Aprendendo a Amar escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 7
Capítulo 6




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Obviamente, a primeira aparição pública de Gabriel seria um evento na Fábrica de Sonhos; Cobra só não sabia precisar se um evento bom ou ruim.

Ao acordar às 6h40 em ponto, seu novo horário, encontrou ao seu lado o filho adormecido. O sorriso foi inevitável, enquanto acariciava as bochechas rosadas, observando os cílios tremularem. Era o sétimo dia que passava ao lado do filho e realmente estava aprendendo a ter e a lidar com os sentimentos por ele.

Já havia se acostumado a acordar e alimentá-lo durante a noite; sabia dar banho razoavelmente e não estava mais penando com as fraldas. Já conseguia resmungar algumas cantigas de ninar e não aguentava mais ver aqueles desenhos idiotas do Discovery Kids, apesar de eles prenderem a atenção de Gabriel por muito tempo, lhe dando tempo de cochilar e cuidar do que precisasse.

Sim, porque apesar de Dandara, Bianca e Karina lhe ajudarem muito, o mestre Cruel havia estipulado que o filho deveria ter responsabilidades sim, como preparar mamadeira, lavar as roupinhas e ajudar em casa. Afinal:

“Se você fosse um pai solteiro, sem morar com o papai e a mamãe, teria que fazer tudo isso e muito mais.” Explicou o lutador, logo no segundo dia. Ele deu ao filho o que chamava de ‘licença paternidade’ de um mês, para que ele se acostumasse a ter um serzinho dependente em sua vida.

Porém, com o ano novo chegaria também o campeonato regional, e mais do que nunca Cobra precisava treinar e se esforçar para vencer e ir para o estadual; e se Deus quisesse, conseguiria levar o Nacional no próximo ano.

“Vamos levantar, baixinho? Tá na hora de ir para a Fábrica.” Apanhou o filho no colo, se levantando e saindo do quarto em silêncio. Agora que João e Karina estavam oficialmente de férias, estava tentando ser menos chato e deixá-los dormir um pouco mais.

Aos poucos a presença do pequeno começava a tomar forma naquela casa, sendo perceptível em todos os ambientes: o carrinho de bebê estacionado na sala, alguns brinquedos dispostos no chão, mamadeiras e suplementos infantis na cozinha, pilhas de roupinhas na lavanderia, fraldas deixando o banheiro fedorento e a decoração do quarto dos irmãos começando a ser afetada.

Por dormirem todos juntos, o quarto era bastante neutro, sem nada muito pessoal ultrapassando os limites da parede ao lado do beliche. Agora, havia brinquedos e móbiles, já que as duas irmãs estavam se divertindo comprando coisas para o sobrinho; o próprio João, resmungão e rabugento como era, já havia se rendido e se tornado o tapete favorito onde Gabriel engatinhava.

Definitivamente, uma semana havia feito milagres naquela casa.

“Bom dia.” Saudou os pais ao chegar na cozinha, ainda sem ter trocado a si, mas já tendo trocado a fralda do filho.

“Bom dia meus amores.” Dandara beijou o rosto do filho e do neto, que lhe deu um sorriso banguela.

“Ah, cadê meu campeão?” Gael deixou o jornal de lado, roubando Gabriel do colo do pai. “Vem com o vovô.”

“Acho que eu fui esquecido.” Comentou Cobra, fazendo a mãe rir.

“Seu pai é meio turrão, mas é um verdadeiro babão. Ele podia não ajudar nos cuidados mais práticos com você, mas não largava vocês por um minuto.” Confidenciou a cantora, voltando para o fogão. “Aproveita e toma café, depois você acorda seus irmãos e arruma você e o Gabe enquanto eles tomam café.”

Para que ele pudesse fazer seu treino da manhã, contaria com a ajuda da mãe, que só daria aula a tarde. Ela e Bianca ficariam com Gabriel no escritório enquanto ele praticava e a tarde, quando as duas fossem para a Ribalta, Karina e João cuidariam do sobrinho por duas horas, para Cobra poder dar sua aula.

“Bom, filho, eu e sua mãe vamos para a casa da sua avó esse final de semana. A Bianca vai acampar com o Duca em Niterói, e João e Karina vão com o Pedro e a Galera da Ribalta acampar na Pedra do Índio. Você acha que aguenta ficar sozinho ou quer ir conosco?” Perguntou Gael, brincando com o neto.

“Eu preciso mesmo treinar esse final de semana, pai.” Observou Cobra, coçando a barba. “Hoje é dia 11, faltam exatamente 50 dias para a etapa regional, eu não posso relaxar.”

“E o que pretende fazer com o Gabriel?”

“Vou trocar uma ideia com a Sol, ver se ela topa ficar de babá do baixinho.”

“E depois do treino? Você vai ficar sozinho com o Gabe?” Se preocupou Dandara.

“Mãe, eu sei cuidar do meu filho sozinho, relaxa.” Pediu o jovem lutador, levantando e apanhando o filho. “Vou acordar o pessoal e arrumar nós dois, está bem?”

“Claro. Aqui está a mamadeira dele.” A mulher estendeu o recipiente com leite, enquanto o jovem se dirigia para o quarto.

“Vamos acordar seus tios?” Sussurrou para o filho, recebendo uma risadinha em resposta. “Quando eu contar três, está bem?”

Ele começou a empurrar a porta devagar, vendo que os três ainda dormiam. Sorriu maroto.

“Um, dois, três.” Sussurrou, sorrindo cúmplice ao garotinho. “Acooooorda.”

Gabriel endossou o grito do pai com seu gritinho infantil, enquanto observava os tios pulando assustados. João gemeu de dor ao bater a cabeça no teto da beliche e Karina resmungou.

“A bunda de cima é minha, controla a cabeçada.”

“Eu vou ficar com um galo maior do que o da fazenda da tia Gertrudes e você está reclamando da sua bunda?”

Cobra caiu na risada, enquanto o bebê batia palminhas. Logo Bianca ria da briga dos irmãos gêmeos, descendo da beliche e indo até o outro irmão e o sobrinho.

“Bom dia para você também, Ricardo. E bom dia para você, meu amor.” A atriz começou a beijar o rosto da criança insistentemente, que ria deliciado.

“A mãe está com o café pronto e o pai acabou de ir para a academia, acho. Vão comer.” Avisou enquanto caminhava para o armário, sentando o filho no trocador ao lado. “Bianca, você que guardou o uniforme dele?”

“Foi, tá na terceira gaveta da cômoda dele.” Ela gritou já do corredor, seguida de perto pelos irmãos.

“Primeira lição sobre como ser um Duarte, Gabriel... Sempre tenha um uniforme da Academia do Gael.” Apanhou o body branco estampado com o logo da academia de muay thay da família, vendo o filho sorrir. “É, garoto, talvez você tenha o sangue de lutador.”

Depois de vestir o menino e colocar sua roupa de treino, Cobra se pôs a arrumar a bolsa do menino. Ficava surpreso com o tanto de coisa uma criança poderia precisar: mamadeira, fraldas, chupetas, trocas de roupa, remédios básicos, brinquedos...

“Graças a Deus a Mari guardou quase tudo que era do Felipe.” Comentou o pai, colocando a bolsa no ombro e apanhando o filho. “Vamos?”

Em resposta, um resmungo alto e a mãozinha se estendendo e tentando pegar algo. Ele seguiu a direção apontada pelo bebê, encontrando o ursinho de pelúcia que ele havia ganhado alguns dias antes.

“O presente da tia Jade?” O menino continuou se esticando, enquanto o pai se aproximava. “Pronto, está aqui... O Teddy.”

O grande sorriso banguela preencheu o pequeno rosto, enquanto o menino abraçava seu xodó, com certeza pensando na pessoa que lhe dera o mimo.

“Ela vai estar lá, sabe? Vamos encontrar a tia Jade?” Ao ouvir o nome da bailarina, os olhinhos castanhos brilharam. “Vou entender isso como um ‘com certeza’.”

~C&J~

Do outro lado da cidade, Jade terminava de se arrumar. Finalizava o coque perfeito com capricho, sem deixar um único fio solto, certificando-se que estava tudo do jeito que Lucrécia sempre disse que deveria estar: impecável.

Meditava sobre o diálogo que tivera com Edgard alguns minutos antes, enquanto os dois tomavam seu café da manhã. Já fazia dias que o sentia estranho e naquela manhã ele havia explodido. E o assunto, é claro, só podia ser um só: Cobra e Gabriel.

“Jade, você é como minha filha e por isso eu preciso te zelar como um pai. E é como pai que eu digo que estou preocupado com essa sua relação com o Cobra e o bebê.” Ele limpou a boca com o guardanapo, apanhando a mão da bailarina. “Eu entendo que o Ricardo é seu melhor amigo há anos, e que ele foi muito importante no processo da doença da sua mãe; porém, essa proximidade está inquietante.”

“O que está inquietante, Ed? Eu e o Ricardo sempre andamos para cima e para baixo juntos, todos já estão acostumados com isso.” Ela revirou os olhos.

“Porém agora tem uma criança envolvida, um bebê. E apenas um cego não vê o quanto você está apegado à essa criança, e mais: o quanto ela está apegada à você.” Ele explicou com bondade. “Jade, você ainda é uma menina, mal completou vinte anos direito. E você é delicada, carente, sensível...”

“Você está com medo do quê? De eu me tornar a mãe do Gabriel?”

“De você sofrer mais, Jade. Vamos ver pela seguinte ótica: você se apega ao Gabriel; você se desdobra em dez para ajudar o Ricardo com o menino, como já está fazendo; você de repente se vê desse jeito que você disse, como mãe do Gabriel, e então, o rapaz faz o que ele faz de melhor.”

“É grosseiro e mal educado?” Supôs a jovem.

“Isso também, mas não exatamente esse ponto. O que eu quero dizer é: quanto tempo você acha que ele vai ficar solteiro? Até quando você acha que esse papel de pai esforçado vai durar, até ele arranjar um rabo de saia para saracotear por aí? E usar e abusar da sua boa vontade, largando o menino debaixo da sua asa.” As palavras eram duras, mas a intenção do professor era realmente a melhor possível. O passado de Cobra não era favorável, e o de Jade muito menos.

Ele já cansara de ver a menina enrolada em seu cobertor, agarrada com Princess Swan e um pote de sorvete, após mais uma das ‘jogadas de friendzone’ do rapaz. E sabia que não demoraria a ver isso se repetir; mas com Gabriel na equação, o valor da catástrofe seria bem mais alto.

O sonho de Jade nunca fora ser uma excelente bailarina, nunca tivera dúvidas em relação a isso; seu maior sonho sempre havia sido e sempre seria ter uma família sua. Criada apenas por Lucrécia, de forma tão rígida e muitas vezes sem carinho, não era de se estranhar que ela almejasse acima de tudo por aquilo que nunca havia tido.

E ninguém podia negar que Gabriel era a criança mais adorável do mundo, havia passado por maus bocados com a mãe (algo que o ligava muito à Jade). Era juntar pólvora e faísca, o resultado seria uma explosão de química e carinho entre os dois.

Não precisava ser nenhum profeta para saber que não demoraria para Jade tomar para si o papel de mãe do menino, que muito apegado a ela a veria assim mesmo; mas também era desnecessário essa habilidade para saber que um dia, inexoravelmente, Ricardo acabaria por se amarrar com algum dos rabos de saia que entravam em sua vida, dando assim uma mãe para Gabriel.

E o sofrimento de Jade seria muito maior do que ela poderia aguentar.

“Jade, eu não estou pedindo que corte relações com o Cobra ou com o Gabriel, apenas que se afaste um pouco, dê uma distância segura. Preserve a você e a eles dois.” O homem se levantou da mesa, beijando a testa da filha.

“Distância segura.” Ela repetiu, se encarando no espelho. Apanhou o celular, onde havia acabado de chegar duas mensagens. A primeira era de Cobra, a segunda de Lírio.

Topa passear comigo e com o Gabe esse final de semana? Prometo que te compro um sorvete. – Cobra

A galera está combinando um churras na casa da Guta e do Rico. Vamos? Vai ter roda de tequila. – Lírio.

Suspirou e ponderou por uns bons minutos, antes de apertar responder.

Com certeza, estou precisando de uns shots. Combino com a Joaquina de ela vir aqui e você pega nós duas? Só não garanto que eu volte com você se abusar da tequila, ouviu Lorenzo?


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Notas finais do capítulo

NOTAS FINAIS PORQUE O NYAH...

FELIZ 2015 MEUS AMORES, MINHAS LINDAS, MINHAS PEANUTS MAIS QUERIDAS. QUE SEJA UM ANO REPLETO DE COISAS MARAVILHOSAS PARA TODOS.

Eu andei sumida porque tirei férias de tudo, até de mim HAHAHAHAH Passei 15 dias imersa na piscina, fritando no sol. Mas agora voltei.

E particularmente eu AMEI esse capítulo, amei muito. Estou achando interessante escrever esses pequenos conflitos internos e externos da Jade e do Cobra separados, até o momento em que eles se juntarem.

E bom, 2015 já começou com novidade: agora temos uma página no Facebook, uma página para as minhas fics: Rolará spoiler, promoção, enquete, aviso de postagem. Curtam lá e fiquem mais próximas de mim ♥ https://www.facebook.com/fanficswaalpomps

See you soon ;*



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