Temporits Actis escrita por Krika Haruno


Capítulo 14
Capítulo 14: Dies Malus


Notas iniciais do capítulo

Demorei... eu sei, mas aos trancos e barrancos saiu mais um capitulo e já adianto, os cosmos dos dourados ainda não voltaram. Mas calma, isso em breve acontecerá.



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Apesar do socorro está sendo prestado no templo, Albafica não a levou diretamente. Durante o trajeto notou que alguns ferimentos sangravam sujando a capa, temia que aquele possível contanto fosse prejudicial passando em casa primeiro. Passou direto para o quarto e de forma delicada a deitou em sua cama. Abriu o baú de carvalho retirando um lençol esticando-o na cama. Com todo o cuidado deitou Athina sobre ele e correu o mais depressa para o templo.

Cruzou com Dégel, Mani, Shion e Sísifo, mas se quer os fitou, Athina era prioridade. O cavaleiro da ultima casa adentrou o recinto rapidamente, indo para onde sentia o cosmo de Lara.

No quarto Marin, Hakurei e Mu desdobravam para cuidar dos feridos.

- Lara. – a voz do pisciano saiu fria, mas não menos preocupada.

- Alba... Athina? – a amazona levou um susto. – ate ela?

- Ajude, por favor.

Rapidamente a sacerdotisa disponibilizou uma cama

O pisciano não saiu de perto.

- É melhor esperar lá fora. – disse Hakurei. – ela vai ficar bem.

Albafica o fitou, não iria por os pés para fora daquele local enquanto Athina não abrisse os olhos.

- Sabe se o pai dela está bem? – indagou Marin vendo que ele não sairia.

O cavaleiro fitou a amazona, ela tinha razão, se algo acontecesse ao pai dela, a grega sofreria.

- Quero noticias. – disse frio. – não demoro.

Saiu.

- Esse quarto está pequeno demais. – Lara olhou ao redor. - Mu e Hakurei será que poderiam levar a Regulus, Kárdia e Athina, felizmente os ferimentos não foram graves.

- Tudo bem. – disse o ariano.

- Marin procure por algumas servas para nos ajudar.

- Sim.

- Se encontrar com Kanon diga para ele ajudar na vila. Depois de deixar Saga não voltou aqui.

- Direi.

Ao se ver sozinha fitou os feridos, Aioria, Lithos, Mask e Saga continuavam desacordados sem melhora nos ferimentos. Aquilo a preocupava, pois não era normal principalmente depois das varias medicações que foram submetidos, mas sua preocupação maior era com Mask e Shaka. Os ferimentos de ambos não paravam de sangrar. O orifício na barriga do canceriano a incomodava e quanto ao virginiano...

- Espero que não fique seqüelas... – fitou as pernas dele, era grave.

 

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Minutos antes Miro subia as pressas com Afrodite no colo, estava passando por sua casa quando percebeu que ele tinha acordado.

- Você está bem?

- Tenho sede... – murmurou ainda zonzo.

- Estamos quase chegando ao templo.

- Quero água. Agora.

Não tendo escolha Miro entrou na oitava casa deixando o pisciano sobre o sofá. Foi ate a cozinha e no instante seguinte voltou com o liquido.

Afrodite bebeu rapidamente a ponto de entornar na roupa.

- Como está?

- Moído. - o fitou. – foram eles não foi?

- Sim. – o rosto de Miro ficou sério. – fizeram um estrago ainda maior.

- Eu sei... – o rosto empalideceu. – cadê a Athina?

- Quem?

- Athina? Cadê ela? – desesperou. - Onde ela está?

- A garota... Seu amiguinho a levou.

- Como? – arregalou os olhos. – aquele cretino não pode pega-la. Eu o mato... – estava levantando, mas devido ao estado zonzo quase foi ao chão.

- Calma Afrodite. – Miro o ajudou. – ela está bem, já deve está no templo.

- Eu quero vê-la. – levantou mais uma vez.

- Fique calmo! – o segurou.

- Me solta Miro! Ele vai matá-la.

- Ficou louco?

- Se não quer me ajudar me deixe em paz. – o empurrou. – “droga, deveria ter ficado perto dela.”

- Pare de fazer escândalos. – o carregou. – vamos logo.

Não demoraram a chegar ao templo, como não conseguiam sentir o cosmo de Kamus, os cavaleiros não perceberam a presença dele em Aquário.

- Gustavv? – Marin assustou ao vê-lo.

- Cadê a Athina? Cadê ela? – indagou sem se preocupar com seu estado.

- Ela está bem Afrodite. – disse o cavaleiro de Altar. – não tem ferimentos graves.

- Cadê ela?

- Descansando. Enquanto isso trate dos seus.

Sem opção conformou-se.

No outro quarto...

Regulus abriu os olhos lentamente, ergueu o corpo sentindo a cabeça rodar.

- Onde estou?

Olhou para o lado vendo Kárdia.

- Kárdia? Kárdia.

Ele não respondeu.

O leonino levantou ainda um pouco hesitante.

- Kárdia. – tocou no amigo.

- Me deixe dormir... – sussurrou.

- Acorda logo idiota! – deu um pedala na cabeça dele.

- Ai! – levantou as pressas. – isso não é jeito de acordar os outros. – olhou ao redor. – estamos no templo?

- É o que parece. Só não sei o que fazemos aqui. Só lembro de combater os titãs ao lado de Aioria.

Kárdia silenciou-se. Lembrou da sua luta e pelo jeito, Kamus deve ter desconfiado.

- Porcaria... – murmurou.

- Quero ver o Aioria ele está machucado.

- Vamos. – ao ficar de pé o escorpião fitou a cama mais afastada. – Athina?

O leonino virou-se.

 - O que ela faz aqui?

Foram ate ela vendo os ferimentos.

- Não são ferimentos comuns...

Os dois trocaram olhares saindo dali rapidamente.

 

 

 

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O grupo composto por Dégel e os demais encontraram com Hasgard, auxiliando nos regastes, em seguida apareceram Kanon, Shura, Albafica e Deuteros depois da situação mais ou menos controlada voltaram para o templo. Selinsa porem ficou em Touro.

Faziam o trajeto em silencio, preocupados com o que poderia acontecer. Shion, Sísifo e Albafica pensavam em Áurea, Lithos e Athina respectivamente.

Passaram por câncer, gêmeos e leão.

- Estou preocupado com Shaka. – disse Shura quebrando o silencio. – ele estava mal.

- Nunca o vi naquele estado. – Kanon completou. – deveria está totalmente sem cosmo.

Hasgard ouvia calado. Daquela vez sentia gratidão por ele.

- Ele vai ficar bom. – disse sem fita-los.

- Temos mais problemas. – Dohko iniciou. – se os titãs voltarem? Se Rodoria sofrer mais uma ataque será destruída por completo.

- Eles não têm escrúpulos. – Shion cerrou o punho. – precisamos atacá-los.

- Não é prudente. – disse Mani. – não viu o estado de El Cid, para ele se ferir daquele jeito...

- Manigold tem razão. – disse Dégel. – não podemos atacar sem um plano, alem do mais precisamos que todos estejam bem para atacar e proteger o santuário.

Deuteros seguia mais atrás em silencio, se não bastasse todos esses problemas ainda tinha mais um, talvez o mais grave.

Vieram discutindo possíveis soluções chegando à casa de Virgem, entraram encontrando seu morador na posição de lótus.

- Estamos no meio de uma guerra e ele medita. – Dohko o fitava incrédulo.

- Estou obedecendo ordens. – rebateu. – apenas isso.

- Muito fácil ficar assim. – Hasgard não gostou da postura petulante dele. – nem se preocupou em saber como está seu “deus.”

- Ele não precisa da minha preocupação, alias da preocupação de ninguém.

Kanon fitou-o, ele conseguia ser mais frio que Shaka nos seus piores momentos.

- Não temos tempo a perder com ele. – Dohko continuou o trajeto. – deixe-o.

Asmita se quer ligou, “fixou o olhar” em Deuteros que notando desviou.

- Asmita gostaria que ficasse na primeira casa. – pediu Sísifo, fazendo Shion o fitar torto. – será mais fácil um contra ataque se algo acontecer. Aldebaran está sozinho em Touro.

- Tudo bem.  – levantou indo em direção a porta.

- Sujeitinho topetudo. – disse Mani. – se acha melhor.

- Apesar de achar isso, tenho que tirar o chapéu para ele. – Shura fitava a porta.

Kanon concordou. Se não fosse o rosário feito por ele a historia seria outra.

- É melhor irmos. – chamou Albafica pouco se importando com o comentário.

Em silencio seguiram parando apenas em Capricórnio.

El Cid estava na sala relembrando a batalha, teria que ser mais cauteloso da próxima vez.

- El Cid. – a voz de Shura fez presente. – como está?

- Melhor. – respondeu fitando a todos.

- Os cortes foram profundos. – disse Hasgard.

- Em breve estarei bem, não se preocupe.

- Marin é ótima para fazer curativos, vai se recuperar rápido. – Shura tocou no ombro.

- É... – disse um pouco rubro ao se lembrar da japonesa. – como está a vila?

- Destruída. – Dégel sentou ao lado dele. – mais um ataque...

- O que o mestre vai fazer? – indagou.

- Ainda não sabemos. – disse Sísifo. – Regulus e Kárdia ainda estão desacordados, você e Aldebaran em recuperação, Afrodite, Saga, Aioria, Giovanni e Shaka feridos... estamos em desvantagem.

- Vamos ver o que o mestre vai decidir. – disse Dohko. – melhoras.

- Quando sair a decisão eu quero saber.

- Viremos te avisar Cid. – Mani deu um tapinha nele, só lembrando depois de ver a cara de dor dele o seu estado. – desculpe... – deu um sorriso. – ate mais.

O cortejo passou por Aquário e só deram pela presença de Kamus porque o mesmo estava na porta.

 

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Com a situação mais ou menos sobre o controle, Hakurei estava na sala ao lado conversando com seu irmão.

Lara, Mu e Marin cuidavam dos feridos. Afrodite acordado descansava.

- Senhorita Lara.

- Regulus. – sorriu ao ver o menino. – graças a Zeus.

- Eu também estou aqui viu? – reclamou o escorpião.

- Grande coisa. – Miro alfinetou.

- Repete.

- Também estou feliz que esteja bem Kárdia. – Lara riu da cena.

- O que houve? – o leonino viu Saga e Shaka deitados, olhou ao redor... – Aioria?? Lithos?? – correu ate ela. – o que houve?

- Os titãs atacaram Regulus. – disse Marin. – a vila foi destruída.

- Como?? – exclamaram os jovens cavaleiros.

- Iapeto esteve aqui e fez esse estrago. – Mu continuou.

- Ele machucou a Lithos?

Marin, Mu, Miro e Lara trocaram olhares.

- Não. – respondeu a amazona de Taça. – apenas Afrodite, Shaka, Saga e Mask. Aioria se feriu na batalha anterior. – não quis dar muitos detalhes.

- Ele quis me proteger. – abaixou o rosto. – eu insistir a lutar, no entanto só atrapalhei.

- Fez seu melhor Regulus. – disse Marin.

- Se ele está ferido a culpa é minha.

Sísifo que tinha acabado de entrar escutou as ultimas palavras do discípulo, se culpou um pouco, pois brigara com Aioria injustamente.

- Você não tem culpa. – disse fazendo-se presente.

- Sísifo.

- Como está Regulus? – Hasgard tocou em seu ombro.

- Bem.

- Tudo bem com você Kárdia? – Dégel aproximou.

- Estou. – fitou Kamus que o olhava seriamente. – e você Kamus?

- Bem.

Dégel, Kamus e Kárdia trocaram olhares, o escorpião teve certeza que Dégel havia dito algo. Já Miro estava possesso.

- Como estão todos Lara? – indagou Kanon.

- Athina está apenas dormindo. – fitou Albafica, que se tranqüilizou na hora. -  Saga, Mask, Aioria, Lithos e Áurea estáveis. – Shion e Sísifo respiraram um pouco aliviados. – o mais grave é o Shaka.

- Por quê? – Hasgard se manifestou deixando os surpresos.

- As pernas dele sofreram um trauma. A perna direita não apresenta grandes ferimentos, consegui conter o sangramento o que me preocupa é a esquerda. – seu rosto ficou grave. – ela está muito inchada, tem edemas, suspeito que ele tenha fraturado o osso ou algo mais grave... o local do acidente foi na enfermaria?

- Não. A Selinsa o trouxe ate nós.

- Imaginei… ele se movimentou, como ele estava de calça ela não deve ter visto.

- Aposto que esse cabeça dura, não disse a Selinsa o quanto estava machucado. – disse Miro.

- Nem a mim. – Shura preocupou-se. – eu iria carregá-lo ele não deixou.

- Isso só fez piorar. – disse a sacerdotisa. – a medicina nossa não é avançada e sem cosmo.

- O que pode acontecer? – Kamus julgou pelas palavras dela que a situação era mais grave.

- Não sei dizer, só quando ele acordar é que veremos seu real estado. – fitou Hasgard. – não conte a Selinsa ela vai se sentir culpada.

- Não contarei. – o taurino o fitou. – “espero que melhore.”

- Senhores, - Hakurei entrou no quarto. - Sage os chama. Todos.

Lara deixou-os com duas servas. Todos se reuniram na sala do trono. Sage sentado, trazia o rosto sério.

- Estão todos aqui?

- El Cid, Asmita e Aldebaran estão nas casas.

- Transmitem depois as minhas ordens.

- Sim.

- Sofremos dois ataques em menos de 24 horas e isso mostrou que as nossas defesas são fracas. - a voz saía grave. - o inimigo é poderoso e não mede esforços para conseguir o objetivo. Somado a isso temos Afrodite, El Cid e Aldebaran em recuperação, Saga, Shaka, Aioria e Mask feridos o que elimina um pouco nossas forças. – parou fitando o rosto de cada um. – teremos que nos unir se quisermos que a paz volte.

- Vamos enfrentá-los? – Kárdia adiantou-se.

- Não enquanto não tivermos cem por cento da nossa capacidade. Uma batalha agora seria extremamente desastrosa.

- E então o que faremos mestre? – indagou Dohko.

- Reforçar a defesa. Quero três duplas que farão a vigilância fora das doze casas, os demais permaneceram nelas, não quero casas vazias. Cavaleiros do futuro estão autorizados a utilizarem seus cosmos.

- Sim senhor.

- Marin ajudará Lara.

- Sim.

- Mu ficará em Áries, Shion formará dupla com Hasgard, Kanon em Gêmeos, Deuteros e Shura, Mani, Regulus, Dohko, Sísifo e Asmita nas suas casas, Kamus em Aquário assim com Kárdia em Escorpião.

- O que??? Por quê??? – estava incrédulo. – por que não vou fazer a ronda??

- Ordens. – Sage disse frio, não queria que Kárdia arrumasse confusão e a decisão de manter Kamus em sua casa era devido a falta de cosmo dele. Estava intrigado. Mesmo inconstante sentia os cosmos dos cavaleiros do futuro, entretanto a do aquariano era nula, como se não existisse. - Miro e Dégel. Albafica ficará em Peixes. Estão dispensados.

 

 

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Albafica mal esperou, possíveis novas ordens de Sage, de maneira silenciosa retirou-se do local indo, contudo para um local certeiro. Encontrou a porta semi aberta, entrou fechando a porta atrás de si.

O quarto estava silencioso e apenas uma pessoa descansava ali. O pisciano aproximou devagar parando ao lado da cama. Fitou o rosto que felizmente não trazia ferimentos mais graves. Ela tivera sorte por apenas sofrer arranhões.

O cavaleiro ergueu a mão, passando por cima de seu rosto, fingindo acariciá-la. Sempre desejara fazer isso contudo para o bem dela mantinha-se afastado. Vê-la naquele estado sem poder fazer nada o deixava agoniado.

- Aza...

Sua mente viajou.

 

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Voltava de mais uma missão, gostava particularmente delas, pois não precisava encontrar-se ou pegar em alguém. Não reclamava, pois era a vida que escolhera para si.

O trajeto não era longo, contudo as primeiras gotas transformaram-se em pingos mais fortes e logo uma forte chuva caia.

Não se importou continuando com a mesma velocidade dos passos. Voltou o rosto para o céu deixando a água tocar em seu rosto. Era o único luxo que poderia se dar. Ser tocado pela chuva. Era o único modo que não feria ninguém. Estava acostumado a esse mundo de solidão. Tirando-o de seus pensamentos ouviu passos, seus ouvidos aguçados diziam que era de alguém correndo. Ficou imaginando quem seria o inconseqüente a sair naquela chuva. Fixou o olhar no horizonte, vendo o vulto tornar forma de uma pessoa jovem e a julgar pelo balanço das roupas viu que era mulher. Não daria muito atenção se seus olhos não fitassem as madeixas castanhas grudadas ao corpo. Por segundos prendeu a respiração soltando-a devagar ao constatar quem era.

- “Athina....”

A garota corria com um ramalhete de flores numa mão e a outra tentava esconde-las da chuva. Albafica balançou a cabeça negativamente, molhada do jeito que estava certamente pegaria uma gripe. 

- Antes que eu entregue ao Mestre, vai ficar encharcado. – disse com o olhar fixo nas flores.

Mal acabou de falar sentiu algo envolvendo-a. Athina ergueu o rosto rapidamente olhando para trás. Albafica continuava a andar.

- Obrigada... – disse vendo a pessoa continuar a andar. – com licença... – deu um passo.

- Não se aproxime. – virou levemente o rosto, ao ponto de ver só o vulto.

Antes de seguir virou um pouco mais fitando o rosto dela. Athina ainda permaneceu por um tempo parada.

A medida que se afastava o cavaleiro sentia-se péssimo, notara claramente a cara de frustração, afinal havia sido grosseiro. No fundo a cada palavra mal dita a ela, poucas, o deixava ainda mais frustrado. Queria ser diferente, mas não podia. Sacrificou uma vida de convivência em prol da segurança do santuário e dela. Foi a promessa que fizera naquele dia, naquele dia que a viu pela primeira vez, no festival de Atena...

 

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- “Vou manter minha promessa.” – a fitou. – nada vai te acontecer.

 

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Sísifo e Shion conversavam sobre a ronda que o ariano faria. Lara antes de voltar aos seus afazeres foi ate a cozinha ver se alguns remédios que havia feito estavam prontos.

- Se não parar por cinco minutos não vai agüentar.

Virou-se rapidamente ao ouvir a voz, a julgar pela fala pensou em se tratar de Kanon, mas...

- Deuteros....

O geminiano estava encostado no marco da porta.

- Precisa parar um pouco.

- Não posso, o estado deles ainda é preocupante, tenho que trocar os curativos. – começou a andar na direção dele e quando ia passar o cavaleiro parou na sua frente.

Não disseram nada de imediato apenas se olhavam fixamente, ato esse que a deixava desconcertada. Deuteros a fitava de maneira tão profunda que sentia que ele via sua alma.

- Precisa descansar.

- Não posso.

- Então terei que obrigá-la. – sorriu sarcástico.

Sem a menor hesitação, colocando as mãos no ombro dela a conduziu para fora do recinto, levando-a ate um jardim próximo. Lara pensou em retrucar, mas deixou-se levar.

Ele a fez sentar-se num banco de mármore.

- Cinco minutos. Só cinco minutos.

- Está bem.

Deuteros que tinha a atenção voltada para ela fitou o céu e o tremular das folhas. A sacerdotisa ainda olhava-o reparando em cada detalhe. Ele não estava muito diferente desde quando eram crianças. Deu um meio sorriso abaixando o rosto.

- O que foi? – indagou sem olhá-la.

- Nos treinamentos ansiava por uma batalha em que pudesse usar meu cosmo ao maximo e agora que esse momento chegou queria que reinasse a paz, não é estranho? – o olhou.

- Não. Apesar de sermos guerreiros todos queremos a paz. Infelizmente teremos que lutar.

- Não estamos preparados.

- Temos que lidar com isso.

- Temo que não consigamos.

- Que eu saiba o pessimista era eu. – a fitou sorrindo.

Lara também sorriu, ao se lembrar de fatos do passado, eram tempos que não voltariam mais.

- Tenho saudades daqueles tempos. – disse.

- Eu também. – voltou a olhar para o céu. – não tínhamos grandes responsabilidades, podíamos ser mais verdadeiros.

- O que quer dizer? – o fitou sem entender.

Deuteros a olhou, contudo a sacerdotisa ainda continuava sem entender.

 

 

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Logo encerrada a reunião os irmãos lemurianos retiraram-se para uma sala adjacente. Sage sentou-se numa grande poltrona de veludo relaxando o corpo. Hakurei limitou-se a encostar perto da janela de onde via as doze casas.

- Estamos em desvantagem. - disse o cavaleiro de prata.

- Talvez não tenhamos tempo pra nos preparar.

- E eu achei que a guerra santa estava próxima.

- Se ao menos tivéssemos Atena. - tirou o elmo e a mascara revelando os olhos azuis. - fosse mais fácil.

- Quais serão os próximos passos?

- Ainda não sei, mas estou pensando em agir em duas linhas.

Hakurei o fitou sem entender.

- Quero mandar Sísifo em missão.

- Missão? Para que?

- Encontrar Atena. - levantou. - nossos inimigos são os titãs, mas não podemos abandonar nossa busca pela deusa. As nossas defesas estão deficitárias ainda mais sem o poder de alguns cavaleiros.

- Compreendo. Pensa em mandá-lo sozinho.

- A principio sim. Não podemos arriscar.

 - Vou chamá-lo. - disse caminhando para a porta. - mas antes verei como Áurea está. - a frase saiu naturalmente, mas que deixou Sage surpreso.

- O que disse?

- Vou ver a Áurea. - repetiu com a mesma naturalidade.

Sage o fitou, já notara que o irmão às vezes falava nela e quando a viu ferida seu rosto transformou-se.

- "Será que..." Você tem afeição por esta menina?

Hakurei assustou.

- Claro que não, estou tão preocupado com ela quanto estou com os demais.

- Sim... - não ficou muito certo das palavras dele.

- Assim que encontrar Sísifo darei o recado. - saiu.

 

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Deuteros olhava tranquilamente e então ela percebeu.

- É... - disse com um meio sorriso. - podíamos ser verdadeiros. - abaixou o rosto.

- Já deu os cinco minutos.. - levantou. - vamos? - estendeu-lhe a mão.

- Sim.

Kanon observava a cena de longe, havia dado a falta da sacerdotisa indo atrás dela, a principio achou que era uma simples conversa, mas notou o jeito deles. Cismou mas não disse nada saindo.

Andava pensativo que nem notou a presença de Hakurei.

- Algum problema Kanon?

- Âhn...? Senhor Kakurei...Nenhum. Eu só fui ver como meu irmão está.

- Entendi.

- Senhor Hakurei, quais os cavaleiros são os mais velhos daqui?

- Os primeiros a chegarem foram Sísifo, Manigold, El Cid, Deuteros e Lara.

- Por isso eles são tão ligados.

- É... - maneou a cabeça. - Manigold, Deuteros e Lara são amigos desde a infância.

- Interessante... - o geminiano ficou pensativo. - bem já vou para Gêmeos, com licença.

Despediram-se, com o dragão marinho perdido em seus pensamentos, com certeza Lara e Deuteros tinham laços fortes e não gostou disso.

Hakurei continuou seu trajeto com os pensamentos voltando para a conversa com o irmão. Certamente ele estava equivocado, seus sentimentos para com Áurea eram apenas de amizade.

- "É só isso." - pensou passando pela porta. - "Shion?" - recuou um passo para trás a tempo de não ter sido visto.

Voltemos, minutos atrás.

Logo depois de tratar assuntos sobre a segurança do santuário Shion dirigiu-se para o quarto onde Saga e os outros estavam. Pensou que encontraria Lara, mas ela não estava. Daria meia volta se a necessidade de ver alguém não falasse mais alto.  Cauteloso aproximou de onde ela estava deitada. Áurea trazia o rosto pálido com os cabelos soltos. O cavaleiro meio sem jeito ajeitou a colcha sobre ela, ficou por alguns segundos sem ação, pois achava que agia errado. Não era certo uma preocupação demasiada nela, mas... ainda receoso tocou no rosto passando a acariciá-lo. Sentia-se estranho com o coração batendo a mil.

- "Melhore." - com a palma da mão deslizou pela face.

Hakurei presenciava essa cena, primeiramente foi tomado pela surpresa, pois era raras demonstrações de carinho por parte de seu pupilo, mas o gesto inocente aos seus olhos o incomodou. "Você sente algo por ela" veio lhe na mente fazendo-o reconsiderar as palavras de Sage.

Afastou-se antes que Shion percebesse sua presença, precisava pensar sobre isso. 

 

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Sísifo voltava para dentro do templo, havia resolvido algumas coisas sobre a ronda e depois das coisas um pouco mais tranqüilas, veria como estava Lithos.

Andava rapidamente pelo corredor que por pouco não esbarrou num distraído cavaleiro.

- Mestre Hakurei?

- Perdão, estava distraído.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não... quero dizer sim. Mesmo com todos os problemas Sage achou conveniente te mandar para uma missão.

- Missão? – estranhou.

- Sim, nossa busca por Atena não pode parar. Descobrimos uma pista sobre um lugarejo a nordeste daqui. É bem provável que esteja lá.

Sísifo ficou esperançoso, se a pista fosse verdadeira, em breve Atena estaria em seu lugar de devido.

- Quando parto?

- Amanha no mais tardar. Sage quer conversar com você, mas já esteja preparado.

- Sim senhor.

- Mais a tarde venha ao templo.

- Sim.

- Preciso ir, com licença.

- Toda.

O jovem deu lhe passagem, agora sim sentia-se com o animo renovado, se encontrasse Atena certamente todos os problemas seriam resolvidos mais facilmente.

- “Vou encontrá-la” – disse firmemente.

Rumou para o quarto onde Lara e os demais estariam, achou estranho não encontrar-la.

- Lara? – entrou com os olhos fixos em uma pessoa deitada.

Lithos trazia a expressão pálida, mas estava bem.

- “Lithos.” – passou a mão de forma delicada pelo rosto dela.

Desde que a vira pela primeira vez, caída nos arredores do santuário, sentiu uma grande afeição por ela. Não era certo, afinal a única mulher que deveria existir para um cavaleiro era sua deusa, contudo o sentimento que sentia pela grega não era uma coisa simples, passageira.

Sísifo lentamente retirava alguns fios dourados da face dela, aos poucos abaixou o rosto ate ficar bem próximo.

- Terei que me ausentar, - disse no ouvido dela. – mas meus pensamentos estarão com você. – beijou-lhe a fronte.

 

 

 

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Cumprindo as ordens os cavaleiros voltaram para suas casas. As duplas formadas marcaram de se encontrar para dali meia hora na porta de Áries.

Afrodite ainda ferido recolheu-se em seu quarto enquanto Albafica recolheu-se no seu.

Em Aquário...

- Isso é injusto! – Kárdia reclamou pela quinta vez.

- São ordens Kárdia. – pacientemente Dégel tentava convencê-lo.

- Mas... – o escorpião fitou Miro que olhava com sorriso. – seu idiota. – partiu para cima dele.

- Já chega Kárdia. – a voz de Kamus saiu fria e autoritária. – Miro você tem trabalho a fazer, já pode ir.

- Mas Kamus...

- Anda Miro. – o francês não estava com paciência.

- Vive defendendo-o. – fitou Kárdia com ódio. – Vamos Dégel. – saiu pisando duro.

O aquariano do passado fitou os três sem entender.

- Se precisar é só chamar. – disse solicito.

- Tchau picolé. – Kárdia acenou com um sorriso enorme, adorava quando Kamus brigava com o rival. – bem feito para Miro. – fitou Kamus, ele trazia uma expressão séria. – o que foi? Foi só brincadeira. – sentou no sofá.

- Por que não me contou? – indagou ríspido.

- Não me levaria na batalha. – disse num tom mais brando olhando para o chão.

- Deveria ter me contado.

- Para que? Já disse, não me levaria. Eu não passo de estorvo.

- Quem mais sabe?

- Sage, Hakurei e meu mestre. Alem de você e Dégel.

- É ele que esfria seu coração não é?

- Sim, tem sido assim desde o treinamento, fazer o quê? – riu.

- Seu louco. Irresponsável! Sabe do perigo que correu?

- Sei. Mas não se preocupe não ficarei no seu caminho, contudo não me impeça numa batalha. – o fitou.

- Não vou deixar que se jogue para a morte.

- Sou um cavaleiro esqueceu? – a voz aumentou, Kamus não pararia ele, não tinha esse direito.

- Por isso mesmo. Falarei hoje mesmo com Sage, só irá fazer pequenas missões.

- Não pode me privar da vida de um cavaleiro. – levantou exaltado. – eu entrei nessa vida, essa decisão cabe a mim.

- Tem um problema cardíaco Kárdia. – o tom aumentou, como alguém podia ser tão irresponsável. – sabe o que significa isso?

- Que posso morrer a qualquer momento. Eu sei, mas quem determina isso sou eu! E enquanto eu não batalhar onde tenha que usar meu cosmo ao maximo não morrerei.

Pode escrever isso. – voltou a sentar no sofá com a cara emburrada. Poderia ser Kamus, Dégel ou mestre nenhum deles mandaria em sua vida, tinha consciência que no minuto seguinte não poderia estar vivo, mas continuaria sendo cavaleiro.

Kamus o fitou, realmente se soubesse não tinha o levado a batalha, entretanto...

- Tudo bem. Faça como quiser, não vou obrigá-lo a nada.

- Tem certeza?

- Só quero que me prometa uma coisa. – sentou ao lado dele.

- Não gosto de promessas. – a cara ainda estava emburrada.

- Que só vai entrar numa batalha quando se sentir bem.

Kárdia o fitou, Kamus já não trazia a expressão tão carregada, ainda era fria, mas pelo jeito dele ser.

- Só promete se me prometer uma coisa.

- O que?

- Não conte ao aranha de parede. Não sou obrigado a ouvir as brincadeiras deles e nem depender dele.

- Tudo bem. Ele não vai saber.

Na casa abaixo Shura transmitiu as ordens para El Cid e disse a Deuteros que mais tarde o encontraria.

 

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Dégel descia as escadarias em silencio, mergulhado em seus pensamentos. Tinha certeza que Kamus falaria alguma coisa com a Kárdia a respeito da doença. Por um lado achava providencial, talvez o aquariano do futuro conseguisse convencê-lo a pegar mais leve, no entanto era injusto. Kárdia passara por tantas provações para se tornar cavaleiro que desistir agora seria desumano...

 

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 Era primavera, a alegria da estação espalhava-se pelo santuário de Atena. Havia poucos meses que os aspirantes a cavaleiros de ouro tinham chegado, conferindo novo animo. Os treinos aconteciam durante todo dia só parando para o almoço. E é nesse cenário que encontramos o jovem aspirante a armadura de Aquário indo para o alojamento, onde anos mais tarde seria a enfermaria.

Normalmente ao termino do mesmo voltava na companhia de Kárdia, aspirante a armadura de Escorpião, entretanto soubera pelo mestre dele, que já tinha ido embora. Não estranhou, pois sabia de seu jeito irresponsável.

Entrou, no que agora era seu lar, indo direto para o quarto destinado a eles, ficou intrigado por não vê-lo lá passando a vasculhar toda casa. Não o encontrou imaginando que talvez ele tivesse ido para outro lugar. Passaria por seu quarto, trocar de camisa, para em seguida começar a procurá-lo.

A porta continuava aberta, contudo desta vez ouvia som de uma respiração ofegante.

- Kárdia...? – aproximou da ultima cama que ficava perto da janela ficando assustado.

O futuro cavaleiro estava encostado entre a parede e o pé da cama, o rosto estava pálido, suando muito e com dificuldades em respirar. Apoiava o braço em cima da cama segurando a colcha.

- Kárdia o que foi?

Ele apenas o fitou, pois não conseguia dizer nada tamanha dor que sentia. Não queria que alguém o visse daquele jeito, muito menos Dégel, mas gostou de ver um rosto amigo.

- Vou chamar alguém.

- Não... – a voz saiu fraca.

- O que você tem? Onde dói?

O aquariano estava sem ação, principalmente quando viu o amigo cravar a unha no colchão e soltar um forte gemido de dor contraindo todo o corpo.

- Zeus... .Kárdia o que você tem?

O garoto sequer o escutou tamanha dor que sentia, seu coração estava disparado e parecia que a qualquer momento romperia com o peito. Tivera muitas crises, mas nenhuma tão forte quanto aquela. Dégel ficou desesperado, pois não sabia o que fazer, queria chamar alguém, ao mesmo tempo que não queria deixá-lo só.

- Onde dói, me diz.

Kárdia não conseguia responder.

- É aqui? – tocou no peito dele, pois o vira contrair e dilatar.

- Continue... – murmurou, sentindo certo alivio, parecia que as mãos gélidas do amigo diminuía os batimentos.

- Mas eu...

- Libere ar frio...

Dégel não entendeu o porquê, mas obedeceu, ainda não dominava a arte da temperatura baixa, indo devagar com a liberação do cosmo. Kárdia por sua vez respirava cada vez mais normalmente, parou de suar, as cores aos poucos voltavam para sua face e já quase não sentia dor.

- Está melhorando?

- Sim. – respirava tranqüilamente.

- É melhor chamar nossos mestres.

- Não precisa, estou bem. Só preciso trocar de camisa.

- O que aconteceu? – o aquariano sentou na frente dele.

- Nada.

- Como nada? Você estava passando mal.

Kárdia não tinha a pretensão de contar, alias só contou ao seu mestre e ao grande mestre porque eles acabaram descobrindo, mas os fez jurarem que não diriam a ninguém.

- Pode confiar, prometo que não conto para ninguém. – Kárdia tinha sido o primeiro amigo desde que chegara ao santuário, às vezes ele era meio irresponsável e gozador mas gostava do jeito dele.

O escorpião o fitou desconfiado, conhecia-o não havia muito tempo, ele ate parecia ser uma boa pessoa e apesar da cara de nerd ele era legal.

- Jura?

- Juro.

- Jure por Atena.

- Não diga o nome dela em vão.

- Sempre tão certinho... – torceu a cara. - Desde pequeno meu coração é esquisito, as vezes ele bate muito depressa. Eu fico sem ar, passo muito mal.

- Já foi no médico?

- Médico custa dinheiro Dégel. Minha família era pobre. Mas certa vez minha mãe me levou num curandeiro e ele disse que meu coração é fraco e que eu não devo fazer muito esforço. – Kárdia passou a fitar a janela. – e que eu posso morrer a qualquer hora.

- E o que está fazendo aqui? É muito perigoso ser cavaleiro e se numa batalha, começar a doer? Precisa desistir. Vou falar com seu mestre, ele vai entender.

Estava prestes a levantar, contudo o escorpião o reteu.

- Sempre fui diferente de outros meninos, adoro brigar, por isso sempre me meto em confusão, quando finalmente achei um lugar que posso bater sem restrição, você me pede para desistir? – o fitou. -  Eu serei cavaleiro sim e se meu coração é fraco pouco me importo. Sei que não vou viver muito, mas quero uma batalha onde eu dê tudo de mim.

Dégel silenciou, como ele poderia ser tão cabeça dura?

- Mas eu não quero se machuque ou morra... – a voz saiu embargada.

- Sem dramas Dégel, eu não vou fazer falta. – disse virando o rosto, achava-o às vezes muito sentimental.

- Você é meu único amigo. – a voz saiu chorosa.

Kárdia o fitou surpreso, não esperava que ele dissesse aquilo. Tinha amizade pelos outros aspirantes, mas identificava-se mais com o aquariano apesar de seu jeito nerd.

- Eu não vou morrer tão facilmente. – colocou a mão na cabeça dele.

- Promete que se sentir dor vai me chamar?

- Claro, afinal você fez meu coração voltar ao normal, ate que esse frio serve para alguma coisa. – brincou.

- Não brinque.

- Tem hora que você é um chato, mas... – esticou o dedo mindinho. – sempre amigos.

- Sim.

Dégel uniu o dedo selando a promessa.

 

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- Dégel estou falando com você. – há meia hora Miro chamava-o.

- Desculpe... o que dizia?

- Esquece. – deu nos ombros. – não escutou uma palavra do que eu disse. – murmurou.

Sísifo depois de ter com Lithos voltou para sua casa, assim como Dohko, Manigold e Regulus. Asmita continuou em seu templo meditando. Deuteros e Kanon desceram separados.

 

 

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Selinsa estava reclusa num dos quartos de Touro descansando e Aldebaran, na sala, aguardava noticias de seus amigos o que não demorou muito. Hasgard chegou à companhia de Shion e Mu. Relataram sobre as ordens do mestre e dos procedimentos a serem tomados.

- Vamos nos encontrar daqui a meia hora. – disse Shion.

- Compreendo. E como estão todos?

- Saga e os demais continuam desacordados.

- E Shaka?

Os três trocaram olhares.

- Cadê a Selinsa? – Hasgard o fitou sério.

- Dormindo... por que?

- Eu não quero que ela escute.

Era o que ele pensava, mal sabia que a garota ao escutar a voz dele, levantou, mas parou atrás da porta por causa das ultimas palavras.

- O que aconteceu Hasgard?

- Os ferimentos dele são graves Deba. – disse o ariano de melanes lilases. – ele fez um grande esforço do local do acidente ate o templo.

- Entendi, mas o que houve?

- As pernas dele. A direita só tem alguns ferimentos, mas a esquerda.... Lara não quis falar, mas acho que é grave.

- Grave como?

- A ponto dele não andar. – disse Shion.

- O que??

Selinsa que ouvia assustou-se.

- Não temos certeza. – Mu retomou a palavra. – mas é melhor preparar para o pior.

- Por Zeus... – o brasileiro deixou o corpo cair no sofá. – se isso for verdade...

- Por isso que não queria que a Sel escutasse, ela poderia se sentir culpada. – Hasgard sentou ao lado dele.

- Claro, não direi nada.

- Vamos torcer que tudo acabe bem. – disse Shion. - Vamos Mu?

- Sim.

Os arianos despediram-se. Enquanto isso Selinsa voltava para a cama. Não era possível que o cavaleiro ficaria com seqüelas tão graves. Era injusto.

Deu um salto, precisava vê-lo imediatamente. Deu um tempo, para os taurinos acharem que ela tinha acordado só aquela hora.

- Mestre.

- Como se sente?

- Estou bem. Gostaria de ver minha prima Athina.

- Claro. Lara está cuidando dela no templo.

- Eu não demoro.

 Selinsa partiu imediatamente para o templo, alem de querer noticias de sua prima, queria ver como Shaka estava. Primeiramente foi ver sua prima, que para seu alivio já estava acordada e conversando, num quarto a parte.

- Athina, graças a Zeus. – a abraçou.

- Você está bem?

- Não me aconteceu nada.

- Eu sofri apenas alguns arranhões, mas a senhorita Lara achou melhor descansar mais um pouco.

- Descanse mesmo. Quando ela te liberar vou com você ate sua casa.

- Obrigada.

- E por falar nela...?

- Está no outro quarto com os meninos, mais Áurea e Lithos.

- Elas estão ajudando?

- Você não sabe? Elas estão feridas.

- Como? Mas o ataque não foi apenas na vila?

- Ao que parece não.

- Vou vê-las já volto.

A aspirante entrou no quarto destinado a eles, estranhou por não ver Lara, entretanto seu olhar pousou nas meninas, elas estavam pálidas, mas pareciam está bem, contudo o motivo de sua preocupação maior estava deitado perto da janela. Aproximou.

- “Shaka.”

O virginiano parecia num sono profundo, do peito para baixo estava coberto por um fino lençol. Selinsa olhou para as pernas mas não teve coragem de olhá-las. Fitou seu rosto, estava branco. De forma delicada puxou um pouco o lençol cobrindo-o ate o pescoço. Cedendo ao impulso, tocou a face dele.

- Me desculpe... – sussurrou no ouvido dele.

Retirou a mascara e não temendo ser vista, beijou-lhe. Os lábios outrora quentes estavam frios.

- “Melhore.”

Athina voltou naquele mesmo dia para um abrigo improvisado, Lara com ajuda de Hakurei levou Lithos e Áurea para o outro quarto.

Como no combinado Shion, Hasgard, Deuteros, Shura, Miro e Dégel estavam a porta da primeira casa para a ronda noturna.

Separaram-se sob os últimos raios solares, com esperança que o dia seguinte fosse menos devastador.

 

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Ainda sentindo as pálpebras pesadas, Saga abriu os olhos, não levantou de imediato querendo ver primeiro onde estava. Depois de alguns minutos sentou na cama, estranhando ver Aioria, não se lembrava de vê-lo na vila.

Levantou caminhando ate o leonino.

- Aioria. Aioria.

- Hum... – abriu lentamente os olhos. – Saga?

- Você esta bem?

- Sim. – sentou na cama. – por que estou aqui?

- Não sei. Giovanni também está aqui.  – o geminiano foi ate ele. – Giovanni.

- Saga? – ergueu o corpo. – o que houve?

- Ao que parece se feriu no ataque.

- Estava com o Mu... – passou as mãos pelo cabelo. - ... não lembro de mais nada....

- Eu só lembro de sentir minhas costas arderem. – disse o leonino.

- Estranho... – Saga voltou o olhar para perto da janela. – Shaka?

Os dois olharam para o virginiano.

- Shaka. Shaka. – o ex mestre tocou no ombro dele. – Shaka.

Ele não respondeu.

- Está com o rosto pálido. – Aioria aproximou. – mas não parece ferido.

- Pode estar inconsciente. – MM fez o mesmo. – na certa deve ter lutado.

- Shaka.

Insistiu, e desta vez funcionou. Aos poucos foi despertando.

- Sa-ga...?

- Como está?

- Moído... – deu um meio sorriso. – mas vivo.

Fez menção de levantar, contudo...

- Estou tão moído que nem consigo me mexer.

- Te ajudo.

Aioria firmou o braço dele, a perna direita moveu-se normalmente apesar da dor, mas quando foi puxar a esquerda...

- Acho que minha perna não quer sair da cama. – disse brincando. – deixe-me firmar em você.

Segurando em Aioria, Shaka girou a cintura, contudo só a direita mexeu. O cavaleiro de leão puxou a esquerda de forma que as duas pernas ficaram para baixo. Sentiu muita dor na direita, entretanto julgou ser por causa das horas na mesma posição.

- Obrigado.

- Tudo está calmo. – disse o geminiano. – melhor irmos ver o que acontece.

- Concordo. – Shaka queria saber sobre Selinsa.

- Consegue ficar de pé?

- Consigo.

Shaka apoiou de uma vez a direita no chão, quando foi colocar a esquerda... só não foi ao chão porque Aioria o segurou, fora a forte dor que sentiu.

- Calminha...

- Não foi nada. – apoiou-se na cama. - Devo ter ficado muito tempo deitado. Já posso andar.

Tentou, mas novamente foi amparado emitindo um gemido.

- Ainda não está bem Shaka. – disse Saga. – continue deitado por enquanto.

Tentou protestar, mas o geminiano já colocava suas pernas para cima. Shaka estranhou, pois sentiu a sensação fria da mão de Saga apenas na direita, julgou ser pelos vários panos amarrados na esquerda porem....

- Saga....

- Sim?

- Belisque minha perna esquerda.

Fitou-o sem entender.

- Mas...

- Pode beliscar.

- Eu faço. – MM aproximou e sem dó beliscou a coxa dele.

- Filho @#$%& - xingou.

- Você que pediu.

- Agora belisca abaixo do joelho.

- Para me xingar de novo?

- Anda logo.

MM beliscou, um pouco mais brando, talvez tão leve que Shaka não sentiu.

- Coloque força.

- Você que está pedindo. – ele beliscou com vontade, pondo muito mais força do que na primeira vez.

- Não faz hora Mascara. – Shaka não sentia nada.

- Mais eu estou....- estranhou. -  ta bom... – o dedo dele ficou vermelho de tanta força.

Contudo Shaka não sentia nada, olhava-o sem entender. Saga que acompanhava a cena preocupou-se.

- Deixe-me tentar.

- Está me chamando de fraco?

Ele ignorou dando um beliscão, o virginiano não demonstrou reação alguma, olhava fixamente para a perna, tentou mexer os dedos, mas eles ficaram parados.

- Finalmente acordaram. – a voz de Lara fez presente.

- Bom dia sacerdotisa. – cumprimentaram os quatro.

- Como se sentem?

- Por incrível que pareça bem. – disse Aioria.

- Aioria? – Lithos e Áurea apareceram na porta correndo ate o cavaleiro. – como está?

- Muito bem.

- Parece que todos estão bem. – Lara fitava Shaka que por sua vez olhava para suas pernas. – todos ficaram muito preocupados.

- Como estão as coisas?

- A vila está em pedaços, Sage ordenou uma ronda enquanto os demais fazem vigília nas doze casas.

- É melhor irmos juntar a eles. – o geminiano preocupou-se. – quem nos atacou desta vez?

- Iapeto. – respondeu Áurea. – eu o vi nas redondezas.

- Aquele titã maldito. – Aioria cerrou o punho.

- O mestre vai querer vê-los, mas Shaka ainda vai ficar aqui. – sorriu, para demonstrar tranqüilidade. – Regulus também não se cabe de preocupação.

- E como ele está? – indagou a loira.

- Recuperou-se bem.

- Eu quero vê-lo.

Saíram. Lara fechou a porta atrás de si, Shaka a fitava.

- O que aconteceu? – indagou.

- Eu que te pergunto. – aproximou sentando perto dele. – chegou aqui inconsciente.

- Houve um terremoto, um muro caiu sobre mim, por sorte Selinsa conseguiu me tirar dos escombros e me levou ate a enfermaria.

- E veio caminhando de lá ate aqui.

- Não queria preocupar ninguém.

- Mesmo sentindo uma dor insuportável.

- Sim... – abaixou o rosto. – paguei um alto custo não foi?

- Eu não sou medica Shaka. O que sente agora?

- Minha perna direita dói às vezes, mas consigo mexê-la. Já à esquerda... do meio da coxa para baixo não sinto nada.

- Tentou mexer os dedos?

- Sim. Quase caí há pouco. – deu um meio sorriso. – um cavaleiro que não anda.

- Isso pode ser temporário Shaka. – levantou. – seus machucados foram graves e sem cosmo torna a recuperação mais lenta.

- Estamos à porta de uma guerra. – a fitou. – não passo de um peso morto.

- Não diga isso.

- Como está a Selinsa?

- Bem. Fiquei sabendo que ontem a noite ela veio te ver.

Shaka sorriu, tudo que mais queria era que ela estivesse bem.

- Poderia não contá-la? Pode se sentir culpada. Não me importo com a minha situação desde que ela esteja bem.

- Claro. – fixou o olhar nele, a forma que falava dava a impressão que... – não contarei.

 

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O quinteto dirigiu-se para o salão do mestre, como Lara havia dito. Encontraram ele e Hakurei.

- Áurea.... – o cavaleiro de Altar deixou escapar ao vê-la, Sage observava suas atitudes.

- Como vai senhor Hakurei.

- Melhor agora por vê-los bem. – respondeu não tirando o olhar dela.

- Vejo que se recuperaram completamente. – disse o grande mestre.

- Desculpe pelos transtornos. – pediu Saga.

- Transtorno algum. Já estão a par dos acontecimentos?

- Lara nos contou.

- Bom, por enquanto voltem para suas casas, a hora do almoço reunirei a todos para novas ordens.

- Sim senhor. – os três cavaleiros reverenciaram-se.

Áurea e Lithos seguiram com os três.

Sage voltou o olhar para o irmão que fitava a grega.

- Ranna vai ficar com ciúmes.

- Sua imaginação. – disse sem olhá-lo. – fiquei tão preocupado quanto os demais.

- Suas atitudes dizem outra coisa.

- Não me amole. – deu as costas. – tenho mais o que fazer.

Sage sorria para em seguida ficar sério, conhecia o irmão, e estava evidente que Áurea não lhe era indiferente e aquilo não era bom sinal. Cavaleiros não poderiam ter envolvimentos. Hakurei já tinha se aventurado e esconder as conseqüências tornava-se cada vez mais difícil. Eles tiveram sorte ate aquele momento por tudo ficar as escuras. Pensava que a situação não poderia ficar pior, ate que viu um fato que mudaria tudo. Não era só o velho cavaleiro a ficar encantado pela grega, havia também outra pessoa, a ultima pessoa em que isso poderia acontecer.

- Que Atena nos guie. – disse retirando-se do salão.

 

 

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Na porta do templo o quinteto encontrou com Marin.

- Graças a Zeus estão bem. – a amazona abraçou Lithos e Aioria. – seus ferimentos nas costas como estão? – fitou o cavaleiro de leão.

- Que ferimento?

- Não se lembra? – estranhou.

- Só lembro de sentir ardência...

- Você desmaiou para em seguida ser a Lithos.

- Não me lembro. – disse a grega. – mas o importante é que estão todos bem.

- Saga e MM – Marin os fitou.

- Estamos pronto para batalhar.

E com isso deram por encerrado o assunto, não dando a devida importância a ele. Como acontecera dias atrás, os ferimentos deles haviam sido os mesmos, e por um motivo que levaria o caos se acontecesse.

Desceram em direção as doze casas parando em Peixes.

- Fico aliviado por vê-los bem. – Afrodite estava recuperado. – cadê a Athina?

- Ela está bem Dite. – disse Marin. – ontem mesmo ela voltou para casa, Selinsa a levou.

- Que bom. – abriu um enorme sorriso. – se acontecesse algo com ela...

- Hum... – Áurea deu um sorriso martetreiro. – parece que Eros andou passeando por aqui.

- Não diga bobagens. – o pisciano corou. – me preocupei da mesma forma que preocupei com vocês.

- Sei...

Teve inicio uma troca de “gosta”, “não gosto”. MM riu, conhecia-o muito bem a ponto de saber que alguma coisa ele sentia pela tal jovem. Enquanto assistia a pequena discussão, tentando ser apaziguada por Saga, percebeu mais uma presença. A julgar pelo cosmo deduziu que fosse o outro pisciano e que atrás de uma das portas escutava a conversa.

- “Sujeito esquisito.” – pensou. – Afrodite gosta da Athina e ponto final. – disse silenciando a todos.

- Mask! – gritou revoltado.

- Ah é verdade sim! – exclamou. - Não tenho paciência, vamos indo. – puxava o leonino.

Áurea e Lithos foram logo atrás aos risos. Saga e Marin não disseram nada principalmente depois do olhar mortal que Dite lançou a eles.

Albafica, que realmente ouvia toda a conversa, teve vontade de matá-lo, não deixaria que chegasse perto dela.

Em Capricórnio encontraram com El Cid do lado de fora da casa treinando.

- Eu mandei ficar quieto.

O cavaleiro assustou-se ao ouvir a voz e por pouco não corou ao dar de cara com Marin.

- Senho-rita Marin.

- Deveria descansar um pouco mais.

- Já me sinto melhor. E vocês como estão? – dirigiu-se ao grupo.

- Em perfeita forma. – Aioria respondeu por todos.

- Já devem está a par dos acontecimentos.

- Sim. – disse Saga. – o grupo que fez a ronda noturna já voltou?

- Não sei, ainda não vi ninguém.

- É melhor irmos. – o geminiano puxou a caminhada.

- Cuide-se. – disse a amazona.

- Sim.

El Cid a esperou entrar em Capricórnio para voltar a treinar.

Sísifo havia acordado cedo, na noite anterior acertara os últimos detalhes com Sage a cerca de sua busca por Atena. Arrumava uma pequena mala, pois achava que não iria demorar, e nem queria, ficar longe de Lithos e no estado em que ela estava era penoso.

Estava indo para a sala levando a mala quando ouviu vozes aproximando. Abriu um grande sorriso ao ver a grega.

- Lithos...

- Sísifo. – deu lhe um forte abraço, o que deixou Aioria ressabiado.

- Como você está? – a fitou ignorando o olhar mortal do leonino.

- Melhor. Não sinto mais nada.

- Fiquei preocupado. – passou as mãos pelos cabelos dela, Aioria quase enfartou. – e vocês como estão? – indagou aos outros.

- Melhor Sísifo. – respondeu Saga.

- Marin muito obrigado por ter cuidado de Regulus. – a fitou.

- Não foi nada.

Aioria virou a cara.

- Me desculpe Aioria. – disse. – agi errado com você. Regulus me contou.

- Ainda bem que reconhece que errou. – a cara estava amarrada.

- Aioria! – Lithos chamou sua atenção.

- Mas é verdade. Jamais colocaria-o em perigo.

- Eu sei. – respondeu o sagitariano. – sei o quanto queria protegê-lo e agradeço por isso. Regulus é como um irmão para mim. Se algo acontecesse a ele nem sei o que faria.

O cavaleiro de leão serenou a expressão, lembrou-se de seu irmão, ele falaria a mesma coisa.

- Escutei inúmeras vezes isso. – Saga lembrou-se do amigo. – Aiolos tinha uma grande preocupação com o irmão.

- Então deve entender como me sinto. –o sagitariano o fitou.

- Sim...

- É passado. – disse Lithos, querendo terminar com esse assunto.

- Vai viajar? – MM tinha visto a mala.

- Vou sair em missão. Mesmo com os titãs batendo a nossa porta, temos que encontrar Atena.

- Já tem pistas?

- Uma cidadezinha ao norte, não temos certeza, estou indo averiguar.

- Vai ficar muito tempo fora? – indagou Lithos não gostando muito da idéia.

- O tempo que for necessário. Parto daqui a pouco.

- Não queremos te atrapalhar. – Aioria pegou a mão da irmã dirigindo-se para fora.

- Ate mais tarde.

O grupo continuou o seu trajeto, Sísifo ao se ver sozinho soltou um sorriso ainda mais largo. Agora poderia ir sossegado, ela estava bem.

- Sísifo.

Voltou-se imediatamente deparando-se com a propria.

- Oi.

- Você já está indo viajar?

- Sim, vou me encontrar com Shion e ir.

- Então faça uma boa viagem. – o abraçou.

- E você cuide-se, - acariciava os cabelos dela. - fique apenas dentro do templo de leão, tenho medo que os titãs ataquem novamente a vila e você esteja lá.

- Pode deixar. – disse fitando-o, mas sem se afastar dos braços dele. – tome cuidado também.

- Volto trazendo a nossa deusa. – sorriu confiante.

- Eu sei que sim. – afastou. - boa sorte.

- Obrigado.

A grega aproximou de novo, mas desta vez deu lhe um beijo na bochecha, deixando o cavaleiro corado.

- Para dar mais sorte. – sorriu.

Sísifo fitou a boca dela, o singelo beijo abriu as portas para o sentimento que ele tentava abafar e com aquela aproximação seu lado cavaleiro foi deixado de lado. Sem hesitar, a puxou contra si iniciando um ardente beijo. Lithos, apesar de saber que era errado, nem cogitou afastar-se, entregando-se completamente ao contato.

O cavaleiro sentia seu coração acelerado, todas as vezes que estava perto dela, parecia que não havia problemas, incertezas... era uma sensação que não deveria ter pois devotara a sua vida a deusa Atena, contudo Lithos tinha entrado de uma forma singela, que hoje, via-se com um objetivo, egoísta alguns diriam, mas tão importante quanto a promessa feita ao receber a armadura de Sagitário: protegê-la de tudo e de todos.  Lithos pensava semelhante, conhecia a fundo a vida de um defensor de Atena e sabia que eles só deveriam ter sentimentos para com sua deusa, mas desde que vira Sísifo, toda a sua opinião a respeito desse assunto caíra por terra. 

- Sabe que não podemos ter nada, não é? – murmurou no ouvido dela.

- Sei...

- Mas mesmo assim. – a fitou. – eu quero ter algo com você. Eu te amo Lithos.

- Eu também... – afastou-se. – mas, você é um cavaleiro.

- Eu sei. – a segurou pela cintura. – com essa batalha que se aproxima teremos um curto espaço de tempo para ficar ao seu lado. Não vou me esquecer das minhas funções com a nossa deusa, mas também quero uma vida normal.

- Sísifo...

- Sempre que puder ficarei com você.

- Você precisa ir. – soltou-se. – ou vai se atrasar. – o fitou.

- Você não... – disse desapontado.

- A situação não é tão simples assim. Há muita coisa em jogo.

- Mas nada que seja maior o que eu sinto aqui. – apontou para o coração.

- Tome cuidado está bem? – o abraçou.

- Tomarei. – a envolveu nos braços. – voltarei em segurança. Não posso te deixar viúva tão jovem.

Ela o fitou surpresa.

- Quando voltar, nos casaremos em segredo.

- Sísifo...

- Sempre serei seu. Sempre.


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Notas finais do capítulo

Dies Malus – Dias maus