Lola escrita por Cecília Rosa
A porta estava trancada. E Lola olhava pro homem, que aterrorizava seus sonhos de forma tentadora há oito dias. Massacrando toda e qualquer auto-estima que ainda pudesse ter. Ela parou de andar a três ou quatro passos da mesa. Enquanto ele levantava de modo tímido o olhar para seu rosto.
– Lola....eu...
Ela lhe lançou um olhar misto de surpresa e desafio.
–Lola, eu ...queria ter falado com você antes....sobre...você sabe sobre o quê. O problema é que.... é que foi bom, realmente bom, e teria sido muito mais fácil se não tivesse sido, se eu não tivesse que te ver 3 vezes por semana, e pensar.... e fingir que.....Lola pelo amor de Deus você tem 17 anos....você é minha aluna, e .... - ele parou- e não podia ter sido assim, não daquele jeito...
Ele parecia desolado.
– Julio, eu.... eu juro....eu estava bêbada...-disse como que tentando se justificar.
– diga-se de passagem que você não deveria estar - resmungou para um canto.
– diga-se de passagem que você que me beijou - ela respondeu com um leve tom de raiva - pela amor de deus digo eu, eu tenho 17 anos, não sou uma criança, bebo se quiser, saio se quiser, e fico com quem eu quiser.... não é como se você tivesse se importado com isso na hora que estava com a língua na minha boca..
Ele a olhou surpreso, sem saber se ria ou gritava.
– Lola Friedmann, você realmente acha que fiz aquilo com a vibe do momento? você tem ideia de quantas alunas dão em cima de mim? ou de quantas eu peguei?...quase todas e você foi a primeira! você me devora com esses seus olhos cor de mel há dois anos, me dá respostas brilhantes, ri do jeito mais encantador, e franzi a testa do jeito do modo mais meigo...
Não teve tempo de completar a frase, ou mesmo de se corrigir, porque a jovem sentava em seu colo e beijava-lhe os lábios cheia de desejos não ditos, que ela sentia o homem a sua frente corresponder tão prontamente quanto ela.
Aquele estado de êxtase e fogo deve ter durado alguns minutos, até que Julio o interrompesse.
–Lola, aqui não, assim não....
Levantou-se e saiu. Deixando uma menina de 17 anos confusa e só.
As aulas daquele dia desenrolaram-se mais devagar ainda. Não sabia o que pensar o que fazer.
"beijara o Julio, beijara o Julio, como assim beijara o Julio? e....foi bom assim?"
Não prestou atenção por mais de um segundo a qualquer um e no final do dia Rosa e Teresa já se perguntavam o que teria acontecido à amiga.
Mas Lola, apenas pensava sórdido beijo dado as pressas.
– Lola....lola....oi? alguém de casa? - Disse Teresa.
– Ah, oi Te... fala...
– Vamos estudar pro teste de física na casa do Lipe amanhã, né xu?
– aham, aham, pode ser...
– Lola, o que aconteceu com você?!
– Nada, só estou um pouco cansada..
Nem Teresa ou Rosa acreditaram por mais de um segundo, mas, conheciam a amiga que tinham, isso significava que teria que esperar para descobrir o que acontecera. Agora, tinham maiores problemas para pensar chamados provas. E a solução de seus problemas acabara de chegar à mesa.
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