Cold Heart Novel escrita por Riyuuki


Capítulo 6
Capítulo 06


Notas iniciais do capítulo

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Chegamos na tão famosa balada que também é frequentada pela maioria dos gays e lésbicas da região. Normalmente essa balada faz festas temáticas, mas esse sábado o tema era “Vista o mais bonito que puder e se divirta”. O espaço era enorme, havia luzes coloridas piscando por todos os lados, vários sofás e almofadas confortáveis. O bar era enorme com 5 barman atrás do balcão que dava a volta no canto do salão. Seguranças estavam na porta e dentro do salão sempre em alerta de qualquer briga ou acidente. E o mais importante, música alta tocando no fundo pelos DJs profissionais.

Eu, Rodrigo e Michel apresentamos nossos RG ao segurança e entramos sem problemas, o rapaz que nos permitiu entrar não parava de olhar para mim. Entramos nós três ao mesmo tempo e aconteceu o que eu menos desejava, chamamos muita atenção muitos rostos viraram para nós com curiosidades, principalmente para mim. Meu rosto ficou muito rosado de tanta vergonha, não gosto de jeito nenhum ser o centro das atenções. Continuamos andando até o balcão do bar.

— Michel. – Chamei-o. – Você não exagerou na maquiagem? Todo mundo não para de olhar para mim. – Indaguei preocupado, eu não olhei para o espelho depois que ele me maquiou porque segundo os dois eu estava muito bonito, mas será que eles estavam tirando sarro de mim, a maquiagem ficou uma bosta e virei o palhaço do salão?

— Não, você ficou muito bem. Você está chamando a atenção porque você está muito lindo. – Disse Michel.

— Não estou gostando disso... – Quero ir ao banheiro tirar, vamos?

— Nem pensar. – Disse Rodrigo. – Se você tirar eu vou ficar muito triste com você Julien!

Rodrigo normalmente me chama de Ju sempre, mas quando estava bravo ou chateado comigo sempre me chama de Julien.

— Ok, eu não vou tirar. Mas Michel vai ter que ficar comigo, porque estou vendo que essa noite vai ser longa. – Disse eu segurando no braço dele.

— Eu fico, pode deixar. Porque não bebe alguma coisa para relaxar?

— Você tem razão. – Soltei seu braço e me virei para o barman. – Por favor...

O barman me interrompeu me servindo uma taça de uma bebida rosa.

— Eu ainda não pedi... – Disse eu confuso.

— Um cavalheiro pagou uma bebida para você. – Disse ele mostrando um belo sorriso e apontando para um rapaz de terno olhando para nós que levantou seu copo de Whiskey para mim. Eu agradeci com um sorriso, peguei a bebida e virei de costas para o balcão muito envergonhado.

— Apareceu seu primeiro pretendente. – Disse Rodrigo falando no meu ouvido e rindo, balancei minha cabeça sorrindo e virando os olhos para ele, bebi minha bebida e fiz uma leve careta.

Michel pegou uma bebida fraca assim como o Rodrigo, já que eles eram os motoristas. Permitiram-me beber o quanto quiser, mas me alertando não exagerar para eu não passar mal.

As pessoas passavam e continuavam olhando para mim, até as garotas não paravam de olhar para mim com curiosidade. Rodrigo estava dançando de leve, balançando os ombros, eu e Michel ficamos relaxados no balcão.

— Gente, vamos dançar um pouco. – Convidou Rodrigo.

— Eu não estou afim não. – Disse Michel.

— Vamos Ju? – Perguntou Rodrigo.

— Vamos! – Colocamos nossa taça no balcão e segui o Rodrigo desfilando até o centro do salão.

Eu estava meio tonto, mas muito relaxado e com vontade de me mexer, me divertir. Me sentindo livre, com vontade de fazer qualquer coisa. A música que eu não fazia ideia do que estava tocando era muito animada e fazia meu corpo se mexer com o ritmo da batida. Estava dançando sem nenhuma vergonha com Rodrigo do meu lado que dançava eroticamente. As luzes me deixavam mais embriagado em torno de vários corpos dançando em minha volta, nesse momento senti que algumas pessoas estavam se juntando para mais perto de mim sem parar de dançar. Será que a balada estava lotando? Não, vários rapazes altos estavam dançando em minha volta. Eu estava dançando um pouco mais devagar quando consigo sair daquele grupo de homens e fui até meu amigo Michel que estava bebendo e olhando para o outro lado.

— Dança comigo Michel? – Perguntei pegando em sua mão esquerda com minhas duas mãos.

— Não estou muito afim Julien... – Disse ele.

— Por favoor. – Implorei mostrando uma cara de desapontado.

— Está bem. – Disse Michel colocando sua taça no balcão e pedindo para o barman cuidar delas que concordou.

Levei meu amigo até o meio da pista de dança, aqueles rapazes que estavam em cima de mim se afastaram quando perceberam a presença do Michel. Meu amigo se mexia pouco, mas dançava sem perder o ritmo da música.

Pela primeira vez em seis meses consegui esquecer a tragédia que aconteceu com minha mãe, as implicâncias do meu pai e os problemas com meus irmãos. Aquele momento era só meu, mesmo com a cabeça girando eu estava muito feliz me divertindo com meus dois melhores amigos.

— Eu estou muito feliz que você voltou! – Disse eu perto do ouvido do Michel.

Ele piscou para mim em sinal de agradecimento, Rodrigo se juntou com a gente e dançava mais alegre que nós.

— Amo essa música, UHUU! – Gritou ele.

Rodrigo parou de dançar e virou para nós ansioso.

— Ah, eles chegaram! Vamos cumprimenta-los!

Michel e eu paramos de dançar e seguimos aquele garoto contente para fora da pista de dança. Voltamos para o balcão onde nossas bebidas estavam, o barman que Michel pediu o favor não saiu do lugar até nós voltarmos.

— Você cuidou mesmo para gente? Valeu! – Disse eu.

— Foi um prazer meus belos rapazes! – Disse ele piscando para nós.

Rodrigo veio em nossa direção de mãos dadas com o rapaz que ele estava conversando no bar.

— O Rodrigo já está pegando ele? – Perguntou Michel virando para mim.

— Ele já queria ficar com o Ro. – Repondi.

O mesmo grupo que acompanhava Vinícius veio com eles, a garota ruiva veio dançando muito alegre até os braços de Rodrigo, sinal de que os dois já eram bastante amigos. Infelizmente acabei esquecendo o nome de todo mundo, como todas as noites acabo fazendo a mesma pergunta “Qual é mesmo seu nome?”, mas não precisei fazer isso hoje porque queria apenas me divertir com meus antigos amigos.

Alguns minutos depois, deparei no meio de muitas pessoas dançando um garoto de cabelo arrepiados muito familiar vindo em minha direção. Ele chegou mais perto seguido de algumas pessoas, aquele garoto era o André que conheci no ponto de ônibus. Pensei em fugir para ele não me reconhecer, mas era tarde demais porque ele me viu e abriu um enorme sorriso.

— Como esse mundo é pequeno. – Disse André estendendo sua mão. – Estou surpreso te encontrar por aqui Julien.

Que vergonha que eu estava naquele momento, o que ele vai pensar? Que sou um garoto baladeiro que vai atrás de caras para ficar?

— Eu também. – Apertei a mão dele com um sorriso sem graça.

Sempre tive medo de encontrar um conhecido na balada e que espalhasse qualquer história sobre mim. Aqui em Santiago uma fofoca pode espalhar muito facilmente, todo mundo conhece todo mundo já que é uma cidade pequena. Mas se eu quisesse evitar que isso ocorra só não saindo mais com meus amigos. André é um garoto que acabei de conhecer e disse que era novo na cidade, não encontrei nenhum problema.

— Eu vim com meus amigos. – Virei-me para o Michel. – Esse é Michel e aquele é... – Virei-me para olhar onde estava o Rodrigo, me surpreendi com ele agarrando e beijando o Vinícius. Disfarcei e olhei novamente para o André. – O Rodrigo... Que deve estar dançando por aí.

— Oi. – Disse André para o Michel que apenas o olhou e virou o último gole da sua taça. – Esse são meus colegas de escola. – Apontou para um grupo de garotos que estavam conversando entre si. – E esse é meu primo Paulo.

O rapaz do lado dele estendeu sua mão para mim, ele era alto com um corpo enorme e musculoso. Mesmo no escuro pude notar o quanto eram enormes seus lábios, seu queixo tinha um grande furo, sua barba era rasa igual ao do meu vizinho Danilo, seu cabelo tinha um estilo de empresário. Vestia uma camiseta escura que era indistinguível com tantas luzes piscando no local. Apertei a mão dele, ao contrário de Johnson ele apertou de leve, seu olhar era sexy, achei-o muito bonito. Os olhares das pessoas eram mais frequentes depois que André e sua turma chegaram e quem mais chamava atenção era sem dúvidas seu primo Paulo.

O primo de André estendeu sua mão também para o Michel, mas ele apenas relaxou seu cotovelo no balcão e olhou para o lado procurando alguma coisa interessante para olhar. Sorri para o Paulo como pedido de desculpas depois que percebi ele ficando sem graça e abaixou a mão.

André se encostou no balcão no meu lado, não me incomodei. Minha taça estava vazia, então pedi outra para o barman, André fez o mesmo.

— Quantos anos você tem? – Perguntei.

— Fiz 18 mês passado. Você sempre vem por aqui Julien?

— Não. Eu vim porque meu amigo Rodrigo me insistiu em comemorarmos a volta do Michel aqui. – Respondi tomando minha taça pelo canudo.

— Seu amigo está mal humorado? – Indagou André baixinho e bem perto do meu ouvido.

— Não leve pelo lado pessoal. Michel sempre foi assim, acredite, na época de escola quando o conheci era pior. – Contei. – Leva um tempo para se acostumar, mas ele é um amor.

— Vocês já ficaram?

Engasguei um pouco e toci duas vezes.

— Não. Balancei a cabeça. – Ele é como um irmão para mim...

— Você já ficou com alguém? – Perguntou ele com um olhar malicioso.

Não. – Respondi rápido, sabia onde ele queria chegar. Pensei em mudar o rumo da conversa. – Como conheceu bastante gente em tão pouco tempo? Não é novo na cidade?

— Aquele pessoal é a galera da minha turma. Eles me chamaram para vir aqui, aproveitei e chamei meu primo.

Olhei para trás, Michel ficou um pouco afastado e conversando com o primo de André. Meu amigo punk estava com aquece mesmo ar de entediado. Paulo estava com um braço apoiado no balcão e olhando para o Michel com luxúria, eu acho que está tentando dar em cima dele. Michel é bem mais difícil que eu. E se fosse eu? Aquele cara faz bastante o meu tipo, será que eu conseguiria escapar? Por um segundo imaginei André me beijando, olhei para ele que estava olhando fixo para mim, fiquei envergonhado e bebi minha taça tentando disfarçar.

— Uau, você está bem vermelho. Você bebeu muito? – Perguntou André.

— Não... – Droga! Ele percebeu. – Só bebi algumas taças. – Me afastei um pouco do balcão. – Só um pouco de tontura. – Ri e voltei a me encostar-se ao balcão, espere, encostei-me em cima de um braço. Ah, eu quase caí e André me segurou a tempo.

Ops, fiquei perto demais dele, mas ele não se incomodou e não saiu de perto de mim. Estranho... Eu também não me movi, não sabia se eu estava zonzo, mas ficar bem perto de um cara estava me deixando muito à vontade.

— Você é gay ou bi? – Perguntou ele.

— Sou... Mas não conte para ninguém. – Ele riu. – Do que está rindo?

— Você está bêbado. Você é uma gracinha. – Ele chegou mais perto, virei meu rosto envergonhado sorrindo. – Que perfume bom. Posso cheirar?

— Pode, mas só tem 20 segundos! – Disse eu brincando.

André chegou mais perto do meu pescoço encostando a ponta do seu nariz em meu pescoço, aquele toque me deu um leve arrepio e me deixou com mais tontura ainda. André estava usando naquela noite uma camiseta vermelha, uma calça azul claro (Ou branco?) bem apertada. Aquele garoto não era musculoso e nem alto, mas tinha um corpo maior que o meu, ele não aparentava ter 18 anos.

Eu estava em êxtase com o André respirando ofegante e quente embaixo da minha orelha direita, minha mão foi para trás de seu cabelo que estava duro de tanto gel.

— Eu disse 20 segundos! – Disse provocando-o.

André olhou para mim com uma leve decepção, eu ri. Ele mudou a sua expressão de desejo, não pude evitar ser afetado e no momento de impulso encostei meus lábios no dele. Eu não sabia o que eu estava pensando, mas sabia que eu queria aquilo tanto quanto ele que retribuiu colocando sua língua quente dentro de minha boca.

Que estranho era aquilo que eu estava fazendo, sentir seus lábios quentes junto com os meus era muito bom. André segurou em minha cintura encaixando seu quadril no meu e pude sentir sua masculinidade dura perto do meu.

Seu corpo estava quente. Espere, o que está havendo? Meu corpo estava fervendo. Eu não estou fazendo isso! André estava devorando a minha boca.

Me afastei dele dando-o um leve empurro.

— Desculpe, estou... Preciso ir. – Disse me virando e indo até meu amigo que por sorte não estava ficando com ninguém. O Paulo parece que desistiu de dar em cima dele porque não estava lá.

— Michel... – Chamei.

— O que foi? – Indagou ele preocupado.

— Acho melhor eu ir embora agora, eu... Bebi demais. Me leva?

— Claro, eu também estava querendo ir embora, mas você estava ocupado com aquele garoto...

— Vamos falar com o Rodrigo? – Perguntei.

Não demorou muito para encontrá-lo no meio de tanta gente porque ele estava a alguns metros perto de nós. Rodrigo percebeu que estávamos indo até ele, falou algo para o companheiro e veio até nós.

— Eu e o Michel vamos embora, você vem com a gente? – Principiou Michel perto do ouvido dele porque a música estava alta.

— Por quê?

— Julien está passando mal. – Disse Michel.

— Sério? Tudo bem Julien? O que foi? – Perguntou Rodrigo mais preocupado que Michel.

— Estou. Só bebi um pouco demais.

— Eu acho que vou ficar mais um pouco, podem ir à frente.

— Aproveite, mas tome cuidado! – Avisou Michel.

Nos despedimos com beijos e abraços e saímos do local parecendo artistas famosos com tantos olhares que nós atraímos, só faltavam os paparazzis lá fora nos esperando com vários flashes.

Michel abriu a porta do carro para mim e depois entrou no banco de motorista.

— Aquele primo do seu amigo é muito exibido, eu acho que ele não está acostumado a levar um fora. Você acredita que ele disse que eu estava me fazendo de difícil só para deixá-lo louco de desejo? Ridículo. – Michel reclamou.

Eu estava olhando para frente, muito pensativo.

— Eu vi você beijando o tal André. – Disse Michel.

— O quê?! Você viu? – Indaguei surpreso.

— Foi bem na hora que aquele cara exibido foi pegar uma bebida para gente, eu ia te pedir para irmos embora, mas desisti quando vi você beijando aquele garoto. Me surpreendi mais ainda quando você pediu para ir embora.

— Peraí... Você deixou o primo do André lá sem dar satisfação?

— Sim. – Michel deu um sorriso maldoso.

— Esse cara deve estar te amaldiçoando agora. – Brinquei.

— Você também estava fugindo do moleque...

— Mais ou menos... – Virei meu rosto para a janela.

— Esse é o seu primeiro beijo?

— Não...

— Já sei, ele beija mal. Ele tem cara de que falta experiência...

— Também não. – Ri com o seu comentário. O problema é comigo. Eu gostei e ao mesmo tempo estou com culpa.

— Cedo ou tarde isso iria acontecer, Julien. Em balada você é até forçado a beijar alguém.

— Isso aconteceu várias vezes comigo, claro que ninguém conseguiu.

— Comigo é diferente, leva um chute no saco.

— Você é muito malvado. – Ri alto.

Chegamos a minha casa depois de 10 minutos.

— Estou mega feliz por você ter voltado para cá. – Disse eu abraçando Michel.

— Sempre que quiser conversar, conte comigo. De tanto que o Rodrigo insistiu, resolvi colocar whatsapp.

— Vai ser mais fácil para nós. Tchau!

Saí do carro, abri o portão, o carro de meu amigo deu partida e foi embora.

Parei na porta da frente de casa com o coração na mão já imaginando meu pai sentado no sofá pronto para me atacar com suas ofensas e reclamações de sempre. Pode ser que não porque a luz de frente estava apagada. Oh que saudades de quando a mãe deixava acesa esperando pela minha volta em segurança.

Abri a porta bem devagar depois de destrancá-la. Dentro estava tudo escuro, pelo pouco de luz de fora que iluminou a sala pela janela não vi ninguém sentado querendo me pegar de surpresa. Que bom, tranquei a porta e subi para o meu quanto um pouco menos zonzo, olhei para o relógio digital e já eram 03:12, desabei na cama.

Ainda sentia o cheiro de André, o gosto de sua boca. Estou confuso, minha mente está gritando:

Não seja gay, não seja gay!

E meu coração dizendo:

Se liberte! Se liberte! Não deixe essa chance escapar!

Me desculpe mãe... Me deixe aproveitar só um pouquinho, tomarei cuidado.

Essa noite eu dormi feito uma pedra.

FIM DO CAPÍTULO 06

Continua...


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Notas finais do capítulo

Só de saber que leram já é uma grande alegria para mim. :)

By: Henrique



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