Aprendendo a Amar escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 19
Capítulo 18




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Os segundos de silêncio que se seguem a um momento como aquele, são sempre repletos de agonia e ansiedade. Jade e Cobra envolveram o filho mais velho com mais força, enquanto Ruiva forçava ainda mais o sorriso. O garotinho, por outro lado, começou a rir.

“Olha, moça, eu acho que você tá loucona. Ou me confundindo com alguém. A minha mamãe está bem aqui, olha.” Ele indicou Jade, que sorriu para o filho.

“Não, meu amor, sua mamãe sou eu.”

“O que você pensa que está fazendo, Ruiva? Você não tem o direito de se aproximar do meu filho.” Ameaçou Cobra, irritado.

“Segundo a justiça, eu tenho.”

“Segundo a justiça, você está em um processo para reaver os direitos dos quais você abriu mão. Mas até o momento, todo e qualquer direito e poder sobre o Gabriel é da Jade e do Cobra.” João apareceu marchando pela calçada, com Vicki em seu encalço. Ela havia visto a cena da janela e chamado o marido, e os dois acharam melhor ir socorrer a família.

“Calma, todos, por favor. Não é preciso que ninguém se exalte. A Bárbara apenas quis vir e cumprimentar o filho.” Uma senhora apareceu do carro estacionado ali perto. Tinha um olhar bondoso e um sorriso gentil, e parecia genuinamente crente do que falava.

“A senhora é Rita Oliveira?” Ela concordou. “João Duarte, advogado do Ricardo e da Jade. Se a senhora bem se lembra, a Bárbara não tem direito de aparecer do nada, sem avisar, e se aproximar do Gabriel.”

“O que ela já vem fazendo a tempos, sem que nós saibamos.” Àquela altura, Vicki havia apanhado Theo do colo do cunhado, que agora segurava Gabriel bem longe da recém-chegada.

“Algo pelo qual eu e a promotoria já a repreendemos, sr. Duarte. Mas o senhor não pode culpar uma mãe que foi afastada de seu filho de querer vê-lo após tanto tempo.”

“Com todo o respeito, dona Rita, mas acho que conhecemos versões bem diferentes da história.” Comentou Jade.

“Sra. Oliveira, por mais que suas intenções em trazer a Bárbara aqui tenham sido nobres, vocês agiram de má fé. Fui informado ontem sobre o caso, meus clientes acabaram de tomar conhecimento sobre ele. Nós iremos até o promotor amanhã, mas até lá nada lhes dava o direito de aparecer de surpresa.” João era educado e polido, um perfeito advogado.

“Eu sou a mãe dele. Nenhum juiz pode me dizer ou não quando chegar perto do meu filho.”

Em anos na Ribalta, Jade havia visto Ruiva desempenhar vários papéis. Conhecia gestos e cacoetes, sabia precisar suas técnicas, e se lhe pedissem para avaliar, diria que aquela era sua melhor atuação, mas que não havia passada despercebida por seu crivo.

Haviam várias técnicas para improvisar um choro, e algumas incluíam gestos físicos. Ruiva havia dado um dentada em seu lábio inferior, podia ver as marcas ali. Sua mão também estava no bolso da calça, apertando repetidamente a coxa e com muita força. Poderia afirmar sob juramento que aquele choro era mais falso que uma nota de R$3.

“Bárbara, querida, por favor... Tenham compaixão, ela passou por muita coisa, só quer ver o filho.” Rita abraçou a jovem mulher, verdadeiramente penalizada.

“Papai, do que vocês estão falando?” Gabe questionou baixinho, agora ficando assustado.

“Ele não sabe da verdade, Ricardo? Você escondeu do nosso filho quem é a mãe dele? Você está vendo isso, Rita?”

“Ora, sua...” O lutador ameaçou avançar sobre ela, mas foi contido pelo braço da esposa.

Quase simultaneamente, dois carros frearam na rua. De um, pularam Duca, Bianca, Karina e Pedro; do outro, Gael e Dandara com uma menininha, que logo correu para o colo da atriz. A família se aproximou do restante, os cercando de forma protetora.

“Pai, o que vocês fazem aqui?”

“Eu liguei assim que vi a Ruiva aparecendo, Cobra. Eu contei o que aconteceu para a Karina ontem, e achei melhor eles virem para cá.” Explicou-se Vicki.

“E por sorte nós moramos bem perto daqui.” Gael respondeu com a voz dura, o olhar sério sobre as duas mulheres.

“Por favor, não é preciso se exaltar.”

“Me desculpa, minha senhora, mas o lance de família aqui é levado bem a sério. Mexeu com um Duarte, mexeu com todos. Até os agregados, tipo eu. E quando se trata do nosso afilhadinho, o negócio fica ainda mais sério.” Pedro tentava fazer pose de mal, mas era digno de risos.

“Mas não queremos causar mal. Como já explicamos para eles, a Bárbara apenas queria ver o filho. E agora que o processo está firmado, pensamos que não haveria mal nisso. Ela disse que sempre foi próxima a vocês, inclusive muito amiga da Bianca.”

“Quase uma década se passou, muita coisa mudou.” Bianca disse com a voz gélida, abraçando a filha com força.

“Sra. Oliveira, por favor... As pessoas estão começando a se inquietar, logo chamarão a polícia. Por mais nobres que suas intenções tenham sido, o desfecho não foi favorável. Todos estão exaltados, incluindo sua cliente... Por favor, retirem-se. Conversamos amanhã no escritório do promotor.” Pediu João, com o fio de paciência que lhe restava.

“Acho que será o melhor a fazer, realmente.”

“Mas, Rita, o Gabriel...”

“Bárbara, querida, pense no que é melhor para o seu filho. Ele está assustado. Vamos embora, por favor. Logo tudo isso será resolvido com calma. Agimos por impulso e causamos transtorno.” A senhor a abraçou carinhosamente, voltando-se para os demais. “Peço desculpas pela confusão. Amanhã conversamos com calma, Dr. Duarte.”

“Claro, sra. Oliveira. Até amanhã.”

A senhora puxou Ruiva para o carro, colocando-a no banco do passageiro e assumindo a direção. Enquanto o veículo passava, Jade e Cobra trocaram um olhar com seu novo desafeto, e mal sabiam listar o que viam ali. Se tivessem que escolher uma palavra, com certeza seria vingança.

“João, essa maluca está aprontando alguma coisa.” Jade disse prontamente.

“Eu sei, Jade, mas vamos entrar. As pessoas estão apontando, logo alguém saca o celular e é cinco minutos para os paps encherem a rua.” Ele pediu, encarando a plateia que os observava.

Toda a família Duarte entrou no pequeno sobrado de João e Vicki, ouvindo o telefone ressoar. A jornalista bufou, entregando Theo para Dandara, e correu atender seu celular no escritório.

“Dá para alguém explicar o que está acontecendo? A Karina só apareceu gritando que a Ruiva estava aqui e nós precisávamos vir, mas não deu detalhe ou explicou nada.” Pediu Duca, irritado.

“Gabe, vai com a Manu para o quarto do tio João e da tia Vicki. Daqui a pouco nós vamos lá e conversamos com você, meu amor.” Pediu Jade, e o filho concordou relutante. Era obediente e sabia que os pais tinham palavra, e não o decepcionariam.

Assim que tiveram certeza que as duas crianças estavam longe, pediram que João começasse a explicar tudo que havia lhes dito mais cedo. Pacientemente, o nerd repetiu novamente a história toda, sendo ouvido com excepcional atenção por toda a família.

“Mas isso é um ultraje, meu filho. Aquela mulher abandonou o Gabe na nossa porta, assinou um papel e deixou um bilhete... Ninguém forçou ela a nada.” Gael estava completamente indignado.

“Nós temos o bilhete em algum lugar, não temos? E a polícia também fotografou, para fazer o boletim. Nós podemos mostrar para a juíza.” Dandara reforçou o marido.

“Mãe, pai, se acalmem... Sim, o bilhete, ou a foto dele, já é um grande item à nosso favor. A polícia tem a documentação completa no BO, eu já entrei com um pedido. Eles tem inclusive o testemunho da nossa antiga vizinha, e da dona Dalva, quando era viva. Tudo isso conta à nosso favor, mas mesmo assim, eu estou tentando ser realista: algum direito sobre o Gabriel a Ruiva vai acabar conseguindo. Nem que seja vê-lo a cada quinze dias, participar de festas e eventos da escola...” João parecia cansado e derrotado, já sem pique para lidar com a situação.

“Mas você está sendo pessimista, João.”

“Ele não está, pai. Infelizmente, ele está certo. A Ruiva e essa tal Rita foram muito espertas... Eu li sobre essa juíza quando saiu todo o processo do neto do deputado, senador, sei lá. Ela escreveu um livro contando a história dela com a filha, e relatando vários casos reais que ela ‘ajudou’. Eu achei interessante para uma adaptação teatral e li o livro... Odeio admitir, mas vi mais de um caso bem parecido com o nosso.” Bianca suspirou pesadamente ao falar isso, encarando o irmão e a cunhada com tristeza.

“Eu ainda digo que tem algo de errado... Ela estava atuando, gente, posso afirmar isso sob juramento. Você conhece as manhas, Bianca, do choro falso. Morder o lábio, beliscar a perna com força... Ela estava fazendo tudo isso.” Jade exalou sua suspeita.

“Eu vi ela mexendo na perna sem parar. Achei que era algum tique nervoso, sabe, de viciado em abstinência.” Comentou Pedro.

“Nem deixa ela te ouvir falando isso, bro, porque é capaz que ela use para se defender.”

“Mas, gente, ela é uma ex-viciada, pelo amor de Deus. A juíza aí tudo bem, ela dormiu com alguns caras por dinheiro, estava desesperada. Mas a Bárbara? Ela usou e abusou de substâncias pesadíssimas antes, depois e, principalmente, durante a gestação do Gabe. Ele teve sérios problemas por isso quando era pequeno, até desnutrição. Isso tem que ser levado em conta.”

“Karina, eu sei de tudo isso, de tudo o que vocês estão falando. Eu já pedi para o Cobra e a Jade toda a documentação e exames de quando a paternidade do Gabe foi reconhecida, de quando a Jade adotou ele; já requisitei o BO que a polícia fez e toda a papelada da assistente social da época. Eu estou fazendo tudo o que está ao meu alcance, e quero evitar que cheguemos à juíza, porque aí sim a coisa vai sair do controle. Eu entendo que está todo mundo nervoso, eu também estou. Se vocês não se lembram, eu também morava naquela casa e também vi o estado que o Gabe chegou em nossas mãos, e quero que ele fique longe daquela biscate tanto quanto vocês. Mas meu ‘poder’ só vai até certo ponto... Daí para a frente, infelizmente, eu não posso fazer mais nada.”

“Hey, mano, tá tudo bem, calma.” Cobra sentou ao lado do irmão mais novo, colocando a mão em seu ombro. “Nós todos sabemos que você está fazendo tudo o que está ao seu alcance para resolver isso, e somos muito gratos. Mas estamos em um mato sem cachorro, e tá difícil para todo mundo ver a luz no final do túnel. Mas enquanto permanecermos todos juntos, como uma família, vamos conseguir passar por isso.”

João sorriu para o irmão mais velho, que retribuiu. Gael suspirou, massageando as têmporas, antes de sentar ao lado dos dois filhos e os abraçar. Os dois homens se deixaram acarinhar pelo pai, cansados e aliviados pelo conforto. Mas a calmaria não durou muito, já que logo Vicki saiu do escritório quase chorando.

“Eu vou matar aquela vagabunda, não estou brincando. Ela chamou um paparazzi aqui para a rua. A fofoca está marcando todos os tabloides possíveis. Eles estão usando a sua declaração, Jade, sobre como você e o Gabe se encontraram como mãe e filho, para fazer sensacionalismo.”

“O que eles estão falando?”

“Manchete daquela porcaria de Ego: ‘Éramos dois corações um em busca do outro, que se encontraram e completaram... Às custas do sofrimento de um terceiro’. E aí tem um close da Ruiva chorando, e você e o Cobra afastando o Gabe dela. O filho da mãe que tirou essas porcarias deve estar indo tirar férias no Havai agora.”

“Eu vou prestar queixa dela, isso é abuso.” Gritou Cobra, nervoso.

“Eu adoraria que pudéssemos fazer isso, Cobra, mas não dá... O jornalista com quem eu falei apenas disse que o paparazzi havia recebido uma dica, dizendo que hoje aconteceria um grande furo envolvendo Cobra e Jade Duarte.”

“Ela está querendo conseguir a simpatia do público...” Horrorizou-se Bianca. “Gente, ela está transformando isso em um show de horrores.”

“E o pior é que não há nada que possamos fazer. Se alegarmos que ela está expondo o Gabe, ela pode retrucar que eles sempre fizeram isso. Quantas capas de revista vocês já protagonizaram como família? Essa desgraçada está nos cercando por todos os lados.” João novamente parecia derrotado, recebendo o apoio do pai e da esposa.

“Eu não vou deixar essa maldita tirar o meu filho de mim.” Garantiu Jade, os olhos rasos de água.

“A adoção foi legítima, ela não pode mudar isso... Certo?” Perguntou Duca.

“Eu não tenho mais como negar ou confirmar nada, cara... A cada segundo aparece uma nova jogada armada por ela, algo que não tem como antecipar. Eu tenho medo do que ela ainda tá guardando na manga.”

“Honestamente, esse não é meu maior medo. Meu maior medo, no momento, é como a pessoinha que está lá em cima vai reagir a tudo isso.” Admitiu Cobra, encarando a escada.

“Acho que o melhor a fazer agora, é ir todo mundo para sua casa e descansar. Sem treino, sem ensaio... Dispensem os alunos, peçam para outras pessoas darem a aula. Creio que, nervosos e sem cabeça, não faremos nada direito. E vocês, meus amores... O Gabe é uma criança maravilhosa, com o coração enorme e muito madura. Ele vai entender, tenho certeza.” Dandara abraçou o filho e a nora, que suspiraram em seus braços.

“Assim espero, tia... Assim espero.”


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Notas finais do capítulo

TODO MUNDO XINGANDO A RUIVA, COMO NÃO AMAR? não gosto dela, desde ever, me deixem.
E vão passar a odiar ainda mais. GENTE, TO AMANDO TANTO TIRO PORRADA E BOMBA, ME DEIXEM.
O que acharam? Tadinho do Johnny, todo culpado. Vem cá que eu te abraço. E essa família Duarte tá amor demais da conta, pode falar.
Comentem, ok?
See you ;*
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