Capítulo 8 - Neal  -Duvidas

O que será que Liz fez de tão grave para quererem ela morta? Não acredito que tudo isso tenha acontecido só por ela ter batido em alguns agentes. Deve haver mais coisas que ela não contou para ninguém.
Pego meu celular é ligo para Mozzie.

—você está trabalhando com Liz Virgile e não me contou?! - pergunta ele assim que atende.

—como você ta sabendo disso? - pergunto surpreso.

—todo mundo ta sabendo, Neal! Não ha um vigarista em Nova York que não saiba que ela está aqui.

—inclusive quem quer mata-la. - digo.

—nao duvido. Mas se ela está aqui, acho que é com um propósito. Liz não se deixaria ser presa, nem trabalharia para os federais por nada.

—ou ela só queira se redimir e sair dessa vida.

—qual é Neal?! Nem você é tão ingênuo pra acreditar nisso .

Com certeza não sou.

—quem você acha que pode está atrás dela? -pergunto, mesmo sabendo a resposta.

—pode ser qualquer um. Liz é conhecida por grandes feitos no nosso mundo. Ela é quase uma celebridade dos bandidos. Ninguém sabia quem ela era até agora.

—pois é... Estou começando a achar que ela tem mais segredos do que imaginávamos.

—estamos falando de Liz Virgile, Neal. Ela é o segredo em pessoa.

—você tem razão. Falando em segredos, você conseguiu o que te pedi?

—não. Pensa que é fácil descobrir algo sobre seu pai? Ele sumiu. Se ela diz que sabe sobre ele, deveria confiar.

—ok. Vamos dar um pouco de crédito a ela.

—mas você precisa se aproximar dela. Liz é boa em tudo o que faz e precisamos dela do nosso lado para conseguir informações. Afinal, quando vai me apresentar ela?

—nao momento certo, Mozzie.

Assim que encerro a ligação, vou até a sala de Otávio que está mais sério que o normal.

—espero que não esteja pensando em matar alguém nesse momento. -digo entrando em sua sala.

—bem que a ideia não é ruim. -ele fala sério. -Liz mal chegou e ja está sendo alvo de federais?

—ela deve saber de muita coisa pra tentarem matar ela. -sento na cadeira a sua frente.

—so que ela não fala nada.

—aparentemente tem agentes atrás dela por que ela sabe demais. É um pouco normal que ela seja bem cautelosa.

—de que lado você está?

—so estou sendo racional. Se ela sabe algo que pode comprometer agentes corruptos... Acho que ela é um alvo ambulante. -falo pensativo. -mas não é só por isso que você está assim, é?

—e o que mais séria?

—o fato de ela parecer com sua irmã morta a dez anos? -pergunto preocupado.

—nunca acharam o corpo dela.

—o que não significa que ela esteja viva. Acha mesmo que ela iria se tornar Liz Virgile? Luce era totalmente diferente dela. Ela não era uma assassina! 

—eu não sei como explicar, mas sinto que minha irmã está viva.

—você deveria parar com isso. Já faz quase dez anos...

—você não pode me garantir que não levaram ela. -Otavio fala irritado.

—tudo bem. Vai investigar a Liz pra ter certeza que elas não são a mesma pessoa? Mesmo sabendo que sua irmã não seria capaz de matar?

—vou. E você vai me ajudar.

—o que? Eu? Por que?

—por que ela não confia em agentes e você nao é agente.

—deveria perguntar ao Damen. Eles se conhecem.

—você tem razão... Você descobriu alguma coisa no seu almoço com ela?

—nada que você não saiba a não ser que ela é órfã e nasceu aqui na cidade. -falo cansado. Não vai adiantar brigar com ele nesse momento.

—ok. Chama o Damen pra mim. Preciso saber mais sobre quem é Liz Virgile.

Saiu da sala de Otávio pensando em como fazer ele parar com essa loucura de continuar procurando a irmã. Se tornou uma obsessão dele.

—Peter, você viu o Damen por ai? -pergunto.

—nao. Acho que ele está com a Liz. Aconteceu alguma coisa?

—nao. Otávio está atrás dele e me pediu pra chamá-lo.

—Otavio está bem? -pergunta.

—a medida do possível. -falo rindo lembrando de tudo. Se Peter souber o que Otávio está procurando, vai no mínimo achar  que ele é louco.

—estou começando a ficar preocupado, Neal. O que foi que aconteceu? -pergunta sério.

—é sério. Não é nada. Otávio só percebeu que Damen conhece a Liz e quer saber algumas coisas. Nada demais.

—entendo. Ele quer saber o que querem com ela.

—mais ou menos isso. -digo tentando não entrar em detalhes.

—o bom é que ele confia em você. Parecem amigos de longa data.

Se você soubesse...

—pois é... Eu vou indo atrás do Damen pra poder resolver logo isso.

Saiu de perto de Peter antes que ele comece a fazer mais perguntas que não estou afim de responder.

Procuro Damen em todos os lugares até que encontro ele em uma sala justamente com a causa das dores de cabeça de Otávio, Liz.

—Damen... -chamo e os dois me dão total atenção. -Otavio está procurando você.

—aconteceu alguma coisa? -ele pergunta confuso.

—nao sei. -minto. -Ele só disse que queria falar com você.

—diz a ele que estou indo. -ele olha pra Liz e fala algo que não consigo entender e ela confirma com a cabeça. -vamos?

Vou com ele até a sala de Otávio para ver se ele vai precisar de mais alguma coisa e ele diz para eu ficar no "enterrogatorio" de Damen.

—aconteceu alguma coisa? -Damen pergunta como se nada tivesse acontecido.

—de onde você conhece a Liz? -pergunta ele sério.

—o que? Liz? Claro. Lógico que ele é o motivo. -ele ri. -conheco ela do orfanato. -ele fala. -mais alguma coisa.

—pareciam muito próximos.

—claro. Não sei se vocês sabem, mas crianças órfãs sempre se unem por que não temos muitas pessoas a nosso favor. Eramos como irmãos lá, mas ela decidiu fugir e eu fiquei. Perdemos contato até que encontrei ela no mesmo prédio que eu moro com minha esposa. É só isso?

—você não teve contato com ela nesses anos todos? -Otavio pergunta outra vez.

—nao. Fazia muito tempo que não nos víamos. Nunca imaginei que ela fosse se tornar a lenda que todos procuravam. Descobri aqui com vocês. -ele sorri. Pela cara de Otávio, sei que não está acreditando em nenhuma palavra.

— ótimo. Então, você vai nos ajudar a descobrir o que querem com ela, certo? Afinal, ela é como uma irmã pra você. -digo pela primeira vez.

—claro que sim. Espero que peguem quem quer que seja que esteja atrás dela. Liz já passou por muitas coisas e vou fazer o possível pra evitar que ela passe por mais um problema.

—otimo.

—era só isso? -Damen pergunta é Otávio afirma com a cabeça. -Bom, se não precisa mais de mim, eu vou terminar o que estava fazendo.

—o que você achou? -Otavio pergunta quando Damen sai.

—nao sei o que dizer. Talvez esteja falando a verdade. Ambos são órfãos até onde sabemos. -respondo.

—quero uma amostra de DNA da Liz.

—como é?! DNA? Otávio, você está exagerando.

—nao Neal. Quero ter certeza do que estou fazendo. Um exame de DNA vai resolver tudo e não vou precisar ficar procurando coisa onde não tem, já que você está certo de que a Liz e a Luce não são a mesma pessoa.

—tudo bem. Eu ajudo você, mas tem uma condição.

—qual?

—que quando confirmarmos que Liz Virgile não é Lucinda Price, você vai deixar sua irmã descansar em paz.

—tudo bem. É a última vez que investigo esse assunto.

Ótimo! Agora só preciso conseguir que uma amostra de DNA para acabar com isso.