Aprendendo a Amar escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 11
Capítulo 10




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/569189/chapter/11

O ponteiro do relógio dançou ritmicamente pelas horas da noite e buscou para junto de si os primeiros raios de sol da manhã. Gabriel mal se moveu, envolto pelos dois abraços calorosos e protetores, seguro de que poderia descansar e se recuperar em paz e tranquilidade.

Com a trombada de um passarinho desastrado contra a janela, Cobra e Jade despertaram assustados. Seus olhares se encontraram por cima da pequena cabeça careca enquanto seus braços se chocavam na tentativa de protegê-lo do que quer que fosse.

“É só um passarinho.” Sussurrou o lutador sem conter o riso.

“Passarinho barulhento, diga-se de passagem.” A garota sussurrou de volta, também rindo. “Ele nem acordou para mamar.”

“Ele está completamente exausto. Acho que nem quando nasceu chorou tanto.” Suspirou o pai, acarinhando a cabecinha da criança. “Acho mesmo, porque eu nunca vou conseguir saber a verdade.”

“Hey... Você pode não ter estado lá quando ele nasceu, mas vai estar ao lado dele pelo resto da vida. E isso é o mais importante.” Consolou a morena, acariciando a bochecha barbuda. “Eu acho que nós precisamos conversar, Ricardo.”

“Então vamos aproveitar enquanto ele ainda está dormindo, porque depois vai ser praticamente impossível ele te largar.”

O rapaz soltou a criança com cuidado, ajeitando um travesseiro contra suas costas para que ele não rolasse. Jade o imitou, ajeitando Teddy em seus bracinhos gorduchos, antes de seguir Cobra para a sala.

No aposento vazio, apenas se encararam em silêncio.

“Jade, eu...”

“Cobra, eu...”

Começaram a falar ao mesmo tempo e caíram na risada, corando e ficando sem graça.

“Pode falar primeiro, dama.”

“Eu queria pedir desculpas, vagabundo. Eu não devia ter ido na do Ed e brigado com você. Além de nós termos ficado chateados, bom... O Gabe ficou doente, né?” Ela parecia sem jeito, assim como ele.

“Eu também não precisava ser tão extremista e te proibir de ver ele. Mas eu quero saber uma coisa... Jade, o que o Edgard te disse que você reagiu tão estranho?”

“Ele veio conversar comigo sobre a nossa aproximação e o meu apego ao Gabe. Ele disse que era perigoso, para nós dois, nos envolvermos muito e... E quando você arranjasse outra eu e ele iriamos sofrer.”

“Ele disse que eu ia te usar e te jogar para escanteio?” Ela concordou sem encará-lo enquanto Cobra suspirava. “Não sei se posso repreender ele por esse pensamento.”

“E o que ele disse é verdade?” Jade perguntou temerosa, erguendo os olhos para o lutador.

“Teria sido, se ele dissesse isso há três meses. Mas não agora, Jade, não mais. Olha, eu não vou ser hipócrita e fingir que nunca fiz nada de errado ou que pudesse te ferir, porque eu sei que fiz. Mas a verdade é que eu sempre tive medo.”

“Medo do quê, Ricardo?”

“Do amor, Jade; de tudo o que vem incluso com esse sentimento tão estranho e assustador e desconhecido. Amor é uma fraqueza e eu quero ser forte, um lutador compenetrado. Ou pelo menos, era isso o que eu pensava antes do Gabe aparecer na minha porta. Porque, Jade, você pode acreditar: eu amo aquele garoto mais do que qualquer coisa na minha vida e eu daria ela pela dele sem pensar duas vezes. Eu amo muito meu filho e foi só graças a esse amor que eu descobri por ele que eu pude criar coragem para perceber e assumir o amor que eu sinto por você.”

Conforme ele ia falando, um sorriso indiscreto ia se apossando do rosto da bailarina; mas nada a preparou para ouvir a última declaração, então ela arregalou os olhos e escancarou a boca, surpresa.

“Você o quê?” Ela guinchou, o rosto corando.

“Eu te amo, Jade Gardel, te amo muito. E você não sabe o quanto eu quero você na minha vida, sendo minha. Minha namorada, minha amiga, minha parceira, minha melhor amiga. E acima de tudo, sendo essa pessoa incrível que o Gabe tanto adora.” Ele segurou o rosto dela com delicadeza, acarinhando a bochecha com o polegar. “Eu acabei me tornando um pacote especial, dois pelo preço de um. Mas se você estiver disposta a aceitar isso, eu prometo que eu me entrego de corpo e alma para você e o Gabriel, faço de vocês o centro da minha vida.”

Por um momento, a morena acreditou que fosse cair dura no chão. Poderia ter esperado que ele dissesse e declarasse qualquer coisa, menos aquilo. Que ele propusesse um namoro, mas não um quase casamento. Porque era o que ela podia sentir nas entrelinhas: que ele propunha o primeiro passo para um casamento.

Ela lhe deu as costas e parou em frente à janela, arfando. Ele se aproximou e tocou as costas dela.

“Fica, Jade. Fica comigo.” Pediu em voz baixa próximo a orelha dela, fazendo o corpo da bailarina se arrepiar.

“Eu tenho medo, Ricardo.”

“Eu não vou te deixar cair.” Prometeu, resgatando a memória daquele dia muitos anos antes, quando seu parceiro no espetáculo da Ribalta se ausentou e Lucrécia culpou-a de ser medíocre a ponto de ser abandonada. Cobra, tendo visto todos os ensaios de horas da amiga, ofereceu-se para ajudá-la. Temerosa com o movimento em que teria que ser içada e mantida no ar, ele usou aquelas mesmas palavras para lhe passar segurança.

E ela não caiu e brilhou, brilhou de verdade pela primeira vez na vida.

“Eu sei que não vai.” Ela concordou, se virando de frente para ele e apoiando a mão em seus ombros. “Essa é a última chance, vagabundo, meu último resto de força por nós dois. Se você pisar na bola...”

“Mas eu vou, Jade; eu vou pisar na bola porque eu não sou perfeito. E você também vai errar. Nós vamos brigar e vamos fazer as pazes, vamos nos entender e desentender. Mas acima de tudo, vamos nos amar e passar por cima de tudo, assim como meus pais fazem.” Ela sorriu ao ouvi-lo compará-los a Gael e Dandara, que ela considerava um exemplo de casal.

“Você percebe que está praticamente me pedindo em casamento, certo?”

“Na hora certa eu peço isso, por agora estou pedindo que você me beije e me deixe andar de mãos dadas com você.”

“Desde quando você virou um romântico?” Sussurrou a morena, quando ele a envolveu pela cintura e aproximou seus rostos.

“Fiquei assistindo ‘A Dama e o Vagabundo’ e pensando em você.” Os dois riram baixinho. “Me beija, minha dama.”

“Com prazer, meu vagabundo.”

O toque suave dos lábios foi a fagulha que deu início a explosão entre os dois. Eles eram fogo e gasolina, não era possível ficar apenas no romance. Sempre haveria desejo e provocação explícito: seja quando ela dançava para vê-lo babar ou quando ele agarrava outras mulheres para atiçá-la. Mas a partir daquele momento, a única explosão seria entre os dois juntos e seria amenizada da mesma maneira, não mais com lágrimas e socos em um saco de areia.

E como aquele momento não era mais apenas dos dois, a terceira parte daquela história se manifestou aos gritos, desesperado por não encontrar seus dois portos-seguros. O casal se soltou sem cerimônias, correndo em direção ao quarto e pulando no colchão de tal forma que Gabe se ergueu alguns centímetros.

“Hey, carinha, nós estamos aqui.” Sussurrou Cobra, acariciando a barriga do filho e beijando seu rosto. “O papai e a tia Jade estão aqui, não precisa ficar assim.”

“Acho que momentos a dois serão difíceis sem a ajuda dos seus pais.” Riu a bailarina, brincando com os poucos cabelos finos e claros.

“Eu falei que era dois pelo preço de um.” Ele sorriu sem graça.

“E eu aceitei.” Ela sorriu carinhosa, pegando o bebê da cama e ajeitando nos braços. “Pronto, meu amor, pronto. Não precisa chorar, está tudo bem.”

E começou a cantarolar uma cantiga que havia aprendido com a mãe quando pequena. O choro foi se abrandando até sumir, e Gabe se afastou, mantendo-se firme nos braços da morena e começando a brincar com os cabelos dela, os dois sorrindo um para o outro.

Cobra se ajeitou na cama e apanhou o celular, eternizando a cena em uma fotografia. Abriu o aplicativo do Instagram e ajeitou a imagem, digitando a legenda que, diria mais tarde, havia sido sua maior poesia.

“Nem mesmo Da Vinci ou Michelangelo poderia criar tal pintura divina; é o fruto do amor puro nascido entre dois corações tão puros quanto e que conseguiram iluminar um coração marcado pela escuridão.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sumi, eu sei.
Mas to com sono demais pra fazer uma boa explicação, no próximo eu explico.
Beijos ;*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aprendendo a Amar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.