Deuses: Anabella Pizzato escrita por Hari Zang Elf


Capítulo 1
Capítulo 1 - Prólogo: Era uma vez... e é comigo?


Notas iniciais do capítulo

Os textos entre ´´ representam pensamentos. O * é utilizado para o espaço duplo. Espero que apreciem o texto!



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— Que delícia! — Exclamava a garota sentada na frente do espelho e com um livro no colo, se deliciando com o pedaço de torta que havia comprado para se aliviar do estresse do dia.

Já era quase de noite e a menina usava uma calça larga e uma camiseta, ambos brancos. Seus cabelos negros levemente curtos estavam presos por uma tiara, seus olhos igualmente pretos por trás da lente do óculos estreito que se apoiava bem no nariz longo e pontudo, liam o texto do livro com rapidez, intercalando com bocadas do doce. Ela tinha uma aparência agradável para os seus 15 anos, e igual a muitas garotas da sua idade estava aproveitando o final das férias de verão fazendo o que adorava.

— Hey, Ana! Você viu o meu livro? — A voz grave a assustou, quase deixando cair a colherada de torta que comia.

— Seu livro?

— Sim, aquele que conta a estória de um dragão que procura um salvador para a sua raça... — O rapaz de 16 anos entrava no quarto, vestindo uma jaqueta preta e calça jeans, visivelmente irritado, bagunçando os cabelos igualmente pretos, os olhos azuis escuros fixos no livro nas mãos de Anabella. — Sua danada!

— Não! Não! Deixa eu terminar! Está na melhor parte! — Ela grita segurando firmemente o livro e se levantando, não o deixando levá-lo. — Ele está lutando contra o cavaleiro cruel que matou o humano que se tornou amigo dele! Quero saber como a luta vai acabar!

— Não! — O irmão grita, arrastando-a para a escada.

— Quero saber se o dragão vai conseguir salvá-lo!

— Não! — Ele repete. ‘Ela parece uma criança! Quem diz que é só um ano mais nova!´

— Por favor, Gian! Eu te dou uma fatia de torta! — Ela implora de joelhos, o fazendo parar, em parte pela "humilhação" dela e em parte pela palavra mágica "torta".

— Torta do quê? — Pergunta Gian com um sorriso torto, meio hesitante por estar caindo na tentação. ‘Acho que eu também sou crianção, não?’ Se recriminava enquanto olhava para Ana dando um sorriso satisfeito.

— Torta de amora com muuuiiiittoooooooooooo chantilly!

— Ah... Não posso! — Grita Gian batendo o pé em um esforço hercúleo para não cair na tentação, se virando para ir embora.

— Te dou o resto da torta inteira! — Ana continuava implorando, fazendo com que ele parasse. Anabella adorava ler desde pequena. Adorava estórias de aventuras e de magias. Adorava o encantamento e a atmosfera dos livros. ‘Tanto que se pudesse eu gostaria de fazer parte de uma’, pensava enquanto esperava pela resposta do irmão, que só levou alguns segundos, o que pareceu ser um século.

— Não!

— Por quê? Esp... — Anabella começou a dizer indo atrás do irmão que já havia descido as escadas, mas tropeçou.

E tudo que viu em seguida foi uma escuridão profunda.

*

— Onde estou? — Anabella pensava observando o local completamente escuro.

Não havia nada. Ela começou a andar, procurando por alguém ou alguma coisa. Logo começou a pensar nos pais e no irmão e começou a se lembrar de coisas. Enquanto lembrava as imagens começaram a aparecer na escuridão. O último dia de aula, ela se despedindo dos amigos e prometendo se reencontrarem no próximo ano. O primeiro dia de aula na escola. Os vizinhos do bairro em que morara a vida inteira. Da mãe produzindo bolos para eles quando eram pequenos. Do pai brincando de cavalinho. O dia em que ganhou o primeiro livro. Era incrível como se lembrava de coisas tão velhas!

Logo ela avistou uma luz ao longe, morna e calorosa. ‘Talvez eu tenha morrido.’ O pensamento triste só a perturbou por um instante. Como todos diziam: ela era tão avoada que nem se importava se acabasse morrendo. Talvez fosse verdade. ‘Não é tão ruim morrer jovem, eu tive uma vida alegre, feliz e divertida, é o que importa. ’ E se dirigiu a luz.

— Eu pensei que você tivesse um sonho... — Uma voz disse logo atrás dela, Ana se virou, avistando um homem alto, de cabelo loiro escuro e olhos azuis escuros, uma expressão séria. Ele usava um coturno e sobretudo pretos e ela podia ver a espada, uma katana, em sua cintura. — Estou enganado?

— Bem... — Ela começou, olhando para seu rosto conforme se aproximava. Ele tinha traços orientais e parecia ter cerca de 20 a 25 anos. ‘Um mestiço? Isso explica a katana. ’ Mas ao ver a sua expressão preocupada, esperando por uma reposta, ela se lembrou da pergunta. — Eu tenho... Quero viver a minha própria estória de fantasia!

— Não está muito cedo para desistir, então? — O loiro diz com uma expressão aliviada.

— É um sonho tolo... Eu sei que ele nunca vai se realizar... — Ana lhe responde um pouco triste. Podia ser avoada e distraída e viver mais no mundo da lua do que na terra. Mas ela era realista. ‘O que muitas pessoas diriam que é ser conformista. ’ Pensava se lembrando das palavras do irmão.

Ele parecia surpreso com o que ela disse. Ficando pensativo por vários minutos, como se não soubesse o que fazer com ela.

— Muitas estórias de fantasia possuem príncipes encantados, não é? — Ele fala depois do longo silêncio, olhando para ela de forma penetrante.

— Hein? Sim, tem... — A morena responde sem jeito, não sabendo onde ele queria chegar.

— Você quer um?

— Ahn... Não é bem desse tipo de estória que eu gosto, mas... Acho que seria legal ter um príncipe, não é? — Ela responde sonhadora. ‘Principalmente se ele for tão gato quanto você!’ O rapaz então lhe dá um discreto sorriso.

— Então... Eu permitirei que você persiga um... — Ele diz pegando a sua mão e levando-a em outra direção. Apenas um passo e a paisagem mudou para uma sala no interior de um castelo, com três belíssimas portas. — Acho que você pode me considerar a sua fada madrinha, então?

— Você é um homem... Não seria fada padrinho?

— Acho que sim. — Mais uma vez ele se mostra surpreso e sorri desta vez, um sorriso um pouco mais perceptível, o que a faz dar um largo sorriso também.

— Vamos começar... O tempo está ficando curto...

— Para quê?

— Para a sua escolha. — Ele responde sério. — Estas portas são seu destino. Você não será mais a mesma a partir de agora. E o caminho que escolher te levará a pessoa com quem se ligará.

— É sério? — Ela pergunta, pensando se aquilo seria algum tipo de "teste para a heroína". Mas por algum motivo ela sabia que ele estava falando sério, que havia mais do que tinha dito. Ela abriu um largo sorriso, tentando fazê-lo sorrir de novo. — Vamos lá!

A sala era estreita, e não havia móveis. As janelas estavam cobertas por uma cortina preta e um candelabro iluminava o local. As portas eram as únicas coisas e realmente chamavam a atenção. A primeira porta a direita era de um azul escuro, com detalhes brancos e com as partes de metal douradas. A madeira parecia lisa e macia ao toque. Os desenhos brancos pareciam formar ondas na superfície azul. Ela podia sentir a mesma calma de quando estava à beira do mar. Assim como o mesmo frio, o mesmo silêncio, a mesma tristeza das águas escuras.

Ela se virou para a próxima, a porta do meio. Ela era preto como piche, os desenhos desgastados pelo tempo, as partes de metal prateadas. A madeira era grossa e parecia pesada. O ar ao se aproximar dela era pesado e rarefeito. Ela nunca tinha escalado uma montanha, mas de alguma forma ela se sentia como se estivesse no topo de uma, sozinha e distante de tudo. Mas de alguma forma ela se sentia também protegida, como se nada pudesse atingi-la.

A última porta era verde, os detalhes amarelos como arabescos cuidadosamente desenhados davam uma impressão alegre, não havia detalhes de metal, e nem madeira também, a porta parecia feita de um tecido exótico. Aquilo a deixava lânguida e cheia de desejo, o perfume inebriante querendo atraí-la. Mas ao mesmo tempo aquilo parecia uma armadilha, ela podia sentir facas e olhares cruéis em sua direção. Como se algo desejasse matá-la.

— Nenhum deles parece realmente bom... — Ela fala aflita, olhando para a fada padrinho que solta um suspiro.

— Mas você precisa escolher um...

— Não... — Ela diz, chateada. Ela começa a andar em círculos e de repente vê uma fresta. Branca. Estreita. Do lado da janela. Ela sorri. Sabia que aquilo seria difícil e doloroso, mas tinha a impressão que lá ela poderia achar algo realmente bom. — Eu realmente não preciso escolher.

Ela se dirige ao espaço estreito, tentando ver o que tem dentro, diante do olhar atônito do outro homem. Ao perceber isso ela volta até ele com um sorriso.

— Eu vou ficar bem... Continue me observando, padrinho! — Ela o abraça e lhe dá um beijo na bochecha, logo em seguida entrando no buraco estreito e sumindo de vista.

— Ela é realmente uma garota esquisita... — O loiro diz preocupado, dando um profundo suspiro.

— Ela escolheu o caminho mais difícil, será que ficará bem? — Diz uma mulher se aproximando dele, os cabelos longos e loiros como o dele balançando em suas costas, o vestido justo destacando suas curvas acentuadas, e mostrando as pernas firmes e fortes.

— Ela disse antes, não é? — A voz de outro homem se aproxima, sério e inexpressivo, mais alto que o outro, o sobretudo preto cobrindo o corpo assustadoramente magro, os cabelos loiros quase brancos cobrindo os olhos, roxos e vazios. — Ela quer viver a própria estória. Ela ficará como deve ficar.

O homem se vira e parte, seguido da mulher. O rapaz com a katana começa a segui-los, não sem antes olhar para trás e sussurrar.

— Boa sorte.


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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que leram até aqui, espero que tenham gostado e que continuem acompanhando!



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