Eu não estava tentando me iludir ou algo do gênero, até porque em nenhum universo Oliver e eu voltaríamos a ter qualquer relação um com o outro; mas é impossível não notar a mudança, parecia que seu olhar havia mudado, sua postura então...

Ele costumava ter um olhar de superioridade diante de todos, era apenas nos momentos em que estávamos juntos em que seu olhar se tornava puro, ou pelo menos era isso que eu queria acreditar naquela época.

“Finalmente eu te achei... Opa, eu estou interrompendo alguma coisa? ”

Laurel chegou se aproximando de mim, logo reconhecendo Oliver a alguns passos diante de nós.

“Laurel este é John Diggle, um grande amigo e este é Oliver Queen. ”

“Ah sim, é claro. Felicity falou maravilhas de você Senhor Diggle, prazer em conhecê-lo Senhor Queen. ”

Umas das coisas que eu mais gosto em Laurel é que ela não consegue fingir gostar de alguém ou fingir ser legal, ela é educada, isso sim. Ela sabe ser extremamente educada e cordial, às vezes até frigida, devido a sua profissão como advogada; mas em um momento como esse ela encontrar alguém no qual seus “santos” não se batem...

“Prazer em conhece-la. Felicity, será que eu poderia ter um momento a sós com você? ”

Oliver falou a Laurel... Pera aí, o quê?

“NÃO. Hum, quer dizer, não. Eu estou indo ver Lyla e você é absolutamente muito ocupado, sugiro que ocupe seu tempo de uma melhor forma. Então, é isso. Até. ”

Saí puxando Laurel e Diggle, deixando um Oliver um tanto quanto desapontado para trás.

Ele acha que depois do que ele fez eu vou simplesmente me render a seus encantos, me atirando em seus grandes e fortes braços...

Talvez ele só queira falar sobre a paz mundial. Ok isso não, e sim eu sei que se passaram alguns anos e que as coisas mudam. Eu amadureci e ele também, portanto a conversa poderia ser um sincero pedido de desculpas e não um Felicity, eu te amo, casa comigo.

Acontece que eu me conheço, mesmo após todos esses anos afastada dele, meu coração ou uma parcela dele pertence ao Oliver afinal nossa relação rendeu-me o melhor presente que eu poderia ganhar. Conversar a sós não é uma possibilidade porque sei que não consigo encará-lo sem despejar todas as minhas mágoas, sem odiá-lo por renegar seu filho.

“Eu estava lendo um livro sobre bebês, mesmo com minha barriga não aparecendo eu precisava me informar sobre tudo. São muitas coisas, tantos detalhes assim como nos outros sete livros que já li.

Quando minha mãe chegou em casa, silenciosa. De cara estranhei. Donna Smoak não chegar com um sorriso, isso era o apocalipse.

“Mãe está tudo bem? ”

“Felicity que susto, pensei que estava dormindo. ”

“Estava sem sono. O que aconteceu? ”

“Nada não...”

Uma coisa sobre todas as Smoak’s, nossa árvore genealógica é composta de terríveis mentirosas. E Donna não escapa desta lista. A encarei, esperando uma resposta verdadeira.

“Ok, promete que não surtará ou que não fugirá para o Polo Norte, ou qualquer outro lugar frio e longe? ”

“Mãe! ”

“Oliver está aqui.”

“O quê?”

“Não aqui, aqui. Como aqui em casa, mas aqui em Central City, ele passou no meu trabalho hoje acredito eu que com alguns sócios e perguntou de você.”

“Mãe, o que você disse?”

“Eu falei que você estava morando em outra cidade, ele tentou arrancar mais informações sorrateiramente, mas eu não falei nada. Juro.”

“Menos mal, agora é só esperar ele ir embora. Não deve demorar...”

Percebi minha mãe me encarando, como se quisesse falar algo, porém ao mesmo tempo estava se contendo.

“Fala.”

“Eu sei que você foi machucada, mas meu anjo, ele é o pai. Eu sei que ele não merece saber, mas essa criança...” –ela disse colocando sua mão em meu ventre. “Esse pequeno pedacinho de gente merece ter um pai presente, ou pelo menos ele merece crescer sabendo que a mãe dele tentou presenteá-lo com um pai. E se as coisas não acontecerem, pelo menos essa mãe tentou. ”

Eu sabia que ela estava certa, sempre soube. No começo eu estava magoada demais, vendo que ele simplesmente seguiu sua vida, sem nem tentar se explicar, sem lutar por mim. Eu era uma jovem que teve o coração partido, mas agora eu sou uma mãe. A ficha finalmente caiu, Oliver não merece o meu filho e nem o meu filho merece ter um pai como ele, porém meu filho não tem culpa que sua mãe se apaixonou por um idiota. Meu filho merece mais.

...

Aqui estou eu.

Parada em frente onde minha mãe disse que estava ocorrendo uma reunião do conselho de Oliver.

Só falta a coragem para entrar aqui. Em um, dois, trê...

“Felicity? ”

Vi que logo atrás de mim se encontrava Moira Queen, mãe do Oliver. A mulher que nunca teve problemas em dizer ao mundo que me odiava.

“O que você está fazendo aqui.? ”

“Eu tenho assuntos a tratar com o seu filho. ”

“Quaisquer sejam esses assuntos você pode tratar comigo, Oliver agora é um CEO e tem responsabilidades muito maiores que falar como uma ex. ”

Tento não me ofender com o que ela disse, mas sei que posso não ser atendida por ele.

“Mas eu lhe darei uma chance, Oliver e eu iremos neste restaurante ás oito da noite...” –falou enquanto anotava um endereço no papel e me entregava. “Você pode ir até lá resolver de uma vez por todas seus assuntos.”

Estranhei.

“Ahm, obrigada, eu acho.”

Enquanto me virava ela me chamou novamente.

“Só uma dúvida, quantos meses?”

“O quê?”

“Não pense que sou boba... Quantos meses?”

“Três, três meses.”

...

Parei próxima a uma janela do restaurante, incerta. Era isso mesmo que eu queria? Isso é o certo, não é?

“Isso é impossível mãe.”

Opa. Conheço essa voz.

“Aparentemente não é, ela diz estar grávida de três meses e ela parece estar confiante sobre quem é o pai.”

Ok, eu sabia que não podia confiar nela.

“Pois eu não acredito, ela está tentando aplicar um golpe da barriga. Que coisa mais ultrapassada, ela acha o que? Apenas um idiota acreditaria em suas palavras, não eu.”

Não tive tempo de raciocinar mais nada, tudo o que importava era que ele sabia e que não acreditava.

Burra. Estúpida.

Mas assim é melhor.

“Parece que somos só eu e você.” – falei acariciando minha barriga.

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Oliver fez a sua escolha, anos atrás e eu segui com a minha vida; eu sei que uma conversa pode ser inevitável se ele se esforçar, que talvez agora ele queira saber de seu filho, que talvez ele tenha mudado, se casado, tomado juízo. Só que eu também mudei. E a garota que Oliver Queen encontrou hoje não é a mesma que ele esnobou no passado.