– Pai, sai daqui! Cê tá maluco?! - gritou Karina, cobrindo o corpo dela com o lençol e afastando-se dos braços de Pedro.

– Olha aqui, Karina, eu não tô nada feliz com você!

– Sai! - gritou a lutadora enquanto arremessou um travesseiro no pai e o observava sair do quarto.

Pedro engolia em seco enquanto vestia-se e observava Karina com a mão no rosto, pensando em como iria explicar-se.

– E agora, Esquentadinha? Não é melhor eu ir pelo poste pro mestre Cruel não acabar comigo? - perguntou o rapaz.

– Não, Pê. Relaxa, ele tem que aceitar. Vamos lá que a gente se explica.

Ao saírem do quarto, Gael movia-se inquieto de um lado para o outro na sala enquanto Dandara tentava acalmá-lo.

– Calma, meu amor. Não precisa ficar assim.

Quando o mestre viu o casal se aproximando, foi de encontro a eles gritando.

– O que vocês estavam fazendo naquele quarto, posso saber?

– Ô pai, você não é um menino inocente, né. Por favor. - respondeu Karina, cruzando os braços.

– Vai bancar a engraçadinha pra cima de mim?

– Meu amor, se acalma. A K e o Pedrinho já são adultos, lembra? Você não deveria ficar assim só por eles estarem fazendo sexo. É natural. - disse a professora de canto.

– Eu sei, Dandara, mas... você não sabe o quão horrível é chegar em casa e ver esse Menestrel do Capiroto nu na cama com sua filha.

– Pai, tá na cara que não é a primeira vez. Não precisa fazer esse escândalo todo. - disse K, tentando suavizar a situação

– Saber disso não me acalma, dona Karina. E você, Menestrel? Foi sua a ideia, né? Foi só o sogro sair que você decide fazer essas coisas?

– Quem foi não importa, pai. Já passou. E outra, eu quero intimidade no meu relacionamento. Se eu faço esse tipo de coisa com o Pedro ou não, quem trata disso sou eu, ok? Você não tem que se intrometer. Vou lá pra casa do Pedro porque não quero mais encheção de saco. Bora, Pê.

O rapaz seguiu a namorada, evitando contato visual com o sogro. Ele sabia que a partir do momento que falasse qualquer coisa, sua vida estaria por um triz. Ao saírem da casa, Pedro a agarrou, deu um beijo em sua bochecha e disse:

– Você salvou minha vida, Esquentadinha. Brigado.

– É. Infelizmente, vou ficar te devendo o round 2. - respondeu Karina devolvendo o beijo com um selinho. - E aí, vamos fazer o que lá na sua casa?

– Hmmm... bora continuar que vou te fazer uma surpresa.

– Mas e a Galera da Ribalta?

– Ah, já liguei pro Luca e avisei que ia matar a saudade de vc hoje.

Continuaram o caminho. Ao chegarem na porta, Pedro percebeu que havia esquecido suas chaves e teve que bater. Quem os atendeu foi Tomtom. O tempo foi bom não só com eles, mas com ela também. A garota cresceu para tornar-se uma moça muito bonita, concorrida por alguns colegas de classe, o que não agradava Pedro nem um pouco.

– Oi, Pê. Oi, K. Que saudade. - disse a garota, abraçando sua cunhada.

O casal foi para o quarto. Lá, Pedro afundou a cabeça de Karina no travesseiro e disse:

Fecha os olhos por causa da surpresa.

Obedecendo o namorado, depois de alguns segundos ela começou a ouvir a melodia vindo do violão. Tirou o travesseiro do rosto e viu admirada o namorado fazendo acordes. Ouvia a música e observava o violão. Desde que ela tinha dado a ele após Duca quebrar o antigo, Pedro fizera algumas modificações. Colou adesivos e tinha ali autógrafos de ídolos os quais a Galera da Ribalta tinha aberto os shows. Mas a preferida de Karina, era uma que ninguém podia ver. Na parte de trás do violão, num ângulo onde apenas a pessoa que tocava podia ver, tinha uma pequena foto dos dois juntos. Pedro dizia que aquilo ali fazia passar seu nervosismo durante um grande show e ela adorava isso.

Depois de uns 15 segundos apenas tocando, o rapaz pôs-se a cantar. Uma música que Karina nunca ouviu.

– Ao acordar, só penso em você
Penso com carinho em ti, meu bem querer
Preciso do teu calor ao meu lado
Desse nosso amor quero ficar embriagado
Minha musa, se tornou uma necessidade
Cuidar de você é minha maior prioridade.

Karina estava boquiaberta e transbordando de felicidade. Isso a fez sentir uma nostalgia imensa pelo grande sucesso da galera da Ribalta: Definição de Perfeição.

– E aí? Gostou? - perguntou Pedro com um olhar de expectativa direcionado a Karina.

– Eu amei, Pedro. Tá linda!

– Eu ainda não terminei, mas fiz pensando em você, minha musa.

– Vem cá, deixa sua musa te encher de inspiração. - disse a garota, partindo para cobrir o garoto de beijos.

Durante o amasso, Tomtom chegou à porta, bateu de leve para não perturbá-los tanto e disse:

– Pedro, se a mamãe perguntar, diz pra ela que eu fui sair com o Flávio, ok?

– Flávio? Quem é esse tal de Flávio, pirralha? - perguntou o irmão, indignado.

– Não te interessa. Agora tô indo.

– Calma, Pê, relaxa. Ela não lembra a gente? - disse Karina, aconchegando-se no peito do namorado.

– Até que lembra sim. Mas até onde sei, Tomtom não é uma brutamontes assassina. - respondeu Pedro rindo, que foi prontamente devolvido com um soco.

A garota olhava o teto, pensativa enquanto recebia cafuné do guitarrista. Ela adorava esses carinhos que ele sempre estava disposto a dar a ela. Pedro decidiu quebrar o silêncio.

– Esquentadinha, agora que percebi.

– O quê?

– Agora que a pirralha foi embora, que tal aquele round 2 que você tá me devendo, hein?

– Pê, antes disso eu acho que a gente devia conversar à sério.