Salvation escrita por Vanessa Morgado, Celo Dos Santos


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Demoramos mas aparecemos!

~Enjoy~



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– Por que esse mistério todo Jay?? - Didi questionou, um tanto irritada com a demora de Jason para explicar o que ocorreu enquanto esteve na Sede de Alkalia.

Jason estava pegando sua refeição do dia e era azucrinado por seus amigos curiosos, todos queriam saber o que havia ocorrido, cada detalhe, cada frase ouvida, cada procedimento, cada sensação. Jason soube que quando voltasse a Alkalia seria dessa forma, o vínculo entre eles era gigantesco e isso amplificava cada sentimento, como a preocupação e a curiosidade.

O rapaz havia sido transportado de volta pela manhã, exatamente quando os detentos de nível 2, tomavam suas LCCs de 24 horas. Jason estava um tanto dopado, mas consciente e são, só que isso não permitiu que ele revelasse aos outros o que ocorreu lá. Todos estavam apreensivos, logo que mutantes foram pra Sede e nunca mais voltaram e teve alguns, como Flint Gordon que foram obrigados a tomar uma LCC para serem torturados lá.

Certamente Trevisk não teria dó em eliminá-lo, assim como supostamente fez com os mutantes que nunca mais regressaram.

– Jason será que dá pra você falar algo conosco? Você nos deve explicações, estávamos preocupados... - Didi persisti, enquanto o amigo sentou-se na mesa cotidiana.

A mesa havia abrido portas para mais mutantes, como Allan e Henry, agora Karen e Joshua também ingressaram nela.

– Jason! - e com ira, Dianne bateu na mesa.

Nesse instante, Jay se viu pressionado a falar, mas também não poderia ficar ocultando o que lhe acontecera, teria que contar a eles tudo, até o que ouviu da cabeça de Trevisk sobre o Paciente Zero e sobre as intenções dele contra Jay.

– Ok! Ok! Eu conto... Eu só precisava voltar ao normal... Obrigado por respeitarem. - e há um tom de ironia nessa última frase.

Crystal lança um olhar a Didi como se dissesse: "Fica quietinha, ok". A jovem recebe o olhar e responde com o dedo do meio, Ellen e Logan seguram os risos nesse momento, já Rapha presta bastante atenção no amigo, de todos era o que mais se preocupava, já que estava ao lado de Jay e infelizmente não conseguiu notar nada naquela quarta.

– Eu aposto que você teve um encontro com o Dr. Garner, estou certo? - Allan indaga, esperando uma resposta positiva.

– Sim... E ele coletou... - mal terminou a frase e já foi interrompido.

– Amostras de sangue. - Allan continuou.

Todos olharam para ele de forma simultânea e ele apenas respondeu.

– Já passei por isso quando tive uma queda de pressão aqui dentro. - e olha para Jason.

– Jason... Todos chegamos a uma conclusão quando você foi levado daqui. Seu desmaio foi provocado pela descoberta de seus poderes, não foi? - Henry pergunta e encara o rapaz.

Jason respira por alguns segundos e começa a recordar-se das dores de cabeça, da agonia, de ficar se contorcendo na cama, dos desmaios, da descoberta de sua habilidade. Sinceramente nunca quis ter uma e foi justo ter telepatia, que não é nada fácil de se controlar, ele presume.

– Vocês tem razão. Descobri meu poder... - e apesar de já ter se livrado dos sedativos, ainda mantinha uma certa, moleza.

– E qual é? Oras... - Crystal disse curiosamente.

– Eu possuo telepatia, assim como você Joshua. - e aponta o rapaz que estava próximo a Ellen.

Todos ficaram surpresos. Henry entendeu o motivo do desmaio rapidamente, ele deveria ter se esgotado de ouvir tantas pessoas falarem em sua cabeça e assim não suportando a dor desacordou. Joshua inclinou a cabeça e pensou no quão difícil era suportar as dores terríveis que a telepatia causava, se recorda que as vozes pareciam ser murros poderosos em seu cérebro, bem, pelo menos no início, já que atualmente ele consegue controlar muito bem sua habilidade, mas mesmo assim não queria estar na pele de Jay.

– Oh meu Deus, então quer dizer que você tá na nossa cabeça? - Dianne questiona.

– Não... Não agora... Na verdade eu não sei como ativá-la, não tão bem como o Joshua. - e Jason se recorda que apenas uma vez a telepatia funcionou da forma que queria, quando investigou a mente de Trevisk.

– E é assim que tudo começa, nas primeiras semanas ou estamos na cabeça do bairro inteiro, ou estamos sem ouvir nada há dias. - Joshua explica e sorri - Só que o pior é as dores fortes de cabeça e as vozes das pessoas em seu cérebro.

Ellen sentiu pena do amigo e pensou consigo mesma, que não deveria ficar reclamando da falta de controle dos seus poderes sendo que seu amigo sofre ao utilizar os dele. Já Raphael se sentia culpado, ainda que soubesse que não poderia ter deligado o que o amigo estava sentindo na arquibancada aquele dia. E realmente, Rapha não poderia fazer nada, a telepatia só pode ser controlada por quem a usa.

– Me desculpe, Jay. Eu não te ajudei no momento de dor... - e estava realmente triste.

– Hey Rapha, está tudo bem, você e ninguém tiveram culpa de nada e adquirir o controle da minha habilidade é de minha obrigação, mesmo que doa, mesmo que eu sofra, eu vou controlá-la. Uma amiga começou a perseverar pelo controle de sua habilidade e acho que devo seguir o exemplo. - e olhou de maneira fofa a Ellen.

Ellen foi até Jay e o abraçou. Sinceramente, gostaria que o amigo não tivesse que passar por isso. Por que ele não podia ter super força como Didi, que é controlável e não lhe causaria dores, ou talvez o dom de Allan, por exemplo, assim poderia sair daqui quando o descobrisse.

Henry ainda estava abalado emocionalmente pelo o que lhe ocorrera na noite anterior, mas isso não impediu de raciocinar com precisão e fazendo isso, supôs que Jay talvez tivesse utilizado a telepatia lá em cima e assim poderia ter coletado informações cruciais.

– Jason, sinto em ter que interromper o abraço de vocês, mas... Trevisk foi lhe visitar?

Jason cessou o abraço e admirou-se com a inteligência superior do garoto, o que já era de costume.

– Sim, Henry, ele esteve lá e conversou um pouco comigo. Ele e Garner não faziam ideia de minha habilidade e assim pude me infiltrar na cabeça deles. - e abriu um sorriso um tanto vitorioso.

Karen e Allan se entreolharam e perguntaram ao mesmo tempo.

– E o que descobriu!?

Mesmo que tivesse colhido poucas informações, Jay precisava comunicar a eles sobre o Zero. Por causa dos medicamentos Jason não havia parado para pensar no que poderia ser "O Paciente Zero" e muito menos em quem era, mas ele podia palpitar que, seja lá quem fosse, possuía um dom parecido com o seu. Ao raciocinar nisso ele olhou para Joshua e disse me pensamento: "Espera aí, ele seria o zero?".

– Bem, apenas captei que eu sou o novo Paciente Zero. - e deu uma breve pausa - Sabe algo sobre isso Joshua? - e interrogou um pouco desconfiado.

– O quê? Eu? Zero? Não, na verdade eu não sei nada. - Joshua, se explicou enquanto todos o secavam.

Jason fitou ele suspeitando do rapaz, mas achava precipitado ir acusando-o e questionando-o, então silenciou-se.

– O que mais ouviu da cabeça dele? - Allan perguntou, notando o silêncio.

Joshua ainda buscava entender a pergunta direta, gostaria de invadir a mente de Jason pra coletar informações, mas não podia tinha que respeitar a regra natural de quem é telepata.

– Bem, sei que ele me teme. E sei também que a telepatia não é a minha verdadeira habilidade.

– Como assim? O que seria a sua verdadeira habilidade? - Logan questiona surpreso.

Henry arregalou os olhos nunca tinha ouvido algo assim. Paciente Zero e agora sobre dons verdadeiros, Jason teria outros dons que dormiam em si, ou seria algo totalmente inovador que Henry precisaria de tempo para descobrir.

Talvez, Jason estivesse pirado e desesperado por respostas, mas quem ali em Alkalia tinha telepatia, assim como ele, somente o tutor de Ellen. Então ele decidiu sondar a mente do rapaz e assim o fez.

Concentrou-se e rapidamente sua mente abriu para os pensamentos do pessoal ao redor, parecia que Jason estava tendo facilidade para controlar sua habilidade, então buscou um foco e esse foco era Joshua Banks. No entanto, foi a pior decisão que tomou nesse dia, isso desencadeou uma dor extremamente pior que as anteriores, ele se viu no meio de uma interferência e notou também que Joshua começou a sentir a mesma dor que ele, as suas mentes telepáticas entraram numa interferência horrível, Jason e Joshua não escutavam nada apenas um barulho semelhante ao da microfonia em suas cabeças.

– Caramba! Ele não pode fazer isso! - Joshua berrou colocando a mão na cabeça e chacoalhando-se buscando a libertação da dor mental.

– O que está havendo!? - Allan berrou enquanto viu os 2 rapazes, gritarem de dor.

– Eles estão em interferência. - Henry disse calmamente e foi pra perto de Jason.

O menino sem receio algum, deu um murro em Jason. Apesar do garoto ter lhe batido, Jason se sentiu aliviado, já que esse murro fez com que a interferência e o som ensurdecedor de sua mente cessasse. Henry sacudiu a mão e olhou satisfeito para os demais, quando viu que a dor de ambos os telepatas passaram.

– Maluco! Um telepata não consegue invadir a mente do outro, se tentar acontece essa interferência. Você realmente é maluco! - e estava irado pelo dor que passou.

– Me desculpe, eu não fazia ideia... - e se apoiou na mesa.

Tais berros de dor chamaram a atenção de todos os detentos ao redor e na mesma hora, Barbara se aproximou da mesa, sendo seguida por Scott. A vidente já estava fitando a aglomeração em volta de Jason fazia alguns minutos e vendo essa oportunidade de se achegar, vinha em passos rápidos.

– O que aconteceu? Joshua você está bem? - e questiona, passando a mão na cabeça do telepata.

– Não! Não, estou... Esse louco tentou sondar minha mente. E você sabe o que acontece... - e ainda estava meio tonto.

Logan ajudou Jason a se recuperar. O rapaz compreendeu de uma forma dolorosa que tentar sondar a mente de alguém telepata gera essa interferência e isso é algo que ele não quer sofrer novamente, ainda que quisesse respostas sobre Joshua e seus palpites sobre ele, iria se conter.

– Eu não irei fazer isso de novo. Essa dor é insuportável... - e sacudiu um pouco a cabeça, na tentativa de amenizar a dor.

– Por que quis invadir minha mente? - Joshua berrou, um pouco melhor.

– Tive meus motivos... - e realmente não queria falar sobre seus palpites.

Joshua e os outros encaram o jovem um tanto abismados, mas decidiram relevar, ele já tinha passado por coisas de mais.

Dianne viu que Scott estava ao lado e quando seus olhos se encontraram, ele franziu a testa e encarou-a severamente, ainda não havia esquecido que ela estragou a oportunidade dele se resolver com Kiara Landers. Realmente, achava que Dianne era inconveniente em certos momentos, ou em todos os momentos. Já ela devolveu o olhar ranzinza e voltou o foco de seus olhos para os outros.

– Ellen, vem vamos treinar a telecinese, preciso espairecer... - Joshua falou, saindo dali e puxando a amiga.

Ellen deu uma olhadela para os amigos e deu um sorriso meigo, enquanto era puxada.

O Refeitório estava se esvaziando aos poucos, podia se ver alguns jovens já indo para os Banheiros para tratar de sua higiene bocal, outros iam banhar-se e havia aqueles que se dirigiam ao Grande Pátio. Ainda nas mesas podia se ver pessoas conhecidas como: Dan, Noah e Liam que sempre sentavam na mesa que estava localizada ao centro do Refeitório, os Liberatus também estavam em sua mesa e solitária em uma das mesas Melissa terminava a sua refeição. Ao ver esta última, Dianne resolveu ir lá para fazer companhia a ela.

– Pessoal vou ir até aquela mesa. - e indicou a mesa de Melissa Hunters.

Em passos leves, Didi foi se aproximando da garota, que agora encerra a refeição tomando o suco de abacaxi com laranja. Melissa notou a aproximação da garota e um sorriso se estendeu por sua face, não tinha muitos aliados em Alkalia e sempre era bom fazer amizades, mesmo que não fosse boa nisso. Melissa via em Dianne, alguém que necessitava de uma atenção especial, logo que a garota havia arrumado encrenca com Sasha St. Louis e assim como ela, iria sofrer as consequências de ficar contra a "abelha rainha" do lugar. Considerava as atitudes de Sasha, de certa forma, infantis, a nadadora era carente por atenção e detestava estar abaixo de alguém e sempre fazia algumas espécies de brincadeiras de mau-gosto para derrubar suas oponentes. Já Dianne enxergava em Melissa a oportunidade de ter uma amiga que não ficasse pensando em como controlar sua telecinese, ou que ficasse lhe criticando o tempo todo.

– Vim lhe agradecer por anteontem, me ajudou muito sua dica lá na piscina. - e sorriu a ela, enquanto ajeitava uma mecha de cabelo que havia caído em seus olhos.

– Não foi nada e também já estava na hora de alguém derrotar a Sasha. - e debruçou os braços na mesa, fitando Didi.

– Essa Sasha é tão ruim assim? - e pergunta, ainda que soubesse da resposta.

Melissa olhou como se dissesse: "Está de brincadeira?" e então Dianne deu risada, certamente Sasha deveria ser uma babaca. Dianne achou que num lugar como Alkalia não havia espaço para essa coisas colegiais, pequenas atitudes que certamente não se enquadrariam numa prisão. Estaria mesmo Dianne criado uma briga com uma abelha rainha?

– Mas e você? Eu deveria querer te afogar também? - Melissa questionou.

– O quê? Eu? Claro que não, se lembra sou da Profecia, você deveria era me adorar. - e sorriu a garota.

– Corta essa, vimos que Barbara estava exagerando quando vocês entraram aqui. Aquela vidente e sua vontade incrível de gerar esperança para os perdidos. - e aparentava não ter esperanças de um dia sair deste local.

– Deveriam ouvir a vidente. Somos bem poderosos e Alkalia nunca mais será a mesma depois de nossa entrada aqui. - e mantinha pintada em seu rosto uma expressão irônica.

Melissa põe-se a rir e então uma risada gerou a outra, ambas se viram rindo descontroladamente, pareciam ser amigas de longas datas, as personalidades se encaixaram, assim como Scott e Crystal e isso era um bom sinal.

– Melissa Hunters. - e estendo a mão para um cumprimento.

– Dianne Millbrook. - e faz o mesmo que a garota.

As 2 se olham e ainda persistem em sorrir. Dianne já sentia uma certa intimidade com a garota, verdadeiramente parecia que a conhecia há muito tempo e essa sensação era mútua, por que Melissa pensava da mesma forma. Então ambas as garotas continuaram conversando e notaram que havia papo até por demais, o tempo foi passando e a conversa foi se estendendo cada vez mais.

Enquanto isso, Scott procurava pelo Grande Pátio quem ele precisava ser direto e ter o máximo de sinceridade possível, precisava encontrar Kiara. Um sorriso abriu seu rosto quando, em um certo momento, ele desejou ter o dom dela e então iria berrar fortemente seu nome, assim ela ouviria seu brado e essa busca incessante pararia. Scott ansiava dizer a ela, que ele não estava pronto para ter uma espécie de relacionamento, mesmo que achasse Kiara atraente, engraçada e considerasse o beijo dela quente e ofegante, ele não tinha cabeça para viver algo romântico.... Não dentro de uma prisão, pois era isso que por trás das máscaras Alkalia era, uma prisão.

Seus olhos percorriam cada perímetro do Grande Pátio e por fim, localizaram a jovem que parecia estar abatida, sentava-se isolada e mantinha sua cabeça fixa a uma das paredes.

Kiara estava refletindo sobre esse sentimento que a consumia. Como poderia estar tão apaixonada? Ela renegava esse sentimento ainda mais quando olhava ao redor e via o lugar aonde ele surgiu. Alkalia.

– Podemos conversar? - ele questiona.

Kiara não diz nada, apenas com os olhos indica o espaço vago ao seu lado para que Scott sente-se. O rapaz senta e alguns segundos são perdidos no silêncio, Scott realmente era péssimo em abordagens e Kiara estava desiludida consigo mesma, seus sentimentos estavam uma bagunça.

Scott quer cessar esse silêncio, mas não sabe o que dizer e essa busca por palavras corretas não ajuda em nada, então cansado dessa falta de atitude de sua parte, ele prefere usar a espontaneidade.

– Queria conversar sobre nosso beijo de ontem. - a garota permanece em silêncio, então ele prossegue - Olha ele foi ótimo e eu não consigo nem descrever isso... Mas, eu não quero me envolver com ninguém e tenho certeza que você me entende.

Kiara ouve aquilo e fica chocada, mesmo que sempre soubesse disso. Ela gostaria de ouvir algo romântico, ou algo que lhe motivasse a cultivar esse sentimento, que pudesse afagar suas emoções. Mas, acreditar na esperança de um sentimento como a paixão em Alkalia era quase impossível, como amar alguém num lugar como esse? Evidentemente lágrimas escorreram pelos traços do rosto dela, a cada lágrima Kiara sentia uma dor diferente em si, inexplicáveis dores da ilusão.

– Por favor não chore. Eu gostaria de ter explicado tudo a você, antes do beijo, mas você não quis ouvir e depois aquela doida apareceu... Então... - e parecia tenso, sobre como falar com ela.

– Me poupe dessas explicações... Eu já entendi, sou pouco para você? - e olha ele com lágrimas nos olhos.

Kiara sabia que havia sido um pouco forçada na pergunta, mas precisava saber que o problema não era ela e sim, Scott.

– Claro que não, você é linda, tem um corpo invejável e uma boca insaciável... Kiara o problema não é você, entenda... Sou eu. - e olha pra ela, abrindo um sorriso, talvez ela relaxe. - Eu só quero o seu bem, quero que você não seja iludida

– Mas, a minha visão do que é "o bem pra mim" é estar ao seu lado. Eu não consigo imaginar outra coisa. - e olha ele penetrantemente.

Se Scott não tivesse esse tipo de bloqueio, a beijaria intensamente depois de tais palavras, notavelmente não consegue esconder que ficou admirado com isso. Kiara com a mão direita percorreu o rosto dele e foi se aproximando. Não sabia, ao certo, o que estava fazendo, mas não queria parar, queria aquela boca na sua mais uma vez, queria se entregar a ele. O jovem notou as intenções da garota e não tardou a repreendê-la.

– Kiara, entenda, por favor... Eu não quero me envolver com alguém. - e se afastou dela.

A garota quis sumir nesse momento, havia sido rejeitada de uma maneira tão direta que ela achou até ofensivo. No entanto, não podia culpá-lo totalmente, sabia que estava forçando demais e também suspeitava que esse bloqueio de Scott aconteceu em sua vida fora de Alkalia.

– Ok, Scott, vou fazer o que pede. Me afastarei, ou, sei lá, tentarei ser apenas uma amiga sua. Ainda que isso me machuque, vou fazer isso por que sei que há algo forte que aconteceu com você fora de Alkalia.

Ao ouvir tal suspeita, Scott renega aquilo em seu exterior, mas seu interior chora em saber que ela tem inteira razão. Ele inclina a cabeça e nesse meio tempo flashes de imagens passadas traçam sua mente velozmente: Há fogo, Scott se encontra de joelhos no meio do que parece ser uma sala, ao seu lado um corpo caído e iniciando a carbonização, há 2 vozes que gritam seu nome, 2 vozes conhecidas... E então essas lembranças velozes, intensas e amarguradas são encerradas com uma espécie de explosão de fogo! E isso assusta o detento que até sacode a cabeça para esquecer o que lembrou.

– Scott! Scott! - e estala os dedos, preocupada com o modo que ele ficou - O que te afeta tanto, Scott? O que lhe impede de cultivar sentimentos amorosos? - e olha ele, com o olho brilhoso por causa das lágrimas.

O rapaz fica imóvel e no fundo de seus olhos, as chamas da lembrança são repassadas e então isso faz com que ele haja com espontaneidade novamente, talvez o passado pare de atormentá-lo.

– Esqueça Kiara, apenas esqueça... - e sai dali, deixando-a sem reação.

Scott transmitia um clima de mistério que era atraente, mas também gerava indícios dos outros, talvez ele seja só um rapaz que fez coisas erradas e precise de compreensão, uma compreensão que somente Karen não podia suprir. Sua irmã era realmente seu porto seguro, nunca o abandonou e mesmo que ele estivesse errado, ela ficava ao seu lado e auxiliava-o a vencer as frustrações que o destino colocou em sua jornada até Alkalia.

O almoço foi extremamente sossegado, nenhuma briga, intriga e nenhum olhar torto ou que indiciasse uma rixa entre os detentos, a não ser Didi que junto a Melissa encaravam e eram encaradas por Sasha e suas seguidoras, gêmeas. Ellen seguiu seu tutor que fez a coleta de garrafas, como de costume, gostava de ajudar Ellen e estar próximo a ela. Uma gratificação pessoal era realizada quando treinava-a, talvez uma gratificação amorosa, ele tinha que admitir ficar corado quando ela o abraçava, tinha que concordar que aquele rosto lhe transfere um brilho diferente, que aqueles olhos cor de mel o envolviam em algo irresistível.

Os 2 chegaram ao Pátio de Entrada, onde realizaram o primeiro treinamento, o lugar estava deserto como sempre, parecia algo que incomodava quem passava por ali, como se algo terrível tivesse acontecido. A porta que dava aos Dormitórios estava parcialmente fechada e a luz desse cômodo escapava pelo espaço que a porta deixava.

– E então, meu caro tutor, o que iremos fazer hoje? - Ellen questionou fitando de maneira divertida.

– Bem, iremos tentar passar um pouco do nível das garrafas. - e explica enquanto vai posicionando-as.

– Isso quer dizer quê? - ela indaga ainda sem entender aonde ele queria chegar.

– Você verá, concentre-se apenas nas garrafas por enquanto e lembre-se use movimentos de mão. Suas mãos controlam esses objetos. Vai lá. - e sorriu empolgado.

Ellen levantou uma das mãos e concentrando-se fez com que todas as garrafas saíssem do chão e pairassem no ar.

– Parabéns, Elle, agora estabilize - e foi analisando ela - Isso, perfeito! Vamos dificultar, são 5 garrafas deixe apenas 3 no ar.

Ellen entendeu o que ele queria e fazendo um movimento rápido com os dedos, 2 das 5 garrafas vieram ao chão. Um sorriso vitorioso surgiu na face de ambos, a telecinética e o telepata estavam gostando dos resultados surpreendentes e motivadores, Ellen só precisava usar as mãos pra focar sua telecinese.

– Vamos lá, vou pegar pesado e vou acelerar... - ele olha fixamente a ela - Quero 2 no ar.

Ela segue a ordem dele.

– Agora eu quero 4.

E ela continua obedecendo, porém não entende o que ele pretende com isso. As ordens continuam ele pede 1, depois 3, 4, 2, 5, 2 e vai alternado o número de garrafas no ar, deixando Ellen totalmente confusa e descoordenada o que acarreta em uma geração de raiva, verdadeiramente ela acha que ele está fazendo-a de besta ou seja lá o que ela define em sua mente.

– Aonde quer chegar, Joshua Banks? - fala com a voz irritada, porém mantendo contato visual com as latinhas e seguindo as ordens.

– Eu quero 1 e depois eu quero 5 no ar.

Ela se vê no ápice de tolerância, quando deixa apenas as 5 no ar novamente, então expressando toda a sua ira, ela berra.

– Já chega! - e libera a raiva, fazendo as garrafas voarem em direções diferentes, estourando-se nas paredes.

Joshua nota que ao estar em um momento de ira, fúria, dor ou temor o dom de qualquer um expande e tem seu ápice, foi o que aconteceu com Ellen agora.

– Uou! Me desculpe pelo estresse, mas eu queria ter certeza de que você precisa manter o emocional para controlar a telecinese também.

Ellen solta o ar, fazendo sua franja dar um saltito para a frente.

– Essa habilidade é mais complicada do que parece. - Ellen reclama e ajeita a franja - E a propósito, deu uma vontade de jogar você na parede junto com as garrafas. - e libera um sorriso, que se mistura com a sensação de alívio por ter se acalmado.

– Eu sei disso, digamos que isso foi um teste. - e ri bobo a ela.

– Ra rá, não dou a mínima... - e ri também.

Os 2 se encaram e Ellen fica um tanto sem graça, suas bochechas coram e instintivamente ela se vira de costas para ele. Realmente havia algo fluindo entre os 2, algo que ela nem sabia ao certo o que era, Dianne diria que isso que ocorre entre os 2 é, "Uma Amizade em 50 Tons de Cinza", tudo bem que essa citação é péssima, mas Ellen teria que concordar caso Didi dissesse isso. Estragando os pensamentos de Ellen, uma voz ecoou em sua mente, uma voz familiar e ela dizia: "Por que escondes teus olhos dos meus". Era Joshua. "Espera um pouco, você fala na mente das pessoas também?", ela pensa sabendo que ele ouviria. "Claro! Achou que eu seria obrigado a ficar ouvindo vocês em minha cabeça, sem dar o troco?" ele respondeu via telepatia, ela sorriu e voltou seus olhos a ele.

– Isso é incrível!

– Eu sei... - e fitava ela.

Ele ficou contente por ela ter gostado de sua outra capacidade, mas havia algo que conseguiu rancar o sorriso do rosto dela. Joshua notou que ela parecia estar olhando para atrás dele. Ela parecia estar assustada e disse quase como um sussurro.

– Há alguém me encarando ali... - e estendeu o dedo indicador para o vão da porta dos Dormitórios.

Realmente haviam 2 olhos secando ela pela porta, contudo os mesmos desapareceram quando Joshua resolveu verificar o medo dela.

– Não há nada ali... - ele disse sorrindo.

Ellen não se deu por satisfeita, sabia como ninguém o que tinha visto e num impulso fez uma movimentação veloz com os braços, como se estivesse abrindo a porta. Então, respondendo ao gesto da garota a telecinese abriu a porta por inteira, para a surpresa de Joshua, ela havia executado um movimento telecinético perfeito.

– Eu te falei que não tinha ninguém ali. - e manteve o sorriso, que quase soou como “medrosa". - Mas gostei do seu movimento.

– Sei o que vi, tinha alguém ali. - e fixou seus olhos pela porta.

Mesmo que Joshua não tivesse visto, olhos desconhecidos secavam a cena do treinamento de Ellen Summers. A garota não estava nem aí se conseguiu abrir uma porta ou não, ela só pensava em quem poderia ser.

Enquanto isso, na mesa do almoço restavam sentados Karen, Raphael e Logan, o que parecia ser uma ironia, não para os meninos, mas para a detenta que estava dividida. Todos haviam ido a lugares diferentes, Ellen foi ao treinamento com Joshua, Crystal e Scott deveriam estar no Grande Pátio conversando, Jay saiu a poucos minutos foi atrás de Barbara para ver o que a vidente sabia sobre as coisas que ele ouviu da mente de Trevisk.

Os olhos de Karen vagavam de uma face a outra, certamente ela não sabia o que fazer, não queria transparecer estar se insinuando aos 2, mas também não queria ignorá-los. Raphael bebia o resto do seu suco e fazia caras e bocas para a garota, seduzindo de sua maneira mais convencional, já Logan era o oposto, ele agia naturalmente, mas não deixava de encantá-la com aqueles olhos magníficos, o sorriso fervoroso e totalmente pacífico e sua boca avermelhada. Ela ficava indecisa de mais, entre os músculos e a cara de safado que Raphael tinha e os traços marcantes combinados com o charme que o Logan, em si, era.

– Alkalia está uma loucura, não? - Raphael decidiu findar o silêncio.

– Sim, uma loucura... - Logan respondeu mordendo seu sanduíche.

Karen não havia respondido, visualizava Logan de maneira escancarada. Achou engraçado, quando um bigode de catchup se formou após a terceira mordida que Logan deu no lanche. Ela riu e ele notando o que havia ocorrido, se limpou rapidamente, dando risada. Os olhos de Rapha sinceramente, odiaram o que estava ocorrendo, então ele investiu na pergunta para tirar o foco de Karen dos bigodes ou bobagens que Logan fazia.

– E você Karen? Concorda? - Rapha indagou.

– Ah sim... Uma loucura... - ela disse num tom suave e engraçado, já que ela ainda mantinha a atenção em Logan se limpando.

Então Raphael se encara numa pequena disputa, mesmo que ache que Logan nem sabe o que está rolando. Precisa usar armas poderosas para roubar a atenção de Karen, ela não poderia estar se interessando por Logan, não mesmo.

– Está calor, não? - Rapha questiona.

– Poxa fera, tá mesmo... Só espero que Trevisk não tenha um botão lá em cima que transforme isso num incinerador. - e novamente, faz Karen sorrir.

Raphael se vê incomodado com a presença do amigo, realmente perder não era algo que ele gostasse. Então resolve jogar pesado.

– Ah! Eu não aguento mais... - e devagar vai removendo a blusa de moletom cinza, sendo que por baixo ele usava uma regata branca que estava justa a seu corpo inteiramente sarado.

Karen se hipnotizou e velozmente mudou o foco de seu olhar, aqueles braços grandes marcados naquela regatinha deixaram-na cativada. Ela se imaginou enlaçada por aqueles braços, com seu corpo junto ao dele, ambos excitados e ansiando por uma noite extensa de prazer. Verdadeiramente a mente dela vagou pelas ondulações da musculatura dele.

– Aconteceu alguma coisa Karen? - Logan questionou vendo-a parada e olhando para o nada, ou para o tudo.

– Oi? Log? Você disse algo? - e não havia conseguido escutá-lo.

Raphael abriu um sorriso vitorioso. Entretanto, todo o momento de sedução, bobagem e indecisão havia se convertido a ira, Os Liberatus passaram em frente à mesa e Rapha ansiou falar com eles, queria deixar bem claro que não os queria ameaçando seus amigos. E foi isso que ele fez, Rapha desistiu da batalha quando se viu tomado pela ira, realmente ele tinha um pavio curto, mas as intenções dele eram ótimas.

– Rapha? Aonde vai? - Karen questionou, vendo ele sair da mesa do nada.

– Ah, não? Sei o que vai fazer e isso não vai prestar... - Logan disse e seguiu o amigo, no entanto Karen o impediu.

– Não! Deixe-o ir, ele precisa defender vocês... Confie nele. - e pegou no braço dele.

O rapaz se virou para ela e seus olhares se cruzaram, ela evidentemente se derreteu por inteira e então ele disse.

– Acho que tem razão. Ele iria fazer isso de um jeito ou de outro, adiar é só dor de cabeça... - e coçou o cabelo, sorrindo.

Em pensamentos Karen brigava consigo mesmo para não flutuar ao ver aquele sorriso se formando, mas ele era irresistível. Mesmo que estivesse agindo naturalmente, Logan sabia que fluía um clima diferenciado entre eles e depois daquele abraço, ele queria sentir um pouco mais... Mas não hoje, não estava na hora ainda.

Praticamente bufando Raphael seguia os Liberatus, gostaria de dizer coisas que entalavam sua garganta, depois do incidente com Jay, Rapha se via na obrigação de cortar o mal pela raiz. Ainda que concordasse com algumas ideias dos Liberatus, não aceitava que os rapazes atacassem seus amigos ou que ficassem ameaçando-os. E fazendo jus a sua personalidade explosiva e volúvel, ele chamou a atenção deles.

– Hey, babacas! Quero falar com vocês, principalmente com o Flint. - e dizendo isso, todos voltaram seus olhos a ele.

Axel parecia o mais irritado, não tolerava receber ofensas, principalmente de um dos Evoluídos da Profecia. Flint, o líder, virou com um sorriso pintado na cara, sorriso esse que Duncan, o teleportador, colocou também em sua face. Porém, diferente de todos os outros Wade Gordon mantinha a sua cara enigmática, era irmão de Flint mais certamente os 2 deveriam ter personalidades bem distintas e divergentes, enquanto Flint buscava a ironia e violência, Wade sustentava o mistério e a extrema preponderância.

– O que quer Bradley! - Axel questionou, num tom já demasiado alto.

– Acalme-se Axel, você poderá acabar com ele, mas vamos ver o que ele tem a dizer. - e sorriu a Raphael ironicamente.

Raphael se segurou para não esmurrar o líder Liberato, mas sabia que nenhum ataque surgiria efeito nele, contudo Rapha e ninguém mais sabia que Crystal descobriu a fraqueza do detento mais temido.

– Diga então Raphael.

– Eu quero que fiquem bem longe dos meus amigos. - e falou em alto e bom tom.

Duncan Feels deu risada e balançou a cabeça incrédulo do que ele disse.

– Está de brincadeira, não é? - e olhou Raphael, porém viu que a expressão não havia mudado.

– Eu estou avisando, se algum dos meus amigos se ferir por causa de vocês...

– Sinceramente não estamos nem aí. - Axel retrucou.

Nesse instante uma pequena aglomeração se formou ao redor da cena, a maioria esperava uma luta outros só queriam ver até onde Raphael chegaria, já que o consideravam louco por estar enfrentando Flint, que irá imbatível, Axel que lançava espetos mortais, Wade que nem o poder dele as pessoas tinham conhecimento e Duncan que mesmo estando nos efeitos da LCC poderia ajudar numa briga.

– Bem, o aviso está dado, querendo vocês ouvirem ou não. - e encarou Axel, como se o chamasse para a briga.

Axel enfureceu-se e criando um espinho na mão direita, o apanhou e foi pra cima de Rapha sem freios, receios ou pudor. Não iria atingi-lo, mas sim, assustá-lo e ver até onde ele resistiria. Quando a estaca estava próxima ao rosto de Raphael, alguém segurou o braço de Axel. No entanto, o que mais surpreendeu a todos foi perceber de quem se tratava.

– Acho que está bom, Axe... - Allan olhou o Liberato um pouco irritado.

Raphael, não sabia o que fazer, não queria que Allan o salvasse, mas não podia esconder que gostou da valentia do amigo.

– O garoto tem razão, Axel, vamos. - e pela primeira vez a voz de Wade foi ouvida.

Flint olhou para trás e acabou concordando com o irmão, sempre que ele falava era o que de fato deveria ser feito.

Então 1 a 1 os Liberatus foram saindo dali, Axel se libertou da mão de Allan e depois seguiu os outros companheiros. Allan sorriu a Raphael e o rapaz retribui o gesto. Os Liberatus andaram e depois viraram no Pátio de Entrada, Axel havia recolhido sua estaca para dentro de seu corpo, sua habilidade era um tanto grotesca e o que era mais esquisito ainda, ele não sentia nenhuma dor.

– Por que fez isso, Allan? - e olhou ele, surpreso.

– Sei lá, devemos defender nossos amigos... Mesmo que eles sejam malucos. - e sorriu dando um murro no ombro de Rapha - Não os enfrente dessa forma de novo.

– Ok, depois dessa atitude, você merece respeito. - e disse isso, enquanto deu uma olhadela nos Liberatus.

Barbara andava pelo Grande Pátio e nem notou que estava sendo seguida por Jay, o rapaz queria se esclarecer e retirar suas dúvidas, com certeza a garota deveria saber o significado das coisas que ouviu. Jason se via na obrigação de saber ao certo o que ele era e quem era o Paciente Zero Original, além de querer saber por que Trevisk poderia usá-los para planos em Alkalia. Mas, o que realmente ele queria saber é se ela fazia alguma ideia do que a expressão "Todos em um só" significava, por que de todas as coisas que Jay captou naquela conversa, essa foi a mais marcante.

– Hey, Barbara! Barbara! - e berrou, pegando no ombro dela.

– O que quer? - e olhou pra ele surpresa, Jason sempre evitou-a.

– Gostaria de conversar contigo sobre o que eu descobri lá em cima. - e indicou a arquibancada para que se sentassem nela.

A vidente assentiu positivamente e foi ao local indicado pelo rapaz, não podia negar que estava curiosa para saber as informações que ele coletou, era uma vidente, entretanto não via tudo o que acontecia. Barbara também não havia previsto mais nada depois da visão do assassinato, torcia para conseguir impedi-lo. Talvez essa preocupação e cobrança própria estejam a dificultando em seus momentos visionários.

– E então me conte. O que ouviu de Trevisk? - e olha ele, após sentar-se.

– Eu captei da mente dele, que eu sou o novo Paciente Zero. Sabe algo sobre isso? - e encara ela, esperançoso.

– Zero... - e respira profundamente - Eu vi algo sobre isso e não gostei do que vi.

– Então fale o que viu? - e encara ela, surpreso.

– Em uma visão antiga, eu ouvi Trevisk falar sobre o Paciente Zero e nesta visão isso indiciou sangue, como se o Zero significasse morte. - e ao dizer isso, sente um arrepio na espinha.

Jason fica abismado, como ele poderia ser parecido com algo que simbolizasse a morte.

– O que quer dizer com isso? - e interroga parcialmente amedrontado.

– Quero dizer que seja lá quem for esse tal de Zero ele é uma espécie de assassino.

E em reação a confusão que Jason está no momento, sua habilidade ativa e capta algo na mente da vidente: "Zero é o assassino de Alkalia, preciso impedir que a morte se cumpra".

– Morte, que tipo de morte? - e questiona a ela aumentando o tom de voz.

Ela se queixa mentalmente por ter deixado ele descobrir, mas percebe que dando esse voto de confiança, talvez ele abaixe a resistência que tem contra ela.

– Eu tive uma visão há alguns dias... E nessa visão uma pessoa era brutalmente assassinada, mas eu não consegui identificar nem a vítima e muito menos o assassino. - e olha ele, já esperando um turbilhão de broncas.

– O quê!? Como pode esconder de todos algo tão grave!? Você é louca! - e agora fala berrando a ela.

– Foi por esse motivo que eu mantive tal segredo. - e assente para ele, indicando o escândalo que fez.

– Ah isso não é justificativa... - e levanta-se inconformado.

– Claro que sim, se eu contasse isso iria virar um caos, todos assustados... Sabe por quê?

– Não, me explique... - e olha ela mantendo ainda a cara fechada.

– Por que mesmo que todos custam a negar, acreditam em cada visão que eu tenho e em cada palavra que eu falo. - e solta o ar, encarando ele de maneira firme.

Jason pensa consigo que ela como sempre tem total razão, a maioria dos detentos diziam que ela era uma farsante e que sua palavras geravam controversas, mas no fundo isso era esquecido quando Barbara vinha com mais uma profecia futura.

– Não vou mentir, acredito em você. Só acho que deveria... - mas, é interrompido.

– Se acredita em mim, sabe que isso aqui seria um inferno. Só preciso que me ajude a descobrir quem é o Zero, me ajude Jason, por favor... - e olhando bem fundo nele - O General tem razão em dizer que você é todos em um só.

– O que você disse? - e agora sim, dá valor a tudo o que ela fala.

– Bem, disse isso pra que você possa acreditar em mim e possivelmente me ajudar.

Barbara era extremamente convincente e ao dizer corretamente as palavras de Trevisk, ganhou um novo aliado.

– Então Jason, me ajuda que eu te ajudo... - ao dizer isso, apenas ouve um "sim", então sorri - Obrigada! Sente-se vou contar realmente o que vi sobre o assassinato.

Jason se assenta novamente e agora adquire conhecimento sobre um fato que poderá mudar tudo em Alkalia, até mesmo sua ligação com Dianne, Ellen, Raphael, Crystal e Logan. Uma morte em Alkalia seria trágico de mais, então Jason começou a cogitar se acaso a morte fosse um de seus amigos, como seria encarar a dor da perda, seria algo insuportável. E como seria para os DECOEs e o General lidar com uma morte, mesmo que eles quisessem que isso acontecesse todos os dias. Barbara contava detalhadamente cada pedaço da cena, tudo estava bem nítido, as facas sendo lançadas em um detento que sem alternativa, morre no Pátio de Entrada.

– E você qual é a mais gata? - Logan questiona a Allan em seu quarto.

Já era de madrugada, Logan, Rapha e Allan mal haviam pregado os olhos e então resolveram falar das garotas que lhe chamam atenção em Alkalia.

– Hum... Dianne é uma modelo, Crystal é gostosa, mas eu curto mais o estilo da Ellen... - e segurou o riso, já que como Rapha e Log, não queria acordar Scott e Jason. - E vocês? Qual é a garota que chama a atenção de vocês? - e retribui a pergunta a ambos.

Os 2 rapazes pensam e sem delongas dizem, simultaneamente.

– Karen! - então estranhando um encara o outro. - O quê!? - e continuam falando junto.

– Como pode estar afim dela? - Rapha questiona.

– Eu é que pergunto. - Log olha pra ele seriamente.

– Ai que meleca... - Allan comenta vendo que gerou algo que realmente não era bom pra 2 amigos.

– Isso é um absurdo, cara, ela está na minha há dias... - Rapha explica.

– Você quer dizer que está na minha. - e retruca.

– Eu não sei, Logan, mas eu vou ficar com a Karen, ok... - e fuzila ele.

– Parem! - Allan suplica.

– Allan tem razão, não vou brigar com você... Karen escolhe quem ela quer ficar. Não podemos brigar por isso. - e deita na cama.

– Eu não sei, mas sabe como eu sou... E acho que não suportarei ver você com ela. - e deita na cama também, mantendo um olhar de ira.

– Calem a boca... - Scott resmunga.

Logan opta por não dizer mais nada e então coloca sua cabeça no travesseiro, Raphael faz algo semelhante, já Allan passa a mão pelo cabelo querendo ter ficado calado no momento em que estragou a conversa.

Será que essa amizade teria um fim. Bem, Logan parece ter uma cabeça mais fria, ao contrário de Rapha que era mais estouradinho, ele se conteria e sustentaria sua amizade com Log, caso tudo desse errado. Isso só o futuro falará.

Enquanto isso, havia uma certa pessoa que não conseguia pregar os olhos, sentia fortes sensações de que algo ruim estava próximo a acontecer, e então foi andando por cada canto de Alkalia, as câmeras já haviam sido desligadas e só ela andava solitária pelos corredores. Barbara passou pelo Pátio de Entrada e sentiu um calafrio diferente, algo que motivou ela a sair dali rapidamente, olhava para todas as direções desenfreadamente, estava apavorada e a sensação de mal, de perigo, de morte só aumentava, fazendo-a arrepiar mais e mais.

– Sei que está por aqui! Quer me matar, pois venha, não fugirei... - e passou pela porta do Refeitório.

Porém ao fazer isso, sentiu uma mão forte lhe pegar pelas costas e arrastá-la pelo chão.

– Me larga! - ela berrou.

Então o indivíduo que arrastava-a decidiu fazer o trabalho com um pouco mais de velocidade, caso alguém ouvisse os berros dela. Barbara foi arrastada até o banheiro feminino, a porta se fechou e posteriormente foi trancada. Seja lá quem fosse, possuía chaves que talvez adquiriu do Fornecedor.

– Eu sei que é você Zero, me mate se tive coragem! - Barbara berrava do outro lado da porta, no entanto pode notar que a sombra sumiu por debaixo da porta.

O ser que estava com a toca na cabeça, andava lentamente pelo Refeitório e notou que passos se encaminhavam para seu encontro, então se escondeu atrás de uma das mesas.

Allan caminhava um tanto sonolento, quando estava conseguindo pegar no sono, uma vontade natural de seu corpo despertou, a vontade de urinar, então ele caminhava até os banheiros masculinos. A cada passo crescia nele uma sensação de estar sendo observado, então seus olhos procuraram por cada mesa algo que pudesse explicar tal sensação, porém por ventura da sonolência sua visão não tinha tanto alcance e estava um pouco embasada e a iluminação fraca do ambiente dificultava mais as coisas. Então ele apertou o passo com receio de algo ruim, contudo ao passar próximo a uma mesa sentiu algo pegar em seu pé, o que o fez cair no chão.

– Me solta! Me solta! - ele berrou.

Barbara ouviu tudo por de trás da porta e começou a chorar, foi impedida de salvar uma vida.

– Não! - ela gritou de lá dentro e começou a bater incessantemente na porta.

Allan desesperado e buscando salvação esperneou e conseguiu converter um chute na cara do opressor que não era identificável. Aproveitando disso correu, e correu e correu... Os passos aumentavam quando se notava a aproximação do assassino, este vinha de maneira rápida e intensiva.

Com um movimento de mãos o assassino, materializou uma lâmina, a faca realmente apareceu do nada nas mãos do inimigo e usando dessa arma, ele alvejou o braço da vítima. A lâmina incisou o braço de Allan na parede, um urro agonizante ecoou por todo o Refeitório, um urro de morte. Allan via o sangue escorrer e isso contribuía para seu berro ser mais forte, sua morte estava evidente. O indivíduo deu alguns passos bem devagar e afim de findar com aquela vida de uma vez, lançou uma nova faca que atravessou o crânio de Allan, matando-o na hora. O berro cessou e não tardou muito para o assassino desaparecer, Barbara viu no silêncio a resposta para o que previu, o assassinato aconteceu.

O sangue escorria pelo rosto do rapaz, as lâminas cravadas estavam totalmente vermelhas, os olhos dele foram perdendo a tonalidade principal de cor, seu corpo sentia a cada segundo os efeitos da morte.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Reviews? Favoritos? #FaçamOsAutoresFelizes

Até o próximo :*



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