Lola escrita por Cecília Rosa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Quando Lola Acorda.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/570112/chapter/1

O quarto era escuro, e os beijos desesperados do homem sobre ela aqueciam seu corpo. Deixou com que ele se deliciasse com cada canto e pedaço de pele, que sentisse seu cheiro, que amasse o seu sabor, que devorasse cada um de seus seios com um olhar brutal, e suprisse todas as suas súplicas mergulhando a cabeça abaixo das linhas de seus quadris, e passando a língua desde a parte interna de suas coxas à sua boca.
Inseria um dedo lentamente na parte mais delicada de seu corpo, e então eram dois e três, e ela gritava...

– Lola....Lola.... Acorde!

E Lola naquele sonho real ainda sentindo os toques profundos no interior de corpo, acordou assustada. "Merda, sempre acordo nos melhores momentos". Se prolongando mais um minuto na cama tentou contrair uma coxa contra a outra e ver se conseguiria um orgasmo perto do que se aproximara minutos antes: nada.

Duas horas depois estava sentada na mesa da sala, com outros 26 alunos do segundo do ensino médio que esperavam sonolentos a primeira aula do dia, entre gritos, risos e conversas que se espalhavam pelo ambiente.

– o que foi Lo? - perguntou Rosa, uma menina alta, cheia de curvas, rosto delicado e cabelos ruivos que estava sentada ao seu lado.

– Nada Rosa...Só queria não ter o primeiro tempo de aula com o Julio, só isso.

– Mas, Lola, quem não quer ter aula do Julio?...- e virando -se pra porta - ...falando no diabo.

Um belo homem de 26 anos rompeu pela porta, 1,80 e poucos, cabelos dourados na altura das orelhas, corpo levemente malhado, um rosto entre homem e garoto, emoldurado por uma forte mandíbula, barba por fazer, e um par de olhos castanhos. Jogou a mochila sobre a mesa junto com os diários, e Lola pode ver o olhar das outras 11 meninas da sala, as pernas se cruzando, as canetas indo a boca, os suspiros. Sentiu um pouco de raiva. Julio sorriu pra turma com aquele sorriso de dentes brancos, fazendo as fileiras homens e mulheres se inclinarem pra frente como se puxados por um imã, e começou: a aula de seria sobre análise combinatória.

Hora escrevia no quadro, hora falava, fazia contas, ria, mexia no cabelo, explicava, esticava os ombros exibindo os fortes músculos, o pescoço perfeito, as mãos fortes. Volta e meia Lola jurava que o via olhando-a, depois abaixava a cara e convencia-se que não. Focava-se no caderno, punha o cabelo loiro cinza meio cacheado meio ondulado atrás da orelha.

A aula demorava passar, e embora em qualquer outro dia isso pudesse ter sido bom, sentiu o tempo passar como tortura. Afinal, Faziam exatamente 8 dias que muito bêbada ela havia beijado aquele homem.Apenas 8 dias que aquele lindo homem jogara-a contra parede, como ela e qualquer outra aluna sonhava, e como gostara. E como ficara triste de que tudo continuasse igual. Sabia que nunca teriam nada, mas a vida real era mais difícil que os sonhos matinais, e sua imaginação não ajudava. Na realidade tudo era pior, antes seu talento matemático era valorizado, agora, era como se não existisse. Se sentia à cada instante mais usada, inferior. Com um beijo pobre, e nenhum talento pro que mais amava.

Três tempos depois, o sinal tocou, e Lola viu-se sorrindo aliviada para si mesma. Passar por aquilo três vezes por semana estava ficando mais difícil. Levantou-se de costas pro quadro e para o professor, e sentou-se no canto da mesa de Rosa.

– Foi tão ruim assim? - Ela Perguntou.

– Você não tem ideia- Lola Riu.

Tão rápido quanto se era possível imaginar a sala se esvaziou, deixando só as duas meninas e o professor na sala, pois o grupo de alunos corria para aproveitar os 15 minutos entre aulas que tinham. As meninas trocaram poucas palavras enquanto Rosa terminava de copiar as explicações no caderno. Finalmente, quando as duas caminhavam rumo à liberdade, Lola ouviu uma voz rouca chamar-lhe.

–Lola, você se incomoda de ficar aqui durante seu intervalo? precisamos falar sobre o seu teste- um Julio muito sério disse.

Rosa levantou uma sobrancelha, e dando de ombros, saiu para o corredor, deixando a amiga sozinha no recinto. Lola começou a caminhar na direção da mesa do professor, o coração apertado, o estômago revirando e o rosto branco.

– Fecha a porta, Lola.

A menina ficou congelada por alguns instantes, e sentiu seus pés se moverem por ela, e seus braços se estenderem para a porta que encostou atrás de si.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lola" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.