Deuses: Anabella Pizzato escrita por Hari Zang Elf


Capítulo 2
Capítulo 2 - Prólogo: O estranho é que algo mudou...


Notas iniciais do capítulo

E agora sai o segundo... Espero que estejam gostando!



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'Boa sorte?' Anabella se virou por um instante ao ouvir as palavras, mas a brecha já havia sumido. Sem opções ela continuou andando indefinidamente até cansar.

— Acho que não tem problema se eu descansar um pouquinho... — Ela murmurou se sentando e fechando os olhos. Suas pálpebras estavam pesadas e seu corpo leve. Já fazia muito tempo que ela não se sentia assim. — Só um pouquinho...

*

— É culpa minha! — Dizia Gian para o homem alto ao lado dele, vestido com uma jaqueta preta e calça marrom de couro, lhe servindo um copo de água na sala de espera do hospital, enquanto olhava para o livro na sua mão. — Tudo por causa de um livro estúpido!

— Ora, vamos! Não diga isso! — O homem gesticula agitado, sem saber como lidar com o rapaz. — Eles estão cuidando de nossa allegra ragazza!

— Você é o único que a chama assim, por acaso está a fim dela? — Comenta irritado, olhando para ele. — Minha irmã não é uma de suas seguace, seu tolo!

— Epa! Gian! Ícaro! Não é hora para brigarem! — O rapaz que entrava na sala, usando uma camiseta pólo e calça preta, ao vê-los se encarando logo se envolve. ‘Quando o clima fica assim não demora muito para os dois brigarem por qualquer coisa... ’

— Zanchi, o que foi que a médica disse? — Gian agarra a gola do rapaz, sua voz saindo gutural, o sotaque aparecendo mais forte que antes, o garoto se encolhe assustado. Percebendo ele o solta, respirando fundo. — Scusate.

— Ela disse que vocês a trouxeram a tempo, mas...

— O que aconteceu? — Nesse instante um homem musculoso, com cerca de 40 anos, os cabelos escuros, o queixo forte, o nariz pontudo, um sotaque italiano pronunciado e um rosto extremamente preocupado aparece na enfermaria correndo na direção deles. Tinha acabado de sair do trabalho e a roupa estava toda cheia de tinta e pó.

— Pai, é tudo culpa minha! A Anabella me seguiu querendo ficar com o livro e acabou caindo nas escadas. — Gian relata em italiano, a voz saindo trêmula. — Quando ouvi o barulho eu voltei, mas ela tinha batido a cabeça e não acordava de jeito nenhum, ela...

— Está tudo bem. Tudo bem. — O pai dizia com uma voz firme, tentando acalmá-lo, se dirigindo aos outros garotos. — E o que fazem aqui?

— Senhor Marco, estávamos esperando por ele do lado de fora quando tudo aconteceu. Eu a trouxe. — Responde Ícaro sem enrolações, aquele era um cara que ele não queria irritar.

— Com licença. — Uma mulher de avental branco e roupa de hospital se aproximou deles, os cabelos castanhos estavam amarrados firmemente em um coque. Ela sorria de maneira profissional, mas seu olhar era mais frio que o metal da prancheta que carregava — Você é o responsável?

— Sim, sou eu. — Responde Marco em português, preocupado, observando a mulher jovem com suspeita. ‘Muito nova para ser boa médica. ’

— Um momento, por favor. — Ela diz se dirigindo para uma sala. Ele a segue, deixando os meninos na sala de espera.

— Diga. — Ele fala fechando a porta, estranhando tudo aquilo. Além dele próprio, a médica, o filho e os amigos ele não viu mais ninguém naquele hospital desde que chegou. ‘Isso parece com aquela vez... ’ Só de pensar naquilo um arrepio passava pela sua espinha.

— Você se lembra, não é? — Pergunta a mulher com uma voz suave, o fazendo ficar ainda mais irritado. Ao ver aquilo ela sorriu. — Então posso pular as preliminares. A hora terá que ser agora.

— Eu pensei que teria mais um ano! — Marco levanta a voz, passando os dedos nos cabelos grossos, cada vez mais agitado. — Eu nunca contei a eles!

— Se não fizermos ela morre. E o seu filho vai ir em seguida, é o que você quer? — A doutora falava em um tom macio, mas sério. Marco começou a andar em círculos pela sala, mas parou e sentou no banco, resignado. — Imaginava.

— O que vai acontecer em seguida? — Ele perguntou ao vê-la se levantar e se dirigir para a porta, com os olhos esperando por alguma esperança.

— Bem... Isso vai depender de quanto ela cresceu... — Responde a doutora, fechando a porta silenciosamente.

*

— Meus bebês! Meus bebês... — A mulher no saguão chorava, tentando se levantar da maca e seguir as outras duas que se dirigiam na direção oposta, cobertas com um pano. Era bonita, de cabelos castanhos claros quase loiros; olhos verde vivo, o terno bagunçado, seu braço em uma tipóia, sua cabeça sangrava.

— Mamãe... — Ana se assustou, observando a cena do corredor, lembrava de ter adormecido. ‘Será que estava sonhando?´. Pelo menos parecia que ninguém conseguia vê-la. Não se lembrava daquele acontecimento, mas sabia que quando tinha 5 anos ela, Gino e a mãe tinham sofrido um acidente quando iam a escola. ‘Talvez uma lembrança?´

— Querida... Você precisa se tratar, o médico vai cuidar deles, ele vai... — Marco acabara de chegar à sala, desta vez com o uniforme limpo, ajudando os dois enfermeiros a segurar ela.

— Não se preocupe, faremos o que for possível. — Um homem se aproximou dela, vestido de branco, os cabelos pretos levemente compridos e assentados, como se tivesse passado gel, e lhe dando um sorriso reconfortante.

— Você... — O rosto da mãe de Ana ficou branco como papel, saltando da maca e tentando enforcar o homem na frente dela.

— Querida?! — Marco a puxa com mais força, fazendo-a soltar o homem. — Elea! Pare com isso, por favor!

— Ela teve uma concussão! Está delirando! Levem-na para fazer o EEG e a ressonância! — O homem ordenou e os enfermeiros levaram-na embora com a ajuda de Marco.

— O que houve? — Uma garota falando em um sotaque estranho se aproximou dele, ela era loira e pequena, quase do tamanho de uma criança, os olhos castanhos parecendo dourados, os cabelos longos e ondulados arrastando no chão, a roupa branca e profissional de uma médica.

— Ela me reconheceu. — O moreno começou a andar ao lado da pequena enquanto arrumava sua gravata. — O que faremos agora chefa?

‘Ela é adulta?’ Anabella pensava em choque, medindo sua altura com a dela, vendo que ela só alcançava até os seus seios, e ela nem era alta! Sem perceber acabara seguindo os dois até uma sala de cirurgia, de acordo com a placa.

— Sem problema. Temos trabalho! — A garota entra na sala, olhando para os dois corpos de crianças, completamente esmagados e despedaçados, em cima das mesas de cirurgia e conectados como podiam a vários aparelhos interligados.

*

— Ohh! — Ana se levanta da cama como pode, sem conseguir se mover muito, apenas virando a cabeça para um lado e vomitando. — Maldito pesadelo!

— Ana! Você acordou! Você acordou! — Gian se levanta da poltrona onde cochilara ao ouvir sua voz, mas hesitando ao se aproximar da cama. — Só poderia ter sido menos nojento, né?

— Cale a boca! — Ela se recostou novamente, a cabeça girando com o movimento brusco. — O que aconteceu? Parece que acertaram a minha cabeça com um martelo!

— Não exatamente... Foi você que caiu de cabeça!

— O quê?

— Eu sempre falei para você tomar cuidado com quedas! — Marco entra na sala acompanhado da médica de cabelos castanhos que começa a examiná-la. — Eu te disse que você já quebrou a cabeça uma vez...

— No acidente de carro. — Ao completar o sermão que ele dava desde que se lembrava ela se lembrou do sonho, ficando enjoada de novo e tampando a boca.

— Eu vi o estrago. — A médica aponta para o recém vômito dela sem se preocupar muito. — É resultado da pancada e da cirurgia. A memória, os reflexos, a fala e a coordenação estão boas. Vai precisar de mais exames, mas por enquanto, vou chamar a enfermeira para cuidar de você.

— Você é a primeira pessoa que eu conheço que quebra a cabeça duas vezes e ainda continua bem. — Gian olha para ela com uma cara esquisita, oferecendo um copo de água, enquanto a médica sussurra algo para o pai deles e sai.

— Tem algo de errado comigo? — Ana pergunta de uma vez, vendo o rosto do pai ainda mais preocupado. Sabia que era quase impossível ter um traumatismo craniano e só ficar com enjôo. A garota então respira fundo, dando o melhor sorriso que conseguiu, ficando com uma cara estranha com o inchaço e os curativos — Não se preocupe, eu aguento, o que aconteceu?

— Bem... — O pai começou, bagunçando os cabelos enquanto tentava pensar em como dizer aquilo. Sendo interrompidos por um barulho na porta.

Abbiamo problemi.

‘Problemas?’ Ana fica paralisada enquanto vê Ícaro invadindo o quarto dela carregando uma pistola nas mãos. Nesse instante sente um frio na espinha, tendo a impressão de que tinha visto um véu branco passar por eles. Mas a impressão se tornou certeza ao ver o pai desaparecendo como fantasma.

— Papai? Papai! — Assustada ela tenta agarrar a mão do pai, mas ele desaparece completamente antes que consiga. Ana então agarra a camisa do irmão, com medo de que ele desapareça também.

— Vai ficar tudo bem... Eu vou te proteger. — Gian a abraça sem jeito e lhe dá um sorriso amarelo. — Eu prometi para a mamãe, não foi?

Clap. Clap. Clap. O som ecoava do corredor e se aproximava. Parecia que alguém estava batendo palmas. Um homem alto, de terno preto, camisa branca, gravata e chapéu roxos entra no quarto seguido do forte cheiro do charuto que fumava, arrastando Zanchi e depois jogando-o em cima de Ícaro, fazendo-os atravessar a parede.

Auguri principessa! — O homem diz retirando o chapéu, mostrando os fartos cabelos castanho escuro, fazendo uma mesura.

— Pa... Parabéns... Pelo quê? — Ana estava assustada, mas curiosa também, se arrependendo logo em seguida ao ver o sorriso cruel dele.

— Eles não te contaram?

— Não escute ele! — Gian pula em cima dele com a adaga, mas ele desvia pegando o pulso do garoto e torcendo-o para as suas costas. Ana tenta se levantar, percebendo com horror o que não lhe disseram. Suas pernas não se moviam. Não importava o quanto tentasse, não se moviam.

— Ela é da família, sabia? — Gian lhe responde com uma cotovelada no estômago, fazendo com que ele afrouxasse o aperto, soltando-se, desferindo um chute em seu rosto, sem movê-lo um centímetro.

— Você ainda tem muito que aprender pequeno príncipe... — O homem suspira enquanto agarra a perna dele e a afasta lentamente de seu rosto intacto, recebendo um soco, mas diferente da última vez ele não afrouxa, agarrando o braço de Gian e fazendo-o dar uma pirueta no ar e cair na cama de Anabella.

— É hora de irmos princesinha... — Ele se aproximava lentamente, o sorriso cruel aumentando cada vez mais.

— Não!!! — Nesse instante os olhos de Ana brilham e uma enorme lança de pedra aparece no ar, perfurando o cara no estômago.

O silêncio reina no ar por vários minutos, sendo interrompido por um gemido de Gian, que a faz dar um berro.

Tutto bene?— Ela pergunta hesitante, pensando se ele estava mesmo consciente.

Si. — Ele se levanta, quase caindo na cama novamente de susto ao ver o homem de antes fincado na parede com uma lança. — O que houve aqui?

— Eu não sei, ela apareceu de repente e... — A frase é interrompida por um movimento do homem. ‘Ele não pode estar vivo, pode?´

— Me desculpe ainda não me apresentei certo? — Ele agarra a lança e ela desaparece, o ferimento começa a sangrar, mas logo para e no lugar onde havia sido perfurado é possível ver apenas o buraco da roupa outrora impecável. Um enorme sorriso gélido enquanto o sangue corria pelos lábios, os olhos brilhando como os de Ana antes — Meu nome é Nicola Pizzato.


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Notas finais do capítulo

Allegra ragazza - Garota alegre.
Seguace - Seguidor/a
Scusate - Desculpe.
Abbiamo problemi - Temos problemas
Auguri principessa - Parabéns princesa
Tutto bene - Tudo bem

E então? A fantasia não é tão doce, né?
Provavelmente meus capítulos serão meio longos nessa série, por isso posso demorar um pouco para postar de vez em quando... Por isso não vou marcar prazos, embora tentarei postar pelo menos um por mês!
Feliz natal e próspero ano novo para todos!



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