Rotten Soul escrita por Sially


Capítulo 6
Bônus Kaira


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Me perdoem de verdade pela demora mas eu estava acabando de escrever o capitulo quando tive a brilhante ideia de fazer esse "Bônus". Acho importante que entendam a vida da Kaira um pouco antes de julgá-la. Se algo ficar confuso pode me mandar MP ou comentário que responderei da melhor forma possível.
O capitulo ficou um pouco grande por causa da história que realmente é muito longa e não dava para dividir, espero que não se importem.
Por favor comentem sobre o que estão achando, teorias, o que acharam da história, o feedback de vocês é super importante para eu montar o resto da história.
Como o próximo capitulo ja está meio pronto não pretendo demorar mais que 1 semana para postar a não ser que acabe tendo algum imprevisto.
Obrigada pela paciência e todos que estão acompanhando a história.
Sem mais delongas, boa leitura
Espero que gostem.



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– Amor, vamos fugir. - ele disse.

– Não podemos, Ulisses. Eu não posso. Não é assim que as coisas funcionam.

– Kaira, eu te amo e te respeito. Eu não imagino minha vida sem você. - Ulisses dizia enquanto tentava me convencer a fugir.

– Ulisses, você vai morrer se eu me apaixonar por você! - eu gritei para ele. Dizendo a verdade.

– O quê? - ele recuou um pouco.

– Você sabe o que eu sou! - olhei para minhas mãos. Mãos que ja foram capazes de tantos feitiços e causa de tantas mortes.

– Eu entendo que você é uma "salaziana".

– Saleziana. - corrigi-o.

– Isso, mas por que eu morreria? - ele perguntou assustado.

– Porque você é humano. - eu disse nervosa. - Eu não deveria ter deixado isso acontecer. - larguei minha mala pré arrumada para a fuga com ele. Passei minhas mãos pelos cabelos ervosa. Eu deveria ficar em salém com os outros que são iguais a mim.

– Kaira, calma. - ele segurou meus pulsos me fazendo parar de andar. Ele tinha essa habilidade de me acalmar quando tudo me estressava. - Agora me fala o por quê de eu morrer. - Respirei fundo e algumas lagrimas caíram quando me lembrei da maldição.

– Bom, sente-se, é uma história longa. - nos sentamos no meu sofá e comecei a contar:

“ Quando se completa 19 anos aqui, nós somos chamados para que eles expliquem a regra do amor. Parece ridículo mas na verdade é uma maldição.

Há muito tempo, na época que mandavam mulheres para a forca, uma saleziana, nascida em salém, se apaixonou perdidamente por um homem humano e o poder dela se intensificou com o amor. Tudo se intensificou porque é assim que funciona para nós. Um dia enquanto ela fazia um encantamento para ajudar seu amado que estava doente a encontraram e condenaram a forca. Nessa época os encantamentos eram simples, nada que realmente machucasse. Ela se entregou, afinal estava cercada.

Seu amado se curou da doença por causa dela. Os dias que precederam sua morte ela ficou presa e esperou todos os dias pelo amado que nunca apareceu. Quando finalmente chegou o dia da execução, ela saiu pelas ruas e como sempre as pessoas jogaram coisas nela e gritaram apelidos maldosos.

Ela esperava que seu amado a salvasse de alguma forma. Quando a corda se fechou em seu pescoço e ela viu seu amado a observando com olhos acusativos e acompanhado de uma outra mulher com um filho ela ficou furiosa. Antes de puxarem a alavanca para que ela morresse, gritou para todos os céus:

– Nenhum humano é confiável! Que meus descendentes nunca passem pelo que eu passei e eles não vão porque se um nascido em Salém se apaixonar por um humano, esse morrerá e queimará no fogo do inferno junto ao que me enganou e que está no meio de vocês. Nunca mais outro saleziano sofrerá por um humano. - e com isso ela derrubou uma lagrima e por causa do amor e ódio que ela sentia o poder dela se fazia muito mais forte e quando a lágrima encostou no chão a maldição se tornou real e agora se nos apaixonarmos por um humano, a partir do momento que temos isso constatado sentimos a presença da morte e ela os leva de nossos corações.”

– Kaira, eu… - Ulisses não sabia o que dizer. Eu também não saberia. - Eu sou diferente. Eu te amo. Eu nunca te abandonaria. Eu realmente te amo. - ele disse beijando meus lábios a cada frase terminada.

– Ulisses, eu estou apaixonada por você. - admiti com muitas lagrimas nos olhos. Sabia qual seria o fim.

– Kaira, não vamos pensar nisso agora. Vamos viver o presente. Se eu estiver com você no meu ultimo suspiro vai ter valido a pena todo o resto. - Ulisses sorriu e me beijou. Nessa noite concretizamos nosso amor.

Xx (1 mês depois)

– Kaira, eu sou definitivamente o homem mais feliz do mundo. - Ulisses gritou em meio ao campo de flores enquanto me segurava pela cintura e me girava sobre as flores. Eu estava rindo. Eu era a pessoa mais feliz desse mundo. - você não podia me dar presente maior. Eu te amo tanto. - ele beijou meu ventre onde estava uma mini pessoa que era metade eu e metade ele. Nada mais puro vindo do amor.

– Ulisses, você me fez ser a pessoa mais feliz do mundo. E agora a mãe mais feliz! - abracei-o.

– Você será a melhor mãe do mundo, com seu jeito doce e ás vezes brava ao mesmo tempo, que me encanta sempre. Ele vai sair por ai fazendo as magias que a mãe vai ensinar. - nós dois estávamos chorando.

– Você também vai ser o melhor pai do mundo. Se for menina, vai mimar tanto a garota que vou sentir ciúmes. - fiz uma careta.

– Você é a mulher da minha vida, Kaira, vocês serão… - ele sorriu mas apenas por um momento até lembrarmos da maldição. - Kaira, você terá que cuidar dessa criança sozinha. Eu sei que você consegue. - ele me colocou no chão.

– Não.. NÃO…. você cuidará dela comigo! - gritei para ele. - você pode fugir agora e eu não vou mais te amar e você poderá vê-la sempre que quiser. Me faça a pior das atrocidades. - comecei a me desesperar, em parte por causa dos hormônios e também porque eu tinha medo da maldição. Comecei a estapear Ulisses de nervoso. - Me engane, me faça ter raiva de você… eu darei um jeito de parar de te amar. - Ele me abraçou forte me impedindo de continuar a bater nele. - Por favor, Ulisses. - e então voltei a chorar mais forte mas dessa vez era, de fato, de tristeza.

– Kaira… shhh.. - ele apoiou o queixo em minha cabeça enquanto desabávamos no chão. - Kaira, eu não posso fazer isso. Eu te amo. Não vou te deixar.

– Você não pode morrer. Te proíbo.

– Não é assim que as coisas funcionam, meu amor. Só de saber que teremos um filho me deixa mais tranquilo. Essa criança vai mudar você de formas que ninguém poderá.

– Você me mudou, você conseguiu trazer o melhor de mim, enxergou o que ninguém nunca viu.. - lembrei da época em que eu não acreditava no amor e era arrogante e desacreditada na vida.

– Realmente, foi dificil te mudar, viu?! - ele riu triste. Como eu sentiria falta dessa risada. - Mas eu consegui. Não deixe nada te abalar. - ele ordenou.

– Eu não quero isso. Dói só de imaginar. - coloquei a mão em meu peito onde fica o coração. Eu não posso viver sem você. - me acomodei mais em seu abraço.

– Não importa onde eu esteja, estarei sempre com você de uma forma ou de outra.

Ficamos abraçados por mais algum tempo apenas observando o nada enquanto ele acariciava meu ventre.

– Ulisses. - chamei. - Eu vou mudar a maldição. - disse determinada.

– Você o quê? - ele perguntou assustado.

– Vou mudar a maldição. - repeti decidida. - Os salezianos tem mais poder no ódio e no amor; foi assim que a primeira saleziana lançou a maldição. Eu posso quebrá-la.

– Kaira, não. Você sabe o que a profecia diz. Você mesma me disse. "Apenas aquele/a que for o mais poderoso dos salezianos, com metade da vida vinda das trevas teria poder suficiente para quebrar a maldiçao ou seu amor e ódio devem ser maiores que o daquela que lançou”. - ele resumiu a profecia, eu até não podia ser a pessoa da profecia mas poderia ter mais amor, ódio e poder que a primeira Saleziana.. - além de ter que ser descendente da primeira Saleziana.

– Eu sei. E por que não seria eu? - olhei para ele esperançosa. - Eu sou a mais forte entre os outros, você mesmo disse que me mudou. E se você me mudou porque eu tinha partes escuras no meu coração, trevas?

– Não, Kaira, você nunca teve trevas. Você só era dificil, complicada, mas sempre teve luz dentro de si.

– Eu posso conseguir, eu sei que posso.

– Kaira, por favor não. Você tem que priorizar nosso filho. - ele parecia preocupado mas eu não desistiria.

– Eu vou. Ele não vai crescer sem um pai.

– Kaira, os anciãos já disseram que não é pra ninguém mexer com tal poder, inclusive você, por isso que é proibido.

– Tudo bem. - fingi concordar.

– Promete que não vai atras disso? - cruzei os dedos nas minhas costas e disse:

– Claro, amor.

Xx

Eu amava Ulisses com cada célula do meu corpo. Eu era capaz de quebrar aquela droga de maldição. Era o mantra que eu repetia sem parar antes de invadir o salão dos livros secretos. Onde era guardado o primeiro livro, com a maldição original. Eu sabia o que tinha que fazer. Se desse errado era impossível prever o que de fato aconteceria mas eu não estava contando com a derrota.

– Não se preocupe, eu vou te salvar e você terá seu pai aqui. - falei para o bebê que estava em meu útero. Sorri tomando coragem e imaginando como seríamos felizes se desse certo. Entrei na sala proibida e tomei o cuidado necessário para não ser percebida.

– Kaira, saia dessa sala agora. - gritou uma das salezianas chefes enquanto ela corria, mas não daria tempo dela alcançar a sala, eu ja estava trancando as portas. - Você não pode fazer isso. Ulisses nos contou o que pretende. - Filho da mãe– Kaira, você não pode mudar as coisas.

– Existe um contra feitiço. Uma contra maldição.

– De fato existe, mas não é você que o realizará. Não seja egoísta.

– Por que continuam dizendo isso? - Gritei. A porta ja estava fechada e trancada, mesmo assim era possível ouvir ela do lado de fora da porta.

– Kaira, realmente, você é a saleziana mais forte daqui. Tem o poder raro de parar o tempo e eu sei que é assim que consegue adiar tanto a morte do Ulisses, ele não sabe mas eu sei. - cada Saleziano tinha um poder que vinha de família. Vez ou outra o poder destoava e era raro. Eu era esse caso. Um deles. - Eu consigo ver a essência da sua magia. Eu sei que pode parar o tempo. - ninguém sabia disso. - se você for treinada corretamente será a maior saleziana que ja existiu mas aqueles que nasceram com o seu poder são muito difíceis de controlar. Por favor, Kaira, abra a porta e vamos conversar.

– Desculpe. mas ja conversamos por séculos demais. - e assim encerrei nossa conversa. Peguei o maior livro que tinha na sala. Era antigo e estava gasto. Abri-o na parte em que falava da maldição original.

– Por favor, que dê certo. - disse para mim mesma. Reli a maldição e a contra maldição.

Maldiçao:

– Nenhum humano é confiável! Que meus descendentes nunca passem pelo que eu passei e eles não vão porque se um nascido em Salém se apaixonar por um humano, esse morrerá e queimará no fogo do inferno junto ao que me enganou e que está no meio de vocês. Todos eles são iguais e nunca mais outro saleziano sofrerá por um humano. - e com isso ela derrubou uma lagrima e por causa do amor e ódio que ela sentia o poder dela se fazia muito mais forte e quando a lágrima encostou no chão a maldição se tornou real e agora ao se apaixonar por um humano, a partir do momento que se tem isso constatado e certo se sentirá a presença da morte, o cavaleiro negro, e ela os levará de nossos corações.

Contra - Maldiçao/Profecia:

Daquele que tiver o simbolo forcado da primeira Salém.

Que traz as trevas consigo também

Concentrada pelas mãos do anti-cristo

Entre o bem e o mal daquele que for visto

A salvação ou a perdição vinda dessa união

Assim como traz da vida do infrator

Esse coração tão poderoso que carrega escuridão

Que seja eterno em ódio e amor.

Essa na verdade não era só uma contra maldição, era uma profecia antiga. Por falar de Salém sempre acharam que se tratava de um saleziano mas muitos tinham dúvida. Poderia ser para qualquer um. Como se espera esse “profeta” todo poderoso, esse seria capaz de quebrar a maldição, qualquer maldição na verdade. Muitos já tentaram interpretar mais sobre a profecia mas nada foi encontrado.

Peguei a adaga que tinha trazido e cortei minha mão deixando pingar meu próprio sangue. Todo tipo de feitiço antigo e muito forte era usado sangue como assinatura própria, e dessa vez não seria diferente. Com meu sangue fiz o símbolo dos salezianos: uma corda simbolizando uma forca da primeira saleziana e passei um risco na diagonal como se anulasse pronunciando:

– Revertum everto. Daquilo que tirais de mais precioso seja dado de volta ao ventre e aos corações de Salém. - Assim que terminei de falar uma onda de energia vinda da minha marca de sangue explodiu e como uma onda reverberou por toda Salém.

Estava feito. Eu fui jogada para trás e de repente senti as portas, que antes estavam trancadas por meus encantamentos, abrirem estrondosamente.

De repente o som foi ficando mais baixo e minha visão ficou turva até eu não enxergar nada e entrar em um lugar branco, como se fosse um limbo. Havia apenas uma mulher no centro com uma corda ao redor do pescoço. Me aproximei dela e quando a toquei ela se virou para mim. Seus olhos estavam vermelhos, pareciam de tanto chorar, suas mãos cheias de marcas provavelmente de tanto agarrar as cordas no intuito de se salvar da forca e seu pescoço bem marcado pelas tranças da corda. Pela descrição e características podia dizer com certeza que era a primeira Saleziana.

– Se eu estou aqui é porque você tentou quebrar meu encantamento.

– Sua maldição. - corrigi.

– Kaira, acredite estou salvando muitas mulheres. - como diabos ela sabia meu nome?

– E condenando outras a morrer de solidão pela falta dos maridos humanos. - comecei a discutir com ela.

– Você é ousada. E muito forte ao meu ver. Está apaixonada, é? - ela riu. - eu ja estive assim até que meu amor me condenou a forca. - ela continuou rindo.

– Alguns não são assim. - contestei.

– Está me dizendo que estou errada, Kaira? - ela perguntou e tinha algo nela muito sombrio e assustador. - Vamos dar uma olhadinha no seu futuro. - antes que eu pudesse contestar ela pegou em meu pulso e tudo ao meu redor se transformou. Eu estava em um campo de batalha e vi a mim mesma me jogando na frente de Ulisses para que ele não morresse e acabou que eu morri. - Está vendo? Esse homem causaria sua morte. Um humano. Eu te salvei.

– Não me importa, eu estaria com ele.

– Kaira, se você não aprende pelo amor, será pela dor. O amor não leva a nada, o poder sim. - ela soltou meu pulso e voltamos ao limbo. - Você tinha tudo para ser a maior saleziana da história: poder e inteligência. Eu te dei a oportunidade de ficar sem esse amor e se tornar essa mulher forte mas não; você desafiou minha decisão. E como você sabe a sociedade punitiva só funciona com exemplos. Você provocou a ira e agora receberá o castigo. Isso servirá de exemplo para qualquer Saleziano que tiver essa ideia ridícula de novo. - ela parou de sorrir - Você não tem ideia do que fez quando riscou nosso símbolo. - engoli em seco. Eu estava com medo. - Você condenou todos os filhos de salezianos com humanos. Eles não vão mais poder existir.

De repente comecei a me sentir muito mal e comecei a tossir sangue. Me encurvei sobre meu ventre que queimava e cai no chão me contorcendo.

– Inclusive você. - disse a mulher me rodeando. - Você perderá seu amor também e será condenada a uma vida eterna remoendo seu amor e ódio para sempre. Carregando consigo o pior dos fardos. Você condenou todos os que são metade humanos. Parabéns, Kaira. - ela bateu palmas e riu. A mulher se agachou e aproximou seus lábios do meu ouvido dizendo - Quer saber porque você condenou os filhos também? Porque seu amor pelo seu filho meio humano e meio saleziano foi maior que seu amor por Ulisses. E ao recitar seu contra feitiço, as palavras erradas fizeram tudo dar errado. Você pensou em si também, você foi egoísta. Você de fato era capaz de quebrar meu feitiço, tinha o amor e ódio suficiente mas era por esse bebê que carrega em seu ventre e não por ele. Você foi tão burra. Não merece o poder que tem. - ela encostou a mão em meu peito e puxou uma áurea dourada. Meu poder do tempo. - quando você merecer, pode ter de volta, mas acho dificil. Não merece esse dom. - gritei de dor por ela estar tirando uma parte de mim. Meu poder.

Uma facada teria doido menos. Eu tinha a capacidade de reverter o feitiço mas me concentrei no meu filho. E acabei por matar meu filho e Ulisses.

– Kaira, o tempo que você terá se remoendo te fará a saleziana mais forte que ja existiu. Use esse poder, se torne a lider da nossa espécie. Você é a melhor pessoa para isso.

– Não, não está certo.. você deveria ser a nossa salvação. Você é a primeira Saleziana. Você na verdade é a vilã. Quem é você?

– Ta vendo o que o amor faz com uma pessoa? Fiquei presa nesse feitiço até que você o quebrou. Agora o feitiço está com você, Kaira. Sofra como eu sofri e viva eternamente com a dor de um amor perdido. - e com isso ela se desfez e eu voltei a realidade.

Olhei ao redor e haviam várias pessoas a minha volta. Eu tinha uma poça de sangue no chão ao meu redor vinda do meu ventre. Eu perdi meu filho.

Xx

Ao longo da semana que se seguiu todos os filhos entre humanos e salezianos adoeceram e morreram. Naquele mesmo dia corri para ver Ulisses e ele estava morto também. Chorei por dias dentro de casa até que chegou o dia do meu julgamento. A primeira saleziana estava certa, meus poderes nunca estiveram tão fortes. Se eu olhasse com um pouco mais de raiva para alguém, essa explodia em chamas.

Fui condenada a passar 100 anos presa sem poderes por ter matado tantas pessoas, invadir o salão proibido e piorar a maldição. Eu ja não tinha nada mesmo, perdi meu filho e meu amor, fui condenada a passar a eternidade sofrendo; o que eram 100 anos?

Não achei que seria tão dificil sobreviver às semanas na prisão. Fui considerada uma prisioneira de alto risco por isso ficava em uma área de isolamento a prova de qualquer magia. Provavelmente essa área não era preparada para o tanto de poder que eu tinha mas fiz um pacto comigo mesma de nunca mais usar meus poderes. Eles só causaram destruição e morte.

Depois de alguns anos devo dizer que fui perdendo um pouco de humanidade e me tornei mais amargurada. Eu não tinha nada. Chegou um momento que eu estava tão no fundo do poço que tentei me matar várias vezes mas como a primeira saleziana disse: eu era imortal. Mesmo os anos passando eu não envelhecia, ou se envelhecia era muito pouco. Era como se 100 anos fossem 10 na contagem normal, talvez até menos.

Quando cumpri minha pena dos 100 anos me chamaram para participar do conselho de anciãos porque eu era a mais forte de lá e mesmo tendo causado um acidente ainda era a mais inteligente, a melhor bruxa. Eu tinha noção disso e contei a eles sobre minha “visão”; eles acharam conveniente acatar as ordens da mulher louca da visão que me nomeava a líder dos Bruxos de Salém. Eu recusei, se uma coisa eu tinha certeza era que eu não obedeceria nunca àquela mulher. Eu não tinha mais nada a perder.

Sai de Salém e viajei sem rumo pelo mundo até me estabelecer em Grand Island, Nebraska onde tocava um negócio de clarividência apenas para rir do futuro das pessoas, rir da desgraça alheia se tornou meu passatempo preferido. Depois de algum tempo fora da prisão voltei a usar parte dos meus poderes, quase nada comparado a minha real capacidade mas ainda assim.

Acordei de repente do meu transe por causa do feitiço. Vez ou outra eu realizava esse encantamento que me fazia reviver minha vida passada para me lembrar dos motivos pelo qual me tornei quem sou hoje. E esse era o único jeito de rever o amor da minha vida, Ulisses, mesmo que eu tivesse de passar por toda a parte ruim desde que eu pudesse passar mais um segundo vendo-o já valia a pena.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam dela?
Fiz vocês pensarem diferente sobre ela?
Até o próximo capítulo
Xx



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