Imagine a cena, Roy Mustang, no chuveiro, cantando com o xampu na mão. Não tem preço

— Anda logo, você vai se atrasar! Mais ainda... - Rebeca gritava do lado de fora.

— Já vou! - Respondeu o moreno - É hoje! Como dizia a Vovó, 'A vingança tarda, mas não falha' e é só uma questão de tempo, preciosa subordinada, MUAHAHAHAHAHAHHA!

— Roy? Que risada de doido é essa, aí dentro?

— Errrr... Nada, é só o visinho louco. - Se enxugou e saiu do banheiro.

— Nós temos um visinho? - Perguntou estranhamente animada.

— Rebeca, meu amor, todo mundo que mora do lado e na frente de nossa casa é nosso vizinho.

— Jura?! Que ótimo!Eu tive vizinhos a vida toda e não soube. Acho que vou fazer uns biscoitinhos pra eles. - Saiu dando gritinhos felizes.

— Isso, faz isso mesmo... "Qual é o futuro de uma criatura assim?"

...

O Coronel chegou no QG como sempre, atrasado, e não foi surpresa encontrar todos em seus afazeres quando entrou na sala. Tudo teria sido normal, se não fossem alguns detalhes.
...
...

— Tenente Hawkeye, pode me ajudar a entregar esses relatórios na sala do General Flip, por favor?

— Sim, senhor.

Durante o caminho, foi um completo silêncio.

— "O que deu nele? Sem cantada? Sem sorriso Colgate? Ele deve estar doente" - Pensou Riza.

E foi assim o dia todo, tenente pra lá, tenente pra cá, sim senhor pra cá, sim senhor pra lá. Roy a tratava como deveria ser tratada no trabalho, muito profissionalmente. Ela, coitada, não entendia nada, já era rotina receber os cortejos de seu chefe, e mesmo que nunca admitisse, ela adorava. De repente, sua mente teve um clic, e ela se lembrou.

"Tudo bem, se você quer continuar se fazendo de durona, por mim tudo bem. Vamos fazer o seu jogo"

— "Oh, eu não acredito que ele esteja fazendo isso! Mas se pensa que eu me importo, está muito enganado! Como ele mesmo disse, é o MEU jogo, e eu não vou perder"

— "Quando a Vovó dizia que a vingança tarda, mas não falha, ela se esqueceu de mencionar que a parte que tarda, tarda mesmo. Qual é Rizinha, era para você estar pedindo carinho. Acho que é hora de praticar minha paciência" - Roy pensava desanimado.

... Enquanto isso Rebeca...

Tocou a campainha do primeiro visinho, com o pratinho de biscoitos na mão.

— Oi vizinho! Trouxe uns biscoitinhos para celebrar a nossa... vizinhação?

— E você é...?

— Desculpe, sou Rebeca, moro na casa da frente, com meu noivo. - Disse sorridente.

— Aah - Falou entendendo -, é a gostosa da vez do Mustang, pobre garota - Bateu a porta na cara dela.

— Que falta de educação.

Ela foi até a outra porta, que ficava ao lado direito de sua casa, e tocou a campainha, uma mulher atendeu.

— Oi! Eu sou...

— Eu sei quem você é. A noiva do ex-meu Roy, pois fique sabendo que eu era a próxima na lista dele! Mas você chegou e estragou tudo! E ainda quer me engordar com esses biscoitos do mal?! Sai daqui, barangaça!

— Desculpa, eu me embolei, suas frases são altas e confusas. Pode repetir do início? - Mais uma porta na cara.

— Pessoas mal educadas! Mas ainda tem mais um! Pensando bem...

...

Voltando ao QG, estavam no refeitório, hora do almoço.

— Tá com cara de que tá aprontando. - Disse Maes a Roy, coma sobrancelha levantada.

— Que? Do que você está falando?

— Anda, o que você fez?

— Mas eu não fiz nada... Ah tá bom! Eu queria falar, mesmo! Eu estou confundindo a Hawkeye.

— Uaaau, que legal, mas então, você não quer ver as fotos da Elisia vendo TV?

— Grande amigo, esse que eu tenho.

— Eu estava brincando, hahaha... Mais ou menos... O que você disse que está fazendo mesmo?

— Confundindo a Hawkeye, agora eu a trato de forma estritamente profissional, e vai chegar a hora que ela não vai mais aguentar e ficará na palma da minha mão - O olhar de vilão em seu rosto era cômico.

— E você acha que isso vai funcionar?

— Lógico. As mulheres gostam de ser maltratadas.

— Só se for a sua, porque a cada dia eu dou mais amor para a minha Gracia e recebo em troca a mesma coisa, aiai...

— Eu sou um expert em mulheres, você vai ver.

— Vou ver que os dias vão passar, e ela nem vai ligar.

*****
1 dia depois

*****
A mesma coisa

Riza 1 x Roy 0

*****
3 dias depois

*****

Riza 4 x Roy 0

*****
1 semana

*****

— O que foi que eu disse, mesmo? - Perguntou Maes Hughes com cara de vencedor.

— Cala a boca. Ainda não acabou. E o que você está fazendo aqui!? Não tem trabalho não?

— Ah é, eu passei pra dizer que você tem um telefonema.

— Só isso? Seu desocupado vai arrumar um serviço

Atendeu ao telefone e se surpreendeu.

— Alice!

— Você ainda lembra-se de mim, que bom. - Respondeu do outro lado da linha.

— Você é inesquecível. - Seu charme transbordava até mesmo pelo telefone.

— Eu estou sem nada pra fazer, então, por que não me conta aquela história da sua noiva e a tal da Riza.

— Agora não vai dar, tem certas pessoas bisbilhoteiras - Lançou um olhar para os subordinados que pararam tudo para ouvir a conversa.

— E que tal nos encontrarmos amanhã, na praça?

— Combinado. As cinco está bom pra você?

— Certo. Até lá.

Desligou o telefone e foi logo bombardeado.

— Alice, hein? Então é a mais nova peguete?

— Ela não é uma peguete, só uma amiga.

— Sei...

— "Então é essa tal de Alice que ele quer agora, né! Por isso parou de... Ai que raiva!!!" - Nisso a Primeira-Tenente quebrou a lápis que estava na sua mão, e todos olharam pra ela.

— Algum problema, tenente? Parece irritada.

— Não é nada.

— "Alice, você é um anjo! Olha só o que a sua ligação fez com a minha Riza. Dou até o final do dia pra ela estourar"

E foi exatamente como Roy previu. Depois do expediente Riza esperou todos saírem para ter um conversa a sós com ele.

— Roy, precisamos conversar. - Falou séria.

— Roy? O que aconteceu com o Coronel?

— O expediente já acabou. O que você acha que eu sou!? Uma bonequinha que você pode brincar e se divertir e quando cansar me deixar de lado?! Já entendi o que você está tentando fazer, ok. Pode parar por aí

— Eu não te entendo, Riza. Achei que você não quisesse nada comigo. Então resolvi te deixar em paz.

— Mas achou errado! Olha, eu admito que senti uma certa atração por você, também.

— Então quer dizer que você está disposta a parar com as criancices e partir para uma coisa séria?

— Não, não quer dizer isso.

— O que? - Não era essa resposta que esperava.

— É, eu ainda não quero nada com você. Você é noivo da minha prima. Eu gosto dela, e o que eu sentia por você era uma atração boba. Então se você realmente quer uma coisa séria comigo, que tal sermos só amigos?

— "Onde foi que eu errei? O plano estava ótimo, ela se estressou, confessou que gostava de mim, e agora quer ser minha amiguinha e ir fazer a unha no salão?! Isso está errado! Mas ela disse que sentia atração por mim, e quem garante que ainda não sente. O jogo ainda não acabou." - Todo esse monólogo em sua cabeça não levou mais que e o tempo necessário para responder. - Tudo bem, acho que amigos está bom. Realmente você, eu e a Rebeca, não ia dar certo. E acho que vai ser bom ser seu amigo.

— Eu também acho interessante. - Assim eles apertaram as mãos, como um acordo. - Quer uma carona?

— Claro.