Temporits Actis escrita por Krika Haruno


Capítulo 15
Capítulo 15: Si vis pacem, para bellum


Notas iniciais do capítulo

Leitores, mil desculpas pela demora.

(já peço desculpas antecipadas pelos proximos capitulos)



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Aioria descia atrás com o rosto fechado, não tinha gostado da idéia da irmã voltar a Sagitário.

- Não fique assim. – MM deu um sorriso maldoso, daqueles prontos para soltar uma piadinha. – no final das contas ele não é sagitariano? Está em família.

O leonino o fitou felino.

- Suma daqui.

- Só fiz um comentário...

Áurea e Marin mais a frente tentavam abafar o riso.

- Você se preocupa de mais Aioria. – disse Áurea. – Lithos não esta correndo perigo.

- Ah não... – disse irônico. Estava preocupado sim, não com receio de algo acontecer-lhe fisicamente, sabia perfeitamente que Sísifo jamais deixaria algo acontecer, seu receio era porque notara olhares diferentes de ambas as partes. Já estava ficando um pouco evidente que os dois estavam "encantados" um pelo outro, contudo a situação deles era um pouco delicada. Sísifo era um cavaleiro e como tal tinha regras as seguir. Por mais que algo forte os unisse, com uma guerra tão próxima dificilmente esse amor seria consumado. E se o sagitariano fosse tão compromissado com seu dever, não cederia a essas vontades o que poderia deixar sua irmã magoada. Não queria ver Lithos sofrendo.

Mergulhado nesses pensamentos passou por Escorpião, Libra chegando a Virgem.

O grupo passaria direto, principalmente ao ver que seu morador parecia está meditando. E estava mesmo. Asmita nem daria o trabalho de olhá-los se sua atenção não fosse desviada para uma pessoa. Deu um fino sorriso ao sentir o cosmo da amazona.

Marin passava direto para não ter perigo de conversar com ele. Estava indignada por nem se preocupar pelo estado de Shaka.

- Bom dia. – disse, obrigando-os, por causa do cumprimento, a pararem.

- Bom dia. – responderam Áurea e Saga, os demais ficaram calados.

- Como Shaka está? – indagou sem sair da posição.

- Ferido, mas nada grave. – disse Saga vendo que os demais não responderiam.

- Não tenho porque me preocupar. Mesmo com o ferimento da perna esquerda, ele logo voltara a andar.

Aioria, Áurea, Saga e MM olharam entre si sem entender. A amazona fitou-o imediatamente.

- Por que a surpresa? – indagou a ela. – claro que sei o que acontece com ele.

- Ainda bem. Já estava pensando que alem de arrogante era insensível.

- Obrigado pelos elogios. – sorriu.

- "Idiota." – pensou.

- Está mais tranqüila? Seu afeto melhorou.

Ninguém na sala entendeu, a não ser a pessoa a qual as palavras foram dirigidas. Marin faltou voar no pescoço dele.

- Preocupe-se em proteger Virgem. – disse saindo irritada.

Os demais ainda sem entender apenas a acompanharam. Marin descia na frente.

- "Sujeito petulante, arrogante, insuportável." – xingava. – chato!

- Marin?

- O que foi? – indagou irritada.

- Nada. – Aioria recuou. – deixa para lá.

- Aquele cara é esquisito. – comentou MM.

- Esquisito? – a amazona voltou a atenção para ele. – ele é insuportável!

- Aioria!

Um grito chamou a atenção deles. Na porta de Leão, Regulus acenava.

- Aioria! – o pequeno leonino subiu correndo as escadas, dando um forte abraço no leonino mais velho.

- Como esta Regulus? – brincou com os cabelos dele.

- Desculpe. Por minha causa se feriu.

- Não se preocupe.

- Áurea você esta bem? – olhou para a grega.

- Estou sim. Felizmente aquele titã não me fez nada.

- Eu soube do ataque... a vila... – disse entristecido.

- Vamos cuidar disso moleque. – MM voltou a descer as escadas. – os titãs vão se arrepender pelo que fizeram.

- Tenha a certeza. – confirmou Saga voltando a andar.

- Espero que sim. – disse mais confiante. – e a Lithos?

- Ficou para trás. – Aioria torceu o nariz.

Regulus o fitou sem entender olhando em seguida para Marin.

- Não tente entender. Vamos?

Concordou dando nos ombros.

Aioria, Marin e Áurea param em Leão. MM ficou em câncer enquanto Saga seguiu para Gêmeos. Estranhou não ver ninguém indo para Touro, igualmente vazia, indo então para Áries.

Sentiu cosmos conhecidos na entrada da primeira casa.

- Saga! – Kanon abraçou-o. – que alivio.

- Estou bem.

- Que bom que se recuperou. – Shura tocou no ombro dele.

- Pronto para dar um ponto final nessa historia. Shion, o mestre disse para nos encontrarmos a hora do almoço.

- Tudo bem. Mu e Aldebaran, Saga e Kanon e Dohko e Manigold podem fazer a ronda agora?

- Perfeitamente. – disse os geminianos.

- Muito bem. Encontraremos no templo a hora do almoço.

- Tem noticias do Shaka? – indagou o capricorniano.

- Tenho. – o rosto de Saga ficou sério, o que preocupou a todos. – e não são boas.

- O que ele tem? – a julgar pela cara do irmão, Kanon deduziu que era grave.

- Lara não deu certeza, mas parece que os ferimentos da perna dele não eram simples e podem deixar seqüelas.

- Que tipo de seqüelas? – Hasgard pareceu preocupado.

- Ele não vai poder lutar por um bom tempo. – disse, sem dizer o que realmente achava, não queria preocupá-los ainda. Talvez fosse uma fase passageira do virginiano.

- Por isso temos que nos esforçar. – a voz de Sísifo fez se presente. – e terminar logo com essa guerra.

- Aonde vai? – indagou Kárdia vendo com a urna.

- O mestre Sage me enviou numa missão. Não demoro. Enquanto isso Shion será responsável por tudo.

- Sim. – concordou o ariano.

- Tomem cuidado. – passava pelos companheiros. – boa sorte.

- Para onde ele vai...? – Kárdia o olhava desaparecer desconfiado. – ele não pensa em ir atrás dos titãs pensa? – arregalou os olhos.

- Não seja idiota. – disse Miro. – O mestre Sage é sensato demais em mandar apenas um cavaleiro para tal missão.

- Me chamou de que?

- Alem de idiota é surdo?

- Repete. – Kárdia partia para cima dele.

- Você vem comigo. – Kamus o pegou pelo colarinho. – Vamos no seu lugar Saga.

- Tudo bem. – não contestou, pois sabia que se aqueles dois ficassem juntos seria um problema a mais.

- Dispensados. – disse Shion querendo terminar com aquilo rapidamente. Queria ver Áurea.

 

X.x.X.x.X.x.X


Sentado numa poltrona de veludo Pontos saboreava uma taça de vinho. O ataque de Iapeto havia sido um sucesso e tudo ia conforme seus planos.

Seus pensamentos foram desviados ao escutar passos em sua direção, os olhos azuis fitaram a figura majestosa de Céos que aproximava.

- Algum problema nobre titã? – indagou.

- Nenhum. Soube da investida de Iapeto. Causou uma grande destruição.

- Ele como sempre é exagerado. – deu um sorriso cínico.

- O que pretendes com tudo isso?

- Destabilizá-los. Com a vila humana em pedaços mediram todos os esforços para reerguê-la e aí...

Céos o fitou sem entender.

- Ate agora apenas demos pequenos golpes, está na hora de aplicarmos o golpe final. – sorriu.

- E o que seria?

- Megas Drepanon

- Pretendes ir diretamente? – tentou não demonstrar surpresa diante da revelação.

- Correção pretendemos. Vamos dá-los a honra da nossa presença.

- Certo. O humano irá conosco?

- Não. Por enquanto ele é minha carta na manga.

- Confias demais nele. Um ser que já foi cavaleiro de Atena não é de confiança.

- Não se preocupe. – tomou o restante do vinho. – ele está nas minhas mãos. Alem do mais nutre um profundo ódio contra o santuário, não irá nos trair.

- Tenho minhas duvidas, mas espero que seu argumento tenha sido excelente.

- Tenha a plena certeza.

- Certo. Irei me preparar.

Céos acenou saindo em seguida. Não confiava nem no humano nem em Pontos, mas por enquanto tinha que acatar suas ordens e o plano de agora, pelo menos parecia sensato e útil, não igual aos anteriores, ataques infantis contra míseros humanos.

- "Vamos colocar um ponto final nisso." – pensou.

Pontos observava o titã se afastar, Céos era forte, mas não suficientemente confiável para revelar todos seus planos.

- Há minha hora está chegando. – sorriu.

- E a minha também. – disse uma voz vinda do corredor.

- Posso matá-lo por ouvir conversas de deuses sem autorização.

- Precisas de mim. – a figura se fez presente revelando seus orbes azuis cínicos. – não pode me matar.

- Sua petulância me comove cavaleiro.

- Obrigado pelo elogio. – fez uma reverencia. – pena que não poderei ir nessa missão. Seria um prazer.

- Por enquanto não. Tenho outros planos Aspros.

 

- FFB-


O vento gelado cortava a pele, o silencio apenas era quebrado pelo ruivo raivoso do ar.

Mergulhado naquele gelo eterno um homem jazia adormecido, contudo sua mente trabalhava avidamente. Uma única imagem repetia inúmeras vezes: sua tentativa de assassinar o mestre do santuário de Atena.

Não muito distante dali uma figura vestido de negro observava o homem. Estava a procura de um servo fiel e encontrou nele a pessoa perfeita. Com um sorriso sádico nos lábios caminhou ate ele parando a frente.

- Tem o coração repleto de ódio. – disse, os cabelos loiros balançavam fortemente com o vento. – és um ser tão maléfico que qualquer lugar neste inferno lhe cairia bem. Acorde. – disse com autoridade.

Um poderoso cosmo saiu da figura indo para o homem preso. Aos poucos foi despertando.

- Onde... – olhava para os lados quando reparou que havia alguém ali. – quem é você?

- Tu és cavaleiro de Atena?

- Fui... – os olhos azuis o fitaram com desconfiança.

- Noto que tens um profundo ódio contra tua deusa e o local que ela protege.

- Quem é você? – a voz saiu dura.

- Alguém... – o homem agachou diante dele. – que tem o poder de te dar o que tanto desejas, Aspros de Gêmeos.

- Se tem esse poder pode me tirar daqui?

- Evidente. Basta que entremos em acordo.

- O que quer de mim?

- Muitas coisas, mas a mais importante... a localização de certo objeto. Apenas o grande mestre tem a localização precisa, eu sei que conheces todos os segredos dos anciãos do santuário. Diga o que eu quero e te farei mestre.

- Fechado. – sorriu de maneira vil. – contarei tudo que quiser, senhor...

- Pontos. – levantou sorrindo confiante. – o único deus da Terra.

 

-FFB-


X.x.X.x.X.x.X


Depois de dispensados cada um tomou o rumo de sua casa. Os cavaleiros que moravam acima de Gêmeos já tinham subido. Saga e Kanon subiam lentamente as escadas que levavam ao seu templo e Deuteros seguia atrás em silencio.

- Você está bem mesmo? – indagou Kanon pela quinta vez.

- Estou. – respondeu seco já estava cansado das perguntas.

- Não precisa responder desse jeito. Só fiquei preocupado.

- Você? – o fitou debochado. – conta outra.

- Somos irmãos! Não é fingimento seu desalmado.

- Ta bom Kanon. – deu nos ombros. – que seja.

Deuteros observava-os.

- Seu ingrato. Mas mesmo assim...

Kanon com sorriso irônico passou o braço pelo pescoço de Saga apertando com um pouco de força.

- Eu te amo.

- Para Kanon! Não me amole.

- Declaro todo o meu amor e é assim que diz? – fez cara de entristecido. – que crueldade com seu irmão menor.

- Menos, está bem? Menos. – a voz saiu irritada.

- Ingrato. – cruzou os braços parando.

Saga parou ao vê-lo com o rosto fechado.

- Continua criança. – a voz saiu branda, com um fino sorriso nos lábios. – anda logo.

Kanon armou seu sorriso mais lavado indo atrás do irmão. Quando chegou perto deu novamente uma gravata, contudo sendo mais rápido Saga reverteu o ataque prendendo-o.

- Te peguei. – sorriu.

- Você sempre faz isso. – ficou emburrado. – golpe baixo.

- Não reclama.

Os dois riram, Deuteros que não perdia cada detalhe da cena, pensava no seu passado.

 

-FB-


- Teu ombro está doendo Aspros? – indagou um garoto que usava uma mascara.

- Eles nunca têm piedade. – disse um outro, de cabelos azuis iguais o da mascara, ignorando a pergunta. – fico feliz que esteja bem.. – o fitou.

- Sou apenas uma sombra... – abaixou o rosto.

- Pare de dizer isso. Me tornarei forte Deuteros. – cerrou o pulso. – aí não precisará de usar essa mascara. Viveremos de maneira digna.

Deuteros o fitou, admirava o irmão e queria que ele chegasse ao topo.

 

-FFB-


O geminiano do passado fitava os irmãos trocarem "socos" carinhosos.

- "Poderia ter sido diferente?" – indagava-se.

 

X.x.X.x.X.x.X


Em leão Áurea, Lithos e Regulus encarregavam-se da comida. Marin tinha voltado para o templo, ver se Lara precisava de ajuda. Aioria que havia chegado a pouco estava sentado no sofá. Estava com os pensamentos na irmã e no rumo que a situação dirigia. Nada tirava-lhe da cabeça que ela e o cavaleiro de sagitário tinham algo e temia isso.

- Lithos! – gritou.

- O que foi? – apareceu correndo enxugando as mãos num pano. – para que gritar?

Ele não respondeu apenas fitando-a.

- O que foi?

- Vem cá.

A garota aproximou sentando ao lado dele.

- Pode me prometer uma coisa?

- Xi... lá vem... – virou os olhos. – não prometo nada.

- Lithos. – seu tom de voz era sério.

- Está bem prometo, o que é?

- Talvez com essa guerra tudo acabe mal...

- Lá vem você com essas conversas.

- Deixa eu terminar. Mas pode ser que o final dessa guerra seja positivo e melhor ainda se encontrarmos um meio de voltar para o futuro. Apesar de não existir mais nada, se pudermos voltar...

- Seria bom. – completou a frase sem entender.

- É isso que quero que me prometa. – pegou nas mãos dela. – mesmo que o final seja bom, se tivermos uma maneira de voltar para o futuro quero que me prometa que vai voltar comigo.

- Mas.. – não estava entendo.

- Mesmo se tiver paz nesse mundo, promete que vai voltar comigo? Que não vai ficar por nada, nem por ninguém? Promete?

O rosto da grega ficou sério, agora sim as palavras de Aioria faziam sentido, era evidente que ele desconfiava que ela nutria algo por Sísifo.

- Aioria...

- Promete.

- Você sabe a resposta. – tentou desconversar.

- Promete. – disse mais incisivo.

- Ta bom.

- Promete por Atena.

- Não envolva o nome de Atena. – rebateu.

- Promete?

Lithos soltou um suspiro, enquanto não prometesse Aioria não deixaria-a em paz, mas não poderia prometer aquilo, não depois das palavras de Sísifo.

- Aioria... – o abraçou. – está bem. Eu prometo. Vou voltar com todos.

- Que bom. – a abraçou com mais força. – que bom.

Lithos deu um meio sorriso, cena que Aioria não testemunhou, nem os dedos que ela cruzou não hora da promessa.

- Obrigado. – Aioria a soltou.

- Lithos. – Áurea apareceu na porta. – ate o almoço ficar pronto poderíamos ir visitar a Athina.

- Verdade. – levantou afastando o maximo possível do irmão. – quer ir agora?

- Quero.

- Tomem cuidado. – disse o leonino. – e não demorem.

Despediram-se. Por mais que gostassem de falar, estranhamente as duas faziam o trajeto em silencio. Lithos pensava na promessa feita ao irmão e Áurea no cavaleiro de Áries. Passaram pelas casas apenas cumprimentando seus moradores. Só entre Touro e Áries que abriram a boca.

- Estava pensando... – a loira parou. – a casa da Athina foi afetada?

- Eu não sei...

- Vai descendo que vou perguntar ao senhor Hasgard.

- Tudo bem.

Lithos voltou correndo enquanto Áurea descia tranquilamente. Entrou em Áries de maneira serena e passaria pela casa se algo não lhe chamasse a atenção, algo não, alguém. Na sala notou o cavaleiro, deitado no sofá de forma desajeitada.

- "Que lindinho." – sorriu.

Áurea agachou atrás do sofá apoiando os braços no encosto. Shion dormia tranqüilamente.

- "Deve está cansado." – passou a reparar em cada detalhe do rosto dele. Apesar da expressão juvenil a aura de grande mestre já fazia presente.

Deu um suspiro resignado, se no futuro as chances com ele eram mínimas ainda mais no passado com mais agravantes: era um cavaleiro, mais novo do que ela e o pior de tudo estavam no meio de uma guerra. Sabia o quanto os cavaleiros eram fortes, mas também sabia que os titãs não ficavam atrás. Diante disso só lhe restava conformar.

Com o seu suspiro Shion acabou acordando e levou um susto ao ver a garota tão perto de si.

- Desculpe. – ela disse levantando completamente corada por ter sido pega em flagrante.

- O que faz aqui? – Shion afastou-se.

- Eu... estava indo para a vila ver.. a Athina... desculpe se o acordei.

- Não estava dormindo. – respondeu rápido. – apenas pensando.

- Sim... – segurou para não rir, era evidente que ele estava dormindo. – vou indo. Ate logo. – deu as costas.

- Espera.

- Sim? – virou o rosto para trás.

- Você... você esta bem?

- Estou. – voltou-se para ele. – felizmente não foram ferimentos graves. Aquele titã queria apenas brincar comigo.

- Ele tocou em você...?

- Não diretamente. – encolheu ao lembrar da cena. – tive medo que ele me matasse.

Shion sentiu um aperto no peito, também temeu, ao vê-la com ele.

- Bom... é o risco que corro. – disse conformada. – vou indo.

- Áurea.

Ela o fitou. O cavaleiro não disse nada aproximando.

- No futuro... algum titã fez algo contra você?

- Não. Logo que a guerra começou saímos de Rodoria.

- Entendo.

A grega continuou a fita-lo. O rosto juvenil ainda lhe era estranho. Shion notou o olhar dela por pouco não corando. Contudo estava aliviado por vê-la bem.

- Na vila, tome cuidado. Ao menor sinal de perigo venha para cá imediatamente.

- Virei. Obrigada por se preocupar. – sorriu.

- De nada. – respondeu encabulado.

Sem que ele esperasse ela o abraçou.

- Me contaram que foi você que me salvou e levou ate o templo. Muito obrigada.

- Não foi na-da... – gaguejou. – só tome cuidado.

- Tomarei.

- Não quero que nada te aconteça. – disse para se calar. Dá onde saíra aquela frase?

- Com você aqui me sinto segura. – o fitou nos olhos sem solta-lo.

Shion a encarou sério.

- Não vou deixar que nada te aconteça. Eu prometo.

Ela sorriu. Era tão bom ouvir aquilo ainda mais vindo dele.

- Atchin!

Os dois levaram um susto separando imediatamente completamente vermelhos. Lithos tentava segurar o riso.

- Acho que gripei. – disse voltando a andar, como se nada tivesse acontecido. – Athina está na parte que restou da vila.

- Ah é? – Áurea estava vermelha, era evidente que Lithos tinha visto a cena. – então vamos. – começou a andar sem ao menos olhar para o ariano.

- Vamos.

Lithos passou pelo cavaleiro que continuava vermelho.

Na porta de Áries...

- Diante das palavras de Shion só vou andar com você. Nada vai me acontecer. – segurou o riso.

- Ele só quis ser gentil. – disse sem olhá-la.

- Sei... – sorriu. – ele é uma graça. Ainda mais com quinze anos. O grande mestre não passa de um garoto!

- Muito responsável. – defendeu-o.

- Eu sei... não é atoa que se apaixonou por ele. Tanto no futuro quanto agora.

- Não diga bobagens! Não sinto nada por ele.

- Acredito. – ironizou. – vou fingir que acredito. – começou a rir.

 

X.x.X.x.X.x.X


Durante o restante da manha Aldebaran e os outros fizeram a ronda. Alguns cavaleiros ficaram em suas casas, Lithos e Áurea a hora do almoço retornaram.

Todos comeriam rápido para irem a reunião marcada por Sage.

As treze em ponto todos estavam reunidos no salão principal. Sage sentado no trono. Os cavaleiros do presente a sua direita, os do futuro a sua esquerda, Lara, Marin mais afastadas. Os únicos não presentes era Sísifo, Hakurei e Shaka.

- Obrigado pela presença de todos. – disse o antigo cavaleiro de câncer. – vejo que todos estão recuperados. – deu uma pausa para continuar. – estamos vivendo tempos difíceis e por isso quero deixá-los a par de tudo. Sísifo partiu essa manha numa missão para encontrarmos Atena. Surgiu uma pista e ele foi averiguar.

- É nos nossos domínios mestre? – indagou Dégel.

- Alguns quilômetros daqui. Vamos torcer que elas sejam verdadeiras e que encontremos a nossa deusa.

- Isso aconteceu nos seus tempos? – indagou Dohko aos cavaleiros do futuro.

Ficaram em silencio fitando Saga, este por sua vez abaixou o rosto.

- Atena nasceu no santuário. – disse uma voz em tom baixo, mas firme.

- Shaka?

Todos os olhares voltaram para ele, principalmente Lara que arregalou os olhos. Pelos ferimentos ele mal conseguiria ficar de pé, ainda mais caminhar ate aquele local, seu estado de surpresa foi diminuindo quando viu Hakurei pouco a trás.

- Como você está Shaka? – indagou Aldebaran aliviado por vê-lo de pé.

- Melhor. Desculpe a interrupção mestre.

- Sente-se conosco.

- Prefiro ficar de pé, por causa dos ferimentos.

- Como quiser.

Sage, Lara, Saga e Asmita perceberam o que acontecia. Hakurei, na certa tinha trago-a ate as proximidades. Para não preocupar os companheiros Shaka devia ter pedido ao cavaleiro de altar que o deixasse ali escorado na parede.

- Creio que em breve teremos noticias dele. – disse retomando o assunto. – enquanto isso, temos um problema mais sério. – o rosto ficou grave. – nossa singela vila está reduzida a cinzas, mais um ataque como o de hoje de manha, não deixará vestígios.

Shion virou o rosto, sentia-se frustrado por não ter impedido os ataques.

- Nossos inimigos são poderosos e capazes de tudo para conseguir o que desejam. – deu uma pausa. – só nos resta responder a altura.

Kárdia deu um grande sorriso. Finalmente teria sua batalha.

- Temos o problema da inconstância dos cosmos dos cavaleiros do futuro e algum dos nossos estão se recuperando dos ferimentos, então... a partir de amanha entraremos em combate direto. O santuário está em guerra.

Era a frase que todos queriam escutar. Kárdia e Manigold mal se continham de felicidade, Shion deu um leve sorriso, ele próprio se encarregaria de Iapeto.

- E quais serão as ordens mestre? – indagou Saga.

- Quero três duplas para a ronda. Mu, Hasgard, Dohko, Aioria, Albafica e Shura se encarreguem disso. Dohko, reúna todos os cavaleiros que estiverem disponíveis. Suspenda os treinamentos dos aspirantes.

- Sim senhor.

- Deuteros, Manigold, Kárdia, Dégel, El Cid, Afrodite e Marin quero que encarreguem no transporte dos moradores de Rodoria para uma área dentro dos nossos muros. Devemos resguardá-los ao maximo. Dégel utilize os aspirantes nessas tarefas.

- Sim.

- Shion, Aldebaran, Saga, MM, Regulus, Asmita, Miro e Kamus permaneçam em suas casas.

Concordaram.

- Hasgard.

- Sim senhor?

- Traga a Selinsa. Quero que ela e Kanon ajude Lara com os possíveis feridos.

- Sim senhor.

Kanon apenas concordou com a cabeça. Deuteros não gostou muito.

Shaka ouvia calado, era evidente que ele ficaria de fora dos planos. Na sua situação, não passava de um estorvo.

- Shaka. – o mestre o chamou.

- Sim...?

- Passe todas as informações sobre os titãs para Hakurei, precisamos saber como lidaremos com eles.

- Sim senhor. – respondeu evasivamente.

Os dourados olharam para o companheiro, sabiam o quanto ele sofria por estar naquela situação. No seu imenso orgulho fora de uma batalha.

- Seu estado de paralisia é temporário, tenha apenas paciência.

- Sim.

Quem não sabia o fitou imediatamente deixando-o constrangido.

- Shaka sofreu um ferimento grave na perna, por enquanto está incapacitado de lutar, por enquanto. – Sage reforçou as ultimas palavras.

Escondida, Selinsa que havia chegado a pouco, preferindo ficar reclusa e não atrapalhar a reunião, olhava o virginiano, se ele estava naquela situação a culpa era dela.

- Tomem o maximo cuidado. Dispensados.

Os murmúrios recomeçaram. Shion, Dohko, Mu, Afrodite e Dégel conversavam sobre suas atividades. Hasgard, Aioria, Albafica e Shura sobre como seria as rondas.

Kárdia, Manigold e Marin ouviam os planos de El Cid.

Os demais conversavam sobre outros assuntos relacionados. Shaka ainda continuava na mesma posição, o que lhe causava muitas dores. Mal sabia como estava suportando ficar de pé apoiando na única perna, já machucada. Hakurei tentou persuadia-lo a voltar, mas ele continuava irredutível. Já que não podia lutar pelo menos ficaria ate que o ultimo cavaleiro fosse embora.

Lara resolvia algumas coisas com Hakurei, Kanon aproximou de fininho parando atrás da sacerdotisa. Esperou o cavaleiro de altar se afastar para falar com ela.

- Parece que vamos trabalhar juntos. – disse com um dos seus melhores sorrisos.

- É o que parece. – disse com certo desanimo. Kanon notou isso apesar dela estar com a mascara.

- É tão ruim assim trabalharmos juntos?

- Não é isso. Estamos em guerra Kanon, e essas guerras sempre são dolorosas.

- Não se preocupe, nós vamos conseguir. – pegou na mão dela. – vamos derrotá-los.

Lara o fitou, apesar do jeito irresponsável dele, gostava de seu otimismo.

- Espero que sim. – sorriu.

Deuteros que estava num grupo a frente os fitava seriamente.

Um pouco mais afastados, Dégel, Marin e El Cid resolviam como os moradores seriam retirados. Em um dado momento o cavaleiro de aquário os deixou sozinhos sobre o olhar atento de um indiano.

- Será que podemos usar o alojamento dos aspirantes e fazer de enfermaria? – indagou a amazona.

- Podemos conversar com o Dohko. Ali seria um bom local.

- Precisamos ver também como vamos fazer para remover os feridos que não podem andar... – pensava. – uma ambulância seria perfeito.

- O que é uma ambulância? – indagou o espanhol curioso.

- Esqueci... – balançou a cabeça negativamente. – estamos no passado... – sorriu. – no futuro temos um meio de transporte próprio para transportar doentes. Chama-se ambulância.

- Deve ser muito interessante.

- Esqueci completamente, como esse lugar não mudou muito durante os séculos as vezes nem dá para notar que estamos no passado.

- Fico feliz que esteja se sentindo em casa. – disse.

- Obrigada.

Sorriu, apesar de não ver, por causa da mascara, El Cid achou-o encantador, enquanto outra pessoa olhava-os com certo desprezo.

- Veja que situação mais inusitada. – Asmita parou a frente deles munido de seu sorriso mais sádico. – o honroso cavaleiro de capricórnio ao lado de uma simplória amazona.

Marin fechou a cara, percebido imediatamente pelo guardião da décima casa.

- Os tempos mudaram.

- Eles continuam iguais. – disse o cavaleiro com a voz fria, não gostava do virginiano, apenas conversava sobre assuntos do santuário e se tinha uma boa "relação" era para manter a harmonia, odiava o jeito superior dele, ainda mais por destratar Marin. - A cor das armaduras não nos torna melhor Asmita e sim as atitudes. Marin é tão digna como qualquer um dos cavaleiros de ouro. Se bem que ela é melhor que alguns. Vamos Marin ainda temos que discutir sobre a remoção dos doentes. – disse.

A amazona o fitou na hora, não esperava que El Cid fosse defendê-la. Deu um pequeno sorriso discreto. E foi justamente isso que deixou o indiano com ódio, as palavras de El Cid pouco importavam para ele, mas ver o sorriso dela para ele era muita afronta. Só não disse nada, pois os dois tinham saído de perto dele.

- "Idiotas... mas ela não perde por esperar, vou mostrar onde é o lugar dela." – pensou afastando.

Selinsa certificando-se que a reunião estava encerrada aproximou de seu mestre.

- Senhor Hasgard.

- Sua chegada foi providencial, venha aqui.

Ela o acompanhou ate onde Lara estava. Kanon ao vê-los pediu licença.

- Boa tarde senhorita Lara. – cumprimentou a aspirante.

- Boa tarde Selinsa. Hasgard já te passou a missão?

- Deixei para você falar. – disse o próprio e virando-se para a pupila. – Salo e Teone estão no alojamento?

- Sim senhor.

- Perfeito. Lara ficará responsável por você.

- Sim senhor.

- Vou indo tenho muito trabalho a fazer. – saiu deixando-as.

- Bom... – iniciou a sacerdotisa, voltando sua atenção para Shaka. – desse jeito ele não vai melhorar. Vem Sel.

Selinsa olhou para onde ela fitava.

- "Ele ainda continua de pé."

Lara caminhou ate o virginiano sendo seguida pela aspirante. O cavaleiro continuava de "pé", mas de olhos fechados.

- Não deveria ter vindo.

- Não podia ficar deitado numa hora como essa.

- Sabe do seu problema. – disse séria. – teimosia não o fará andar de novo.

Houve um silencio. Selinsa se quer o olhava, sentia-se culpada pelo seu estado e como ele não lhe dirigira o olhar pensou que ele estivesse com raiva dela. Shaka por sua vez, não quis olhá-la para não constrange-la, se ela não queria fita-lo não forçaria.

- Estou bem senhorita Lara.

- Volte para o quarto, por favor.

Sem dizer nada Selinsa afastou, era incomodo ficar perto dele. Shaka não disse nada.

- Assim que todos saírem voltarei.

- É bom mesmo. – notou que a aspirante tinha saído, mas não falou nada. - Precisaremos de todas as forças. Nos vemos mais tarde.

Ao se ver sozinho abriu os olhos visualizando a figura da aspirante, voltou a fechá-los quando Saga, Aldebaran e MM aproximaram.

- Tudo bem com você? – Aldebaran tocou no ombro do amigo.

- Sim. Não se preocupe.

- Precisa descansar. – disse Saga. – vamos precisar muito da sua ajuda. – sorriu.

- Vou melhorar.

- Estaremos nas nossas casas se precisar.

- Sim.

MM continuava calado apenas observando as atitudes do loiro. Assim que Saga e o taurino saíram voltou a abrir os olhos esquecendo-se que MM ainda estava ali.

Shaka apoiado na parede via Selinsa se afastar. MM olhava-o com sorriso nos lábios.

- Olhos abertos por quê? – indagou com um sorriso nos lábios.

Shaka apenas o olhou.

- Você está dando na cara. – disse fingindo seriedade. – logo o touro platinado vai perceber.

- Não diga bobagens.

- Vem vou te levar para o quarto.

- Não precisa, posso andar.

- Claro que pode. – ironizou. – estou ate vendo.

O virginiano o olhou atravessado.

- Hum... já sei... – MM fitou a direção que Shaka olhava. Ainda podia-se ver Selinsa.

Assim que ela sumiu das vistas, o indiano fechou os olhos. MM conteve o riso.

- E diz que não tem nada. – balançou a cabeça negativamente. – bom, sua garota já foi embora, pode me pedir ajuda.

- Você é um inconveniente.

- Eu sei que me ama. – deu um sorriso lavado. – vamos.

Não tendo escolha Shaka encostou nele. Era verdade que não conseguiria andar sozinho, nem sabia como estava de pé, contudo na presença da aspirante não poderia demonstrar seu real estado. Ela poderia se sentir culpada.

MM o colocou na cama, Shaka não dissera nada.

- Entregue.

Continuou calado.

- Quando quiser sair me chame. Não precisa pedir ao senhor Hakurei que o sustente por telecinese.

- Como...? – o fitou surpreso.

- Percebi? Instinto. Pediu a ele que o mantesse de pé perante os outros.

Abaixou o rosto.

- Era uma reunião importante.

- Está ferido.

- Você não entende.

MM ia abrir a boca, mas foi interrompido por Shaka.

- Não passo de um estorvo. Primeiro sem cosmo e agora sem poder andar.

- É temporário Shaka. – sentou na cama.

- Não é. – o fitou. – esse meu estado é permanente. Com uma guerra se aproximando estou preso nessa cama. Qual a minha utilidade?

- Auto piedade não é de seu feitio.

- Não posso andar Giovanni.

A voz saiu seca, o que fez com que o canceriano se calasse. Nunca tinha visto Shaka daquele modo.

- É deprimente terminar assim.

- Fala como se não fosse voltar a andar.

- Eu não vou.

- Vai desistir? Não vai ao menos tentar?

- Não é possível.

- Escuta "quinta essência da humanidade" se não quer ao menos tentar por você, faça por outra pessoa. Estamos lutando contra os titãs e sabemos muito bem que não será fácil. Nós sem cosmos e esses cavaleiros inexperientes, boa coisa não vai dá. Se morremos ou não, não faz a menor diferença, afinal já passamos por isso, mas existe outras pessoas... moradores, aspirantes... que não tem nada haver com essa batalha.

Shaka o fitava sem entender, prontamente percebido por MM.

- Vai deixar a Selinsa morrer? – indagou sem paciência.

- Não estou entendendo. – disse corado.

- Se não quer andar por você, ande por ela. Não seria justo uma vida tão jovem ser ceifada.

- Está equivocado nas suas palavras.

- Não estou. Você gosta dela.

- Eu não... – corou. – apenas compartilhamos da mesma causa.

- Você é pudico demais. – riu. – bem vindo ao mundo, - sem qualquer constrangimento MM colocou a mão no cabelo dele afagando-o. – senhor mais próximo de Deus. Sinto informar, mas está apaixonado por ela e é por ela que deve andar.

Shaka não sabia se irritava com o gesto dele, ou se ficava surpreso pelas palavras dele.

- Precisamos da sua ajuda. – disse sério. – não pode nos abandonar, ainda não.

O indiano continuou a olhá-lo surpreso.

- Pense nisso. – fitou o cabelo do loiro todo bagunçado. – é melhor eu ir. – levantou antes que Shaka percebesse seu estado. – se precisar me chama. Fui.

Shaka o acompanhou com os olhos ate ele sair. Pegou uma bandeja que estava do lado olhando-se. Balançou a cabeça negativamente ao ver o estado de seu cabelo.

- É uma criança... – murmurou. – uma criança divertida. – deu um leve sorriso.

Depois dos detalhes acertados cada um foi cumprir sua missão. Kanon, Lara e Selinsa preparavam medicamentos para os feridos, os incumbido de permanecerem em suas respectivas casas assim o fizeram e os demais seguiram para o que tinha restado da vila.

 

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Kamus o primeiro a permanecer preparava-se. Escorpião seria a ultima casa guardada por um guardião antes da dele e a de Peixes estaria sozinha, um grande problema se algum invasor chegasse, pois o templo de Atena ficaria vulnerável.

- Vou para casa. – disse Miro.

- Não baixe a guarda. Sabe do que esses titãs são capazes.

- Nenhum deles passará por mim. – sorriu, andando em direção a saída. – alem do mais... – parou olhando para atrás. – não deveria se preocupar comigo, afinal seu queridinho está lá fora. – deu as costas saindo.

Kamus não respondeu. Esses excessos de ciúmes já estavam incomodando.

 

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Na quinta casa Aioria dava as ultimas recomendações a Regulus.

- Escutou tudo que eu falei?

- Sim Aioria. – bufou. – já entendi.

- E mais uma coisa, assim que a Lithos e Áurea voltarem não as deixe sair. Quero aquelas duas aqui dentro.

- Sim senhor capitão. – zombou.

- Estou falando sério. Não quero elas andando por aí com esses titãs a solta. – seu rosto ficou grave. – se algo acontecer a elas nem sei o que eu faço.

- Fique tranqüilo. – sorriu. – as manterei aqui. Tem a minha palavra.

- Obrigado. – tocou no ombro dele. – ate mais tarde.

 

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Enquanto Manilgod preparava-se para sua missão, MM deitou no sofá da sala espreguiçando. Já que era para tomar conta, faria deitado. O canceriano do passado quase enfartou ao vê-lo deitado.

- Quer levantar do meu sofá?

MM nem respondeu.

- "Você me paga." – Mani deu um dos seus melhores sorrisos. Aproximou lentamente do canceriano ajoelhando atrás dele. – O que pensa que esta fazendo cavaleiro? – sua voz saiu como a de Shion.

Tudo que foi visto, foi um salto do canceriano.

- Eu posso explicar mestre Shion. – disse com a voz num fiapo e branco como leite.

A expressão de susto foi mudando para enfurecida, enquanto o outro cavaleiro rolava no chão de rir.

- É um capacho mesmo! – gargalhava. – ficou mais branco que papel.

- Filho $%.

- Eu não sabia que você era tão covarde! – recomeçou a rir, nem se importando com o palavrão. – ainda mais medo daquele pivete do Shion. O chamou de mestre. – caiu na gargalhada.

MM o fitava com ódio, alem de ter caído na brincadeira ainda tinha chamado Shion de "mestre." Se Shaka ou Saga escutasse na certa já estaria no inferno.

- Idiota.

- Acho que vou fazer isso de vez em quando. – enxugava uma lagrima. – é hilário.

- Cala a boca caspita! Vá fazer sua ronda! – saiu pisando duro.

- Ficou nervosinho... – zombou. – ferir seus sentimentos. – fez cara de arrependido. – "eu posso explicar mestre Shion" – recomeçou a rir, saindo.

 

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Depois de tudo acertado o grupo da ronda separou indo cada dupla para um lugar. Os responsáveis pela vila reuniram-se na porta da mesma, distribuindo as tarefas. Athina, Lithos e Áurea ao ficarem sabendo dos planos de Sage prontificaram a ajudar. As três seguiram com Marin, El Cid e Afrodite.

Os ataques consecutivos a Rodoria tinham provocado um grande dano. O que era uma pacifica vila não passava de escombros e ruínas. Ao comando de Dégel, os cavaleiros retiravam os moradores sobreviventes levando-os para dentro dos portões do santuário. A tarefa era executava num profundo silencio. As pessoas, assustadas com os últimos acontecimentos, limitavam-se apenas a acompanhá-los. A situação não era muito diferente no local que se transformara na nova enfermaria. Dezenas de pessoas feridas recebiam os atendimentos de Lara, Kanon e Selinsa, enquanto outras dezenas eram trazidas por Marin, El Cid, Afrodite, Áurea, Athina e Lithos.

Na enfermaria, haviam separado quarto para os idosos, crianças e pessoas com ferimentos mais graves. Kanon cuidava das crianças.

O cavaleiro trabalhava em silencio, estava mergulhado em seus pensamentos ao mesmo tempo indignado pelos atos dos titãs em atacar a vila. Seu olhar ora ou outra voltava para alguma criança que chorava de dor ou chamava pelos pais. Sentia-se culpado por não ter conseguido impedir que isso acontecesse.

Lara que passava pelo local notou a expressão do rosto dele.

- Você está bem? – tocou no ombro dele.

- Estou. – despejava água numa bacia. – não imaginava que tivesse tanta criança no mundo.

Ela riu.

- Realmente estava certa. – disse com o olhar fixo nas crianças. – uma guerra é dolorosa.

- Vamos vencer. – tentou encorajá-lo.

- Por está só lutando não tinha imaginado o outro lado. O lado das pessoas que não tem nada haver com elas.

Lara o fitou penalizada e surpresa. Não pensava que ele fosse sensível a esse ponto. Afinal os homens de Atena deveriam ser imunes aos sofrimentos para seu próprio bem.

- Não se preocupe Kanon, tudo vai acabar bem.

- Assim espero. – os pensamentos foram longe, lembrava-se da guerra que tinha armado de Atena contra Poseidon, quantas pessoas teriam sofrido por causa das suas ambições.

 

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No quarto ao lado Selinsa atendia aos idosos. Estava concentrada tentado fazer o melhor possível, contudo vez ou outra seus pensamentos voltavam para Shaka. Queria vê-lo, pedir desculpas, afinal tudo era culpa sua.

- "Assim que terminar irei." – pensou.

 

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Em um dos outros cômodos Athina e Afrodite cuidavam da arrumação de camas para os doentes. O cavaleiro improvisava leitos enquanto a grega providenciava lençóis. Trabalhavam em silencio.

- Não sei do tempo que não faço trabalhos manuais. – disse o cavaleiro colocando o martelo no chão.

- No futuro as coisas devem ser mais fáceis não é?

- E como. Perdi a pratica.

- O santuário deve ser diferente. – aproximou segurando um lençol.

- Por incrível que pareça não é. O santuário em si mudou pouco ao longo dos séculos. Houve modernizações, mas apenas nos interiores das casas.

- Regulus me contou de uma maquina chamada microfondas. Disse que ela esquenta comida rapidinho. – disse de maneira encantada.

- É microondas. – sorriu diante da expressão dela. – realmente ela faz isso.

- Parece mágica!

- É... – riu.

- Deve ter outras coisas mágicas no seu mundo. Conte-me. – pediu sentando a frente dele com os olhos brilhando.

- Vejamos... – também sentou. – tudo que temos é movido a energia elétrica.

- O que é isso?

- Hum... – não sabia como explicar. – é uma coisa que faz essas maquinas funcionarem.

- Como?

Afrodite franziu o cenho, como explicaria de forma que Athina entendesse.

- Vocês não usam cavalos para moverem os moinhos?

- Sim.

- É como se tivesse pequenos cavalos dentro delas fazendo-as trabalhar. – balançou a cabeça negativamente, tinha sido a pior explicação.

- Ah... acho que entendi. E o que mais? Que mais mágicas os cavalinhos fazem?

Afrodite segurou para não rir apesar da situação ser engraçada. Ficou imaginando a cara dela se conhecesse o futuro.

- Temos uma maquina que lava roupas, televisão, computador, DVD, chuveiro... – notou o olhar espantado dela vendo que ficaria difícil explicar sobre essas coisas. – e mais monte de coisas que depois te explico.

- Nossa, quantas coisas vocês tem.

- Realmente. E só damos importância quando a perdemos. Como sinto falta da minha casa.

- Tenho certeza que a senhorita Lara encontrará uma maneira de mandá-los de volta. Só espero que seja depois dessa guerra... quanto mais ajuda melhor o resultado.

- Fique tranqüila Athina. – levou a mão ate o rosto dela acariciando-o. – eu não deixaria você com esses titãs a solta.

Athina corou com o contato abaixando o rosto.

- Fique tranqüila.

A grega o fitou. Eles eram parecidos, tinham a mesma armadura e o mesmo propósito. Apesar de se sentir a vontade com Afrodite queria que Albafica a tocasse daquele jeito. Como deveria ser, sentir as mãos do pisciano em seu rosto.

- Deve ser horrível querer tocar e não poder. – disse mais para si do que para Dite.

- Concordo. – respondeu achando que ela falara para ele. – tenho pena do Albafica. – sabia que ela referia-se a ele. – só não concordo com suas atitudes. O fato do toque ser lhe privado não o dá o direito que ser frio com as pessoas nem tratar mal. Principalmente com você. Ele sempre é grosso com você.

- Não fale assim dele. – a voz saiu forte. Só quando notou o olhar de espanto do cavaleiro percebeu seu tom de voz. – desculpe.

- Tudo bem. Não devemos falar dos outros pelas costas. Ainda mais perto de você que é boa demais para enxergar o temperamento dele. Enfim... – tirou a mão. – vamos voltar ao trabalho? – sorriu.

- Vamos.

 

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Áurea e Lithos voltavam da vila trazendo roupas e mantimentos que haviam conseguido arrecadar. Andavam silenciosas, mergulhadas em seus pensamentos.

- Você se lembra? – indagou a loira com os olhos fixos no caminho de terra. – de quando a nossa vila foi atacada?

- Lembro. – respondeu a outra com suspiro. – como lembro. Foi do mesmo jeito.

- Parece que a historia sempre se repete, não é? – fitou a amiga. – é o preço por morarmos perto do santuário.

- Parece que sim. – Áurea parou de andar, olhando para trás, vendo o que havia restado do vilarejo. – o que me deixa mais tranqüila é que desta vez meus pais não estão aqui.

- Sim. – Lithos voltou o olhar para a vila. – precisamos ter esperança que esse tormento vai acabar.

- Assim espero.

- Nossos cavaleiros vão conseguir. – sorriu.

- Sei que vão. Apesar de temer por eles...

- Eles são fortes.

- Quando Sísifo vai voltar?

- Não sei, mas espero que seja logo. – sorriu.

- Por que voltou aquela hora? Aioria ficou nervoso.

- Porque queria desejar boa sorte. – a fitou. – guarda um segredo?

- Sim.

- Vamos nos casar quando ele voltar.

- O QUE? - arregalou os olhos. – vocês o que?

- Vamos nos casar. – voltou o olhar para a vila. – sei como é a vida de um cavaleiro e dos riscos que ele corre. Alem do mais eles tem obrigação com Atena e ela deve vir sempre em primeiro lugar, mesmo assim... – sorriu. – me apaixonei por ele.

- Lithos...

- E ele por mim. – deu um meio sorriso. – não tem como ficarmos juntos, ainda mais com essa guerra que se aproxima, mas... eu quero ficar com ele mesmo assim.

- E ele te propôs casamento?

- Sim, vamos casar em segredo.

Áurea desviou o olhar. Estava feliz pela amiga, afinal Sísifo parecia ser uma boa pessoa, só que...

- Tenho certeza que serão felizes. – disse sentando em uma pedra.

Lithos notou a expressão dela, mas não disse nada.

- Vocês têm sorte...

- Áurea...

- Me apaixonei pelo mestre desde o primeiro dia que o vi. Não pelo posto que ocupa e sim pelo homem que ele é, mas vivemos em patamares diferentes e nunca haveria possibilidade de ficarmos juntos... – sorriu. – e o engraçado que mesmo no passado essa situação não mudou. Shion é responsável demais, mesmo com aquela cara de criança. – riu voltando o olhar para ela.

- Gosta dele tanto assim?

- Sim. – suspirou. – mas tenho a plena consciência que não passa de utopia. Por isso seja feliz com Sísifo, mesmo que seja por pouco tempo. Faça por mim.

- Serei.

- É melhor irmos. – levantou. – temos muito serviço.

 

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El Cid e Marin haviam improvisado algumas carroças. Enquanto o cavaleiro puxava uma com idosos, Marin carrega suprimentos.

- Tem certeza que não quer ajuda? Você se recuperou tem pouco tempo.

- Não se preocupe senhorita Marin. Estou bem. Eu que deveria levar as duas.

- Isso aqui não é nada. Já puxei coisas mais pesadas em meu treinamento e não me chame de senhorita, só de Marin.

- Como quiser.

Seguiu alguns minutos de silencio. Vez ou outra o cavaleiro a fitava.

- Esses titãs não têm escrúpulos. – disse a amazona com os olhos fixos na estrada de terra. – atacaram sem piedade inocentes.

- No futuro também foi assim?

- Não com tamanha brutalidade. Às vezes me pergunto se é certo deixar um vilarejo tão próximo ao santuário. Sempre acabam envolvidos.

- Infelizmente. Mas não se preocupe conseguiremos derrotá-los.

- Espero que sim. – disse não muito convicta, conhecia a força dos titãs e a julgar pela falta de cosmos dos cavaleiros do futuro a luta seria difícil. – "É melhor não pensar nisso." De qual lugar da Espanha você é?

- Madri.

- Shura é de Santiago de Compostela.

- Não conheço pessoalmente.

- E por que quis se tornar cavaleiro?

Silenciou-se. Era tão raro falar de sua vida pessoal que nem se lembrava de sua historia. Desde que chegara ao santuário, não havia contado a muitas pessoas suas origens.

- Desculpe. – pediu a japonesa ao notar uma leva mudança na expressão do rosto dele.

- Não tem porque se desculpar. Fiquei órfão ainda bebê, fui criado num orfanato e sempre vi as outras pessoas de condições mais humildes ficarem a mercê de pessoas de pouco escrúpulo. Queria ajudar, mas um garoto não tem força suficiente. Ate que meu mestre me encontrou e disse sobre Atena e os cavaleiros. – deu um leve sorriso. – eu não tenho o poder de combater todas as injustiças, mas o que estiver ao meu alcance eu farei.

Marin o olhava admirada. Achava-o um cavaleiro honrado e nobre, mas não imaginava que fosse tanto. El Cid notou o olhar dela por pouco não corando.

- E você? – indagou, mas sem fita-la.

- Meus motivos não foram tão nobres quanto os seus.

- Por quê? – a fitou com interesse.

- Eu tenho um irmão mais novo, quando nossos pais morreram ele desapareceu. Comecei uma busca incessante por ele ate ter uma pista que ele tinha ido pra a Grécia. Sair do Japão não era fácil, mas era a única forma de encontrá-lo. Cheguei ao santuário e toda a minha esperança de encontrá-lo se esvaiu. Como eu estava lá decidi ser amazona.

- Entendo.

- Motivos egoístas eu sei, mas não me arrependo de ter me tornado amazona. Com a pouca força que possuo ainda posso ser útil a outras pessoas.

- Seus motivos não fazem de você uma pessoa egoísta, principalmente agora que engajou na nossa causa.

Marin sorriu.

- Você sempre tem palavras encorajadoras. Obrigada.

- Sei que vai encontrar seu irmão. Tenha fé. – sorriu.

- Obrigada.

Continuaram o trajeto conversando sobre coisas corriqueiras, nem imaginavam que eram observados. Da sexta casa Asmita acompanhava o dialogo.

- "É uma egoísta que só se transformou em amazona por interesse. Não vale nem a pena." - Estava com raiva, El Cid sempre tinha palavras para ela e para complicar a amazona lhe dava sorrisos. – isso vai mudar.

 

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Todos de tão envolvidos em suas tarefas não imaginavam que eram observados. Do alto do relógio de fogo Pontos e Aspros acompanhavam a todos.

- Resolveram agir. – disse o geminiano.

- Humanos são patéticos, mas deixe-os trabalhar.

- Não vai fazer nada?

- Não. Deixe-os ter momentos de tranqüilidade, pois grossas nuvens desceram amanha. – fitou o cavaleiro. – amanha eles conheceram o nosso poder.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Si vis pacem, para bellum: Se queres a paz, prepara-te para a guerra



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