Você é minha droga escrita por Krueger


Capítulo 52
Qualquer coisa, eu te aviso!


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pela recomendação querida juliaSmenezes. Graças a ela, este capítulo saiu antes do previsto. Eu quero chorar, a cada capítulo o fim está tão próximo.



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Pov Clary:

Assim que a cela foi aberta, entrei apressadamente e abracei Joe que me encarava perplexo.

–Vocês têm cinco minutos, passando disso eu venho lhe buscar Krueger. - alertou Black antes de nos deixar a sós.

–Kurt. - sussurrei em seu ouvido, ele gemeu retribuindo meu aperto. Estar nos braços dele trazia uma espécie de segurança a mim mesma.

–O que está acontecendo? – perguntou. Sua voz soou baixa, perto de meu ouvido.

–Você prefere cumprir dez anos de cadeia ou trinta? - perguntei e senti seu corpo afastar-se de mim.

–O que ele pediu? - perguntou depois de compreender a minha pergunta.

–Owen. – respondi observando a nojenta cela em que estávamos. Havia apenas uma pequena janela e nada mais.

–Você não pode Clary. - cuspiu furioso, seus olhos azuis fitavam os meus. - Ele é seu pai e quer ser feliz com a mulher que ama.

–Eu também quero ser feliz com o homem que amo. - retruquei. - Eu queria saber sua opinião por isso estou aqui.

–Essa é a minha opinião. Eu mereço sofrer, Owen não. – disse calmamente.

–Pensei que odiasse meu pai.

–Engano seu... - murmurou passando suas mãos pelos cabelos, não aguentando ficar em pé sentou naquele chão sujo. - Seu pai foi uma das poucas pessoas que se lembram de Joe, meu pai confiava nele.

–Estou confusa agora, você queria vê-lo morto.

–Seu pai não tinha motivos para matar o meu, ele foi me procurar e me contar algumas coisas. Estamos bem um com o outro e por isso não pode entregá-lo. – disse ainda me fitando.

–Eu não sei se entregá-lo destruirei a vida de minha mãe, mas vou poder te ver alguns anos a mais. - confessei enquanto ele mordia os lábios. - Kurt... Não me ama? Quer passar anos da cadeia, sendo que poderá ficar comigo? Por favor, me ajude.

–Dê a eles o que querem. – respondeu depois de pensar sem expressão. - Está na cara que Owen vale mais que eu. Mas garanta que não cumprirei nenhum dia atrás de grade alguma.

–Claro querido. - ajoelhei a sua frente e em seus lábios brotou um sorriso. – Eu amo você e farei de tudo para que a gente termine junto.

–Toda essa situação me lembrou uma música. - sussurrou sem tirar seu olhar azul do meu. Sorri torto.

–Eu gostaria de ouvir.

–Não sei cantar.

–Por favor... - inclinei meu corpo acariciando seu rosto. - Kurt... - aproximou seus lábios de meu ouvido inclinando suas costas.

"Oh girl, this boat is sinking

There's no sea left for me

And how the sky gets heavy

When you are underneath it

Oh... I want to sail away frow here

And God

He came down, down, down, down, down, down "

Sua voz rouca provocou arrepios por meu corpo. Deixei que sua mão apertasse minha nuca, forçando minha boca contra a sua, fechei os olhos sentindo o sabor de cigarro preencher meus sentidos. Minhas mãos percorreram seus fios de cabelo negro, enquanto as deles me faziam sentar por cima de seu quadril. Acho que nos exaltamos demais, pois era perceptível seu grau de excitação.

–Kurt... - afastei nossos lábios. - Eu tenho que ir.

–Clary... - seus dedos se fecharam ao redor de meus pulsos. - Sabe mesmo o que fazer?

–Sei. - levantei-me e o vestido amarelo estava amarrotado, dei de ombros e com as mãos agarradas a grade imunda daquela cela chamei por Black.

Um minuto depois lá estava ele abrindo a jaula e libertando-me, olhei para Joe que assentiu com a cabeça como se dissesse: Tudo vai ficar bem. Ficaria mesmo? Voltamos para a sala cinzenta. Black esfregou as mãos esperando que eu respondesse, olhei para os espelhos negros.

–Eu entrego a localização de Owen, com a condição de Joe voltar para casa comigo. - falei firme e forte. Queria parecer decidida. Black riu.

–Não posso fazer isso.

Estiquei meus braços a sua frente.

–Então ponha uma algema em mim e me leve junto com ele para o presídio. Ou seja, lá para onde for. - seus olhos se estreitaram.

–Eu não devia ter deixado você se encontrar com ele. Era óbvio que pediria sua libertação. Que mais ele quer? - abriu um largo sorriso. Abaixei minhas mãos. - Que limpe sua ficha criminal?

–Isso seria ótimo. - comentei sarcástica.

–Okay. - desmanchou o sorriso. - Apenas de Joe, Santiago cumprirá pena.

–Reduza pelo menos.

–Clary eu não sou deus, nem o juiz do caso! Dou a libertação de Joe, a do outro não. É pegar ou largar...

Eu não podia deixar Santiago e Anne separados, apesar de parecerem gostar de botar um chifre no outro. Anne tinha dinheiro e bons advogados, ela que conseguisse livrar o namorado sozinha.

–Fechado. - apertei a mão de Black e ele assentiu.

[...]

Passei a noite com diversos policiais e detetives em outra sala cinzenta. Queriam que eu contasse tudo desde o início e qual o meu envolvimento em tudo principalmente com as gangues. Todos os imóveis em nome de Owen, sua localização e seus números de telefone. Queriam até que dissesse a casa que ele morou durante todos esses anos no México, disso Owen nunca havia dito nada a mim e fez certo.

Era meia-noite, quando me soltaram e fizeram-me aguardar na entrada da delegacia. Joe apareceu depois de um tempo, com uma cara horrível e apoiando-se a muleta.

–Querida... - murmurou parando seu trajeto ao meu lado. Fitei-o, aparentava estar em péssimo estado. - O que fez?

–Eu te libertei. – falei para deixá-lo mais animado, não adiantou nada.

–Mas prendeu seu pai. - lembrou-me. - Como acha que sua mãe ficará?

–Acho que chateada, contudo depois vai entender que ele tem que pagar pelos crimes que cometeu.

–Eu também. – sussurrou Joe olhando para os próprios pés.

–Não... - agarrei-o, passando meus braços por seu pescoço e quase desequilibrando o coitado. - Seus crimes vão ser pagos por trocar a gangue por uma vida normal, ainda tem a chance de recomeçar.

–Não existe vida normal. - falou sorrindo. - Existe a nossa vida.

–Que é?

–Linda. - beijou-me rapidamente.

–Acho que temos que ir ver como as coisas ficaram... - soltei-o. No estacionamento, a lataria do Torino brilhava. - Eu dirijo.

–No meu carro apenas eu comando. - retrucou ele balançando a chave. Revirei os olhos e entrei no banco ao seu lado, jogou a muleta nos bancos traseiros. - Agora que sou um novo homem, meu nome será Kurt. Joe pertence a meu pai - que Deus o tenha.

–Hum... - gemi acariciando seus cabelos. - O que vamos fazer agora?

Saímos do estacionamento lentamente, Kurt deixou a pergunta no ar. Depois de alguns quarteirões, parou o carro num sinal vermelho e pôs sua mão direita em minha coxa, sorrindo de lado.

–Vamos fugir para o México com seu pai. - disse. - Uma passadinha no Brasil, e então voltamos como se nada estivesse acontecido.

–Joe... Quero dizer... Kurt, isso é impossível. A polícia já deve ter pegado meu pai e minha mãe.

–Não pegaram nada. Você disse que Owen estava em Las Vegas, bem... Não falou com sua mãe ontem nem hoje certa? - afirmei com a cabeça. - Yara pode ser o que for, mas ela não iria para o México sabendo de alguma coisa sem antes avisar o sogro.

–Está me dizendo que...

–Eles já estão no México. - disse sorrindo satisfeito. - Pensei em tudo isso enquanto permanecia jogado naquela cela imunda, você mesma disse que Yara e Kevin sabiam de algo. Mas não podiam sair do país sem a chave da casa de Owen no México, que seria onde ficariam.

–Eles passaram em Las Vegas e pegaram a chave. Mas Owen não a daria sem saber o motivo específico para essa mudança de país tão de repente. - concluí seu raciocínio.

–Então eles contaram, porque se não dissessem a verdade e deixasse Owen ser preso, a fonte do dinheiro secaria.

–Owen não é pai de Kevin, então todo o seu dinheiro e essa conta escondida da polícia... Iriam para minhas mãos. – continuei o nosso raciocínio.

–Isso... Então Kevin perderia certo? - Kurt continuava sorrindo descaradamente. - Então se ele mostrasse ao "pai" a verdade e livrasse o velho de tal armadilha, Owen o desculparia por tudo e a fonte de dinheiro continuaria a jorrar.

–Porra. - gritei ansiosa. Kurt era mais esperto do que eu imaginava. - Temos que chegar ao México antes que a polícia descubra que Owen não está lá.

–Eles já devem ter descoberto. - confessou. - Virão atrás da gente. Preciso que me prometa... - seu rosto a centímetros do meu. - Que vai fazer tudo o que eu mandar a partir de agora.

–Eu prometo. – fitei seus olhos azuis. A alegria pulsava dentro de mim, ainda havia uma chance de sermos felizes.

–Essa é minha garota. - ele ligou o carro e saiu acelerando acima do limite permitido. Olhei para a janela verificando se alguém nos seguia. - Está com seu celular?

–Sim. - respondi confusa.

–Ligue para minha mãe e diga que está tudo bem e que estamos indo para a casa dela. - disse sem tirar seus olhos e da estrada. – Diga para ela preparar Tacos.

–Vamos para lá? – franzi a testa confusa. – Tacos?

–Não. - gritou, acho que tremi de medo. - Apenas... Enganar a polícia. Eles devem ter colocado um rastreador em seu celular e no meu também. Tacos é um código.

–Ta. - peguei o Lumia, teclando rapidamente o número que Kurt dizia pausadamente. Mãezona atendeu no quarto toque.

–Alô?

–Mãezona? - falei mudando totalmente minha voz de assustada para uma Clary feliz da vida que ainda acredita em papai Noel. - Sou eu Clary.

–Clary? Ah meu Deus! Onde está meu filho? Eu vi nos jornais... Todo mundo foi preso. - e começou a desabafar o quanto estava preocupada e que sabia que algum dia isso aconteceria.

–Vamos lhe contar tudo quando chegarmos aí. - falei pausadamente e num tom de conforto. - A polícia nos soltou e Kurt pediu para que você preparasse Tacos.

–Ah... – um silêncio pendeu na linha por alguns segundos. Olhei para Kurt, confusa. – Que Deus abençoe vocês. – disse antes de desligar. Não entendi nada.

–Ela disse para Deus no abençoar e desligou. Não entendi nada, o que significa Tacos? – perguntei a ele.

–Significa que estamos fugindo por causa da polícia. - respondeu Kurt virando bruscamente e ainda em alta velocidade numa esquina. Meu corpo se chocou contra o dele. - Ponha o cinto querida.

–Para onde vamos? - perguntei sentindo que meu coração sairia pela boca.

–Se acalma. - disse ligando o rádio em uma música eletrônica. – Vamos passar na ponte antes de qualquer coisa.

–Na ponte? - prendi o cinto e ele riu.

–Relaxa querida. Disse que ia fazer tudo o que eu mandasse, estou mandando... Relaxe.

O carro parou e quase fui lançada contra o vidro, se não fosse o cinto de segurança. Ele saltou para fora e eu o segui ainda com a minha bolsa em mãos.

–Deixe-me ver. - disse ele se aproximando e pegando a bolsa. A ponte estava vazia - raramente os carros passavam por ali - servia para ligar a cidade à zona rural e por baixo um pequeno rio corria. - Jogue o seu celular no rio e o meu também.

Com os dois aparelhos em mãos me aproximei da ponta, ouvindo o som das águas. Joguei os celulares e meu coração se partiu, afinal perdi tantas fotos, vídeos e lembranças. Quando virei-me Kurt já havia ligado o carro e me aguardava impacientemente. Entrei no Torino e prendi o cinto.

–E agora? - perguntei a ele.

–Vamos para o México. - disse sorrindo e acelerando.

–Mas e... A polícia? Não vai ter como atravessar a fronteira.

–Quem disse que vamos atravessá-la passando por legalidade. - disse trocando a marcha e ainda com aquele sorriso no rosto. - Lembra a viagem que fiz?

–Lembro.

–Existem túneis em dunas atravessando o deserto americano e chegando ao México, é para lá que vamos. - disse apressadamente. - Vê se eu tenho outra arma no porta luvas.

Abri o mesmo e achei duas Uzi.

–Tem duas.

–Ótimo. - olhou rapidamente para mim e sorriu. - Vai dar tudo certo querida.

–Eu sei, confio em você. Só não confio na polícia, principalmente agora que sei que Black faz parte dela. Gastón também fazia.

–Sério? Por isso não gostei do desgraçado desde a primeira vez que o vi. - pelas placas estávamos próximos da rodovia. - É uma pena que minha mãe não saiba pra onde vamos.

–E como pretende informar a ela, Tacos não foi suficiente?

–Não. Mas quando eu tiver certeza que estamos seguros ligarei para ela. - olhei pela janela e afundei no banco. – Apesar de tudo eu te amo.

–Qualquer coisa eu te aviso. - respondi satisfeita e ele riu.


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Notas finais do capítulo

A música cantada por Joe é:
https://www.youtube.com/watch?v=MsGfHUC4xMI

E a tradução do trecho é:
“Oh menina, este barco está afundando
Não há mar restante para mim
E como o céu fica pesado
Quando você está por baixo
Oh, eu quero navegar para longe daqui
E Deus
Ele vem para baixo, baixo, baixo, baixo, baixo, baixo”



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