Aprendendo a Amar escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 23
Capítulo 22




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A noite, Cobra estava sentado na sala de seu apartamento. Em sua mão, um copo de uísque, coisa bastante atípica, já que ele havia abolido o álcool há anos, desde que havia entrado para a categoria profissional. Mas naquele dia, podia abrir uma exceção.

Podia ouvir Jade e Gabe conversando no andar de cima, enquanto observava Theo e Lara dormindo no tapete acolchoado à sua frente, completamente exaustos após passarem o dia com os tios.

“Papai, você está bem?” Gabe desceu as escadas correndo, com Jade atrás dele. O homem deixou o copo de lado, enquanto o menino sentava em sua perna.

“Só um pouco cansado, campeão, mas vou me recuperar.” Ele sorriu amarelo, beijando a cabeça dele.

“Mas você nem lutou hoje.”

“Tem outras coisas que nos deixam cansados, carinha.”

“Foi a minha outra mãe? Os chiliques que ela deu? Porque eu não gostei, achei que foi bem chato. Você e a mamãe sempre me dizem para não fazer isso.” O casal sorriu para o filho, a bailarina sentada no chão, ao lado dos filhos caçulas.

“É, meu amor, tem hora que essas coisas deixam a gente cansados. Mas é que a Bárbara ainda está um pouco perdida, precisa de ajuda para aprender o lugar dela.” Havia uma raiva implícita no que Jade dizia.

“E quando a gente vai sair com ela?” Perguntou o pequeno, coçando os olhinhos, demonstrando que também estava cansado.

“Domingo, Gabe... Nós vamos sair com ela à tarde, para tomar sorvete.”

“E você e a mamãe vão, né? Como eu pedi?”

“A juíza Carmen não prometeu que você não vai precisar ficar sozinho com ela, se não quiser?” Ele assentiu para o pai. “Então, campeão, ela vai cumprir. Enquanto você quiser o papai e a mamãe lá com você, nós vamos estar.”

Ele sorriu agradecido, antes de dar um bocejo gigante. Jade e Cobra riram, enquanto o lutador o colocava no chão.

“Vai escovar seus dentes, enquanto eu ajudo a mamãe a pôr as crianças na cama. Já vou lá ler uma história para você.”

O menino sumiu pelas escadas, enquanto o casal pegava Lara e Theo do chão. Subiram em silêncio, Cobra envolvendo a esposa pelos ombros. Deixaram os gêmeos nos respectivos berços, e Jade resolveu ficar no quarto alguns minutos, aproveitando a paz que aquilo lhe dava.

Depois do dia que haviam vivido, toda a paz era bem vinda.

No quarto ao lado, decorado ainda com o tema do Toy Story (o desenho favorito de Gabe desde que podiam se lembrar), o menino já estava deitado na cama. Cobra sentou ao seu lado, pegando uma caixinha repleta de livros.

“Muito bem, Gabe, qual história você quer hoje?”

“Eu não quero história hoje, papai.”

“E o que você quer, filho?”

“Você deita aqui comigo?” Ele pediu, meio acanhado. “Eu to com um pouco de medo.”

“Medo do que, carinha?” O pai perguntou, enquanto se deitava ao seu lado e deixava que ele o abraçasse.

“Que as coisas mudem. Eu não quero que elas mudem, papai, não quero. E se a mamãe não quiser mais ser minha mãe? Eu não quero ser filho da Bárbara.”

“Gabriel, meu filho, sua mãe nunca vai querer deixar de ser sua mãe. Ela te ama muito, e um amor assim nunca acaba. Garanto que ela preferiria se separar de mim, do que de você. Pode ficar tranquilo, não vai acontecer nada.” Prometeu Cobra, acariciando os fios do cabelo do garoto.

“Ao invés de uma daquelas historinhas, você pode me contar a nossa, papai? A de quando eu nasci?” Pediu o menino, os olhinhos brilhando.

“Posso, Gabe, posso sim...” O lutador se ajeitou melhor na cama.

Algum tempo depois, fechava a porta do quarto e apagava a luz, se dirigindo ao quarto dos filhos caçulas. Observou que Jade já havia deixado o cômodo, e encostou a porta. Como esperado, a encontrou sobre a cama do casal, chorando baixinho.

Foi até ela e se deitou ao seu lado, a abraçando pelas costas. Ela apertou seus braços em silêncio, os dois apenas deixando o mundo seguir seu rumo enquanto seus corações se apertavam.

~C&J~

A juíza observava os adultos à sua frente, bastante desapontada. Com certeza esperava mais; na verdade, o erro havia sido seu em criar grandes expectativas.

“Eu reparei que o Gabriel tomou muitos remédios no primeiro ano de vida. Ele tem algum problema de saúde?” Perguntou após longos minutos de clima denso e chiliques por parte de Bárbara.

“Ele tinha pânico noturno; ainda tem, na verdade. Hoje é algo controlado, só se manifesta quando o emocional dele sofre um baque. Por vários meses ele deu muito trabalho durante a noite, só dormia com os remédios.” Explicou Cobra, enquanto Bárbara bufava.

“E você diz que eles são os melhores para cuidar do Gabe? Olha a doença que ele teve.”

“O pânico noturno, Bárbara, assim como a hiperatividade e o déficit de atenção, são sequelas comuns em filhos de dependentes químicos, especialmente se a mãe continuo ingerindo as substâncias durante a gestação.” Explicou João, tentando manter a calma.

“Ele tem hiperatividade e DDA?” Perguntou a juíza, ao que os pais confirmaram. “Mal pude notar... Ele é tão inteligente.”

“Meus genes.” Se gabou a mãe biológica, enquanto todos bufavam.

“Ele faz tratamento desde os três anos. Ele é realmente muito inteligente, e com os cuidados que tomamos graças ao TDAH e os medicamentos, ele tem um rendimento escolar muito bom.” Explicou Jade.

“O que é esse negócio aí? TDAH? Porque, pelo amor de Deus, é pânico noturno, déficit de atenção, DDA, hiperatividade, TDAH... Meu filho é deficiente agora? Vocês transformaram ele em o quê?” Jade trincou os dentes ao ouvir a pergunta imbecil, enquanto Cobra contava até 200.

“TDAH é Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, que como você pode ver, engloba as outras doenças. E o meu filho só tem tudo isso porque você foi uma irresponsável.” Jade atacou sem se aguentar.

“Está vendo, meritíssima? Ela está me atacando de graça.”

“Bárbara, eu vou pedir que você se abstenha de seus comentários e provocações, porque eu te garanto que não sou tapada. Todas essas doenças são recorrentes sim do uso de drogas, são sequelas desse episódio. Mas não estamos aqui para discutir isso em especial. Por que você não aceitou o acordo proposto, srta. Borges?”

“Porque não foi o que eu pedi.”

“O que você pediu não tem cabimento por uma série considerável de motivos. A adoção do Gabriel é legítima, feita a partir de documentos que você assinou. O direito de sair do país é dos guardiões legais, e a última resposta já mostra porque isso se anula. E ela também responde quanto à pensão, que é dada em caso de guarda partilhada.”

“E o pedido de desculpas na mídia? Isso eles me devem, por tudo que me fizeram passar.”

“Sugiro que aumentem a dose do remédio, porque tem algo errado aí.” Murmurou Jade, irritada.

“Quem deveria fazer isso é você, srta. Borges. Ontem um paparazzi apareceu na porta da casa de João Duarte, após receber uma dica que algo iria acontecer ali. Tem alguma ideia de quem deu a dica?” Perguntou a juíza, a expressão séria. Rita olhou de forma dura para a jovem, que se fez de desentendida.

“Não faço ideia.”

“Então me achem essa médium aí, que quero os números da loteria.” Murmurou Fernando, encarando a juíza. Ela suspirou, fazendo algumas anotações.

“Esse aqui é o endereço e telefone de um psiquiatra de confiança. Eu exijo que você passe a se consultar com ele, tudo custeado pela justiça. Ele fará o acompanhamento com você pela sua doença, além de indicar os melhores remédios e tratamentos. Eu acompanharei tudo de perto, entendido?”

“Claro. Mas e os meus pedidos?”

“Eu fiz um acordo com o Gabriel. Ele concordou em sair com você, Bárbara, desde que os pais estejam junto. E eu acredito que o melhor a ser feito seja seguir o tempo dele, o ritmo dele, de maneira calma. Então que os advogados de ambas as partes cheguem a um acordo sobre isso, ok?”

“Eu mesma me represento.”

“Você se formou em direito, mas não passou na OAB. Deve providenciar um advogado; se não tiver dinheiro para um, o estado fornecerá.”

“Pode deixar, meritíssima, eu dou meu jeito; afinal, agora tenho um emprego.”

“E ainda queria arrancar dinheiro de mim.” Rosnou Cobra, irritado.

“Você também não deve perseguir ou cercar a família Duarte, procurar a mídia para nada, ou responder qualquer chamado deles. Esse caso deveria correr em segredo, e você quebrou isso. Ricardo, Jade... Talvez seja prudente providenciar uma entrevista, explicando tudo o que está acontecendo de forma honesta. Será melhor do que deixar que o mundo comece a tentar descobrir por outros meios.”

“Faremos isso logo, meritíssima.” Prometeu João, enquanto a observavam se levantar e imitavam.

“Esse caso ficará em observação por três meses. Ao final, tentaremos um novo acordo. Caso não aconteça, teremos que seguir para o julgamento.” Todos concordaram. “Bárbara, você está sendo mantida por um programa do governo, e não vi nada sobre você ter um emprego. É registrado?”

“Vou ser daqui algumas semanas, aí eu avisarei.”

“Posso saber aonde?”

“No QG, uma loja ótima de informática e suplementos para lutadores. O dono é um antigo colega, quis me ajudar. Vai ser ótimo trabalhar por lá.” Ela sorriu para os Duarte, antes de virar as costas e sair.

“Eu vou matar essa garota.” Rosnou a bailarina.

“Sra. Duarte, o que é isso?”

“Ela arranjou emprego na loja ao lado da academia dos meus pais, meritíssima.” A mulher fechou os olhos, massageando as têmporas. “Ela não vai nos perseguir... Ela vai grudar nas nossas vidas!”


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Notas finais do capítulo

To com sono demais para as notas, mas espero que tenham gostado. E calma, a história que o Cobra contou virá na hora certa!
Boa noite, see you soon ;*



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