Temporits Actis escrita por Krika Haruno


Capítulo 16
Capítulo 16: Ad sumus




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Depois do terremoto que havia passado pelo santuário parecia que passariam a tarde e noite tranqüila, pelo menos em tese, já que a iminência de uma guerra deixava a todos apreensivos. Na vila improvisada dentro dos limites do santuário os trabalhos continuavam. Apesar de ter os cavaleiros circulando pelas casas, os moradores ainda temiam o que estava por vir. O clima de insegurança pairava no ar o que incomodava a todos. Por preocupação, Sage enviaria nas rondas noturnas apenas os cavaleiros de prata, pouparia os dourados para uma possível batalha.

E é nesse cenário de apreensão que encontramos nossos personagens no principio da noite. Com exceção de Lithos que estava com Athina, o restante dos moradores estavam em suas casas.

 

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As chamas da fogueira aqueciam os moradores que ainda não tinham se recolhido. Em volta dela, tendas improvisadas que serviam de abrigos. Sentadas a porta de suas tendas as pessoas conversavam sobre o rumo de suas vidas.

A íris âmbar olhava fixamente o balanço das chamas. Estava sentada num pedaço de maneira com os braços cruzados sobre as pernas e a cabeça apoiada nos joelhos. Seus pensamentos estavam longe... num certo cavaleiro... "Quando voltar vamos nos casar." Era a frase que ecoava em sua mente.

- "Será mesmo.?" – indagava-se, mas quando ia formular uma possível resposta ou pergunta sentiu um toque em seu ombro.

- Oi.

- Oi.

- Tem certeza que não quer voltar para Leão? Lá é bem mais confortável.

- Não se preocupe comigo Athina. – arredou para que ela pudesse se sentar. – estou bem aqui.

Athina apenas limitou a sentar-se. As duas voltaram o olhar para o fogo. Realmente Leão era mais confortável, mas não queria ficar perto de Aioria principalmente depois do "juramento". Tinha a plena certeza que não iria cumprir e se ele descobrisse sobre suas reais intenções faria o possível para atrapalhar.

Athina, também em silencio, pensava no que estava por vir. Tinha medo que as coisas piorassem e que outras pessoas morressem por causa da guerra. Confiava nos cavaleiros de Atena, ainda mais em Afrodite e Albafica, mas no fundo tinha receio que o preço da paz fosse alto demais. Temia pelos dois, mas Albafica tinha um lugar especial em seu coração.

- Não é melhor vocês duas irem dormir? – uma voz masculina se fez presente.

- Deve ser tarde. – disse Athina voltando-se para o pai.

- Amanha teremos um longo dia.

- Tem razão. – Lithos levantou. – teremos muito trabalho amanha.

- E como. – o homem olhou para o céu estrelado. – precisamos dar continuidade a vida e acreditar que dias melhores viram.

Lithos fitou o céu. Precisa ter fé que em breve essa guerra terminaria e com o seu fim talvez ela e Sísifo poderiam levar uma vida normal.

Athina também olhava para o céu, também tinha esperanças em dias melhores.

 

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Na ultima casa, os piscianos estavam reclusos cada qual em seu quarto. Durante o jantar não haviam trocado uma palavra sequer.

Afrodite encostado na janela, observa as luzes das tochas vinda da vila improvisada. Na certa aquela hora Athina já estivesse dormindo. Queria está fazendo a ronda, pois não pensaria duas vezes em ficar perto do vilarejo para protegê-la, mas ordens eram ordens e só lhe restava torcer para que nada acontecesse.

Deu um sorriso ao se lembrar da expressão de espanto dela, ao falar das coisas do futuro.

- É uma graça. – deixou escapar. – e ainda uma criança... – completou balançando a cabeça negativamente. – toma juízo Gustavv.

Deu um leve tapa no braço dirigindo-se para a cama.

- "Athina é uma criança, você só pode protegê-la." – pensou deitando.

Virou, pegando no sono rapidamente. O dia tinha sido cansativo e o seguinte não seria diferente.

Albafica também ainda não havia dormido, contudo estava deitado fitando o teto. A ronda tinha sido tranqüila o que levava a crer que os titãs não estavam por perto, entretanto um ataque poderia acontecer a qualquer momento e temia que a vila fosse o alvo novamente. Mesmo os moradores estando dentro dos limites do santuário era arriscado. Pensou em Athina e no medo que algo pudesse lhe acontecer. Não gostava de admitir e nem se permitia a tal, mas desde muito tempo sentia algo por ela. Era evidente que qualquer aproximação era incabível, primeiro por ser um cavaleiro de Atena e segundo, não necessariamente nessa ordem, por causa de seu sangue.

Era por isso que não gostava de Afrodite, ele apesar de usar o veneno das rosas, poderia tocar em qualquer um, principalmente nela, e tocava para seu desespero.

- "Maldito.." – cerrou o punho.

A raiva aos poucos foi passando, dando lugar a frustração. Quando essa guerra acabasse, e seu condições de voltar para seu mundo Afrodite teria a plena condição de levar uma vida normal, não precisaria de dois cavaleiros de peixes então, o caminho estaria livre para ele e certamente Athina o cruzaria.

Deu um suspiro resignado. Por mais dolorido que fosse o final seria aquele.

- Não me resta escolha. – disse.

 

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Contrariado Miro estava deitado no sofá. Preferia a ronda do que ficar em casa, servindo de "babá". Por sorte Kárdia estava trancado em seu quarto e como não ouvia barulho algum na certa estava dormindo.

- "Pelo menos ele não me torra." – pensou fechando os olhos.

No quarto, Kárdia andava de um lado para o outro.

- Onde coloquei aquela porcaria?

Puxou a colcha da cama jogando-a no chão, não obtendo resultado foi para o baú onde guardava as roupas, pegando as peças atirando pelo ar.

- Dégel vai me matar!

Foi para outro baú, fazendo o mesmo. Não encontrou o tal objeto saindo rapidamente do quarto. Vasculhou os demais cômodos, fazendo uma verdadeira bagunça, ate o quarto de Miro não escapou. Só restando a sala rumou para lá.

- Sai de cima do meu sofá! – gritou ao ver Miro.

Ele ignorou.

- Já mandei sair do meu sofá!

- Tira se for capaz.

- Será um prazer. – sorriu.

Kárdia partiu para cima dele e num gesto rápido deu lhe um soco, contudo Miro segurou.

- Você é muito fraquinho. – segurava o punho dele ainda deitado. – nem precisei me mexer.

- Idiota. – Kárdia puxou o braço com força o que obrigou o outro escorpião a levantar o corpo. – sai logo.

- Não.

Miro não esperava, mas por frações de segundo Kárdia havia sido mais rápido e acertado um chute na canela dele.

- Ai! Idiota! Filho da #$&!

- É a sua mãe!

- Repete! – esfregava a canela.

- Já mandei sair! – o pegou pelo braço praticamente jogando-o no chão. – vai dormir em outro lugar.

- Vai ter volta. – ele mancava.

- Estou morrendo de medo. – disse sem dá atenção, estava ocupado em jogar as almofadas para cima.

- Ficou maluco? Me tirou do sofá para fazer isso?

- Calado! Droga não está aqui! Onde coloquei?

- A garota perdeu a maquiagem? – gargalhou. – perdeu a maquiagem!

- Não me amole! – andava de um lado para o outro. – Dégel vai me matar. – passava as mãos pelo cabelo. – aposto que é um livro raro.

- Perdeu um livro do Dégel? Se ferrou!

- Suma daqui!

- Vai virar picolé. – começou a rir.

- Dégel não faz isso. Ele mal briga com uma mosca.

- Acontece... – com a cara mais debochada do mundo Miro aproximou passando o braço pelo ombro dele, num gesto "fraterno". – se ele for como o Kamus, quando se trata de um livro, pode ser pior que um inimigo.

Kárdia gelou, nisso ele estava certo. Dégel tinha o maior apego com seus livros, um simples amassadinho, o que já acontecera muitas vezes, o deixava irritado o que diria perder um livro.

- Vou ficar com a casa só para mim! – saiu gargalhando.

- Idiota...

Miro foi para o quarto ao abrir a porta...

- KARDIA!

- Arruma! – gritou da sala, segurando o riso.

- Vou reclamar com o mestre. – Miro pegava as roupas espalhadas. – pelo menos deixou a cama arrumada.

Depois de dizer isso é que se deu conta. Foi ate a cama e pegando o travesseiro viu um livro.

-Será esse...? – um dia antes havia achado um livro jogado debaixo da mesa, estranhou pois sabia que leitura não era um habito de Kárdia, foi quando leu na primeira pagina o nome de Dégel. Achou melhor guardar para devolvê-lo, entretanto achou o conteúdo interessante e resolveu ver as figuras antes de entregá-lo. Afinal leitura era só para o Kamus. – é esse... – deu um sorriso malicioso.- Kárdia! Kárdia!

Não houve resposta.

Miro caminhou ate a porta.

- Kárdia.

- O que foi chato? – chegou com o corpo no inicio do corredor.

- É isso que procura? - balançou o livro.

- O LIVRO! Me da aqui.

- Hum... Não!

Miro entrou para o quarto trancando a porta.

- Miro! – batia na porta. – me devolve isso!

- Não! – gritou lá de dentro.

- Abra a porta!

- Eu vou devolver para o Dégel e dizer que o achei jogado, como de fato é verdade.

Kárdia bufou, não poderia nem mentir, pois realmente tinha perdido-o.

- "Como ele foi parar lá?" – coçava o queixo pensando. – abre logo Miro! Ou eu derrubo!

- A casa é sua mesmo...

Bufou novamente.

- Eu te mato. – murmurou saindo.

Miro que ria aproximou da porta colocando o ouvido, parecia que Kárdia tinha desistido. Abriu lentamente a porta e por pouco não foi surpreendido pelo escorpião que esperava aquele momento. Desta vez Miro bateu a porta na cara dele.

- Idiota! Você vai ter que sair daí, eu te pego! – esfregava o nariz.

- Boa noite Kárdia! Sonhe com a neve!

- Idiota. – saiu pisando duro.

Do quarto o dourado ouviu a porta do outro quarto batendo.

- É besta. – jogou o livro sobre uma mesa. – amanha eu continuo a brincar.

Riu para em seguida deitar. No outro quarto Kárdia rogava pragas, ficou reclamando por um bom tempo ate cansar-se e deitar.

 

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Lara voltava de sua casa na floresta, precisava de alguns itens que havia deixado lá e precisaria deles logo de manha. O caminho não era muito longe ate o templo, principalmente se passasse por de trás das doze casas. Andava distraída quando percebeu a aproximação de alguém.

- Não deveria está na sua casa? – indagou com um sorriso nos lábios, ao ver de quem se tratava.

- Perdi o sono. – respondeu simplesmente parando a certa distancia. – e você?

- Só vim buscar algumas coisas. – mostrou uma pequena sacola. – já estou voltando. – disse continuando a andar.

- Como foi na vila?

- Bem. - parou em frente a pessoa. – o alojamento serviu muito bem de enfermaria.

- Há muito espaço ali. – a fitou.

A amazona fitava a íris azuis que a olhava de modo estranho.

- O que foi Deuteros?

- Nada. – desviou o olhar, cruzando os braços na altura do peito. – ficou a tarde toda no alojamento?

- Fiquei. Havia muitos feridos, se Kanon não estivesse me ajudado...

- Ele ate que serve para alguma coisa. – disse com desdém.

- Não fale assim. – sorriu. – não é tão irresponsável quanto aparenta, alem do mais gosto do seu otimismo. – o sorriso aumentou ao se lembrar dele.

Deuteros ficou calado.

- Não faça essa cara. – num gesto rápido a amazona passou por trás, aplicando-lhe uma meia chave, ela era bem mais baixa que ele.

- E você com essas brincadeiras.

- Lembra quando treinávamos? Quando tínhamos a mesma altura eu conseguia te acertar.

- Como você parou de crescer... – disse sarcástico.

- Idiota. – o soltou.

- Anã.

- Eu não sou tão baixa assim! Você e o Kanon tem a mesma altura e não fico pequena perto dele.

Deuteros que trazia um sorriso sarcástico fechou a cara, novamente ela citava o nome dele.

- Deve ser por que somos do mesmo signo. – disse com desdém.

- Ele e Saga... – iniciou sem se importar com o tom de voz dele. – você e o Aspros.

- Não fale o nome dele. – disse ríspido.

- Desculpe...

- É melhor irmos. – passou por ela.

Lara soltou um suspiro, aquele assunto era um tabu para ele, mesmo depois de tanto tempo e agora com os dois gêmeos vivendo perto dele, talvez as lembranças do passado haviam voltado.

Apesar do rumo das coisas, gostava do irmão mais velho de Deuteros, os três sempre se mentiam em encrencas, mas se divertiam.

- Bons tempos... Deuteros me espera.

Ele continuou a andar. Lara teve que apertar os passos para alcançá-lo. O trajeto seguiu em silencio com olhadas despistadas da amazona para o cavaleiro.

- Desculpa.

- Esquece. – não a fitou.

- Espera. – parou a frente dele. – não gosto que fique com raiva de mim.

- Não estou. – a fitou.

Lara sustentou o olhar, às vezes o geminiano a fitava de maneira enigmática, quase sempre não conseguia decifrar, como naquele momento.

- Esta bem. Vamos.

Girou o corpo, contudo pisou em falso, prestes a cair, prevendo isso segurou com força a camisa dele, levando-o a queda. Deuteros acabou caindo em cima dela.

- Você é pesado.

- E você uma lerda.

- Engraçadinho.

Houve um silencio, uma brisa balançava de forma delicada os cabelos azuis do cavaleiro que a fitava de maneira intensa. Lara tentava interpretar aquele olhar, mas não conseguia pensar. Seu coração batia forte e sabia muito bem o porquê. Durante muitos anos escondeu bem no fundo de seu coração o que sentia por Deuteros.

Os pensamentos dele também não eram diferentes, desde a tenra idade via a sacerdotisa com outros olhos, mas tentou ao maximo esconder esse sentimento. Para o bem dela e da missão deles, entretanto tê-la tão perto, sentir tão perto seu perfume, o fazia perder a razão. Instintivamente levou a mão ate o rosto dela, acariciando-o. Lara sentiu um arrepio com o contato.

- Deu...

O nome não foi completado, de forma delicada o geminiano apossou dos lábios dela iniciando um terno beijo. Lara assustou-se, mas foi deixando-se levar pelo contato. Há muito tempo esperava por aquele gesto. Vendo que ela tinha cedido, o cavaleiro intensificou o beijo. A amazona passou a mão pelas melanes azuis e Deuteros a trouxe mais para si. O contato só terminou pela falta de ar.

Deuteros piscou algumas vezes antes de levantar rapidamente. Olhava a de maneira assustada.

- Me desculpe, isso não vai mais acontecer.

Sem dá-la chance de resposta saiu correndo. Lara ainda no chão voltou o olhar para o céu. Os olhos começaram a marejar.

- Eu... – as lagrimas escorriam. – eu te amo... – começou a chorar, tampando o rosto com as mãos.

Deuteros corria, mas a certo ponto diminuiu passando a andar. Aquilo nunca poderia ter acontecido, nunca.

Cerrando o punho deu um soco num tronco.

- Droga... – abaixou a cabeça. – eu gosto de você...

Não muito distante dali, Kanon caminhava. Estava sem sono e resolveu andar um pouco. Não tinha um rumo certo, deixando as pernas lhe guiarem. Pensava nos rumos que a vida tomaria com a proximidade da guerra, mas não era bem nas conseqüências e sim nas pessoas que seriam afetadas, mais especificamente em Lara.

Era fato que desde que a vira pela primeira vez, sentia algo diferente.

- "Tire-a da cabeça Kanon."

Continuou a andar, tentando pensar em outras coisas. Ele tomava rumo para um pequeno bosque atrás das doze casas. Não achava o caminho difícil devido a luminosidade da lua.

- Preciso voltar. – disse olhando ao redor.

Preparava-se para voltar quando sentiu o cosmo de alguém.

- "Lara?"

Rumou para onde sentia, ficando temeroso ao vê-la deitada no chão chorando.

- Lara?

A amazona não escutou.

- Lara.

O cavaleiro aproximou ajoelhando ao lado dela.

- Lara.

Ela tirou a mão que cobria o rosto fitando-o. Por segundos pensou em ser Deuteros, mas...

- Kanon...

- O que foi? Por que está assim? – estava preocupado. – está machucada?

- Não...

- Vem.

Ele a ajudou a sentar.

- O que foi? – delicadamente tocou o rosto dela limpando as lagrimas.

A amazona continuou a derramar lagrimas.

- Xi... – o cavaleiro a abraçou. – tenha calma, eu estou aqui.

Ao longe um par de olhos azuis o fitava com ódio, Deuteros tinha voltado para ter uma conversa séria com Lara, mas ao ver Kanon parou no meio do caminho passando a observar.

- Está assim por causa da guerra não é? – o dragão marinho afagava os cabelos loiros. – já disse para não se preocupar, tudo vai acabar bem.

Ela não conseguia dizer nada, continuando a chorar.

- Escuta. – Kanon a soltou para que ela o encarasse. – estou sem cosmo e mal consigo me proteger mas... – fixou o olhar nela. – nada vai te acontecer. Eu prometo. Te defenderei ate a morte.

Lara piscou algumas vezes, surpresas pelas palavras de Kanon. Ele falava de tal maneira que se sentiu realmente protegida. Por alguns minutos não era uma amazona e sim uma mulher comum. Deuteros que ouvia tudo também ficou surpreso, não espera ouvir aquilo ainda mais dele.

- Nada vai te acontecer. – disse sério.

Não conseguiu falar nada, apenas as lagrimas que vinham novamente. Lara abraçou o cavaleiro fortemente.

O outro geminiano abaixou o rosto, depois das palavras de Kanon tudo havia ficado claro, era evidente que ele sentia algo pela sacerdotisa. No principio revoltou-se, contudo foi tomando consciência que talvez fosse melhor. Apesar de amá-la, não poderia ofertar esse amor a ela por inúmeras razoes. Kanon por sua vez mesmo sendo um cavaleiro, era mais propício a fazer tudo que ele queria fazer mas não podia. Talvez fosse melhor Kanon e não ele a ficar ao lado dela.

Resignado o cavaleiro voltou para casa.

 

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O luar iluminava parcialmente a cama. Shaka suava muito devido o esforço em ficar de pé. Tentou inúmeras vezes, todas infrutíferas. A perna direita doía muito enquanto não sentia nada na esquerda.

- Imprestável... – murmurou sem conseguir erguer o corpo. Cruzou os braços sobre o peito terrivelmente irritado. – vou levantar.

Disse sério, apoiando as mãos na cama e fazendo um grande esforço, girou a cintura obrigando as coxas a fazerem o mesmo movimento. Desceu a perna direita tocando de leve o chão. Apoiou as mãos na cabeceira da cama.

Contou ate três e num impulso levantou, contudo... a queda foi inevitável e por pouco não quebrou o braço ao deixar o corpo cair em cima dele.

- Ai...

Shaka sentiu o corpo todo doer, mas o pior era não conseguir levantar. Ficou por muito tempo atirado no chão.

- "Não consigo... – tentou se mexer, não conseguindo. - eu não tenho serventia... estava errado Giovanni, não vou voltar a andar."

Olhou pela janela, podia-se ver algumas estrelas, sua mente viajou no passado, relembrava seus dias de treinamento, as batalhas enfrentadas e seu titulo de "homem mais próximo de Deus"

- Sou apenas um homem. – deu um meio sorriso. – não posso nem protegê-la. – sua voz saiu amargurada, principalmente por se lembrar das palavras de Mask, com essa guerra Selinsa poderia morrer. Um arrepio percorreu o corpo do virginiano. Aquilo poderia facilmente acontecer e ele não poderia fazer nada. – Atena... por favor... ela não. – pediu.

 

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Não conseguia dormir, a mente estava preocupada. Tentava imaginar o que o destino reservaria ao santuário de Atena. Do alto da varanda de seus aposentos contemplava as estrelas. Desde que assumira a função de grande mestre, uma simples olhada para o céu já era capaz de prever os acontecimentos, contudo, naquela noite, não conseguia ver nada. Parecia que ate as estrelas não sabiam o que estava por vir. Achou melhor ir ate Star Hill. De lá talvez conseguisse tirar pelo menos uma idéia de como agiria dali para frente.

Em um dos cômodos, Hakurei olhava fixamente para os objetos a frente. A esquerda o báculo da Era atual, ao meio, a adaga dourada e ao seu lado o báculo, ambos vindo do futuro.

Estava tão distraído que nem percebeu o irmão aproximar, este seguia para Star Hill, mas parou ao ver o cavaleiro de Altar.

- É um milagre você sem sono. – disse o ex cavaleiro de câncer aproximando.

- É um milagre você fazer piadinhas. – respondeu o outro sem tirar os olhos dos objetos. – estava indo para onde?

- Star Hill. E você em que estava pensando?

- No motivo das armaduras estarem aqui. Não há sentido.

- Também pensei nisso. – o mestre sentou ao lado do irmão. – pelo que disseram estavam em uma festa, logo não estavam usando-as. Se Chronos atacou de repente, não deu tempo deles vestirem, ou ao menos pegá-las. – Sage retirou o elmo, revelando a face.

- O báculo e a adaga foram trazidos por Pontos. – completou o raciocínio. – será que ele as trouxe com algum propósito?

- Acredito que não. Se a intenção dele era dominar o passado, por que ele traria um instrumento que talvez frustrasse seus planos? Alem das batalhas que se iniciam, temos que descobrir o porque disso.

- Mas é o menor dos nossos problemas. Creio que a batalha contra os titãs vai ser terrível.

- Eu sei. – levantou recolocando o elmo. – ficarei em Star Hill ate o amanhecer. Tome conta de tudo.

- Sim.

 

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Em capricórnio Shura e El Cid estavam sentados a porta de casa. Estavam em silencio cada um mergulhado em seus pensamentos. Shura que o quebrou.

- Havia muitos feridos?

- Sim. Marin e eu tivemos muito trabalho. Felizmente conseguimos ajudar a todos.

- Quando eles atacaram no nosso tempo, deixaram um rastro como esse. Rodoria ficou destruída.

- Marin me contou. A senhorita Lithos perdeu os pais nessa ocasião não foi?

- Sim.

- Eles não têm escrúpulos.

- Seus ferimentos recuperaram completamente?

- Sim, estou pronto para o combate.

- É uma pena o meu cosmo não está na totalidade. Nem a armadura consigo vestir. Estou sendo um desfalque.

- Tudo a seu tempo Shura, não se martirize, ainda vamos lutar juntos.

Shura o fitou surpreso. El Cid sempre fora arredio com ele, ate desconfiado, parece que a opinião estava mudando. Simpatizava com ele, achava-o com grande poder e honra

Cid notou o ar surpreso dele, ate ele próprio estava impressionado com suas atitudes, normalmente era arredio com as pessoas, mas tanto Shura quanto Marin inspiravam confiança.

- Compartilhamos o signo, nada mais natural que sejamos companheiros.

- Tiene toda la razión. – Shura estendeu a mão todo sorridente. – juntos vamos derrotar os titãs.

El Cid retribuiu o aperto.

 

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Aioria e Regulus estavam na sala, jogando conversa fora.

- Não é melhor você ir dormir? – Aioria deitou no sofá.

- Estou sem sono. Acho que vou dá uma volta.

- Eu vou com você. – o leonino mais velho deu um salto. – andar vai me fazer bem.

- Não tem importância a casa ficar sozinha?

- Seremos rápido. Só vou avisar a Áurea e vamos.

Rapidamente Áurea foi avisada e os dois partiram.

 

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Em touro seus moradores já tinham ido se recolher. Selinsa que estava lá ate aquela hora foi embora para a casa de Athina.

Em câncer a noite começara com as brigas, faltando pouco para o combate físico. Cada um trancou-se em seu quarto para não verem a cara um do outro.

 

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Mu estava sentado na porta de sua casa, estava sem sono, resolvendo aproveitar a brisa noturna.

- Deveria está dormindo. – uma voz imperativa soou atrás dele.

- Estou sem sono mest... Shion. – corrigiu antes que dissesse algo comprometedor.

- Ao contrario do dia, a noite esta tranqüila. – disse o jovem ariano sentando ao lado de Mu e fingindo não ter escutado o "mestre."

- Isso é preocupante.

- Também está com um mau pressentimento?

- Sim. – o fitou. – sinto que algo vai acontecer.

- Estaremos preparados.

Mu afirmou com a cabeça, apesar do rosto juvenil de Shion ele tinha um grande senso de responsabilidade.

- É melhor você ir deitar. – o futuro mestre levantou. – teremos um dia difícil.

- Eu sei. Espero poder fazer a diferença, já que no futuro... – abaixou o rosto.

- Vai fazer. – tocou no ombro dele. – você é forte e vamos trabalhar juntos.

- Obrigado.

- Boa noite.

- Boa noite.

Shion retirava-se para seu quarto quando resolveu ir ate o templo. Queria conversar com seu mestre. Sem dizer nada a Mu rumou para a saída.

Shion subia calmamente as escadas. Havia passado por Touro, Gêmeos e Câncer não querendo incomodar ninguém. Passaria direto por Leão, se não tivesse lembrado de falar algo com Regulus. Entrou, não querendo gritar pelo nome dele.

Áurea estava sozinha em casa, tinha preferido ficar em casa, para que Aioria não fizesse perguntas demais a cerca do motivo de Lithos ficar na vila. A grega acabava de tomar seu banho, xingando a cada cinco minutos por não ter um chuveiro. Enrolou na toalha saindo. Estava só mesmo, não precisava se preocupar em ser vista. O corredor estava iluminado por lamparinas, que muitas, davam a sensação de iluminação elétrica. Cantalorava enquanto arrumava a toalha no corpo, pois essa, caia.

Shion seguia pelo corredor que levava ate a parte interna da casa, estranhou o silencio, mas preferiu não chamá-lo, talvez estivesse dormindo.

Tudo foi muito rápido, só sentiram um impacto o que afastou-os.

- Perdão. – disse o ariano, sem ver a pessoa.

- Desculpe...

Os dois ergueram o olhar.

- Áurea...

- Shion! – a garota levou um susto, a ponto de deixar a toalha cair.

O cavaleiro arregalou os olhos ao ver o corpo nu. Áurea petrificada não sabia se saia correndo ou se abaixava para pegar a toalha. A essas horas a face estava rubra.

Mesmo com a situação constrangedora, visto pelo rosto vermelho de Shion, ele não se mexeu, continuando a olhá-la. Seu olhar perspicaz examinava cada detalhe. Já não era um olhar envergonhado, ou hesitante e sim com ate certa malicia. Afinal por debaixo de uma armadura de ouro existia um homem, ainda mais com uma explosão de hormônios dentro de si. Áurea sentiu as intenções no olhar dele e por alguns momentos ficou feliz por ele reparar nela, contudo a razão foi voltando e deu se conta do que estava acontecendo. Como um raio pegou a toalha saindo correndo para o quarto. Shion só se deu conta quando escutou a batida violenta da porta.

Do lado de dentro, escorada na mesma, Áurea esperava seu coração bater mais devagar. A face ainda estava vermelha.

- Que vergonha... – murmurou. – o grande mestre me viu pelada. – levou a mão ao rosto tampando-o. – que vergonha.

Shion continuava parado, não sabia se ia embora ou se ia pedir desculpas pelo ocorrido.

- "Como sou burro, nem para virar para o outro lado. – pensava nervoso. – ela deve me achar um pervertido. Logo eu."

Ensaiou um passo, para parar. Ela nunca mais falaria com ele, isso se não contasse para Hakurei o ocorrido.

- Sou burro! – balançou a cabeça negativamente.

Deu as costas, não teria coragem de pedir desculpas e poderia ser pior. No dia seguinte a procuraria e explicaria tudo. A passos duros tomou o rumo da saída.

No quarto, Áurea vestia a roupa. Nunca mais teria coragem de olhá-lo, na certa ele estaria pensando coisas desagradáveis dela.

- Burra. Isso que dá andar assim pela casa. – jogou o corpo na cama.

Shion subia correndo as escadas, seus pensamentos porem não saiam da visão da garota, ainda mais "certas partes" que estava "bem visível."

Parou, tentando se concentrar.

- Para de pensar nela, aquilo foi um equivoco e amanha você pedirá desculpas. – dizia a si mesmo. Soltou um longo suspiro. – é melhor pedir desculpas agora.

Começou a descer, tentando não pensar em nada. Na porta de Leão, tirou a camisa para fora da calça a fim de "esconder" a perversão.

Parou na porta do quarto.

- Áurea. – chamou ao invés de bater.

Ao escutar o nome, levantou posicionando-se atrás da porta. Ainda não acreditava que ele tinha voltado.

- Áurea. – insistiu mais uma vez.

A garota permaneceu em silencio, não teria coragem de encará-lo depois de tudo. Shion esperou mais um pouco, deu um suspiro desanimado por ela não atende-lo.

- "Ou deve está dormindo ou com ódio de mim." Áurea me desculpe.

Ele não esperava resposta, mas tão surpreso ficou ao ver a porta sendo aberta. Áurea escutando o pedido resolveu abrir.

- Shion. – disse com rosto vermelho e incapaz de encará-lo.

- Me desculpe. – disse de uma vez igualmente corado. – eu não ti-ve inten-çao, agi er-rado ao entrar e não cha-mar. – gaguejava. – eu não sou da-do a es-sas coisas, que-ro dizer, eu sou ho-mem, mas não sou perver-tido.

Áurea queria sorrir, mas talvez o deixasse ainda mais nervoso. Era uma graça, o constrangimento dele. Uma cena rara vê-lo gaguejando, Dohko era o único sortudo ao ver essa face do ariano.

- Me descul-pe... – abaixou o rosto ainda mais envergonhado diante do silencio dela.

- Tudo bem.

Para a surpresa dele, a grega tocara seu rosto, fazendo-o encará-la.

- Não se preocupe, foi incidente.

Ele apenas concordou, ainda meio assustado.

- Mas queria que me prometesse uma coisa.

- Cla-ro.

- Prometa que vai se cuidar. Que não vai querer dar uma de herói e arriscar sua vida. Não sabe o quanto é importante.

Shion ficou surpreso com as palavras dela. Esperava outra reação, no entanto ela era afetuosa com ele. Intimamente estava feliz por ela se preocupar.

- Promete?

- Prometo.

Ela sorriu.

- É melhor eu ir, já está ficando tarde.

- Boa noite. – num gesto carinhoso a grega depositou um beijo na testa do ariano.

- Boa noi-te.

Afastou ainda vermelho, contudo não deu nem três passos parando.

- Áurea.

- Sim?

- Promete que tomará cuidado? Não me perdoaria se algo lhe acontecesse.- os olhos antes assustados estavam amenos.

Foi à vez de Áurea se surpreender.

- Prometo.

Ele sorriu, saindo em seguida. Áurea fechou a porta atrás de si. Estava feliz por ele se preocupar com ela.

 

X.x.X.x.X.x.X


Marin voltava da vila improvisada. Ao lado de Lara e Selinsa cuidara dos últimos pacientes mais urgentes. El Cid insistira para permanecer ao lado dela, mas a amazona disse que não era preciso e que ele precisava descansar por causa dos ferimentos recentes.

Havia passado por um caminho que dava em Leão, entrou apenas para ver como estavam Aioria e Regulus e seguiu seu caminho em direção ao templo de Athena.

Andava de maneira distraída, pensando no irmão. Aquela conversa ocorrida com Cid a fez relembrar o passado. Vez ou outra permitia-se um riso ao lembrar de quando eram crianças e as brincadeiras que faziam juntos. Estava tão absorvida nas lembranças que nem se deu conta que entrara no templo de Virgem, lugar o qual queria evitar ao maximo.

Dentro do templo, em posição de Lótus, Asmita acompanhava a amazona desde a sua saída da vila. Deu um leve sorriso ao vê-la entrar em sua casa.

Saiu de sua posição, caminhando de encontro a ela, sem antes, elevar um pouco o cosmo, fazendo uma correntinha aparecer em seu pescoço.

Achando que não havia ninguém na casa, Marin retirou a mascara. Trazia –a na mão quando começou a sentir o cosmo do virginiano. Deu um suspiro resignado por ter se esquecido de evitar aquele local. Mas como já estava lá apenas daria "boa noite."

Logo os dois caíram no campo de visão um do outro. A amazona evitava olhá-lo enquanto o cavaleiro fixava a atenção nela.

- Boa noite amazona.

- Boa noite. – respondeu de maneira cortes, mas sem parar de andar.

- Volta da vila? – indagou forçando-a parar.

- Sim. – virou-se para ele parando o olhar em seu pescoço.

Asmita sorriu internamente, ela vira o colar. Tinha em mente chamar-lhe atenção pelo fato de se tornar amazona por motivos egoístas.

- Foi um ataque cruel. – disse por dizer, só esperando ela perguntar sobre o objeto para falar.

Contudo a pergunta nunca veio, alheia a tudo Marin olhava fixamente aquele colar. Era exatamente igual ao que o irmão tinha. Deixando Asmita surpreso a japonesa levou a mão ate o pescoço dele tocando o objeto.

- É parecido... – murmurou.

O cavaleiro impressionado ficou calado, jamais esperava aquela reação dela. Achava que quando ela o visse, começaria a brigar, pois julgaria uma afronta.

- Se parece muito. – brincava com o objeto, dando um leve sorriso. – já vou indo. Boa noite. – afastou-se.

Asmita continuou parado. Por que ela não brigara com ele?

Marin já estava na saída. Estava surpresa por Asmita possuir um objeto semelhante.

- Espera.

Ela parou bruscamente, ao ter seu braço retido.

- Asmita?

- Me diga o por quê? – a voz saiu fria.

- De...? – não tinha entendido.

- Estou com isso! – balançou o pingente. – não vai me recriminar?

- Não estou entendo Asmita.

- Não se faça de santa. – apertou ainda mais o braço dela. – sabe muito bem o que é isso.

- Juro que não estou entendo, mas quer me soltar? Esta me machucando.

- Sua amazona egoísta. Entrou no santuário por causa disso!

Marin arregalou os olhos, agora havia entendido, aquele colar não pertencia a ele...

- Já entendi. – puxou seu braço de forma bruta. – era uma brincadeira não era?

- Sim.

Ela ia retrucar, contudo parou. Como ele sabia daquela historia?

- Como sabe? – indagou seca.

- Sua conversinha amigável com capricórnio. – sorriu. – estava atento a ela.

- Mas... estava lá em pensamento. Quer dizer que nos vigiava. – deu um sorriso irônico. – como cavaleiro de ouro não deveria está preocupado com sua casa? Ao invés de se preocupar com os outros? Alias, você não vai com a minha cara não é? Por que me detesta? O que foi que eu fiz?

- Por que é uma pessoa sem objetivo.

- E isso não diz respeito a mim? Se tenho ou não um objetivo o problema é meu! – estava irritada. – vê se me deixa em paz Asmita de virgem! – deu as costas, porem teve seu braço retido novamente.

- Eu ainda não acabei. – a voz saiu fria.

- Não temos nada mais a falar. – puxava seu braço. – quer me soltar?

- Não consegue? – sorriu cinicamente. – a senhorita Águia não consegue se soltar? – riu.

- Me deixe em paz!

- Se eu não quiser. – aproximou-se dela a ponto de sentir sua respiração. – vai fazer o que?

- Você é um cretino.

- Eu sei que sim. – o rosto ficou bem perto do dela.

Marin estava vermelha de raiva, devia respeito aos cavaleiros de ouro, mas aquele sujeito não o merecia.

- Me solta. – o tom saiu ainda mais ameaçador.

- Tente.

A ruiva pensava numa saída, contudo aquele cheiro de incenso mexia com seus pensamentos. Asmita também estava com os sentidos alterados, não via o rosto dela, mas o cheiro que vinha da sua pele o desnorteava.

- Não vou pedir de novo.

- Não vai adiantar. – o cavaleiro obrigou-a a dar dois passos para trás, o que fez com que ela ficasse encostada numa pilastra.

- Asmita me solta.

- Está com medo? Não sou cruel o bastante para uma luta tão desigual.

- Asmita...

Não vieram mais palavras, o cavaleiro encostou seus lábios nos dela iniciando um beijo. Marin cedeu, não conseguia se manter serena com ele por perto, o mesmo podia-se dizer do virginiano. Aquela amazona mexia com ele.

- Idiota.

Recuperando o controle, Marin deu um soco no estomago dele, fazendo-o recuar.

- Afaste-se de mim! – bufava pelo golpe e pelo beijo.

- Mulher tola. – as mãos estavam na barriga. – como se atreveu.

- Se chegar perto de mim de novo vai levar outro.

- Como se atreveu... – a voz saiu com ódio, o que fez com ela temesse.

- Estou avisando. Não chegue perto de mim.

- Vai se arrepender... – ele já ia para perto dela...

- Por que não fica longe dela.

Os dois se assustaram com a voz. Acabando de descer as escadarias El Cid parou a pouco.

- Cid? – ao mesmo tempo que suspirava aliviada temia que ele tivesse visto o beijo. Rapidamente recolocou a mascara.

- Não tem modos cavaleiro? – o olhar dele era frio.

- Não se intrometa, isso é entre eu e ela. – não gostou da interrupção, ainda mais por se tratar dele.

- Errado, isso é entre mim e você. - caminhou ate parar a frente dela. – ele te fez alguma coisa? – indagou a ela.

Marin ficou calada, se ele perguntara era sinal que não tinha visto nada? E estava certa. Sem sono El Cid resolveu caminhar, passaria por um caminho alternativo se não tivesse sentindo o cosmo de Marin, pegou a discussão no final e do ângulo que estava não presenciou o beijo.

- Não me fez nada.

- É melhor você ir.

Sem pestanejar, a amazona saiu de lá. Asmita acompanhava-a subir.

- E quanto a você. – o espanhol aproximou de maneira perigosa. – fique longe dela, ou esqueço que é um defensor de Atena. Isso se você for.

Deu as costas deixando um virginiano possesso.

- "Vocês dois me pagam."

 

X.x.X.x.X.x.X


Os aquarianos estavam reclusos na biblioteca, tanta Dégel quanto Kamus consultavam os livros para encontrar mais informações sobre os titãs e também uma maneira dos cavaleiros voltarem para o futuro.

- Todos os livros que falam sobre Chronos não mencionam viagem no tempo. – disse Dégelajeitando os óculos.

- Creio que só ele sabe como voltarmos, mas isso não é o mais importante e sim derrotamos Pontos e os outros. Temo pelos reais objetivos dele. – Kamus fechou um livro colocando-o sobre a mesa.

- Reais motivos?

- Quando lutamos da primeira vez, Pontos não tinha como objetivo principal trazer Chronos de volta ao contrario dos outros titãs. Infelizmente ele foi derrotado antes de descobrirmos suas reais intenções.

- Acredita que Pontos esteja usando os titãs?

- É uma possibilidade. – disse pensativo. – hum... Dégel.

- Sim?

- Você trabalhou muitas vezes diretamente com o mestre Sage não é?

- Sim.

- Você sabe o que tem debaixo da estátua de Athena?

- Embaixo da estátua? – repetiu a pergunta de forma surpresa. – não há nada. Pelo menos não que Sage tenha me falado.

Kamus observou o amigo, parecia que ele dizia a verdade, alem do mais Sage pode ter omitido isso dele, o que era perfeitamente normal, ou talvez por causa das mudanças nos acontecimentos o objeto que "deveria" está lá, estaria em outro lugar.

- Existe algo embaixo da estátua?

- Não. – mentiu, não era de seu feitio, mas certas informações eram melhor ficarem omitidas. – pensei que tivesse, ...algum objeto mitológico.

- Se existe só pode está em Star Hill.

- É... – respondeu de maneira pensativa, era uma possibilidade. – mudando de assunto... e quanto a Kárdia?

- Não tem como impedi-lo. – Dégel guardou os óculos. – já tentei inúmeras vezes persuadi-lo, mas conhece o gênio de escorpião. – sorriu.

- Se conheço.

- Claro que ao menor sinal de problemas vou pará-lo, mas quero dar-lhe um voto de confiança.

- É uma criança e muito teimosa por sinal. – Kamus deu um leve sorriso. – mas é forte.

- Kárdia só tem tamanho, só pensa em brigar. Demorei a entender o jeito dele.

- Vocês parecem ser bons amigos.

- Somos e as pessoas não conseguem entender como temperamentos diferentes podem se dar bem. As vezes nem eu consigo entender.

- Miro e Kárdia não são diferentes, exceto pelo gosto da batalhas do Kárdia e o gosto por mulheres pelo outro. Que por sinal, ele está bem quieto. Mas quanto ao quesito teimosia só diferem pela idade.

- Isso que torna as relações humanas tão interessantes. – Dégel caminhou ate a janela. – o temperamento de um, com o temperamento do outro, nasce uma amizade.

- Pode deixar que também tomarei conta dele. – Kamus aproximou.

- Vamos tomar conta dos nossos "irmãos" mais novos.

 

X.x.X.x.X.x.X


Pontos do alto da torre observava a paisagem.

- Pontos. – Iapeto aproximou.

- Avisaste a todos?

- Sim.

- Perfeito. – sorriu de maneira vil. – o fim do santuário está próximo.

O sol tinha nascido a pouco, os moradores da vila e do santuário estavam de pé para o inicio de mais um dia...

... Lithos e Athina estavam na vila...

... Sage continuava em Star Hill...

... Lara que tinha chorado no ombro de Kanon ate pegar no sono, foi levada por ele ate a sua cabana, assim que amanheceu os dois partiram rumo ao templo, passando por um dos caminhos fora das doze casas...

... Selinsa seguiu para o templo atrás de Lara...

...Marin que tinha acordado cedo seguia para a vila sozinha...

... mal sabiam que aquela manha seria tumultuada...

Selinsa estava no templo à companhia de Hakurei.

Faltava pouco para o geminiano e Lara chegarem a entrada do templo e Marin estava nas escadarias que levavam a Virgem. Pensava na noite anterior, no beijo de Asmita e nas atitudes de Cid. Os dois eram completamente diferentes, como água e vinho. Asmita era um grosso arrogante e Cid um cavalheiro. Balançou a cabeça negativamente pois não era hora para pensar naquilo.

Na entrada do santuário...

- Continua o mesmo lugar patético. – Créos ergueu sua cimitarra.

- Sem espetáculos Créos. Nossa missão é outra. – disse Temis.

- Senhores e senhorita a nossa hora chegou. – Pontos deu um sorriso.

Uma nuvem escura cobriu o céu, as pessoas comuns pensaram em se tratar de um forte temporal se aproximando, nas doze casas, a rotina continuava, pois nenhum cosmo inimigo era sentido.

- Nossa missão principal é recuperar a Megas Drepanon dessa Era, debaixo da estatua de Atena, mas por que não provocamos alguns estragos? - Pontos virou o rosto. – Créos faz a honra?

- Será um prazer. Aster Cyclo!

A terra tremeu, o poderoso cosmo de Créos ganhou proporções imagináveis e seu ataque partiu em direção a primeira casa, atingindo-a em cheio. De Touro ao templo os cavaleiros sentiram o ataque.

- Não é possível. – Dohko correu ate a entrada da oitava casa. – eles...

Capricórnio...

- Esse cosmo... – Shura estava a posto.

- Eles estão aqui. – El Cid estava com sua armadura.

No templo...

- Impossível. – Hakurei via a cortina de fumaça subir aos céus.

Perto do templo...

- O que foi isso? – Lara sentiu a terra estremecer.

- Os titãs estão aqui.

Terceira casa...

- Como se atreveram? – Saga cerrou o punho.

- Prepare-se cavaleiro. – Deuteros estava de posse de sua armadura. – a guerra começou.

 

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Parte de Áries estava destruída, seus moradores, no entanto, estavam a salvo.

- Você está bem? - indagou Shion.

- Sim.

- Tiveram a audácia de virem ate aqui. – Shion colocou sua armadura. – não podemos deixá-los passar.

Mu concordou. Não esperava que eles viriam para um confronto direto. Chamou por sua armadura, contudo ela não obedeceu.

- Não entre em confronto direto. – disse Shion preocupando-se com a situação. Se com Mu acontecia aquilo, não seria diferente com os outros.

Do lado de fora...

- Vamos. – ordenou o deus primordial.

Os cinco avançaram em direção a primeira casa.

 

Obs: as lutas ocorreram simultaneamente


Áries

A nuvem de poeira preenchia o local, os cinco caminham firmes, não dando importância por não sentirem cosmo de ninguém.

Iapeto seguia na frente quando foi parado por Céos.

- O que foi?

- Há uma barreira. – disse com os olhos fixos a frente.

Os olhares dirigiram-se para onde ele olhava. Diante deles algo brilhava em dourado.

- Esses humanos são patéticos. – Temis tomou a frente e com um simples encostar de dedo destruiu a barreira.

- Destruiu facilmente a minha parede de cristal. O que prova que tem força.

O som de passos ecoou pela sala, trajando a sagrada armadura de Áries, Shion surgiu diante deles, com Mu ao seu lado.

- É melhor afastar cavaleiro de Atena, não temos a intenção de matá-lo. – advertiu a deusa.

- Não passarão daqui.

- E o que pensas fazer? – Créos sorriu. – vai lutar sozinho contra nós cinco?

- Ele não está sozinho. – Mu deu um passo à frente.

- Não me faças rir cavaleiro. – Iapeto desdenhou. – está sem armadura, não passa de um humano qualquer.

- Não temos tempo a perder com simples cavaleiros. – disse Pontos. – Temis encarregue-se deles, vamos continuar.

- Sim.

- Não vão passar.

Shion tomou posição.

- É o que veremos. Hecatônquiro. – Iapeto despejou seu poder.

Shion foi pego de surpresa.

- Cuidado.

Mu que conhecia bem o ataque, criou uma parede de cristal para proteger a si e ao seu mestre, contudo, por causa da alteração de seu cosmo, não surtiu efeito, sendo os dois atingidos.

- Mu você esta bem?

- Estou. – o ariano sangrava. – "sem armadura meu corpo não vai suportar."

- Não se intrometa Iapeto. – Temis o olhou ferina. – essa luta é minha.

- Como quiseres.

- Não demore Temis. – disse Pontos voltando a andar.

- Não vão passar. – Mu estava levantando.

- Espere. – Shion o reteu. – deixe-os com os outros. – não vamos conseguir segura-los.

- Mas...

- Deixe com os outros. – o fitou.

A contragosto Mu aceitou. Shion voltou o olhar para Temis. Ela era forte, mas sua preocupação maior era com o ariano do futuro. Sem armadura ou cosmo ele corria risco iminente.

Os quatro titãs passaram sem qualquer problema.

- Mu. – chamou Shion sem tirar os olhos de Temis. – como está seu cosmo?

- Oscilante.

- Consegue lançar um ataque?

- Acho que sim.

- Não devemos prolongar essa atacar juntos.

- Sim.

Os dois levantaram posicionando-se um do lado do outro.

- Pronto?

O ariano de melanes lilases concordou com a cabeça. O cosmo dos dois começaram a elevar.

- Extinção Estelar! – gritaram os dois.

O cosmo oscilante de Mu não produziu um ataque perfeito, contudo uniu-se ao de Shion que partiu em direção a Temis.

- È inútil. – murmurou a deusa.

Elevou seu cosmo levemente, mas o que fez que os ataques dos arianos passassem direto.

- Não é possível! - exclamou

Ao contrario de Shion, Mu não se espantou. Ele sabia o quanto aqueles titãs eram fortes.

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

As batalhas começaram, só um lembrete: a fic se passa três anos antes da guerra de Hades então é possível que estranhem os cavaleiros de Lost Canvas serem fracos, no contexto da minha fic muitos deles receberam a armadura a pouco tempo, mas com o tempo vão melhorar e nossos dourados recuperaram os cosmos, não todos de uma vez, isso vai ser aos poucos.

Ad sumus: "Aqui estamos"