Salvation escrita por Vanessa Morgado, Celo Dos Santos


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Bu! Aparecemos!

Capítulo gigante mesmo pra compensar o sumiço!

~Enjoy~



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DECOEs empurravam pelos corredores de Alkalia uma maca, mesmo que não se importassem com o estado de saúde de quem estava deitado nela, precisavam obedecer as ordens do Dr. Edward Garner. A maca era levada de maneira apressada para uma determinada sala, lá dentro havia a equipe médica de Garner, além dele próprio. Os oficiais entraram num extenso corredor e era visível lá no fim a sala de Exames e Check-up.

Deitado na maca, Jason se via num estado de transe, em certos momentos acordava e via aqueles homens carregando-o, porém em outros momentos, ao fechar os olhos, ele se via em recordações de seu passado. Como o dia em que Ellen descobriu seu poderes na sala de aula.

“- Deveria largar dele, Didi, além de ser BDM, tem um vocabulário escroto. - Sentada junto com Didi e Jason, Crystal comenta sobre o namoro de sua amiga.

– Olha, prá quem me achava a paty ridícula da escola, se importar com meus namoros é totalmente inovador, Crystal Lake. - Didi caçoa.

Jason apenas escutava a conversa das 2, sem saber ao certo o que opinar sobre o assunto, realmente não gostava do Lance, no entanto Dianne parecia estar contente com tal namoro. Ele iria apenas continuar em devaneios se não fosse Crystal questionar em bom tom, qual era sua opinião sobre o fato.

– Ahh... - Jason realmente não sabia responder, então de maneira inteligente, desconversou - O que é BDM, mesmo? - Ele forçou uma cara de dúvida.

Crystal e Dianne soltaram o ar parecendo desapontadas e então Crystal explanou.

– Caraca Jay. BDM, seria o que realmente o Lance Hopkins é, um babaca dessa merda de escola.

– Perdão garotas, mas eu não sei o que pensar, Lance é um... BDM mesmo, mas Didi está feliz ao lado dele.

Notavelmente, o assunto foi deixado de lado, quando acidentalmente um dos bebedouros estourou e liberou água para todos os lados. Logan havia emitido uma rajada elétrica que acabou danificando-o, por sorte ninguém havia notado que Logan causara esse estrago.

A água esguichava para várias direções e Logan preferiu ficar longe dela, já que ele poderia entrar em curto. Estar conseguindo tomar banho, não significava imunidade contra sua pior inimiga, a água. Neste mesmo momento Jason, Dianne e Crystal correram até o amigo, enquanto todos olhavam tal fato, que estava se tornando rotina há alguns meses.

– Log, está tudo bem? - Dianne questionou, abraçando o amigo por trás.

– Aconteceu de novo Di. Quando eu acho que estou no controle, me vejo estourar bebedouros ou danificar computadores. - Ele inclina a cabeça.

– Calma vou dar um jeito nisso... - E então, Dianne se encaminhou até o bebedouro.

Mesmo que sua roupa tivesse ficado encharcada, ela pegou na torneira que explodiu e amassou com sua super força, fazendo o bloqueio da fissura. Deu um longo suspiro, enquanto ajeitou o cabelo molhado para o lado esquerdo de sua cabeça e com um sorriso satisfeito, fitou os 3 amigos.

Ellen e Raphael chegaram um pouco após, alertados pelo tumulto e pelos passos fortes da diretora que descia as escadas. Todos sabiam que algo de extrema intensidade moral e ética tiraria a diretora Moralez de sua poltrona grande e espaçosa, então chegando ao local antes dela, os 2 questionaram e foram informados pelos amigos do que ocorrera ali.

Todos estavam curiosos e como saía-se muito nos jornais e na televisão sobre Evoluídos e sobre a criação da DECOE, começaram a suspeitar que poderia haver a existência de Evoluídos no colégio. E as suspeitas sempre apontavam para Dianne, logo que sua habilidade era facilmente notável, uma garota que antes não conseguia nem levantar uma carteira escolar, atualmente consegue amassar uma estrutura metálica. Bem, sempre apontaram para Dianne, até o dia de hoje.

Depois de ouvirem broncas, pedidos de explicações, argumentações e reclamações da diretoria, o que sempre causava uma reação alérgica a Crystal, bem, pelo menos era o que ela dizia, todos foram indicados a irem para suas salas e terminarem o dia escolar sem muitas especulações do ocorrido.

Logan havia explicado tudo o que havia ocorrido a sua namorada, seu nome era Abby Millerstrong. Era uma garota linda, encantava a todos, tinha um cabelo loiro e olhos claros, seu único defeito era ser um tanto baixa. Tinha um estilo parecido como o de Crystal, não era exatamente uma rocker, mas aparentava ser uma. Logan e ela namoravam desde o segundo ano. Ao entrarem na sala o casal foi secado pelos alunos que mantinham suspeitas sobre Logan.

– Hey, Falkner, dá próxima vez você estará perdido. - Um dos rapazes, que sentavam no fundo da sala berrou.

– Vai se ferrar! - Crystal berrou, um pouco a frente do rapaz.

– Calada, Lake, ninguém chegou ao centro espírita ainda. - Um dos garotos falou, causando risos dos BDM's da sala.

Crystal quase teve um ataque de repugnância, porém optou por ignorar vendo que eles tinham perdido o foco de Logan e sua namorada.

Log se sentou e atrás dele, Ellen acariciou seu ombro.

– Sinto muito, pelo que aconteceu. - Ela sorriu a ele.

– Hey, Elle pode ficar sossegada, não há com o que se preocupar, já passou. - Log respondeu sem olhar para trás.

Ellen sorriu e depois olhando para a direita ganhou um sorriso de Abby, que sempre foi a favor do elo de amizade que Logan tinha com seus amigos.

Era aula de Inglês e a professora, foi logo adentrando a sala, mantinha uma cara de tábua, como Didi sempre disse e trazia consigo uma grande e volumosa pasta, nela haveria o material que seria utilizado na aula.

Diferente do modo que a professora pensava, uma extensão de materiais e aulas intensivas não garantiam o aprendizado dos alunos, com exceção de Ellen, nenhum dos outros entendiam o que estava sendo proposto, uma vez ou outra Logan, Jason e o pessoal que se sentava na frente respondiam as questões corretamente.

A aula correu de maneira maçante, o que era habitual a todos ali. Tudo teria sido normal na aula de inglês se não fosse por mais um momento de provocação do pessoal do fundo.

– E então Logan, já pensou qual vai ser o seu próximo alvo de destruição? Eu recomendo a secretaria... – Um garoto sorriu de uma maneira tão arrogante que Crystal quis causar dores nele e Didi quis afundar aquela cabeça na carteira.

– Cara, me erra. Será que esse nariz enorme não deixa seus olhos verem o quão idiota você é? Que porra de babaca que é você! - Raphael berrou do canto esquerdo da sala.

A professora se revoltou com as palavras chulas do rapaz, mas reconheceu que até ela achava o pessoal do fundo irritantes e inconvenientes. Os valentões iraram-se com as palavras de Raphael, que como de costume já se envolvia nos conflitos do grupo.

Um dos garotos se levantou de sua cadeira e fuzilou Rapha bruscamente como se quisesse iniciar uma briga.

– Acho melhor você ficar na sua, Bradley. - Ele deu um empurrão em Raphael.

Raphael devolveu o empurrão e os 2 mantiveram um contato visual que poderia decidir ou não, o início de uma grande contenda. A professora rapidamente foi até o corredor e gritou por um dos inspetores mais próximos, nesse momento o rapaz viu a oportunidade perfeita para dar um golpe em Rapha e assim o fez. O murro fez que Raphael desequilibrasse e viesse a cair próximo a Ellen, esta de maneira protetora entrou na frente do amigo quando o opressor investiu em mais um soco.

­ O que está havendo!? - Bradou o garoto ao perceber que seu braço ficou paralisado no ar.

Todos miraram a cena assustados, até mesmo Rapha, Didi, Logan, Crystal e Jason, já que não faziam ideia que um dia Ellen fosse desenvolver uma habilidade. Posteriormente, o babaca sentiu que uma força invisível apertava o seu pescoço, naquele instante ele viu o ar ficar em falta e sua face rapidamente se converteu a um roxo beterraba. As garotas entraram em pânico ao ver o rapaz não conseguir nem gritar por ajuda. Ellen mantinha seu olhar fixo nele, enforcando-o telecineticamente, no entanto perdeu o controle de tudo quando Logan parou a sua frente e olhando penetrantemente em seus olhos, trouxe-a de volta a estabilidade.

– Ellen? Hey! Está tudo bem, acabou. - Ele abraçou a amiga que notando ser a causadora do que acabara de acontecer, chorou.

Todos ficaram horrorizados e desde então, Ellen foi o foco principal de todas as desconfianças e suspeitas.”

Jason cessou os devaneios quando se viu deitado numa cama, com vários tubos injetados a suas veias e com roupa de paciente. Pensou em ficar feliz por não estar de sonda, mas a vontade de se soltar foi maior. Entretanto, ele estava preso a cama por 2 amarras, uma em cada braço. À sua esquerda havia um medidor cardíaco e alguns aparelhos respiratórios, a direita um armário enorme lá dentro podia se ver vários utensílios cirúrgicos, plastificados e em ótimo estado. A sala era grande e então ao voltar seus olhos a frente viu um homem de costas.

Notava-se uma agulha em sua mão e ele preparava-a para injetar em Jay, era o Dr. Garner.

– Vejo que despertou finalmente, Sr. O' Briel. Sente-se bem? - Deu para sentir seu cinismo profundo.

Jason tentou forçar seu braço direito para sair, porém a amarra era resistente e estava bem firme. Edward fitou seu movimento brusco e não poupou um sorriso vitorioso.

– Eu não tentaria isso se fosse você, há muitos guardas apostos para te eletrificar. – O médico mantém o sorriso.

– O que estão fazendo comigo? - Jason fita cada detalhe do quarto.

– Bem, você desmaiou após descobrir sua recente habilidade. E descobriremos qual é. Então, trouxemos você pra cá, para alguns exames e coletas sanguíneas para análises. - Ele aponta a injeção para o braço do rapaz - Precisa ficar quieto, após essa coleta, irá receber a visita do Comandante Trevisk e depois será levado de volta.

Mesmo que estivesse relutante, Jay obedece e fica parado aguardando a injeção, que ao penetrar sua veia gera um leve desconforto. Ele vê seu sangue sendo drenado e posteriormente, observar o Dr. guardando em uma espécie de freezer, onde há inúmeras amostras de sangue parecidas com a de Jason. Há uma que está um pouco isolada e ao lado desta a amostra de Jason é posicionada.

No mesmo instante, Jason capta algo que flui na mente de Edward: "Um novo Paciente Zero”. Jason astutamente não questiona o que ouviu, então pensa consigo que terá que aprender velozmente a se virar com sua nova habilidade se quiser arrancar informações do General Trevisk.

Enquanto isso, ainda na Área de Esportes, precisamente nas arquibancadas a maioria dos jovens ainda debatiam sobre o que havia acontecido com Jason e sobre a semi briga entre os Liberatus e os Jovens da Profecia. Raphael era o foco das perguntas, já que em todo o momento estava ao lado do amigo.

– Mas, você tem certeza que ele parecia bem? - Karen questionou, ainda lá com eles.

– Claro, ele estava rindo e até dançou no "Ela é linda, ela é miss"... - Rapha relembra de seu momento cheerleader.

– Foi uma ótima líder de torcida, Rapha, ainda acho que uns pom poms iriam cair lindamente em você. - Crystal comenta.

– Crystal! - Rapha, Ellen, Dianne e Logan falaram ao mesmo tempo, o que causou os risos de Allan e Henry, este último apenas ouvia os relatos e formulava hipóteses.

Crystal se cala já que admite ter saído do foco da conversa. Então, o interrogatório prossegue, sendo ouvido por Scott, Kiara, Barbara, Karen e Joshua também.

– Ok, ele aparentava estar normal e quando ele desmaiou? - Logan indaga.

– Não sei ao certo, foi depois que causei o tremor... - No entanto, o moreno foi interrompido por Karen.

– Eu vi o momento em que ele desmaiou.

– Então desembucha o que viu, oras. - Allan fala, voltando sua atenção a garota.

Karen por um momento fica parada e não sabe ao certo o que dizer, sabe que nem todos ali gostam dela, mas ela precisa provar para Logan e Rapha que não é má, ou muito menos mesquinha.

– Fala garota! - Dianne aumenta a voz, incomodada pelo silêncio.

– Bem, eu gritei a Rapha para que ajudasse vocês, mas ao olhar para o lado, vi Jason com as mãos na cabeça e se contorcendo, como se estivesse em uma enorme enxaqueca.

Todos buscaram entender o que se passará com o amigo, mas a resposta veio da menor e mais grande mente presente nesta conversa. Henry!

– Olha, já tivemos inúmeros casos de Evoluídos desmaiarem ao descobrir suas habilidades. - Ele ajeita sua bandana.

Todos se entreolham, exceto Scott que concorda com a cabeça sobre as especulações de Henry Liveland. Sua super inteligência era bem aceita pelos de mais por isso, Henry muitas vezes funcionava como auxiliador e aconselhador dos Evoluídos.

– O garoto tem razão. Seu amigo deve ter descoberto sua habilidade recentemente e por não saber nem como controlá-la entrou em colapso. – Scott explica.

– Mas, isso é típico de mutantes mentais. - Afirma Joshua, ao ouvir o que Scott disse - Certamente se enquadra nos casos mentais.

– Exatamente, Jason deve ter descoberto seu dom mental... Telepatia, Clarevidência, Telecinese... Vai se saber. - Henry prossegue.

– Bem, ficar aqui apenas em especulações não vai fazer o Jay melhorar... Bem, eu volto daqui a pouco, quero mijar. - Crystal, se levanta da arquibancada e vai saindo.

– Crystal! - exatamente todos os presentes, exceto Barbara e Kiara, falam isso ao mesmo tempo.

A garota sai com um sorriso irônico, deixando seus amigos e conhecidos de Alkalia matutarem sozinhos sobre o que acontecera e acontecerá ao Jay. Então rodeou a piscina e passando pela academia fitou uma pessoa que certamente ela gostaria de espionar. Então aproveitando que ele estava de costas, ela foi adentrando e se escondeu atrás de um aparelho que tonificava as coxas e panturrilhas.

O rapaz estava sem camisa, apenas com um short que fica justo ao fazer os agachamentos, tinha um peito definido e o suor escorria por entre os gominhos de seu abdômen. Era na verdade o líder Liberato, Flint Gordon. Ela poderia ter ficado espionando-o ou se deleitando de vê-lo daquela forma, se não fosse pelo próprio que falou, sorrindo.

– Realmente precisa aperfeiçoar suas técnicas de camuflagem. - Ele cessa os exercícios se virando até ela.

– Ra rá, quem diria que existia senso de humor num cara como você. - Ela olha ele de cima a baixo com um certo olhar de desprezo.

Ele vai se aproximando dela e quando está há aproximadamente 2 passos de proximidade, fala em tom sedutor.

– Gosta do que vê? - Ele dá uma olhadela pelo seu corpo.

Ela faz o mesmo e lança a ele um olhar de pouco caso.

– Nossa é tudo de bom, já estou molhadinha... Oh... - E certamente ele entende o tom de ironia.

Um pouco irritado pelo modo como a garota lhe trata, Flint apanha o cabelo dela e puxando-o, força ela a encostar em seu corpo.

– Você deveria escolher pessoas melhores para oportunar. - e puxa um pouco mais o cabelo dela.

– Me larga seu bruto, imbecíl... - Ela começou a dar tapas no peito dele, porém não lhe ocorria nada. A energia de impacto dos tapas era absorvida, mesmo que fosse pequena e em pouca quantidade.

– Eu não estou para brincadeiras, garota.

– Isso não me assusta. - Crystal tocou no ombro esquerdo dele.

Já que ela não usou força bruta para tocá-lo, os dons de Flint não se ativaram, mostrando assim que no meio de toda essa barreira há um ponto fraco. Então ela aproveitou essa oportunidade e usou seu poder. Ele não suportou as dores que ela lhe causava, o toque de Crystal causava algo surreal nas pessoas. Da mesma forma que pode apenas causar uma grande enxaqueca, pode também, causar desmaios ou convulsões, no caso de Flint foi grandiosas dores musculares, como se seus músculos estivessem se rompendo. Era insuportável, interminável, indiscutivelmente doloroso. Ele se viu embalado pela dor. Uma dor que percorria cada milímetro de seu corpo.

Ele gritou, berrou e se contorceu, ficando de joelhos no chão, enquanto ela ainda permanecia com sua mão no ombro dele. Cansado de sofrer as malditas dores, ele se recordou que acabara de absorver um pouco de energia, os "tapinhas" que ela deu trouxe a ele um ganho de energia de impacto, mesmo que fosse pouco. Então sem alternativas o Liberato liberou aquela energia na forma de um impulso, o que empurrou ela para longe, exatamente há uns 3 metros de distância dele, quase batendo em um dos aparelhos da academia.

– Desgraçada! Você pode me arruinar! Se considere morta Crystal Lake. - Ele correu dali, se vendo, agora, sem qualquer energia.

Crystal vê ele sair um tanto vitoriosa, posteriormente olhando para suas mãos, ela fala.

– Então quer dizer que o meu toque pode acabar com ele. Sinto que alguém está na palma de minhas mãos, literalmente. - Ela sorri, vendo que ela poderá salvar seus amigos caso Flint tentasse algo.

O ataque do Liberato não havia lhe machucado muito, sua intenção verdadeira era realmente fazer com que ela não o tocasse mais. Bem, pelo menos Crystal deu a Flint o gostinho de uma derrota ou o gostinho do temor. Ela saiu dali confiante.

Scott lavava seu rosto no banheiro, realmente não gostava da ideia de não ser pálio para Flint Gordon, mesmo que odiasse admitir sua habilidade com o fogo era realmente inútil contra ele. Qualquer labareda ou fagulha era absorvida e se ele aumentasse a intensidade para uma esfera em chamas ou até mesmo um jato ardente de fogo, tudo seria facilmente absorvido e drenado e depois seria convertido em algum disparo de energia. O dom de Flint parecia ser perfeito.

Após sentir a água escorrer por seu rosto, ele acaricia seu queixo e acaba relembrando que também foi abatido por uma garota, Dianne. Era obrigado a admitir que a força dela era colossal, um simples gancho fez ele voar alto e cair em cima de uma das mesas. As imagens vão voando pela cabeça de Scott.

De repente ele ouve um ruído estranho, um barulho vindo de fora do banheiro, intrigando-o por inteiro. Decidido a investigar, ele cria uma chama em sua mão direita e vagarosamente se encaminha até a porta do banheiro, precisa garantir sua segurança, em Alkalia nada é previsível. Passo a passo, ele chega a porta e olhando para fora não enxerga ninguém, no entanto algo o toca pela nuca, neste instante ele se vira e aponta a chama para a pessoa que o tocara.

– Calma... Calma Scott, sou eu... Kiara. - Ela sorri a ele.

Scott abaixa a chama e assustado ou até mesmo incomodado com tal atitude reclama.

– Eu poderia ter queimado você. - E fechando a mão, Scott faz o fogo sumir.

– Eu sei disso, mas também sei que nunca me machucaria... - E sem delongas, ela pega no pescoço dele e o envolve num beijo.

Kiara Landers sempre foi apaixonada por Scott, desde quando o viu pela primeira vez. Ele era lindo, tinha um corpo atraente, olhos penetrantes, uma voz grossa e sedutora, um charme natural, mas algo a mais nele chamou a atenção dela, era solitário, seu olhar reprimido parecia clamar por amigos ou por um sentimento quente. Barbara nunca contará a Kiara o que Scott causou em seu passado, mas a vidente sempre falou que Scott era o único em Alkalia que merecia o perdão e a compaixão em todo o momento. Então, depois de ouvir isso Kiara decidiu se tornar amiga de Scott e não demorou muito para ela se apaixonar, entretanto Scott nunca teve cabeça para um relacionamento e sempre deixou claro para a Evoluída que não queria nada com ela e com ninguém.

Mas, tais palavras de Scott não continham o que ela sentia e não impediam ela de continuar tentando.

O beijo estava quente e Scott sentia um calor diferente por seu corpo, ele tinha duas opções, perante a tal beijo: Permitir que ele lhe invada e assim dar uma chance a Kiara ou cessá-lo por ali e como de costume se esquivar dela e de seus sentimentos. No entanto, ele não queria decidir entre uma delas tão cedo, queria aproveitar aquela boca grossa e ao mesmo tempo macia colada na sua, estava excitado. Em certo momento ele mordeu o lábio dela e cogitou parar por ali, precisava parar por ali, não era bom para ele e muito menos para ela continuar com aquilo, mas ele prosseguiu. Suas línguas se esbarram em meio ao ato e ela se viu motivada a passar suas mãos pelo corpo dele e assim o fez, a mão direita de Kiara começou a percorrer o abdômen de Scott por debaixo da camiseta. Assim ele pressionou-a contra a parede, seus corpos se encostaram e aquilo desencadeou uma explosão prazerosa.

Contudo, Scott notou que havia alguém a mais ali e isso foi o "basta". Era Dianne que mesmo sem saber o porque, fitou aquela cena um tanto incomodada.

Scott se afastou de Kiara e disse, voltando seus olhos para Dianne.

– Acho que aqui é o banheiro masculino... - Ele estava até ofegante.

– Sério? Parecia mais um puteiro. - Dianne saiu de trás da porta e respondeu fazendo biquinho, o que deixou Scott um tanto risonho por dentro, mas ele se conteve para saber o que ela queria, espionando-o.

– Olha queridinha, seja lá o que você achou que fosse, não é nada da sua conta. - Kiara cruzou os braços, fuzilando-a.

– A quanto tempo estava aí? - Scott perguntou, antes que Dianne retrucasse Kiara.

– Eu? Acabei de aparecer... Eu só estava... – Ela é interrompida por Scott.

– Estava me espionando? - Ele abriu um sorrisinho que poderia ter encantado Dianne, mas no entanto deixou ela irritada, como se ele estivesse insinuando algo.

– Ah... Me poupe, prefiro enfiar alfinetes nos meus olhos. - Ela gesticulou, o que fez ele rir mais.

– Do que está rindo? - Kiara questionou, sentindo que estava ficando avulsa na conversa.

– É! Do que está rindo? - Dianne concordou e indagou.

Scott, riu ainda mais e pensou consigo que necessitava agradecer a Crystal, pois ela abriu sua risada de novo. Para alguém que não ria de nada há algumas semanas, atualmente Scott está rindo a todo o momento.

Depois de conseguir conter o riso, ele olhou para uma e depois para a outra e não soube responder. O que irritou Dianne mais ainda, e fez com que Kiara quisesse sair dali e deixar de lado mais uma tentativa em vão.

– Estou caindo fora... - Kiara disse e foi saindo dali.

– Kiara, precisamos conversar... - Porém a tentativa de impedi-la foi frustrada, Scott então irou-se com Didi, afirmando - Ai viu o que fez, estragou a oportunidade de eu consertar as coisas com ela.

– Ah... Agora a culpa é minha? - Dianne continuava gesticulando.

– É sim e sabe disso. Cara o que deu em você? Não gostamos um do outro. Você mesma sempre deixou isso claro, mas fica me espionando. Você é ridícula. - Ao dizer isso ele passou por ela e trombou na mesma.

O que antes era risos, converteu-se a raiva, já que finalmente Scott poderia por um ponto final nas atitudes de Kiara e assim não estaria enganando ela ainda mais. Ele estava confuso também, mesmo que não quisesse ter algo com Kiara ou com qualquer uma, não podia negar que fazia um bom tempo que não beijava alguém e queria reviver tal emoção. Mas, está na hora de colocar as cartas na mesa e parar de iludir a garota.

Dianne realmente atrapalhou, estava irado com ela, no entanto, uma parte dele ou boa parte dele gostou da atitude dela. "Seria ciúmes?", ele pensou e riu.

Didi foi até o banheiro e estava irritadíssima com a atitude dele, contudo ficar espionando ele foi algo que surgiu em sua cabeça e ela não conteve isso. Queria ter certeza de que ele poderia estar envolvido com alguém, mas nem pergunte a ela o por que disso.

Já se faziam algumas horas que Jay estava lá, deitado naquela cama totalmente preso àquele quarto que só tornava suas aflições e temores piores. Ao pensar que estava mais próximo da saída de Alkalia, deixou ele tenso e isso só fez com que seus poderes se ativassem, então ele começou a ouvir os pensamentos dos médicos, oficiais, enfermeiros e até do pessoal da limpeza que circulavam pelo corredor. Pessoas que mantinham suas opiniões sobre a vida guardadas em sua mente, foram invadidas pelo paciente do quarto e elas nem faziam ideia disso. Alguns exigiam aumento salarial, outros queriam a morte dos Evoluídos, houve até aqueles que gostariam de um mundo pacífico entre Evoluídos e humanos normais.

Jason estava confuso sobre o funcionamento da telepatia, mas já estava se acostumando com as vozes em sua mente e isso não lhe causou muita dor.

O Dr. Garner havia saído há muito tempo para trazer o General Trevisk, mas ambos não apareceram no quarto isso só deixa Jason mais aflito, até que ambos rompem a porta do quarto.

– Então esse é o nosso grande detento 122. Ou em outras palavras, nosso último Evoluído capturado. - Trevisk comentou, enquanto entrava na sala com Garner.

– Eu serei um detento, por pouco tempo Trevisk... - Jason retrucou, enquanto se debatia.

– Então faça acontecer, fuja daqui... Saia junto com seus amigos e aquela maldita vidente. – O comandante sorri de maneira cínica.

Isso provoca o descontrole de Jason, que começa a se debater na cama tentando sair.

– Quer que eu aplique um sedativo nele, Comandante? - O Dr. questionou, se preparando para aplicar nele a injeção.

– Não, Garner. Só quero que deixe-me a sós com ele. - E dizendo isso, Garner saiu da sala, obediente.

Trevisk andou de um lado para o outro e nesse momento Jason resolveu sondar a mente dele. Então ele se concentrou e de primeiro momento conseguiu captar uma frase fragmentada: "Não é possível existirem 2... E se eles se confrontarem? Quais dons ele... Isso será perigoso, mas mortal aos outros... Vou lhe usar muito bem, Jason O' Briel". E nesse último pensamento, Jay notou que o General o olhou de uma maneira diferente. Então disfarçou e começou a se contorcer na cama novamente.

– Deveria parar de fazer isso, se não iremos colocá-lo para dormir e só irá acordar no Pátio de Entrada, junto a 121 detentos. - e dizendo isso apertou a amarra da mão direita, posteriormente a da mão esquerda.

– Por que às vezes acho que você me teme? - e joga um verde, para colher pensamentos maduros, telepaticamente.

– Temer você. Isso é uma piada? De todos lá, você é o que eu menos temo... Mal sabe controlar sua habilidade, seja lá qual for a que você despertou... - Há uma pausa ai, então Jason vê a oportunidade perfeita para usar a telepatia.

Ele consegue captar com um pouco de esforço a seguinte frase: "Espero que demore para descobrir sua habilidade verdadeira, seria perigoso contê-lo... Todos em um só".

– Você me teme por isso... Por não saber ao certo, o que eu sou capaz de fazer. Quem sabe eu seja uma bomba atômica dentro de Alkalia? Quem sabe eu possa remover o ar das pessoas? - Jason continua provocando, mesmo que soubesse que seu dom não era assim.

– Bem, iremos descobrir seu dom hoje, daqui alguns minutos...

"Pelo menos o dom que você pensa que tem". Sem querer, Jay consegue ouvir isso da mente diabólica de Trevisk, foi contra sua vontade, mas ajudou.

Entendendo ao pé da letra, isso queria dizer que talvez telepatia não seja tudo que Jason possui, talvez ele tenha mais algum poder que ainda não foi despertado. Mas isso era impossível! Poderia existir Evoluídos com 2 ou mais habilidades? Jason começou a ver um extrema complexidade em si mesmo, nunca tinha se achado tão complicado e anormal. "Paciente Zero", "Todos em um só", essas frases vagavam sua mente, decifrá-las seria uma tarefa difícil.

Seria ele um mutante poderoso, um mutante capaz de escapar dos bloqueios Alkalianos, seria ele o grande libertador? Ele precisava conversar com Barbara, só assim saberia ao certo como proceder, realmente ela era uma orientadora indescutível. Ele teria que confiar nela.

– Comandante! - um oficial entra no quarto.

– O que houve oficial, o que lhe faz me interromper? - Travisk olha para ele esperando que fosse breve.

– Abby Millestrong novamente ela conseguiu escapar e matou 1 DECOEs.

– Essa garota está dando trabalho de mais, será que ninguém consegue prendê-la! - Ele soca uma mesa irritado.

– Desculpe senhor, mas diferente das outras vezes não fazemos ideia de onde ela possa estar. - o oficial informa.

– Incompetentes! É isso! Eu trabalho com incompetentes! Sai daqui antes que eu te mate. - Travisk esbraveja, o oficial sem pensar duas vezes sai dali.

Jason ouve aquilo e sabe de quem se trata, eles sorri vendo que Abby ainda estava viva e pelo jeito bastante guerreira. Imagens começam a fluir em sua mente, suas memórias daquele dia permaneciam intactas.

“- Hey! Jason! Me espera... - Dianne berrou, enquanto tentava alcançar o amigo.

Era um sexta-feira, que era quase um sinônimo de desânimo na escola, logo que as aulas eram maçantes de mais. No entanto, no fundo os jovens estavam felizes, Ellen não havia causado nenhum estrago e o fim de semana havia chegado, finalmente.

A cidade estava agitava e instigada por causa de um assassinato que houve durante essa semana. A vítima? Um ladrão, que atuava nos shoppings e joalherias locais, mas isso não era o fato que deixava todos preocupados e com receio de sair durante a madrugada e, sim, o fato dele ter sido congelado e depois estilhaçado em milhares de cubículos de gelo. Todos tinham convicção de tratar-se de um Evoluído. Haviam patrulhas de DECOEs circulando pelos bairros e cartazes foram pregados em muros, estabelecimentos, postes e até em hospitais, alertando que um bandido havia sido assassinado por um mutante criocinético, ou, em outras palavras, podia criar gelo e congelar objetos e pessoas. A cidade estava aterrorizada.

Jason parou e aguardou Didi, estavam atrevessando uma rua menos movimentada do que o normal e em um poste Jason observou um dos cartazes.

– Nossa como esse lance do crioc... Crioci... - Ela se confudiu com o termo usado, para o Evoluído.

– Criocinético? - Jason questionou e a corrigiu ao mesmo tempo.

– Isso aí. Criocinético. - Dianne afirmou a si mesma - Você viu como parou a cidade? Imagina se... - Ela ficou quieta, esperando que ele percebesse o fim da frase.

Jason começou a andar sendo seguido por ela. Realmente Dianne nem precisou terminar a frase para Jay entender o que ela queria dizer.

Se a descoberta de um caso Evoluído havia alertado a cidade toda e havia trazido DECOEs para cá, imagine se eles descobrissem sobre Rapha e seus tremores, Ellen destruindo tudo, Crystal e seu toque de dor ou ela mesma e sua força extraordinária. O que iria acontecer com eles? Testes e mais testes? Experiências Ilegais? Iriam matá-los? Ou, seriam presos como a televisão dizia?

– Você tem razão. Se descobrirem sobre vocês a cidade vai virar um caos. - Jason completa o pensamento dela.

– Não economize... Seria um mega hiper caos. - Ela sorri, mesmo que fosse alarmante.

Jason também dá risada, mas mantinha-se apreensivo, seus amigos corriam risco de vida.

O silêncio tomou conta da conversa durante uma quadra. Contudo, ao dobrar a esquina para uma rua menos movimentada, Dianne se viu obrigada a falar. Ao fundo via-se sua casa e tal proximidade com sua moradia fez com que a garota tivesse motivação a contar o que não aguentava mais esconder.

– Jason, eu preciso te contar algo. - E dizendo isso, Dianne parou de caminhar.

Jason também cessou seus passos, realmente não gostava quando Dianne tinha que contar algo, por que ela não conseguia sustentar notícias fortes, principalmente de seus amigos. Então, ele já se preparou para uma "bomba", ela estava tensa e isso só aumentava os indícios de que ele não ia gostar do que ia ouvir.

– Hoje, Loga, Ellen, Crystal e eu falávamos de você.

– De min? - questionou surpreso.

– Sim! Falávamos da maneira que você está sempre nos salvando mesmo sendo um humano normal.

Tais palavras doeram em Jay, quando Dianne inicia uma conversa dessa forma só podia se esperar algo trágico.

– Você sabe, que eu sempre tomo a atitude de contar as coisas... - Dianne tentou começar de uma maneira apaziguadora.

Isso foi a pior parte da conversa, pois ele conseguiu prever o fim dela.

– Então, somos eternamente gratos pelo que faz por nós, está sempre nos salvando, nos ajudando. É nosso melhor amigo... - Ela dá uma pausa para eufeminizar o fim da frase, mas é interrompida.

– E eu sempre farei isso por vocês, mesmo que seja arriscado. - Ele sorri, esperando que ela mude a conversa.

– Esse é o ponto! - Dianne dá uma longa e ao mesmo tempo agonizante suspirada - Queremos que se afaste de nós. - Ela solta de uma vez, não conseguindo conter.

Dianne não suporta olhar para a face dele e sai em disparada. Sempre soube que um dia essa decisão seria tomada, então não quis adiar mais. Já era arriscado a Jason os proteger dos alunos e quem dirá da cidade inteira e oficiais DECOE.

Jason não conseguiu responder nada, aquela frase era dolorosa de mais para ele, mesmo que no lugar deles iria fazer a mesma coisa. No entanto, a dor era tremenda, seus amigos pedindo um distanciamento. Uma junção de emoções se formou e ele ficou ali, parado, refletindo se deveria seguir o que Didi disse ou não. Então, no instante que ia dar uma última olhada na amiga, algo chamou-lhe a atenção, uma garota era perseguida por um oficial.

Instintivamente Jason se viu perseguindo os 2. A garota saltou um muro, seguida pelo DECOE e um tempo depois Jason fez o mesmo.

– Parada Evoluída... Ou melhor, assassina... - o DECOE berrou, apontando uma arma para ela.

A garota cessou a corrida e se voltando para o policial, ergueu as mãos de cabeça baixa, estava com um gorro que escondia um pouco o seu rosto, mas Jason encontrou familiaridade nela.

Observando o oficial e a garota, Jay se escondeu atrás de umas latas de lixo e realmente não sabia se ajudava a Evoluída ou deixava ela ser apreendida, já que ela era uma assassina.

– Sugiro que fique parada, para que eu possa injetar uma dose de LCC em você. - Ele foi se aproximando lentamente e receosamente.

A jovem mantinha sua cabeça baixa e dessa forma, notou uma tampa de lixo que talvez serviria de arma para a fuga. Jason também encontrou uma arma, caso resolvesse ajudá-la, ele encontrou um pedaço de madeira que estava em cima do entulho. Já o DECOE, continuava a se aproximar.

– Fique parada! - e nesse momento, acabou recebendo uma pancada na cara.

A garota havia pegado a tampa e acertado ele, então velozmente buscou a fuga, contudo não adiantou em nada. O policial se recuperou depressa e correndo atrás dela, agarrou-a por trás e apertou-a para que não se mexesse ou escapasse.

– Ah sua vadia! Eu vou injetar LCC em você e te possuir aqui mesmo... - Ele apertava ela com bastante força, utilizando apenas o braço direito, o esquerdo buscava em seu bolso uma seringa de LCC.

– Me larga desgraçado! - Ela berrou se contorcendo, buscando liberdade.

A garota sacudia-se de forma desenfreada e isso fez com que seu gorro viesse ao chão, seus cabelos loiros balançavam ao redor de sua cabeça e do policial. Então, quando policial viu a oportunidade perfeita de injetar LCC nela e deixá-la sem poderes, algo atingiu suas costas e posteriormente ouviu-se o estalo do partimento da madeira. Jason, havia tomado uma atitude, quis salvar a garota de ser estuprada e assim impedir algo que ele abominava.

O policial libertou a garota, no entanto era muito resistente e robusto e após dar um urro de dor, girou seu braço e converteu um murro em Jay, que caiu no chão desorientado.

– Vai me pagarrr... - Ele mal conseguiu terminar a frase, pois recebeu o silêncio da morte.

Com apenas um toque a garota fez o oficial se converter a gelo. Jason fitou cada processo de transformação, a mudança na coloração dos olhos, a pele ficando azul e depois se revestindo por uma camada espessa de gelo e por fim as roupas se solidificando... Uma morte grotesca, uma morte glacial. Como o corpo do DECOE estava em movimento quando foi congelado, pôde-se notar que ele paralisava-se a medida que o gelo ia se propagando pelo organismo. O que antes era pele, ossos e músculos, agora era gelo. Posteriormente, a Evoluída puxou o corpo para trás e isso desencadeou o estilhaçamento do corpo, já que ao se chocar no chão o gelo partiu-se em milhares de cubículos congelados, alguns deles continham sangue ou até pedaços de pele e órgãos, a cena era deplorável.

Jason deu até uma afastada, quando viu os cubículos se alastrando pelo chão, não era nojo e assim um certo medo da Evoluída. Ela se virou, já que ele a reconheceria, estava sem gorro.

– Hey! Revele quem você é? - Ele ainda fitava o que antes era um oficial da DECOE.

– Já me conhece Jason... - Ela ainda permanecia de costas. Seu cabelo castanho claro encobria seus ombros, tinha uma corpo bonito e Jason notava mais familiaridade.

– Vire-se! Você me deve isso... - Ele dá um berro.

A garota colocou a mão no peito e devagar foi virando, Jason gradualmente foi percebendo de quem se tratara e no fim levou um grande susto, dizendo.

– Abby?! - Ele agora reconhecia ela, era a namorada de Logan.

Uma lágrima rolava pelo rosto da garota, estava pensando em Logan, em seu futuro, ou, em como fugir de Salvation. Mesmo que amasse sua cidade, seu namorado e seus amigos, agora era forçada a sumir do mapa, logo que havia assassinado 2 homens e agora era foragida da DECOE.

– Abby Millerstrong, eu não acredito... Como? Logan sabe disso? - Jason questionou a ela, ainda tentando digerir tal fato.

– Não, ele não sabe de nada.... E nem ficará sabendo. - Ela desesperada agachou-se e pegou nas mãos de Jay, dizendo - Precisa me prometer que nunca falará nada ao Logan.

Jason estava com um certo temor de tocar nela, certamente não queria ter o mesmo destino do policial que foi dividido em milhares de cubículos de gelo.

– Mas é claro que eu vou falar ao Log... A namorada dele é uma Evoluída, uma assassina... - Ele puxou sua mão com medo.

– Olha Jason, eu não queria fazer o que fiz, é tudo muito novo... Você nunca vai entender o que é acordar, ir escovar os dentes e de repente congelar a pia. Ou estilhaçar 2 pessoas... É tudo muito confuso para mim, então imagine a você. Mas vivemos num mundo novo e nesse mundo pessoas como eu sofrem e morrem, então eu preciso que você me ajude.

No fundo Jason sabia exatamente o que ela estava falando e sim, queria ajudá-la, mas ele estava sem reação, o que já era de se esperar. Conhecia Abby desde a infância, ela e a irmã Alexia eram praticamente suas vizinhas, ele até já se apaixonou por ela, mas quando Logan ingressou um namoro com a mesma, ele desistiu. Abby nunca representou perigo, pelo contrário, era meiga e doce. Ele precisava tomar uma decisão... E depressa, pois nesse instante ele começou a ouvir uma viatura da DECOE se aproximando.

– Jason, me responda? - Ela olhava ele chorando, enquanto ouvia a viatura.

Então Jason, lembrou-se de Didi e sua tomada repentina de decisão, mesmo que viesse se arrepender depois ele precisava fazer como a amiga, decidir-se e aguardar as consequências.

– Fuja Abby, pode confiar em mim, manterei segredo sobre você, seu poder, seus assassinatos... - Ele assentiu para o beco, como se dissesse para ela começar a correr.

– Obrigada, Jason, eu gostaria de continuar falando com você e me explicar, mas eu não posso... – Abby começou a correr - Adeus Jason... Fale a Logan que eu o amo. - Ela chorava, enquanto aumentava as pernadas.

– Abby! - A garota cessou a corrida e olhou para ele - Se cuida! - Ele disse e acenou.

A garota limpou as lágrimas e sorriu, então sumiu dali... Jason se lembra que depois disso nunca mais ouviu falar dela. A família Millerstrong ficou aos pedaços, Abby era muito querida entre os seus e quando noticiaram o seu desaparecimento a tristeza tomou conta de muitas pessoas, Logan foi uma delas, ele ficou abaladíssimo, tanto que Crystal até fez uma de suas citações: "Existem 2 Logans, o antes do sumiço e o Logan depois do sumiço". Logan nunca foi o mesmo, sem a presença de Abby.”

– Hey, O' Briel... Está em um de seus devaneios, ou, se lembrando da forma que tirou Abby de mim. Aquela mutante vem realizando uma chacina DECOE... 2 mortos, em Oklahoma, 4, no Kansas, 8 em Kentucky e agora 4 no Tenessee. – O comandante olha para ele, vendo que está de volta.

– Eu espero que ela mate, mais e mais. Pois é isso que vocês merecem, morte.

– Calado. - Trevisk irritou-se dando um murro no detento.

Jason buscava se acalmar, enquanto via sangue escorrer pelos seus lábios... O General se afastou, realmente Abby estava fazendo um grande estrago, Jason temeu por suas atitudes e se ela fosse capturada? Ela seria morta? Torturariam ela? Ou arrancariam de vez os seus poderes? E era visível em Trevisk que o ódio pela ex-namorada de Logan estava grande e isso traria consequências devastadoras para a garota.

Trevisk fuzilou Jay, isso desencadeou um duelo de olhares, já que Jay também focou seus olhos nos dele.

– General, saia dessa sala rapidamente... - Garner, disse abrindo a porta de maneira brusca.

– O que aconteceu, Edward? - Trevisk questionou surpreso.

– O detento 122, possui a habilidade da Telapatia e isso é muito perigoso. - Garner informou, pegando uma injeção de tranquilizante.

Trevisk entendeu o comunicado e foi saindo dali, já que não queria que o mutante sondasse sua mente, no entanto antes de sumir da sala, ele deu uma última olhada fuzilante em Jason e disse.

– Eu te mataria se não fosse tão precioso. - Ele sorriu cinicamente, saindo dali.

Jason não conseguiu responder o comentário, sentiu-se leve, numa grande e forte lentidão mental, era o sedativo fluindo por suas veias e assim causando seu apagão.

Logan estava sentado na arquibancada do Grande Pátio, estava pensativo, solitário e para se distrair, fazia faíscas chicotearem por suas mãos. Seu pensamentos vagavam e passavam dos grandes muros de Alkalia, ele realmente sonhava com a liberdade, com a fuga, com uma vida nova fora desta prisão. Gostaria de viver num mundo justo, onde não haveriam preconceitos e todos os Evoluídos fossem considerados como um igual daqueles que se dizem "normais", mesmo que Logan não conseguisse ver normalidade em pessoas que matam, estupram, roubam, chacinam, propiciam guerras e se divertem com elas. O mundo nunca foi normal, com Evoluídos ou sem, isso era um fato que ninguém podia contestar.

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e velozmente ele limpou-a, então depois ele colocou uma mão ao lado da outra e começou a fazer correntes elétricas entre elas. Via-se o choque percorrendo suas mãos e a intensidade dele ia aumentando, conforme sua raiva. Logan sempre achou que guardar raiva só ia piorar as coisas e descobriu que fazer essa fortes correntes elétricas por suas mãos, ajudava a liberar a raiva interna. Era algo dele.

Um borrão passou por ele e sentou-se ao seu lado, produzindo uma rajada de vento, isso fez Logan parar com o choque.

– Oi Karen... - Ele disse, notando ser ela.

– Será que nunca conseguirei ser discreta? - Ela olhou para ele rindo.

Logan gostaria de rir para ela, mas sua tristeza e raiva impediram e seria pior para ela receber um sorriso forçado.

– O que houve? Você parece desconfortável... Ainda é o lance de liberdade e fuga? - e encarou ele.

Ele apenas responde com a cabeça que, sim.

– Quer ficar sozinho? - ela indagou.

Ele não respondeu nada, apenas abaixou a cabeça. Karen esperou pela resposta, mas sem recebê-la começou a sair dali.

– Karen, espere... Me desculpa, ainda preciso saber lidar com isso.

– Está tudo bem. - Ela sorriu voltando a sentar do lado dele.

– É que são tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo... E agora o Jay lá, sem nenhum amigo, sem proteção... - Ele olhou para ela.

– Hey, calma... Ele vai ficar bem. -Ela pegou na mão de Logan.

– Como pode ter tanta certeza? - Ele penetra os olhos dela.

Karen tenta disfarçar a leveza que aqueles olhos magníficos lhe causam, mas é difícil se manter firme. A vontade de colar sua boca na dele, crescia a cada segundo, mas não era a hora certa ainda.

– Talvez eu não tenha tanta certeza assim, mas sabe o que realmente tenho convicção? - Ela indagou a ele, abrindo um risinho.

– Não, me fale?

– Que você precisa disso... – A garota abraçou ele firmemente.

Logan sentiu uma sensação confortadora ao sentir os braços dela em volta de seu corpo, então retribui o abraço encostando sua cabeça no ombro dela. Karen estava ofegante, estava praticamente se rendendo aquele jovem, se surpreendia com o efeito que ele lhe causava, era tudo novo. O abraço dele era quente, ele era quente, apesar da tristeza sua pele emanava um calor natural.

Karen acariciou as costas dele com suas mãos e isso fez com que Logan sentisse uma estática que nem sua eletricidade poderia reproduzir, era diferente, era uma estática que flui de dentro para fora e de fora para dentro, ao mesmo tempo. Ele não sabia como explicar, ela também não, mas nenhum deles queria cessar com ela.

Henry acabara de tomar seu banho e já ia para seu quarto dormir, apesar de ainda estar no horário da janta e todos estarem no Refeitório. Como de costume o Pátio de Entrada mantinha suas luzes apagadas, era um local propício para ocorrerem os fatos sombrios de Alkalia. Quando o garoto estava no meio do pátio, ele escutou um barulho anormal e olhando para várias direções diferentes procurava saber quem era, ou, o que era.

– Tem alguém por aí? - indagou um tanto assustado.

Então Henry ouviu ruídos que se pareciam com passos, como se houvesse alguém atrás dele vindo em sua direção. Por alguns segundos o garoto permaneceu parado, apenas escutando a proximidade dos passos. A intensidade sonora dos passos foi ficando cada vez mais alta e próxima e isso encorajou o menino a correr em disparada para os Dormitórios, tal ato principiou uma perseguição.

Enquanto corria, Henry, podia ver claramente a sombra de seu opressor lhe perseguindo, o medo parecia estimular suas pernas que corriam de forma avançada. Lidar com o medo é algo bastante delicado quando se trata de uma criança, mesmo que Henry tivesse total inteligência nesse momento ele precisava de força bruta para se defender ou de velocidade para conseguir escapar de seu perseguidor. O medo deixou o garoto tão desesperado que ele nem teve coragem de olhar para trás, quando viu o número 30 em uma das portas, abriu-a rapidamente e entrou. Ao entrar fechou ela e tentou contê-la.

– Vai embora! Me deixe em paz! - o garoto berrou para o indivíduo que agora começava a bater na porta.

Henry forçava a porta, no entanto apesar do medo conseguiu captar algo. O desconhecido não estava usando força bruta, parecia que apenas queria causar um susto no garoto, como se suas intenções não fossem feri-lo ainda. Dava verdadeiramente para se notar que ele somente batia na porta, não forçava para arrombá-la.

E quando Henry já estava desistindo de pressionar a porta, o desconhecido parou de forçar e o menino notou que a sombra que via-se pelo vão da porta, havia sumido. O opressor foi embora. Henry se aliviou e caiu no chão, escorando suas costas na porta, apavorado. Certamente o ser, só queria assustá-lo de fato e teria conseguido se não fosse pela astúcia do menino.

Um tempo depois, alguém bate incessantemente na porta. Henry já se levanta e busca defendê-la de, seja lá quem for. Entretanto o gênio nota que as batidas são diferentes, as do indivíduo eram ritmadas, apenas para causar pânico, essas eram desenfreadas, como se alguém do quarto estivesse batendo para entrar.

– Noah é você? - Henry perguntou.

– Lógico que sou eu, quem mais seria... Abra isso Liveland. - e ao ouvir isso, Henry abriu e temeroso se jogou na cama.

Sua cabeça martelava no que havia acontecido. Alkalia era um lugar sem vida, mas na visão de Henry nunca foi um local que representasse medo ou pavor, sempre eram as mesmas pessoas, os mesmos assuntos, as mesmas personalidades. Não havia o que temer.

Não iria contar a Noah, nem a qualquer um. Manter isso prá si poderia ser um pouco mais dolorido, mas também não geraria pânico e especulações. Uma coisa que Henry não vai querer mesmo, é pânico em Alkalia.

Henry estava inquieto e infelizmente não conseguiu dormir, ao contrário de seu colega de quarto. "Quem poderia ser? O que queria me assustando? Isso vai se repetir?", pensamentos voavam na mente do pequeno gênio, mas ele estava certo de algo, iria descobrir tudo.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Favoritos? #FaçamOsAutoresFelizes!

Até domingo que vem :*



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