele ter me salvado não é uma atitude de um traidor.

O cavaleiro silenciou. Athina tinha razão e analisando friamente a situação, talvez houvesse mais coisas por de trás das cenas mostradas por Pontos. Talvez Afrodite e os outros tivessem um bom motivo para fazer isso.

Tirando-o dos pensamentos sentiu uma mão sobre sua face.

- Não pode...

- Só queria tocá-lo mais uma vez. – tirou a mão.

- Trouxe água. – Afrodite presenciara aquele gesto, mas não quis interromper, por mais que no fundo quisesse. – quando quiser ir embora...

- Meu pai deve esta preocupado.

- Se não se importar vou carregá-la, leva um tempo ate seus movimentos recuperarem completamente.

- Tudo bem.

- Boa noite senhor Albafica.

- Boa noite. – não ficou impressionado com o "senhor Albafica" aquilo sós mostrava que ela entendia a posição dos dois. – obrigado Afrodite por tudo.

O sueco estendeu a mão.

- Podemos dá um aperto de mão.

O cavaleiro concordou e ainda um pouco receoso retribuiu o gesto. Era a primeira vez em anos que fazia aquilo.

- Vamos Athina? - Afrodite a pegou no colo sobre o olhar atento de Albafica. - Não demoro. – disse a ele saindo.

Ao se ver sozinho sentou no chão. O gosto da boca da grega ainda estava na sua. Durante esses anos jamais imaginou que os sentiria, pena que esse gesto quase causara a morte dela. Prometeu a si mesmo que resistiria a tentação de tocá-la. Manteria distancia dela mesmo que sofresse com isso.

X.x.X.x.X.x.X

Aproveitando que nenhuma das meninas se encontravam no templo, Lithos rumou para a nona casa.

Sísifo, estava na cozinha preparando algo para comer. A grega entrou sem chamá-lo e escutando barulho vindo da cozinha dirigiu-se para lá. Com um sorriso nos lábios via o sagitariano mexendo no fogão.

- Não consigo acostumar com esses fogões. – disse.

Por pouco Sísifo não derrubou uma panela.

- Lithos!

- Desculpe se o assustei. – abafou o riso. – é que estava tão entretido que não quis atrapalhar.

- Sua presença nunca atrapalha. – aproximou beijando-a. – fugiu do templo?

- Fugi. – sorriu. – queria ver você.

O abraçou.

Quase na mesma hora que ela saiu do templo, Aioria saiu de Leão dirigindo-se para o templo. Queria ver a irmã.

Passou por fora das casas, chegando em Sagitário passaria direto, mas queria perguntar algo ao dono.

Entrou sem anunciar, pois pensara que ele poderia estar dormindo. Foi achando esquisito o som de risos que foi para a cozinha. Ao chegar na porta o rosto ficou pálido. Viu Lithos e ele trocando um ardente beijo.

- LITHOS! – berrou.

- Aio-ria? – os dois separaram.

- Seu #$%$#!

O leonino partiu para cima de Sísifo, os dois acabaram no chão.

- Para Aioria! – Lithos tentava separar. – Aioria!

- Vou acabar com você desgraçado!

- Está sendo infantil. – o sagitariano segurava o punho dele.

- Vou matar você. – com a mão livre deu um soco no rosto do cavaleiro.

- Aioria. – a grega tentava puxá-lo.

- Saia daqui Lithos! – berrou com ódio.

- Pare de brigar!

Aproveitando que Aioria fitava a grega, Sísifo deu lhe um chute tirando-o de cima de si. Rapidamente levantou, Lithos posicionou na frente dele.

- Saia de perto dele!

- Tenha calma Aioria!

- Seu pedofilo! Filho d$%¨! Tira as patas de cima da minha irmã.

- Aioria não seja infantil. – disse calmo. – não fiz nada de errado com sua irmã.

- Como não? – gritou indignado. – você a agarrou!

- Ele não me agarrou. Eu gosto dele.

- Cretino. – o fitou ferino. – a seduziu.

- Não fui seduzida. – disse com a voz séria. – Aioria... – respirou fundo. – eu gosto dele. Muito.

- O que fez a ela? – o fitou com ódio.

- Ele não me fez nada. – a grega ignorou. – eu só me apaixonei por ele.

- E eu por ela. – disse, querendo acabar com aquilo de uma vez. – eu amo a sua irmã.

- Patife...

- Já chega Aioria! – Lithos o fitou séria. – eu e Sísifo nos amamos e a nada que você possa fazer ou dizer que vai mudar isso. Eu sei que a vida de um cavaleiro é incerta mas eu quero correr esse risco. Espero que me entenda.

- A promessa... mentiu para mim, prometeu mas no fundo... se tiver uma chance de voltarmos vai querer ficar não é?

- Sim. E espero que aceite a minha decisão.

- NUNCA! NUNCA! – saiu correndo.

- Aioria. – Lithos tentou ir atrás dele mas Sísifo a segurou.

- Deixe-o absorver o que ouviu. Quando ele estiver com a cabeça fria vai entender.

- Será?

- Tenho certeza. – a abraçou. – o que disse a ele é verdade?

- O que?

- Que mesmo se tiver uma chance de voltar, vai ficar aqui?

- Sim, meu lugar é aqui, ao seu lado.

X.x.X.x.X.x.X

Kárdia e Miro entraram em casa trocando "caricias".

- Não precisamos de vocês para derrotamos os titãs!

- É o que pensa! – gritou o grego do futuro. – vocês são fracos!

- Podemos ser fracos mas não somos traidores!

- Não somos traidores!

- São sim! Traidores e covardes! Principalmente você! Um fraco!

- E você um doente! – Miro berrou a pleno pulmões.

Kárdia recuou.

- Que quando mais precisarmos vai cair no campo de batalha!

Só depois de despejar as palavras é que percebeu o que tinha dito. O escorpião mais novo o fitou com ódio. Arrependeu-se.

- Kárdia...

- Cretino.

Disse, para sair. Miro ainda tentou dete-lo mas apenas escutou o som de porta batendo.

- "Eu sou um estúpido."

Criticou-se. Sem muita alternativa foi para seu quarto, amanha pediria desculpa.

X.x.X.x.X.x.X

Da janela de seu quarto Dohko fitava as casas a baixo, não tinha gostado das ordens de Sage em utilizar os traidores, mas teria que acatar. Pelo menos por hora aceitaria pois quando essa guerra terminasse não mediria esforços para levá-los a prisão.

X.x.X.x.X.x.X

O trajeto foi silencioso mas ao entrarem na quarta casa, a discussão começou...

- Cala boca maledito! – gritou Manigold.

- Vem aqui calar. – o desafiou.

Manigold não perdeu tempo partindo para cima de Giovanni entrando em luta corporal.

- Eu vou matar você! – Mani deu um soco.

- Eu que vou te matar. Atena não vai sentir falta de um cavaleiro inútil como você.

- E você é um traidor!

- Não sou um traidor! Tudo que fiz foi por Atena!

A sessão de chutes e socos continuou e não demoraria para o cosmo ser usado, contudo MM ainda sofria com as oscilações de sua energia, Manigold aproveitando que não estava sentido o cosmo do italiano empregou mais força num soco acertando-o no estomago.

- Maledito... – Giovanni ficou de quatro sentido uma forte dor.

- Esse é o seu lugar, ajoelhado diante de mim. E amanha, assim que eliminarmos os titãs vou te jogar no cabo Shounion e nunca mais vai sair de lá.

Deu meia volta deixando o italiano ainda na mesma posição.

- Eu ainda te mato...

Com muita dificuldade levantou seguindo para seu quarto.

X.x.X.x.X.x.X

Deuteros estava sentado na porta da sua casa, olhava para o céu contemplando a constelação de Escorpião. Ela brilhava intensamente.

- "Seja feliz."

Pensou em Lara e sabia que naquele momento ela estaria com Kanon. Não tinha raiva dele, pois o dragão marinho poderia oferecê-la tudo o que ele não podia. Restava-lhe apenas aceitar. Estava tão absorvido em seus pensamentos que não viu a aproximação de Saga. Sem perguntar se podia o geminiano do futuro sentou ao lado dele.

- A noite esta tranqüila.

- Sim, - rapidamente passou a mão pelo rosto limpando o ultimo resquício de lagrima. – amanha essa tranqüilidade acaba.

- Se gosta dela por que a entregou ao meu irmão? – Saga sabia da historia pois Kanon lhe contara.

- A chance dela ser feliz com ele é maior.

- Mesmo com a aparição de Aspros, - mudou de assunto. – não deve se preocupar, eu vou pará-lo.

- Nascer sob o signo de Gêmeos acarreta muitas implicações.

- Eu sei... – deu um suspiro desanimado. – como sei. Mas eu fiz atos mais perversos.

- Mas pediu perdão por eles. – o fitou. – já Aspros... ele só vai descansar quando conseguir tomar o santuário para si. Todo o esforço que fiz foi em vão. Deveria tê-lo parado quando ainda éramos crianças.

- Não podia imaginar o futuro que os esperava.

- Ele sempre me defendia quando me chamavam de demônio. – deu um meio sorriso. – e eu sempre o seguia como uma sombra. Talvez tenha sido o meu erro.

- A culpa não é sua. Aspros sabia muito bem o que estava fazendo.

Deuteros ficou calado.

- De nós quatro você foi a maior vitima.

- Como seria se os pares fossem invertidos? – fitou Saga. - Aspros e Kanon, eu e você. A historia seria diferente?

- Eu não sei...

- O dia amanha será pesado, é melhor ir dormir.

- Você também. – Saga tocou no ombro dele saindo.

Deuteros concordou, mas permaneceu por um tempo sentado. Levantou decidido que no dia seguinte colocaria um ponto final nessa disputa.

X.x.X.x.X.x.X

Durante o trajeto do templo a segunda casa, Aldebaran e Hasgard seguiam sem se falar, desde o episodio entre o cavaleiro e Shaka, um clima ruim tomou conta. O taurino do passado apenas limitava-se a conversar com seus amigos e com sua pupila. Chegando a segunda casa...

- Vá para a casa de Athina, vai ser mais seguro. – disse a ela.

- Mas senhor Hasgard...

- Estou tranqüilo pois mandei Teone e Salo para um lugar afastado, mas você não me deixou opções... – sorriu. – fique lá por favor.

- Sim senhor. Boa noite.

- Boa noite.

A aspirante acenou para Deba e seguiu seu caminho.

- Sabe onde é o seu quarto. – a voz de Hasgard saiu seca.

- Sei. – com Deba também não foi diferente.

Hasgard entrou e foi direto para seu quarto, o brasileiro o esperou entrar para seguir para seu quarto.

X.x.X.x.X.x.X

Obedecendo as ordens de Sage, Mu foi para a primeira casa, onde permaneceu de vigília. Shion continuava no templo a pedido de Hakurei.

X.x.X.x.X.x.X

Estava recolhido em seus aposentos. Sem o elmo e com roupas mais leves, estava sentado numa poltrona de veludo escarlate olhando fixamente para os báculos e a adaga dourada. Pensava qual era a relação entre aquele objeto e Saga.

- "Tenho preocupações maiores. – pensou levantando, caminhando em direção ao báculo do futuro. – é melhor permanecer em Star Hill"

Pegou o objeto e sem se importar com os trajes que usava saiu do quarto. Não havia necessidade de dois objetos no mesmo lugar já que nem Atena ainda havia encontrado. Passou pelo corredor secundário ganhando rapidamente a ala norte do templo. Caminhou por mais um corredor que ao final dava numa porta de madeira.

Abriu a porta vislumbrando a frente um pequeno templo. Era ali a porta de entrada para Star Hill. Havia duas maneiras de chegar a aquele lugar. Uma era subir pela encosta ate alcançar o templo e a outra, menos conhecida, era entrar naquele templo. Lá havia uma distorção do espaço que levava diretamente a montanha. Somente ele, Hakurei, Lara, Aspros e Deuteros sabiam sobre isso.

- "Seria interessante ler a estrelas." – Sage olhou para o céu.

Deu um passo, contudo...o corpo paralisou.

- O que...?

Olhou assustado para o báculo, ele emitia um pequeno brilho e vibrava.

- Sinto um cosmo... – não sabia ao certo de quem era, mas pela intensidade e suavidade ligou-o a... – Atena?

Sage tentava se mexer, mas esse cosmo impedia qualquer gesto.

- "O que esta havendo? Por que estou paralisado?"

Tentou dar mais um passo sem resultado, entretanto conseguiu recuar. Tentou avançar, mas seu corpo paralisou novamente.

- "Parece que o báculo não quer que eu saia. Por que? – fitou o objeto. – você que permanecer aqui?"

Dando a impressão de "ouvir" seu pensamento o báculo parou de vibrar.

-Tem algum motivo que não queira sair daqui? – sorriu. – então fique.

O mestre deu meia volta, recolocando o objeto no lugar.

X.x.X.x.X.x.X

Selinsa caminhava para o acampamento, mas estava sem sono, resolvendo andar.

Estava apreensiva quanto a batalha do dia seguinte.

- Não se preocupe vou te proteger.

A aspirante deu um pulo.

- Shaka?

- Desculpe se a assustei. – aproximou, andava sem rumo ate que resolver ir atrás de Selinsa. – o que faz aqui?

- Não tenho sono, - sentou numa pedra onde antes deveria pertencer a alguma construção. – parece uma vila fantasma. – disse olhando para os escombros.

- Ela será reconstruída. – Shaka sentou-se ao seu lado. – tudo voltará ao normal.

- Ainda bem que mestre Sage não permitiu a ida de vocês... – abaixou o rosto. – sei que estou sendo egoísta mas...

- Não vou morrer tão fácil. – ergueu de forma delicada o rosto dela. – não posso morrer agora.

- A vida de um cavaleiro é incerta...

- Eu sei, - abriu os olhos, Selinsa corou ao ver aqueles olhos. – mas diante de tudo que aconteceu eu quero ganhar, eu quero viver para ficar ao seu lado.

A aspirante ficou escarlate, claro que Shaka não viu por causa da máscara.

- Eu não tenho nada a te oferecer... sou apenas uma aspirante.

- Você já me deu o mais importante. – tirou sua mascara. – seu amor.

Ficou rubra e Shaka achou encantador.

- Pena que...

- Quer casar comigo?

Arregalou os olhos.

- O que disse?

- Formalmente cavaleiros e amazonas não podem se unir em matrimonio, mas nada impede de viverem juntos. Eu quero viver com você.

Ela não sabia o que dizer. Seu único pensamento era se tornar uma amazona, mas depois que conhecera Shaka, uma nova vontade brotava em seu ser. Queria levar uma vida normal, como as muitas moças de sua vila, contudo não poderia ter as duas coisas.

- Terei que deixar a armadura...

- Não gosto de mentiras, mas para você não perder seu posto vamos manter escondido. Não quero que abdique de sua vocação por minha causa, mas se achar melhor que nós...

- Não quero me afastar de você. – o fitou. – eu quero... – estava envergonhada. – ficar sempre ao seu lado.

Shaka acariciou o rosto dela.

- Tenho medo que algo te aconteça e nós – os olhos dela marejaram... eu não quero perder você.

- Não vai me perder. Você me terá para sempre...Sel.

O cavaleiro passou a mão pela nuca dela trazendo-a mais para perto, iniciando um terno beijo.

- Vamos ficar juntos e tenho certeza que Atena nos abençoará.


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Notas finais do capítulo

n/a: A pressa é inimiga da perfeição. Festinare docet.



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