Ainda existem flores escrita por Detoni


Capítulo 7
Baile


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu estou muito feliz. Sério mesmo. Quero agradecer a todos vocês que estão comentando, vocês não tem noção do quanto isso é importante para mim. E vale lembrar que eu adoro escutar as teorias de vocês. Então por favor mantenham isso!Quero agradecer principalmente a Enirehtac, por favoritar! Bom, ta aqui o cap. Espero que gostem.
XD



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"As juras mais fortes consomem-se no fogo da paixão como a mais simples palha."- Willian Shakespeare.

Meu dia teria sido maravilhoso se pessoas da escola não aparecessem em cada lugar que eu ia. Primeiro foi no SPA, onde acabado de fazer minhas unhas quando um jato de água voou na minha cara trazendo consigo um Castiel pedindo desculpas e afirmando que havia sido um acidente um acidente. Depois, foi na praça, onde eu fui soterrada por montes de toalhas que as os alunos jogaram em mim enquanto iam correr. Claro, assim que me livrei delas veio outro jato de água. Na realidade, Castiel e seus jatos de água acidentais me seguiam para todos os locais.

Agora, sentada no starbucks, onde havia combinado de encontrar Alexy e Rosa para comprarmos roupa para noite, estou em estado de completo alerta. Fora o Castiel, não vi a F4 o dia inteiro e me pergunto onde se meteram que não estão com seu líder.

Finalmente, meus amigos aparecem e eu sorrio para eles, fazendo um aceno da minha mesa. Alexy e Rosa acenam de volta, entrando para fazer o pedido. Eu mesma dou um gole em meu frapuccino, satisfeita pelo gelo gelado no calor que estava fazendo.

— Tem algumas lojas de marca aqui perto, mas podemos ir no shopping. – Rosa comenta distraída, enquanto se senta.

— Ah, pelos céus, nós não vamos no shopping. Vamos na loja de Leight igual você quer. – Alexy diz. Rosa fica corada e encaro meus amigos, curiosa.

— Leight? – pergunto. Rosa tem um namorado que não estou sabendo.

— É o dono de uma loja muito boa de alta costura... – ela disse parecendo sem graça. Opa,espera. Rebobina esse negócio. Rosa corada e sem graça, nunca pensei que veria isso na minha vida.

— E um tremendo gato. Rosa tem um abismo por ele e ele por ela, não sei nem como não estão namorando. – Alexy diz. Rosa volta a ficar corada. Céus, seria possível essa situação?

— Não namoramos por que ele não pediu. – Rosa diz sem rodeios. Caramba, ela deve gostar de verdade dele.

— Mas vocês já... não sei como se diz... já... – como perguntar se eles já se beijaram? Eu achava que para beijar você tinha que estar namorando, mas Vikor me disse que beijo não precisa de tanto sentimento assim.

— Transamos? Já. – Rosa diz. Não era isso que eu estava pensando, ela foi muito além. Sinto meu próprio rosto ficar vermelho e um semi filme pornô começa a tomar conta da minha mente.

— Ela está com vergonha! Estamos deixando nossa pequena amiga inocente sem jeito! – Alexy diz e cai na gargalhada. Dou-lhe um soco de leve em seu braço e me encolho, tomando minha bebida com um sorriso incontido.

***

— Você está linda, Rosalya. Esse lhe caiu muito bem. – Leight, o atraente dono da loja, diz. Quando chegamos na loja de alta costura Leight´s, um vendedor bem vestido veio nos atender, mas ao ver de quem se tratava, chamou imediatamente o chefe. Leight parecia imensamente contente em estar aqui, olhando Rosalya desfilar em seus modelos.

— Concordo, Rosa. Você está incrível. – digo concordando. Uma parte de mim queria apenas ir embora, este era o décimo primeiro vestido que Rosa provava. Eu havia escolhido o meu na segunda tentativa: um vestido reto e longo azul, com algumas camadas clareando como se fosse gelo escorrendo. Todos aprovaram, por mais que Rosa insistisse que eu deveria provar outros para ter certeza de que aquele era o melhor. Eu simplesmente queria voltar para meu hotel e fazer meu tratamento de beleza intenso. Quando tenho dúvidas no que comprar, em geral, eu simplesmente levo todas as opções que experimentei. Mas dessa vez eu realmente havia gostado do vestido, era delicado, e tinha esse cinto de prata que ainda afinava mais ainda minha cintura.

Rosa, porém, claramente queria apenas o que ela tivesse certeza. Mas este vestido estava de fato maravilhoso. Era preto e cintilante, com um corte na perna que esquerda, dando um toque bastante sexy. Não que Rosa precisasse desse tipo de toque, seu corpo por si só já era inteiramente sexy.

Leight estava deslumbrado. Seu olhar percorria o corpo inteiro de Rosa, mas sempre se detinha em seu rosto. Seu olhar... me senti quase uma intrusa ao presenciar a forma como ele encarava Rosa. Aquilo era adoração. Rosa me contou que eles “ficavam” já tinha mais de um ano. A primeira vez dela havia sido com ele, na metade do ano passado. Eles não eram oficiais, mas era bem claro que ambos se gostavam muito. Alexy me disse que mesmo não sendo oficiais, eles eram exclusivos. Tentei fazer que estava entendendo, mas Alexy disse que eu não podia concordar com uma situação ridícula dessas e eu concordei com Alexy. Não sou a melhor pessoa quando se trata de relacionamentos.

— É, eu gostei bastante deste. – ela comenta alisando o vestido em frente ao espelho. Leight se levanta e caminha em direção à ela e Alexy me puxa para fora da área de provadores.

— Você não vai querer ficar segurando vela, confie em mim. Estou tão feliz que não estou sozinho desta vez! – o azulado diz. – vem, vamos pagar seu vestido e comer alguma coisa.

— Ela vai demorar tanto assim? – pergunto casualmente.

— Poxa, Tessa, deixa sua amiga dar uns beijos quentes no quase namorado em paz. – Alexy diz.

— Mas eles estão nos provadores. – digo pensativa. E se alguém chegar?

— Para alguém tão inteligente como você, realmente falta muita experiência. Leight é o dono. Confie em mim, ninguém vai entrar ali. – Alexy diz rindo. Meu rosto fica quente.

— Eles vão... você sabe, ali? – pergunto.

— Duvido. Rosa tem seus princípios para isso e acho que ela exige uma cama. Mas como eu disse, eles vão dar uns beijos bem quentes.

Será que eu realmente sou muito ingênua assim? Céus, eles nem namoram. Será que vão namorar? É isso que a Rosa faz toda vez que da suas escapulidas para cidade? Fica “dando beijos quentes” em seu quase namorado? E por que o rosto de Leight, de alguma forma, me pareceu tão familiar? Não seus cabelos pretos, ou seus olhos castanhos, mas aquela suavidade de traços faciais... tenho certeza que já vi aquela beleza harmônica antes. Só não consigo me recordar.

***

Quando finalmente vou para o hotel, após um discurso da boca para fora de Rosa de que nós deveríamos ter esperado ela na loja, resolvo relaxar á moda antiga já que o SPA está fora de questão. Sempre fui uma pessoa vaidosa, por mais que não me arrumasse muito. O que mais me importa são os detalhes, como: minha sobrancelha está sempre feita, assim como minhas unhas. Mesmo aqui nos Estados Unidos tenho o cuidado de ir no salão ao menos uma vez por semana para ter certeza de que tudo está em ordem.

Pego uma mascará facial coreana que havia trazido na esperança de usar no SPA. Enquanto espera encher com água quente, começo a passar o creme de hidratação em meus cabelos, finalmente grata por um momento de tranquilidade. Passo uma mensagem para Viktor avisando que teria que cancelar os planos de filme por vídeo chamada hoje à noite e estou prestes a entrar tirar meu roupão, com a mascará já posicionada, quando notebook (ainda não comprei um celular novo, vou adiar o máximo possível para não ter que lidar com meus pais) começa a falar sozinho.

— Estou te veeeendoooo! – ele diz. Espera, que? Meu computador está me vendo? É isso, as máquinas agora finalmente vieram tomar o controle da humanidade. Foi bom ser livre enquanto durou.

Me aproximo cautelosamente do meu notebook e quando o pego, vejo o rosto de Castiel. Ele está sorrindo para mim, em uma vídeo chamada. Droga, como ele acessou meu computador? Ele é maluco?

— Você perdeu a cabeça? E se eu estivesse nua? – digo com raiva.

— Tive esperança de que você estaria. Sabe, essa mascara combinou com você. Bem melhor que seu rosto normal deveria sair por ai assim. – ele diz. Respire, Tessa, você não pode matá-lo pelo celular mesmo.

— Estou desligando. Se você invadir meu celular de novo eu te denuncio, então não se atreva. – digo.

— Esse esforço todo para cuidar da pele e do cabelo é para ficar bonita para mim? – ele pergunta alegremente, me ignorando. Sério, ele precisa urgentemente ir em algum médico, ele não é normal.

— Tchau, Castiel. – digo e desligo o telefone.

Ótimo, agora Castiel até invade meu computador. Por segurança, antes de me despir e entrar na banheira, pego um band –aid que o hotel fornecia e tampei a câmera do meu computador. Nunca mais confio nessas máquinas idiotas.

Quando Alexy e Rosa apareceram para nos arrumarmos, estou já de banho tomado enrolada em meu roupão. Meu notebook está fechado por segurança, e minha escrivaninha foi totalmente tomada pelas coisas de maquiagem de Rosa.

— Vamos fazer um olho preto para ressaltar esse cinza. – Rosa diz me avaliando e Alexy concorda com a cabeça. Sozinha eu sabia fazer apenas o mínimo do mínimo com maquiagem. Passar uma base e um rimel. Para que eu investiria em aprender se sempre tive maquiadores profissionais à disposição?

Ao fim do procedimento dos meus amigos, me sinto maravilhosa. Ao encarar meu reflexo no espelho, não consigo deixar de me lembrar de quando Castiel me sequestrou e me fez passar por uma transformação em princesa. Considerando como me senti linda em ambas as ocasiões, talvez me arrumar realmente não seja tão ruim. Ainda mais quando eu via que a maquiagem não estava me mudando, ainda era eu. Mas de alguma forma a maquiagem me ressaltava, me fazia sentir mais adulta até.  

— Pare de se encarar. Aceite de uma vez que essa coisa linda no espelho é você. - Alexy diz enquanto Rosa ajeita o botão de seu terno.

Minha amiga platinada está tão linda com o vestido preto de mais cedo que me mesmo sabendo o quanto eu mesmo estou linda, percebo que Rosa nem precisava fazer esforço para se destacar. Termino de conferir se meu coque está preso e com o pensamento da beleza de Rosa, me aproximo e a abraço. Dizem que quando duas pessoas são muito amigas elas acabam ficando parecidas fisicamente. Talvez me agarrando à Rosa eu consiga sugar um pouco da beleza dela.

— Tessa, que diabos você está fazendo? Vai manchar a maquiagem que eu demorei horas para fazer!- ela diz me empurrando para longe. A encaro com minha melhor expressão de desentendida.

— Estou sugando sua beleza. Quando duas pessoas são muito amigas elas começam a ficar parecidas fisicamente. – digo inocentemente.

— Isso se trata de laços emocionais não ficar abraçando. Por favor, arranje outra desculpa para me agarrar. – ela diz.

— Eu não, você é quase comprometida, não faria isso com Leight. E apesar da minha inexperiência, creio que prefira homens. – digo sarcástica. Rosa ri.

— Eu podia só ser comprometida né?

— Ainda vai acontecer, Rosa. Ele é louco por você, estava bem na cara. – digo.

— Mas acho que já está na hora mesmo dele tomar atitude. – Alexy diz. Concordo com a cabeça e pego minha bolsa.

— Prontos, acompanhantes?

Quando finalmente chegamos ao salão de festas tenho que me segurar para não cair de surpresa. O salão deve ser maior que minha casa inteira e olha que minha casa não é pequena. A decoração está impecável, com o tema de Paris. Miniaturas da torre Eiffel cercavam o salão inteiro, assim como alguns barcos elaboradamente colocados. Tudo dava um ar de romance e delicadeza que me senti até mais leve.  

Não fiquei surpresa ao perceber que fomos os últimos a chegar. Rosa ficou dizendo o tempo todo em que nos arrumávamos algo sobre a pressa ser inimiga da perfeição, então de certo estamos atrasados. Todos olham na nossa direção, e mesmo eu já estando acostumada a ser o centro das atenções, me sinto desconfortável.

Passo o olho pelo salão e vejo os meninos da F4. Kentin está dançando com uma garota que parece que teve todos os desejos realizados. Armin está nos encarando como os demais, ao lado de Castiel. Ambos parecem paralisados enquanto nos avaliam. Já Lysandre está dançando lentamente uma música que deveria ser rápida com Nina.

Debrah está com Melody e Íris. Sendo uma zona segura, resolvo cumprimenta-las. Mostro para Rosa para onde eu vou e ela consente indo para uma mesa de petiscos com Alexy. Nós não somos a F4, mas roubamos a atenção. E eu de certa forma estava adorando isso.

— Ei gente! – digo quando me aproximo delas. Melody me oferece um sorriso sincero assim como Íris, mas acho que nunca vi Debrah tão chateada.

— Você está linda, Tessa. Provavelmente a mais bonita daqui.- Melody diz. Sinto meu rosto corar. Eu sei que sou bonita, mas com certeza não sou isso tudo. Ainda mais quando estamos no mesmo lugar que Rosalya e Nina Lanna.

— De forma alguma. Vocês estão fantásticas, muitas meninas estão. Debrah, você está bem?- pergunto me virando para ela. Nesse momento ela perde um pouco o equilíbrio e derrama um pouco de vinho no chão. Ela está bêbada?

— Estou ótima. - ela diz. Então ela ergue a cabeça e não sei se está tonta ou com raiva, mas de repente ela está se apoiando em mim.

— Ei, Debrah. Quer que eu te leve para o quarto?- pergunto procurando uma posição melhor para acomodá-la enquanto lhe dou apoio.

De repente o peso de Debrah fica ainda maior, me surpreendendo. Sendo pega desprevinida, meu equilíbrio também balança e me sinto sendo empurrada contra uma mesa de salgados perto. Sinto algo uma dor no meu braço e consigo ver que ele está sangrando no meio dos molhos. Algumas das travessas eram de vidro e o cacos haviam me perfurado perto do cotovelo.

Me forço um pouco para ficar sentada e examinar o estrago. Debrah ainda está parcialmente por cima de mim, dificultando a tarefa. Meu vestido lindo está completamente manchado de comida, do vinho de Debrah e meu sangue. Meu cabelo está molhado por uma mistura de molhos. Minhas costas doem e meu braço está cortado. Ergo meus olhos e vejo Ambre parada aos pés de Debrah, rindo.

— Você a empurrou! – digo com raiva, fazendo esforço para me levantar. Meus olhos começam a lacrimejar pela raiva e sinto um bolo se formar em minha garganta, à medida que tento conter as lágrimas. Eu não vou chorar na frente da escola inteira.

De repente sinto algo quente me envolver acabando com os calafrios que eu nem sabia que estava tendo. Me viro e Lysandre me envolve com delicadeza, Nina ao seu lado encarando Ambre e Debrah com uma expressão de nojo e superioridade que me fez pensar se as duas na verdade não seriam baratinhas perdidas.

— Essa sua ação ou até a de sua amiga é a coisa mais ridícula que já vi. Você provou que o verdadeiro lixo é você. - Ouço Nina dizer. Lysandre já está me conduzindo pela multidão para algum lugar que não faço ideia.

— Para onde estamos indo?- pergunto. Lysandre me abraça um pouco mais forte, como se para me proteger e me examina sério.

— Para o quarto de Nina. Você está bem?- ele pergunta.

— Estou. Foi apenas um arranhão no meu braço e um vestido no lixo. - digo. Uma mentira. Também foi um orgulho ferido e uma cena de humilhação totalmente desnecessária. Eu não estou bem.  

— Eu não acredito em você. – ele diz e consigo o ver quase sorrir.

— Eu estou bem. – repito. Ele resolve ficar em silêncio e quando entramos em um corredor de quartos sinto uma mão contra meu ombro livre e nós dois nos viramos para encarar Nina.

— Ambre nunca prestou. Venha, eu vou te deixar tão linda quanto antes. - Nina diz sorrindo para mim. Tudo nela me faz sentir aconchegada, acabo devolvendo o sorriso. Ela se vira para Lysandre - obrigada por trazê-la, Lys. Volte para a festa e nós vamos daqui a pouco. - Nina diz.

— Obrigada. - digo para Lysandre.

— Esse tipo de coisa me irrita. - ele diz e pisca para mim para depois lançar um olhar profundo para Nina antes de se retirar.

Nina me coloca em um chuveiro quente enquanto se retira para o quarto para examinar suas próprias roupas. Vejo meu vestido novinho no chão e novamente me lembro da fala “você um trapo”. Eles fizeram da minha roupa e de mim um trapo essa noite. Essa escola estava realmente me dando nos nervos. Será que foi obra do Castiel?

Tomo banho tomando cuidado para limpar meu machucado. Acabou que a quantidade de sangue foi exagerada, a ferida não é tão grande, mas provavelmente ficará uma cicatriz. Ao avaliar percebo que ela na realidade, foi mais profunda do que grande de extensão.

— Nina? – chamo totalmente sem graça, com toalha na cabeça e roupão.

— Ah, que bom que conseguiu se limpar! – ela diz alegremente.

— Acho que vou precisar de uns pontos. – digo mostrando o braço. Uma expressão de fúria toma conta dos olhos de Nina e percebo a quão incomodada ela está. –acho que agora Castiel foi um pouco longe.

— Isso não é obra do Castiel. Conheço aquele menino, ele não faria isso com você. Com certeza não. Vá secando seu cabelo enquanto eu ligo para um enfermeiro vir aqui dar uns pontos, ok?

Sento-me em sua penteadeira pegando o secador. Não expresso minha certeza de que Castiel seria capaz sim de fazer algo assim, mas agora tenho sérias dúvidas se ele faria isso. Se fosse ele, Lysandre não teria me ajudado e o desafiado tão publicamente.

Alguns minutos depois a enfermeira chega e logo, enquanto recebo meus pontos, Nina trabalha em deixar meu cabelo completamente liso. Ela joga minha franja para trás, fazendo um penteado elegante com meu rosto totalmente a mostra.

Quando a enfermeira se da por satisfeita e termina o curativo indo embora, Nina passa a trabalhar em minha maquiagem. Ela fica tagarelando sobre moda e os trabalhos que faz. Sobre direito. Escuto tudo que ela fala com bastante atenção e não consigo deixar de pensar que isso é uma sorte apesar de tudo. Uma das pessoas mais inspiradoras que já conheci estava aqui, me contando sobre suas batalhas de vida e cuidando de mim.

A maquiagem que Nina fez em mim ficou de certa forma parecida com a de Rosa e Alexy. Ela fez um contorno leve e olhos pretos. Eu ainda era eu, mas estava bem mais mulher do que sou no meu dia a dia.

— Eu escolhi um vestido lindo para você. A manga dele é três quartos para cobrir seu machucado. – ela diz. Fico tocada com sua consideração e mais ainda quando me vejo com ele. O vestido é rosa bebê e me da um ar quase que de inocência. Ele se abre em uma saia rodada um pouco acima do joelho, terminando com um mar de brilhos prateados.

— Eu já te vi posar com ele! – digo animada. Já havia visto Nina usar este vestido para uma sessão de fotos, acredito que da edição do mês passado. 

— Acho que agora eu entendo por que Lysandre gosta tanto de você. Tessa, a garota que ele sempre fala com um sorriso nos lábios. - Nina diz sorrindo enquanto me encara no espelho.

— Eu não... Não sou nada demais. – digo ficando sem graça e me virando para ela.

— Desafiando Castiel? Salvando Nathaniel? Suportando um F4? Você é bem mais do que imagina. - ela diz.

— Ao que parece minhas histórias já chegaram aos seus ouvidos. Foram impulsos. Eu sou apenas uma idiota. – digo incerta. Quando ela fala essas coisas me sinto envergonhada, mas afinal, eu realmente não fiz isso tudo? Ainda assim, é difícil para eu admitir, mas eu estava quase indefesa. Já havia suportado tanta humilhação que se não fosse por ela e por Lysandre essa noite eu provavelmente teria explodido.

— Lysandre não se abriria com uma garota que fosse uma idiota. - ela diz bastante séria. Penso em Lysandre e em todas as vezes que ele me salvou. Um cavaleiro da armadura branca. Lysandre era como Rosa e Alexy para mim, um raio de sol no meio daquela loucura. Mesmo que com aquele ar distante e misterioso. Não, ele não havia se aberto. Mas eu sei que posso contar com ele.

— Lysandre é de fato um ótimo amigo. Muito carinhoso. – digo.

— Lysandre? Carinhoso? - ela pergunta confusa. - de qualquer forma, você está pronta. Pronta para mostrar para Ambre e Debrah o quão lixo elas são?

— Debrah também?- pergunto confusa. Debrah não havia apenas caído por causa de Ambre?

— Você realmente acha que ela estava tonta? A Ambre teve uma parte da culpa sim, mas a Debrah quem começou. Aqui, coloque esse sapato. - ela diz me estendendo um salto preto prateado que brilhava como a saia de meu vestido.

— É maravilhoso. - digo o colocando, completamente deslumbrada. Eu já havia me vestido com coisas assim, mas por algum motivo, essas roupas nunca pareceram tão certas como essa noite.

— Sapato é a coisa mais importante para mulher. – ela diz sorrindo e me examinando satisfeita.

— Sempre me perguntei o porquê disso. - digo devolvendo o sorriso e seguindo Nina para fora do quarto.

— Bons sapatos te levaram a bons lugares. – ela diz com paciência. Essa noite rezo para que esses sapatos me levem para algo inesquecível, apesar de já estar sendo.

Nesse momento sinto um grande orgulho de ter ela como modelo de pessoa para mim. Nina era muito mais do que eu já tinha ouvido falar. A vejo se afastar com toda a confiança que eu queria ter em direção à Lysandre e vejo Alexy e Rosa se aproximarem de mim.

— Você está... Mais bonita que antes. Eu tenho que dar meus parabéns para Nina.- Rosa diz rindo.

— E eu tenho que dar a todos vocês. Vocês são mágicos, não são?- pergunto.

— Estou feliz por essa reviravolta, Tessa. – Alexy diz me dando um olhar profundo. O azulado está serio e vejo ali o quanto ele se importa comigo. Quem seria eu sem esses dois?

Minha atenção se volta para minha direita quando escuto um barulho de algo quebrando. Castiel, ao lado de Armin, com um prato quebrado em seus pés. Nos encaramos por um momento e por algum motivo, o dilúvio que eu estava esperando surgir parece calmo. Nós não estamos em guerra. Ele não me machucou, não foi ele mesmo quem me atingiu hoje.

Desvio rapidamente meu olhar para Armin. Ele não está com seu costumeiro sorriso divertido, de fato, na verdade ele está serio. Mas percebo que ele está sorrindo com os olhos e vejo algo ali que acabei de ver na expressão de Alexy. Um carinho verdadeiro. Seria possível? É possível que a F4 não me odeie? De repente, uma mão é estendida a frente de Rosa e Alexy e fico paralisada de surpresa. Lysandre está com a expressão séria enquanto me convida para dançar. Provavelmente outra obra de Nina para eu dar a volta por cima.

Sem hesitar, aceito sua mão com um sorriso enquanto ele me conduz para a pista de dança, que a agora toca música lenta.

 — Eu não sei dançar. – digo começando a ficar nervosa. Por que não fui naquelas aulas idiotas de dança de salão com Viktor quando minha mãe mandou?

— Suba no meu pé. - ele diz simplesmente.

— Sério? – pergunto vacilando um pouco. Ele me da um sorriso meigo, sua expressão é divertida. Sinto o mundo a nossa volta virar como um conto de fadas e me encontro nervosa, assim como estive quando conhecido ele. Droga, já não superei isso?

— Claro, por que não? Vamos, as pessoas estão encarando. - ele diz. Coloco meus pés sobre os seus, completamente hipnotizada pelo homem a minha frente. Ele envolve minha cintura com uma de suas mãos com delicadeza, enquanto segura minha outra, em uma posição clássica.

Dançar com Lysandre foi como flutuar. Dançar com Kentin foi uma loucura. Ele amava dançar e quis me ensinar um passo de dança muito avançado que terminou comigo quase caindo. Com Armin foi como se eu estivesse hipnotizada novamente. Na realidade, mal me lembro de nossa dança, tudo que consigo pensar é em seus olhos com uma expressão quase que deslumbrada e de sua boca séria, ao invés de um sorriso. Agora Kentin estava dançando com um monte de garotas de uma vez e Lysandre com Nina novamente. Armin havia desaparecido no corredor com uma aluna qualquer e Rosa e Alexy estavam fazendo uma tabela com os erros nas roupas de cada um.

Resolvo dar uma volta pelo hotel já que não estou hospedada aqui. Acabo na área da piscina, como sempre. Decido colocar meus pés na água, mas sou parada pela figura de alguém se debatendo no meio da piscina.

Corro até a borda e reconheço a figura como Castiel. Ele parece estar se contorcendo de dor no meio da piscina enquanto luta desesperadamente para respirar. Sem nem processar o que estou fazendo, tiro meu salto e pulo na piscina com o vestido de Nina. Perfeito, arruinei dois vestidos em uma só noite.

Passo os braços envolta do peito de Castiel e ele para de se contorcer. Será que está inconsciente? Pelo amor de todos os deuses, Castiel, você não pode estar inconsciente!

Com toda minha força o tiro para fora da piscina e começo a ficar sem fôlego. Encaro a figura de Castiel, completamente inerte ao meu lado e sou tomada novamente pela adrenalina. Faço movimentos de primeiro socorros, na esperança que ele se levante com aquele sorriso sarcástico que eu amo e odeio, mas ele simplesmente continua de olhos fechados.  

— Alguém! - berro em desespero. - Ajuda!

Onde estão as pessoas? Dou um tapa na cara de Castiel e ele não demonstra nada. Volto com os movimentos de primeiro socorros, mais uma vez sem resposta. Tudo que me falta é o Castiel Sworis morrer nos meus braços inúteis.

— Castiel, por favor. - imploro. - por favor, acorde. - digo. Sinto meus olhos ficarem úmidos pelas lágrimas enquanto pressiono seu peito novamente.

Em último esforço, já chorando, pressiono suas bochechas forçando sua boca a abrir e encosto meus lábios nos seus, jogando uma lufada de ar para seus pulmões. Seus lábios estão frios por causa da água e isso me causa mais desespero ainda. Afasto-me para tomar mais um pouco de ar e escuto passos se aproximando enquanto jogo mais uma lufada pela sua boca macia.

— Anda Castiel, acorda. – imploro, quase em prantos agora, pressionando seus enquanto pressiono seus pulmões de novo. De todas as maldades que ele já me fez, essa seria de longe a pior delas.

Vou fazer a respiração boca-boca mais uma vez, ignorando o fato de que toda escola está como telespectadora agora, mas me detenho ao ver os olhos de Castiel abertos. Ele foça um sorriso e se inclina para mim como se fosse me beijar. Fico tão chocada que demoro um tempo antes de conseguir me empurrar para longe dele. Ele estava... fingindo?

— Idiota. – digo limpando as lágrimas as pressas. Castiel começa uma risada fraca e dou um tapa em sua cara antes de me levantar.

A humilhação que sinto está queimando em meu rosto. Como fui me enganar dessa forma? Ainda mais por Castiel? Passo pela F4, Rosa e Alexy sem falar nada, não tenho nem coragem de encará-los agora. O Castiel estava tentando me fazer de idiota? O idiota era ele. Paro apenas em frente a Nina e me forço a olhar em seus olhos.

— Por favor, me desculpe pelo vestido. - digo. Ela parece surpresa.

— Não se preocupe. - ela diz.

— Eu vou te pagar, eu juro. Mas acho que agora eu vou para o meu hotel. - digo. Eu não iria deixar Nina na mão dessa forma. Precisava me desculpar, ainda mais depois do que ela fez por mim. Mas amanhã. Preciso clarear minha cabeça confusa.

As mini Teresas em minha cabeça começaram a briga novamente. A Tessa sensata está rindo de mim “você realmente se tornou uma boba que não sabe nem diferenciar a realidade né?”. Já a Tessa boba está tentando me consolar “não escuta ela. Você é uma boa pessoa, ajudou alguém, mesmo essa pessoa não merecendo”. Com a fala da Tessa boba, a Tessa sensata começou a puxar o cabelo da última, e já não sei mais quem tem razão. Só sei que estou me sentindo maluca.

Enquanto volto pingando para o meu hotel decido que esse foi o pior e o melhor baile da minha vida.

***

No segundo dia em que eu estava na cidade, sai com Nina, Rosa e Alexy. Nina era simpática e engraçada, apesar de ter alguns pequenos ataques de raiva de vez enquanto. Como modelo ela deu diversas dicas de moda para mim e Rosa e adorou a brincadeira de vestir o Alexy. Acabei comprando meu celular impondo a condição ao meu pai de que ele deveria mandar meu carro para o internato. Com certeza irei frequentar mais a cidadezinha e preciso do meu carro para isso.

Hoje é o último dia e eu não tive nenhuma paz durante os três dias que eu ficaria sozinha. O baile havia me marcado de uma forma que eu ainda não compreendo como, mas sei que estou feliz por ele ter acontecido. Por mais que eu não entenda o por que  deles não terem ido para o acampamento, esse final de semana foi de certa forma divertido. Fiz novas amizades e comecei a ter um novo olhar sob a F4.  

Me pergunto porém, se agora que salvei Castiel terei um pouco de paz em relação ao meu F4.

Falando do diabo, o vejo se aproximar de mim enquanto estou com minha malinha aguardando o taxi em frente ao hotel. Quero chegar antes do resto da escola no internato para poder relaxar um pouco e preparar meu material para as provas dessa semana. Não posso fazer isso com pessoas perto naquele hospício.

— Ei, transferida. – Castiel diz me oferecendo um sorriso sarcástico. Ele não havia me agradecido por salvar sua vida, mas eu ainda tinha esperanças de que ele faria isso.

— Claro que você tinha que me infernizar assim que eu acordo. - digo.

— Não vai voltar no ônibus?

— Eu não estou nessa excursão, apenas para te lembrar. – digo, ainda aguardando as palavras “Muito obrigada, minha salvadora” saírem de seus lábios.

— Você gostou?- ele pergunta.

— Do que? Do baile? Foi interessante. E ontem foi legal, a Nina é bem simpática. –digo. Castiel ri irônico.

— Não disso. Seu primeiro beijo. - ele diz pegando uma mecha do meu cabelo. Ele está perto. Tão perto que sinto sua respiração em meu rosto. Seus olhos me encaram com diversão e sinto meu rosto corar. Eu sou uma piada para ele?

—Aquilo não foi um beijo. Eu estava te salvando e você ainda não me agradeceu. – digo fazendo o possível para manter minha voz firme enquanto dou um passo para trás. Os olhos de Castiel escurecem um pouco, começando a tempestade com os meus, mas sem perder o humor.

— Já está tão vadia a ponto de não considerar um selinho um beijo? - Castiel pergunta.

— Aquilo não foi um beijo! Meu primeiro beijo não foi com você e nunca será. Olha, é meu taxi. A gente se vê, Sworis.- digo pegando minha mala e correndo em direção ao taxi. Por que meu rosto está tão quente? Será que eu estou doente?

— Veremos suas palavras, Teresa Chase.  – Castiel berra atrás de mim enquanto me afasto.

Chegando no internato resolvo ir nadar. Preciso esfriar meu corpo deste calor repentino da proximidade do lunático do Castiel. Juro, eu vou recomendar um psiquiatra bem bom para ele. Quando finalmente chego à área da piscina, pronta em minhas roupas de banho, paraliso diante da cena na minha frente.

 A piscina está lotada de patos. Exato, os animais. Eles estão nadando na piscina perfeita do internato. No chão, ao lado da escada, tem uma pequena plaquinha: PARA TE ENTRETER. COM AMOR, F4.

— Castiel Sworis, eu juro que ainda te mato! - digo chutando uma cadeira e imaginando onde ele escondeu a câmera para vigiar minhas reações.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Quer me contar suas teorias para o próximo capitulo?
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— Detoni