Aprendendo a Amar escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 9
Capítulo 8




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O resto da semana passou com o tempo fechado, no sentido metafórico. Cobra e Jade não voltaram a conversar, ela por ressentimento, ele por irritação. Karina levava Gabe para ver a dançarina enquanto o irmão não percebia, o que não era muito tempo.

Na sexta-feira à noite a casa se esvaziou, sobrando apenas pai e filho. Apesar de já acostumado a cuidar do garoto, ficar completamente por um final de semana inteiro era assustador.

“Muito bem, baixinho... Somos só nós dois esse final de semana. Você acha que a gente consegue?” Perguntou, acariciando a bochechinha do menino. “É, eu também não faço ideia. Mas vamos tentar, certo?”

Em resposta, Gabriel fez careta e encheu a fralda de caca.

“É, vai ser um longo final de semana.” Resmungou o lutador, pegando o filho e se dirigindo para o quarto.

~C&J~

“Ai, Swan, como será que eles estão?” Perguntou Jade, acariciando o pelo da cachorrinha em seu colo. “O Gabe parecia meio chatinho hoje. Será que ele está doente?”

“Se ele estiver, o Ricardo dará um jeito.” Edgard entrou na sala com duas xícaras, sentando ao lado da dançarina. “Chocolate quente?”

“Está uns 45°C lá fora, Ed, mas eu aceito.” Ela apanhou a xícara cor de rosa, entornando um gole generoso do liquido. “Hum, canela.”

“Eu sei que você adora.” Ele sorriu, se ajeitando e encarando a TV.

“Você acha que o Cobra dá conta de ficar sozinho com o Gabe, Ed? De verdade?” Ele suspirou, virando o rosto e sorrindo amarelo.

“Ele é o pai do Gabe, Jade, ele vai ter que dar. O Gael, a Dandara e os irmãos nem sempre estarão por perto, assim como você. Ele vai ter que aprender.”

“E por que ele tem que fazer isso sozinho, Ed?”

“Porque ele está sozinho nessa, Jade. A mãe do Gabriel sumiu no mundo sem deixar nada além de um bilhete vago, deixando toda a responsabilidade nas costas do Cobra. E ele tem que arcar com isso.” A discussão já havia elevado alguns tons a voz de ambos.

“E se eu quiser ajudar ele, Edgard? Não quiser deixar ele sozinho nessa?” Ela se levantou irritada, derrubando a xícara no chão e espalhando chocolate e louça para todos os lados.

“Jade, você é apenas uma menina jovem e apaixonada, sem noção de como a vida realmente é. Você está enxergando um príncipe encantado em um cavalo, mas a realidade é um badboy que depende dos pais e tem um filho para criar. E não é isso o que eu quero para você.”

“E o que eu quero, Edgard? Você julgava tanto minha mãe por fazer minhas escolhas por mim, mas você está fazendo exatamente a mesma coisa. Eu quero ajudar o Ricardo nesse momento difícil, assim como ele me ajudou e apoiou no momento mais difícil da minha vida.” Algumas lágrimas começaram a verter dos olhos escuros da jovem, enquanto o pai massageava as têmporas.

“Então eu devo ficar sentado vendo você escolhendo as coisas erradas? Escolhendo o Ricardo e o Gabriel ao invés de um futuro brilhante?”

“Eu não estou escolhendo nada.” Ela gritou, apanhando Swan. “Mas se for para escolher algo, vai ser por minha própria conta e risco, sem ligar para a sua opinião, Edgard. Eu faço meu próprio destino.”

Marchou até o quarto e bateu a porta com força. Abriu a porta dos armários e retirou suas malas da parte superior. Começou a tirar as peças das gavetas e cabides, preenchendo as bolsas. Apanhou o celular e fez a ligação.

“Alô, Marcos? Jade Gardel. Desculpe o horário, mas eu preciso saber... O antigo inquilino do meu apartamento saiu recentemente, não é? Sim, o apartamento que eu morava com a minha mãe e que ficou para mim. É, eu estou indo para lá amanhã. Acho que está na hora de tomar as rédeas da minha vida.”

Não havia herdado uma fortuna da mãe, mas era o suficiente para viver confortavelmente por uns bons anos ainda. O aluguel do apartamento também lhe rendera um dinheiro consistente, levando em conta que jamais havia pago nada enquanto havia morado com Edgard.

Após acertar tudo com o corretor da imobiliária que cuidara de alugar seu apartamento, tinha mais uma ligação para fazer; e sabia que essa, seria estupidamente difícil de lidar.

“Vamos, Ricardo, atende.” Pediu em voz baixa, ouvindo o telefone chamar sem parar. “Será que aconteceu alguma coisa?”

Olhou o relógio e viu que já passava das 22h. Por algum milagre, Cobra havia passado a dormir cedo desde que o filho havia chegado em sua casa. E não porque quer uma vida mais regrada ou algo assim: simplesmente estava tão cansado ao fim do dia que só queria encontrar o travesseiro.

“Eu ligo amanhã.” Decidiu, voltando a atividade de esvaziar o quarto.

~J&C~

A manhã chegou sem que Cobra se desse conta, após passar quase a noite inteira em claro. Gabriel tinha que ter sua primeira febre enquanto os pais estavam fora. Deu o antitérmico que sua mãe deixara prescrito, seguiu todas as recomendações que encontrou na internet, já estava até cogitando ir em busca de uma benzedeira.

“Gabe, dorme um pouquinho, vai filho. Dorme um pouquinho e deixa o papai dormir também, por favor.” Implorava, ninando o garoto contra seu peito. “Vai melhorar, o papai promete.”

Em resposta, o pequeno apenas coçava as orelhinhas e agarrava seu ursinho, manhoso.

“Será que é dor de ouvido?” Cobra coçou a nuca, cansado. “Acho que vou ter que ligar para a vovó.”

Dê o anti-inflamatório que está na caixinha de remédios, meu filho. Se não ajudar, você terá que ir ao hospital, porque pode ser uma bactéria e precisará de antibiótico. Qualquer coisa, você me liga.”

“Pode deixar, mãe, obrigada.” O rapaz desligou o celular, pegando o remédio que ela havia indicado. Deu a dose correspondente a idade e peso de Gabe e foi com ele para o banheiro. Ligou o chuveiro quente e entrou embaixo com o pequeno. “Agora relaxa, pequeno, relaxa.”

A água quente relaxou o corpo pequenino como ele previa. Gabriel parou o choro e foi diminuindo os movimentos na orelha. Quando saiu, tratou de enxugar e limpar bem os ouvidos do filho, mesmo com os resmungos contrários.

“Vamos tomar uma mamadeira bem quentinha e ver se você dorme, está bem?” Cobra pegou a mamadeira e esquentou no micro-ondas, com o filho deitado em seu ombro e abraçado ao ursinho Teddy.

Deitou na cama da Gael e Dandara e acomodou Gabriel ao seu lado. O aninhou em seu peito e deixou que ele tomasse a mamadeira, acariciando seus cabelinhos claros e cantarolando alguma cantiga de ninar que não sabia a letra direito.

Antes que percebesse, os dois dormiam em sono alto.

~C&J~

Jade estacionou seu carro em frente à Fábrica, descendo e se dirigindo direto para a academia. Procurou Cobra com os olhos, mas não o encontrou em lugar nenhum.

“Jade, o que faz aqui?” Zé se aproximou, lustrando uma luva. “Já sei... Procurando o Cobra, não é?”

“Acertou. Onde ele está?”

“Ele não apareceu hoje. A vizinha dele veio aqui e disse que o Gabe chorou a noite inteira. Ela diz que ouvido algo sobre febre.” A dançarina se horrorizou, saindo correndo em direção à casa dos Duarte. Por sorte, tinha uma cópia da chave.

Destrancou a porta e entrou em silêncio, já que o ambiente estava assim. Se deslocou com cuidado, já que a bagunça no chão estava tremenda. Viu os vidrinhos de remédio, as mamadeiras cheias, os potes de papinha.

“Que droga.” Suspirou, abrindo a porta do quarto dos quatro irmãos e o encontrou vazio. Resolveu ver no quarto do casal Duarte e sorriu com o que encontrou.

Cobra e Gabe dormiam enganchados um no outro, Teddy repousando entre o peito dos dois. Suas expressões eram serenas e tranquilas, e seu sono extremamente pesado. O cansaço deveria estar tremendo.

“Eu volto mais tarde, está bem?” Sussurrou, beijando a testa de pai e filho, antes de sair e voltar para seu carro. Ainda precisava deixar suas coisas em seu apartamento. Foi então que seu celular tocou. “Lírio?”

Hey, o Ed disse que você saiu de casa? Aonde você está? Está na hora do churrasco.”

“Já? Bom...” Ela olhou o relógio no visor do carro e ponderou. “Acho que dá para ficar um pouquinho. Bom, eu estou indo para o meu apartamento, o que eu morava com a minha mãe. Você me pega lá?”

Claro. Estou pegando a Joaquina e já chego por lá.” E desligou.

Jade suspirou, encarando a casa dos Duarte. Ficaria no churrasco um pouquinho e voltaria para ajudar Cobra a cuidar de Gabe.

“E que seja o que Deus quiser.” Suspirou, dando partida e saindo com o carro.


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Notas finais do capítulo

Alôôôôô, chegueeeeei.
Bom, não to com inspiração pras notas, espero que tenham gostado.
E no próximo capítulo: looooove
See you ;*