Oathkeeper II escrita por Denise Miranda


Capítulo 49
Daenerys




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/571408/chapter/49

Daenerys se vê dentro de um cômodo escuro. Seus cabelos estavam despenteados e se encontrava com o vestido de seu casamento com Drogo, aquele que havia queimado ao fazer nascer seus filhos.

– Mãe de Dragões, noiva de Dragões... Há um fogo dentro de você que nunca irá cessar. - Disse uma voz calma e baixa que não parecia pertencer a ninguém.

– Quem está falando? - Daenerys grita, mas tudo que ouve em resposta é sua própria voz, ecoando pelo breu.

De repente, um clarão a cega momentaneamente. Dany leva sua mão direita até o rosto e, cerrando os olhos, tenta enxergar quem está à sua frente.

Não precisava de muito tempo para reconhecer. Quaithe estava aparecendo para ela cada vez mais, e mesmo assim, Daenerys nunca obtia as respostas que queria.

– Daenerys... - Começou a mulher com a máscara de madeira laqueada. Ela está a poucos centímetros da Targaryen. Parece querer levar sua mão direita até o rosto da mesma, mas algo a faz mudar de ideia. - Há muita fúria dentro de você, criança. - Daenerys poderia jurar que a mesma estava com o semblante triste, a julgar pelo brilho dos olhos, a única parte do rosto que era possível ver.

– Sim. - Admitiu a Rainha de Prata. - Há muitas coisas que me deixam furiosa.

– Prendeu o Regicida por uma delas. Vingança não ajudará você achar as cabeças de dragões, nem ajudará na guerra contra o Grande Outro.

Daenerys arregalou os olhos. Pela primeira vez, Quaithe estava sendo clara.

– O Regicida matou meu pai. - Disse, sentindo um calor subindo pelo seu peito.

– Não importa. Seu papel é muito importante na Longa Noite, assim como o seu. Solte-o.

– Conte-me mais sobre a Longa Noite, Quaithe. - Pediu a menina. - Qual é o meu papel nela? Por que Jon Snow quer que eu leve meus dragões para a Muralha?

Daenerys acordou com dor de cabeça e mal humorada, sem obter respostas. "Solte-o", a voz calma de Quaithe ainda ecoava pela sua cabeça. Estou enloquecendo? Será Quaithe minha consciência?

Levantou-se da cama e foi direto para a Sala do Trono, sem fazer o desjejum. Estava sem apetite naquele dia, principalmente depois do sonho. Não soltarei o Regicida. Não soltarei, disse para si mesma, decidida.

– Vossa Graça, Sor Damião está aqui para vê-la. - Disse um de seus Imaculados.

– Mande-o entrar.

E assim o fez. O homem mancava ao entrar na Sala do Trono, estava pálido e com o cenho franzinho. Em sua mão direita, havia um pano sujo de sangue.

– Vossa Graça, Jaime Lannister tentou me matar.

Apesar da acusação, Daenerys sentiu uma pitada de alívio em seu peito. Estou certa em relação a ele. O Regicida é um homem perigoso, tem que continuar onde está, preso em minha masmorra, pensou. Suspirou fundo. Mas não por muito tempo. Logo, terei sua cabeça e tudo isso estará acabado. Logo, poderei governar em paz, sabendo que vinguei meu pai.

– O Regicida é um homem muito perigoso, Sor. - Respondeu, por fim, a Rainha. - Seria prudente não se aproximar mais da cela dele. Mas... Qual foi o motivo de tal fúria? - Quis saber. - Tenha certeza que ele pagará pelo que lhe fez.

Damião, imediatamente, arregalou os olhos e ficou pálido. Dany franziu o cenho com a reação do mesmo.

– Ele... Eu... Ele tentou escapar, Vossa Graça. - O homem engoliu em seco e sorriu, satisfeito com sua própria explicação.

– Entendo. - Disse Daenerys, já não tão convicta como antes. - Isso é tudo, Sor Damião?

– Sim, Vossa Graça.

– Pode se retirar, então. - Concluiu, e o homem prontamente fez uma reverência e saiu da Sala do Trono.

Observou até o homem sair de seu campo de visão.

– Vossa Graça, não há mais nenhuma audiência, por enquanto. - O Imaculado informou, quebrando o silêncio.

– Graças aos deuses. - Desabafou a Rainha. As audiências sempre a deixavam extremamente cansada. Olhou para o lado onde sua Mão, Tyrion Lannister, permanecia sentado, sem dizer uma palavra. Apenas observando tudo com seu olhar desigual e sagaz. - Irei até a cela do Regicida. - Disse, por fim, já se levantando do Trono de Ferro.

– Irei com você, Vossa Graça. - Disse o Imaculado.

– Não. Quero ir sozinha.

– Isso é prudente, Vossa Graça?

– Eu irei com você. - Tyrion disse antes que Daenerys pudesse responder, fazendo um certo esforço para descer de sua cadeira de Mão da Rainha e bamboleando até a mulher.

– Não é necessário. - Daenerys respondeu.

– Eu quero ver Jaime. - Respondeu Tyrion, sem cortesias nem expressão facial, apenas decidido.

Daenerys apenas balança a cabeça para dizer que sim. Eles seguem até a masmorra sem dizer nada um ao outro.

xxx

– Regicida. - Daenerys o chama, enquanto leva o castiçal para mais perto da cela, podendo assim, ver o rosto do homem que tanto odiava.

– Minha Rainha. - Responde o homem, fazendo uma reverência, debochado.

Daenerys aperta o castiçal em suas mãos, a fúria crescendo cada vez mais dentro de seu peito.

– Sor Damião disse que você tentou matá-lo.

Jaime riu.

– Gostaria muito de ter tido sucesso. Mas, sabe... - Jaime levou ambas as mãos a frente de seu rosto, a de ouro e a de carne. Apontou, com sua mão esquerda, para as grades. - Tive algumas complicações. Foi muito mais fácil estrangular o filho de Karstark. Bons tempos. - Deu um suspiro e um sorriso sagaz, mas logo ficou sério. - Devo perguntar... Sor Damião disse o que fez para eu querer matá-lo?

– Você precisaria de algum motivo, Regicida? - Daenerys prontamente retrucou, desafiadora.

– Não. - Respondeu Jaime, seus olhos contendo um brilho muito perigoso. - Mas ele me deu um bom motivo, mesmo assim.

– E qual foi? - Perguntou Daenerys, fazendo um grande esforço para sua voz não tremer. As dobras de seus dedos já estavam brancos, de tão forte que segurava o castiçal, de tão grande era sua fúria. "Há muita fúria dentro de você, criança", lembrou-se de Quaithe. - Não que eu vá acreditar em você, mas gostaria de vê-lo tentar me convencer.

Jaime levou sua mão esquerda até as grades, aproximando seu rosto do da Rainha. Olhou-a nos olhos e Daenerys retribuiu, sem pestanejar.

– Eu ouvi rumores sobre você. - Jaime disse, calmo. Sua voz era quase um sussurro. - Me disseram que era boa, justa. Mas, sendo filha do Rei Louco, não acreditei. E ainda não acredito.

– Você não tem o direito de me julgar, Lannister. - Retrucou Daenerys, cerrando os dentes.

– Quer saber o por que quis matar Sor Damião? Seu honrado soldadinho? - Falou a palavra honrado entredentes, quase a cuspindo. - Ele chamou Brienne de puta. A fez chorar. Chutou a barriga da minha mulher. - O homem estava vermelho de raiva. Seus dedos brancos de tanto que apertava a grade à sua frente. - A barriga da minha mulher grávida. - Quase gritou a última palavra.

Daenerys entreabriu a boca, surpresa. Foi por alguns segundos, mas seus olhos mostraram a verdade. Mostraram que sentia muito. Os rumores estavam certos, ela era boa. Justa. Não podia deixar isso barato.

Se recompôs rapidamente. E se ele estiver mentindo? É só isso que ele faz, pensou.

– Vossa Graça, posso ter um minuto com meu irmão? - Tyrion que, até agora estava calado, cortou o silêncio.

Daenerys fitou o rosto de Jaime. A máscara do mesmo parecia ter caído. Soltou seus dedos da grade da cela e abriu levemente a boca, surpreso. Devido a escuridão e a altura de Tyrion, o Lannister mais velho só o havia notado agora.

– Fique a vontade. - Daenerys respondeu, dando uma última olhada no Regicida e saiu de perto da cela.

Seus passos estão lentos e a Rainha de Prata percebe que está em choque. Pensa em voltar para a Sala do Trono ou, então, quem sabe, colocar algo em seu estômago. Mas, foi se levando para a cela onde Brienne de Tarth se encontrava.

Ouviu alguns gemidos baixos e, ao aproximar o castiçal para vê-la melhor, percebeu que a mesma estava sentada no chão, com a cabeça abaixada, chorando.

Não conhecia a mulher, mas ao vê-la daquela maneira, seu coração se apertou.

– Senhora Brienne. - Sua voz saiu rouca e baixa, mas mesmo assim a mulher ergueu seus olhos azuis que, de tanto chorar, estavam vermelhos.

Prontamente a mulher se levantou, ficando muito mais alta que Daenerys.

– Vossa Graça.

– Me conte o que Sor Damião fez com você. - Pediu Daenerys, docemente. Ela é esposa do Regicida, lembrou a si mesma, e o ardor tão conhecido começou a subir em seu peito. Olhou novamente para os olhos da mulher, tão destemidos mas, ao mesmo tempo, ela parecia implorar em segredo pela vida de alguém. Seria a sua própria? Não parecia. Embora quisesse, não conseguiu sentir raiva da mesma.

– Sor Damião chutou minha barriga, Vossa Graça. Ameaçou me estuprar. - Brienne respondeu, sua voz dura, assim como seu olhar. - E então eu mostrei que não seria fácil me estuprar. Revidei. Se quiser me castigar por bater em um de seus guardas, pois bem. Faça o que achar certo.

Daenerys tentou conter um sorriso. Ela pode ser a esposa do Regicida, mas eu era a de Khal Drogo, um dos dothrakis mais perigosos que existiu. E mesmo assim eu o amava, lembrou a si mesmo. Percebeu que sentia admiração por essa mulher.

– Enquanto eu reinar, nenhum homem abusará de alguma mulher. Não te castigarei, mas não posso dizer o mesmo de Sor Damião. - Ficou alguns segundos apenas fitando Brienne, sem saber o que fazer em seguida. Rapidamente, pensou em Jorah e seu coração se apertou. Teve que conter o impulso de chorar. Se ao menos Jorah estivesse aqui, para me aconselhar..., lamentou. - Pedirei para que Sor Barristan, meu guarda mais honrado, a tire daqui e a leve para algum aposento, onde se banhará e receberá uma comida apropriada para uma mulher grávida. Ainda será minha cativa, pois é cúmplice do Regicida. Mas receberá os cuidados necessários.

Os olhos da mesma se arregalaram, parecia extremamente surpresa. Eu pareço ser tão má assim?, se perguntou. Imediatamente, Brienne levou suas mãos até seu ventre, e sorriu. Parecia satisfeita, mas não tanto quanto Dany esperava que ficasse.

– Obrigada, Vossa Graça. - Daenerys apenas assentiu com a cabeça, sem saber mais o que falar ou fazer, e se virou para ir embora, a procura de Barristan. - Vossa Graça... - Brienne chamou. Dany virou imediatamente. - Eu... - Ela molhou os lábios, parecendo indecisa, mas continuou a falar. - Eu agradeço, de verdade. Mas ouvi dizer que você é uma boa pessoa, uma boa Rainha. Apenas... - As palavras pareciam travadas na garganta da mulher, e a Rainha percebeu que os olhos da mesma estavam umedecidos novamente - Apenas não mate o pai de meu filho.

Aquilo a pegou de surpresa. Mais uma vez, Daenerys se lembrou de Drogo, de como havia sofrido com sua morte. E de seu filho... Nunca poderei ter um filho que não seja um dragão, pensou. Sentiu uma lágrima escorrer pela sua face e virou de costas para Brienne rapidamente. Continuou andando, até sair das masmorras, afim de achar seu velho cavaleiro e cumprir o combinado. Não posso e não vou soltar o Regicida, pensou mais uma vez, embora não com a convicção de antes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Oathkeeper II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.