Caminhos de sangue escrita por Andreza Silva


Capítulo 3
Capitulo 03 – conhecendo o inimigo. Parte 2


Notas iniciais do capítulo

boa leitura...



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“Ouço meu celular tocar e vejo que é um número desconhecido. Meu irmão sempre me diz para não atender esses números, mas a curiosidade é maior e atendo.

– alô? – digo. Na maioria das vezes acho que meu irmão exagera.

– olha só... a princesinha atendeu! – diz a voz do outro lado da linha. Uma voz que nunca vou esquecer. A voz do homem que matou meu pai.

– o-o que você quer? – digo sentando no banco da praça próximo, pois o pânico me invade e sei que não vou aguentar ficar de pé por muito tempo.

– pelo que estou vendo você lembra de mim... É muito bom saber disso. – diz ele rindo.

– você matou meu pai. Como vou esquecer? – pergunto.

– seu pai mereceu aquilo princesinha. Chegou até a ser divertido. – diz isso enquanto sinto lágrimas em meu rosto. – sabe, ver ele implorando para não mata-lo na sua frente, para deixar você ir... – fala dando uma risada diabólica. – mas não liguei pra relembrar dos bons momentos que passamos. Liguei para avisar que se você for testemunhar no julgamento, eu vou matar todas as pessoas que você ama e todos na sua frente, para que você se lembre pelo resto da sua vida que eles estão mortos por sua causa. Você entendeu? E se você contar para alguém, nem preciso dizer o que vai acontecer, não é? – diz. – ah, espero que você tenha um ótimo dia...”


Abro meus olhos e vejo meu quarto: a janela com vista para o rio Hudson, a porta do banheiro e percebo que foi só mais um sonho. Um maldito pesadelo.

Olho para o relógio e vejo que ainda são 4 da manhã.
Deito mais uma vez e penso no meu pesadelo. Como depois de tanto tempo isso ainda pode me afetar? Fazia tanto tempo que não sonhava com esse dia. Nem com os outros antes ou depois dele. É melhor tentar dormir. O dia ainda vai ser longo.

***

Fico dando voltas na cama e quando olho para o relógio na parede, já são 6:30 da manhã. Levanto. Não dormi nada essa noite.
Vou para o banheiro e vejo sinais da minha noite mal dormida: estou pálida e com olheiras, coisa que geralmente nunca acontece quando não durmo. Mas como hoje não é o meu dia... Com certeza não é!
Tenho pouco tempo para me recompor e parecer a inabalável Liz Virgile, uma personagem. Sim, a personagem que eu construí perfeitamente, não essa destruição que estou vendo no reflexo do espelho.

Vou para o box e tomo um banho bem gelado. Eles sempre ajudam a tirar a cara de sono. Alguns minutos depois, vou para frente do espelho, seco meus cabelos e os deixo naturais: liso, apenas com algumas ondas nas pontas para dar movimento.

Olho para o espelho e lembro de alguém que não sou mais. Meus cabelos antes escuros, hoje são um vermelho vivo. Meus olhos castanhos, agora são lentes verdes. Minha maquiagem que era apenas o básico, como rímel e gloss., deram lugar ao delineador marcando bem meus ´olhos verdes` e batom vermelho. Minhas roupas também eram diferentes: antes eu era a típica patricinha, usando roupas, bolsas e sapatos de grife. Sempre na moda. Hoje continuo me vestindo com roupas da moda, acho que foi uma das poucas coisas q eu não mudaram, mas agora opto pelo preto quase sempre e minhas roupas são coladas para ressaltar a beleza do meu corpo.

Hoje optei por uma roupa comum em meu guarda roupa: escolho uma camiseta branca, uma calça e uma jaqueta de couro. Uma bota cano longo salto, agulha preta também e a marca registrada da “criminosa” Liz Virgile: as luvas. Em geral usava luvas para evitar digitais, mas depois gostei delas, acho que me acostumei e então aderi ela a basicamente todos os meus looks.

Vou para a cozinha, tomo um copo de suco de laranja e vou dar uma última olhada nas informações sobre os agentes. Estou com o pressentimento de que algo vai acontecer. Sempre acontece! O que tenho que fazer nesse momento é manter o foco! Não posso perder o controle. Pelo menos não agora.

***

Pego um táxi para ir ao trabalho, o que me faz lembrar que preciso de um carro. Não quero precisar de táxi toda vez que precisar sair. As 7:30 da manhã chego no prédio do FBI.
Ainda estou um pouco mal por causa do meu pesadelo, mas nesse momento, tenho que focar no que vim fazer aqui.

Depois que todos chegam, começa uma reunião interminável sobre como prender James Bennet. Digo mais ou menos como é o funcionamento do clube onde ele está ficando e como podemos entrar lá, afinal, tenho toda a credibilidade para entrar lá sem que suspeitem de nada.

Quando me dou conta, já estamos na hora do almoço.
Ilusão a minha quando achei que ao menos nessa hora iria ter paz. Parecia que todos os agentes estavam de olho em mim. Me estudando. Ok! Assumo que eles estão fazendo isso. Estão me observando desde que cheguei.

Quando consigo meus momentos de paz, o Sr. Sorriso lindo Caffrey aparece me convidando para almoçar. Não tenho escolha. Ou vou com o Sr. Olhos Azuis com o sorriso incrível almoçar em um restaurante fora do prédio, ou almoço sozinha, o que não quero no momento. Assumo que a primeira opção é mais atraente. Além de me ajudar a me aproximar mais dele.

– então, o que você vai querer? – pergunta ele assim que chegamos.

– salada. – respondo.

– só isso? - pergunta incrédulo.

– é. Algum problema? – pergunto.

– nenhum. – fala ele me olhando.

– o que foi? Minha maquiagem ta borrada? – pergunto.

– não. Mas sei lá... você me lembra alguém. – diz. – a gente não se conhece de algum lugar?

– tenho certeza que não. Não costumo me envolver com vigaristas. – digo.

– não sou tão ruim assim. Pelo menos não matei ninguém. – diz.

– não matei ninguém que não merecesse, pelo menos. – rebato.

– então você já matou muitas pessoas? – pergunta. Na verdade ele parece estar se divertindo.

– existem muitas formas de matar alguém, sem lhes tirar a vida Sr. Caffrey. – digo. – se tiram sua liberdade, e tudo o que é importante para você... você a perde. Ninguém precisa atirar para matar. As vezes fazemos isso sozinhos com nós mesmos.

Fico olhando para seus olhos azuis, quase hipnotizada, quando o garçom chega para anotar nossos pedidos.
Depois que ele sai, a tensão só aumenta. Não sei por que estou sentindo isso. Não faz nem sentido! Eu sou treinada para me manter imparcial, não demonstrar meus sentimentos, mas me sinto exposta. Como se fosse algo fácil de decifrar.
Quase como se ele me conhecesse...

ESQUECE ISSO LIZ!! – grita meu subconsciente.

– você ta ai? – pergunta.

– o que? – digo voltando a realidade.

– você sempre viaja assim? – pergunta sorrindo.

– não. – sorrio. – desculpa. O que você perguntou?

– você não tem família?

– não. – digo. Ele realmente tem que perguntar sobre isso?!

– serio? Nem um irmão, primo, papagaio? - pergunta incrédulo.

– cresci em um orfanato e na adolescência fui para um reformatório. Então o mais próximo que eu tenho de um família são meus amigos. – digo tentando olhar em seu olhos sem me sentir envergonhada.

– sinto muito. – diz pegando em minha mão.
Esse gesto me pegou de surpresa. Apesar da luva, realmente parece que uma corrente elétrica passou por mim. E acho que por ele também pelo que vejo, já que ele tira a mão mais rápido do que quando colocou.

– não sinta. Não é tão ruim assim. É até divertido. Se aprende bastante lá. – digo tentando mudar o foco das coisas.

– imagino. – diz rindo.

O garçom chega mais uma vez trazendo nosso almoço dessa vez e agradeço mentalmente outra vez por isso.
Passamos o resto do almoço calados olhando um para o outro quando o outro não estava vendo. Bom, pelo menos eu estou fazendo isso.

Depois que o constrangimento mutuo já está insuportável, Neal pede a conta e voltamos para o “prédio da tortura” como chamo.
Assim que entramos, Neal sai com Peter para um trabalho em campo. Enquanto isso, eu tenho uma pilha de papeis para organizar. Menos mal... Pelo menos estou sozinha.
Uma parte do meu trabalho está feito: me aproximar de Neal. Ele parece bem mais acessível que qualquer agente aqui. Tenho que ir com calma. Conhecer o inimigo para depois atacar. O que não esperava era o que aconteceu na hora do almoço. Não esperava me sentir daquela forma.

– oi? – fala alguém pegando no meu ombro. O susto foi tão grande que dei um pulo da cadeira. – desculpa, não queria te assusta.

– tudo bem. Eu só estava bem concentrada. – digo enquanto tento me recuperar do susto sorrindo. Um sorriso que logo morre quando vejo quem está na minha frente.
Não pode ser! Não pode ser! Não agora e não aqui!

O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI?!

ELE NÃO DEVIA ESTÁ AQUI! – grita meu subconsciente.


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Notas finais do capítulo

Quem será que apareceu para deixar ela assim????
resposta: no próximo capitulo..
será que mereço comentários???



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