Aprendendo a Amar escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 6
Capítulo 5




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Jade chegou em seu apartamento às 20h, exausta. Havia feito Gabe dormir enquanto Dandara e Cobra tomavam banho. Quando saiu do apartamento da família, o amigo e a tia já estavam capotados e Gael e os demais filhos haviam acabado de chegar.

Assim que se deixou cair no sofá, algo pulou em seu colo, fazendo-a rir.

“Oi, Swan, voltou para casa?” Perguntou, acariciando as orelhas da Beagle.

“Fui buscar ela depois da aula, limpinha e com as unhas devidamente cortadas.” Explicou Edgard, surgindo dos quartos. “O veterinário também fez uma bateria de exames e nossa mocinha está bem.”

“Graças a Deus.” Ela beijou a ponta do focinho molhado. “Como foram as coisas na Fábrica?”

“Insanas. Querendo ou não, Gael e Dandara são essenciais para o bom andamento de tudo. A ausência deles, além do fato de a Karina, a Bianca e o João só chegarem à tarde, deixou uma bela bagunça pela manhã.” Ele contou, sentando na poltrona e cruzando as pernas. “E com você? Como foi tudo?”

“Acho que eu posso deitar e dormir uns três dias, Ed. Mas antes eu preciso comer alguma coisa.”

“Para a sua sorte, eu comprei aquela lasanha de quatro queijos congelada. Bem gordurosa.” Eles riram, enquanto o homem ia para a cozinha, deixando a filha no sofá com a cachorra.

Uma hora mais tarde, já devidamente banhada e alimentada, Jade reassumiu as carícias na mascote em sua cama. Com Princess Swan deitada por cima dos lençóis, com a cabeça apoiada em sua barriga, ela matutava sobre o dia.

“Ele parecia outra pessoa, sabe? Ali, consolando o Gabe... Ele parecia o cara que eu me apaixonei, aquele cara doce e gentil que ficava comigo enquanto a minha mãe estava doente. Ele foi o homem que eu sei que ele pode ser, entende? Um homem de bom coração, não esse moleque desvairado. Ah, Swan... Como eu queria que você pudesse me entender e aconselhar.”

Em resposta, a bichinha apenas esfregou o focinho no colo da dona, fechando os olhos. A dançarina suspirou, afagando sua cabecinha e fechando os próprios olhos.

Princess Swan era uma homenagem ao Lago dos Cisnes, o eterno balé favorito de sua mãe; a detentora do nome, inclusive, era um presente da mesma. Quando Lucrécia teve certeza de que a doença não poderia ser vencida, começou um processo de preparação da filha, e o primeiro passo, foi lhe dar uma companheira.

E então ela pegou a jovem menina, com seus 14 anos recém-completos e um sorriso cansado e triste pelos ensaios puxados, e a levou para uma pet-shop chiquérrima. Lá chegando, a vendedora lhes mostrou uma série de filhotes tão pequenos que quase pareciam ratinhos peludos, mas nenhum atraiu a atenção da bailarina.

Para o desgosto de sua mãe, sua atenção foi completamente capturada por um pequeno filhote de orelhas caídas e olhos tristes. A pequena Beagle era a última de sua ninhada, e o motivo para ainda não ter sido levada era um pequeno tumor em sua barriga.

“Mas essa, filha? Ela tem câncer.” Lembrou Lucrécia, recebendo um olhar triste da filha.

“Você também, e nem por isso eu te deixei sozinha. Ela merece ficar sozinha só porque está doente, mamãe?” Questionou a menina, abraçada com o filhote.

Depois disso, não houve nem o que argumentar.

“Ah, mãe... Como eu queria que você estivesse aqui.” Suspirou, caindo no sono.

~C&J~

Já passava das três quando Gabe finalmente acordou. Seus resmungos despertaram os quatro irmãos, e três deles já começaram a brigar.

“Vai com ele para a praça, some daqui.” Rosnou João, escondendo a cabeça embaixo do travesseiro.

“Ou melhor, leva ele para Copacabana, para ficar bem longe.” Completou Karina, erguendo o lençol até acima da cabeça.

“Calem suas bocas.” Resmungou Cobra, se levantando e pegando o filho no colo. “Pronto, pronto... Não precisa chorar, calma.”

Ele deixou o quarto, fechando a porta atrás de si e deixando três pessoas estarrecidas atrás.

“Eu to muito ferrada de sono, ou eu vi o Ricardo ser carinhoso e amável com o Gabriel?” Perguntou Bianca, coçando os olhos.

“Deve ser um sonho, Bi, só pode ser.” Concluiu Karina, enquanto João bocejava. “Vamos dormir enquanto dá, que tal?”

Na cozinha, o jovem pai apanhou a mamadeira que Dandara deixara pronta para esse fim. Depois de esquentá-la no micro-ondas, caminhou até a pequena sacada da sala, sentando-se na velha cadeira de madeira do avô.

“Aqui, carinha, pode mamar.” O acomodou do jeito que observara a mãe e Jade fazendo ao longo do dia, ajeitando a mamadeira para o filho. Logo, o menino sugava desesperado, enquanto ele divagava.

Não era idiota e, principalmente, sempre havia sido muito observador. Os seis moradores de sua casa, apesar da boa vontade das meninas, haviam recebido Gabriel com receio, rancor e raiva. Apenas uma pessoa havia lhe demonstrado carinho e afeição genuínos, desde o momento em que ele havia chegado ali.

Sempre havia admirado Jade, isso era verdade. O jeito ácido e um tanto maldoso apenas escondia uma menina delicada e amorosa. Sua péssima relação com Lucrécia, seguida por todo o sofrimento da doença da mãe, transformaram aquela rosa que desabrochava, em uma planta carnívora para o mundo.

Exceto para as crianças.

Jade sempre havia demonstrado ser jeitosa com os baixinhos; quanto mais novo, mais jeitosa ela era. O problema era quando a pessoa passava de um metro e dos nove anos, antes disso, a tia Jade era quase a Xuxa para eles.

“Criança sente tudo, Cobra: amor, desprezo, afeição. Enquanto você os tratar mal, eles reagirão mal.” Ela havia lhe dito certa tarde, quando uma aluna da Ribalta, Mari, levara o filho recém-nascido para a Fábrica.

E foi isso que estalou sua cabeça naquela tarde, dentro da sala de coleta do laboratório, ao ouvir o filho desesperado. Tinha que reconhecer que o tal instinto paterno parecia mesmo tê-lo pego de calça curta, mas foi um lapso de sanidade.

Enquanto tratasse Gabriel mal, como lixo, como um erro, tudo seria difícil. Uma noite toda com a família gritando e se desesperando provou isso. Foi só a doce bailarina chegar com seu coração amoroso e jeito carinhoso, e finalmente o bebê se acalmou.

Se quisesse sobreviver a toda aquela loucura que era se descobrir pai, teria que aprender a ser assim também.

“Nós vamos dar um jeito, ouviu? Eu e você vamos acabar aprendendo a convivermos um com o outro da melhor forma possível. E nós vamos vencer, Gabe, porque o papai é um campeão e nunca perde nada, ouviu?” Ele sussurrou para o menino. “E não se preocupe... Quando tudo ficar louco, eu tenho uma arma secreta, que sempre me ajuda nos momentos difíceis.”

Como quando ele caiu de bicicleta aos sete anos e ralou o joelho, há quase dez quarteirões de distância dali. Ou em seu primeiro exame de grau, aos 16 anos, quando ele começou a tremer diante dos lutadores da academia Khan, tão maiores e mais fortes que ele. Ou naquela droga de recital de fim de ano do colégio, na 5ª série, quando a professora lhe fez ler um soneto de Shakespeare.

Quando ela ficou ao seu lado enquanto os irmãos correram buscar o pai, manchando sua blusinha perfeitamente branca para lhe estancar o sangue; ou com sua torcida animada, lhe assegurando que conseguiria, ou mesmo ficando ali sentada na primeira fila, usando seu figurino para a apresentação de dança, deixando que ele se focasse apenas em seu rosto e imaginasse que apenas os dois estavam ali.

Jade era e sempre havia sido sua melhor amiga, sempre o havia ajudado a sair das situações difíceis; e agora, mais do que nunca, sabia que ela estaria ao seu lado, o apoiando naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Heeeeello
Como estou indo viajar, estou deixando tudo organizado e as postagens programados. Então teremos pelo menos um capítulo de cada fic, ok? OK.
MUITO COBRADE NESSE CAPÍTULO, VIRAM? MUITO AMOR? MUITO AMOR DE COBRA?
Feliz Natal babys



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