A Heroína Imperial [HIATUS] escrita por Amaya


Capítulo 10
Capítulo 09: O deslize da faca sutil e o silêncio fatal


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Primeiramente, quero me desculpar por ter passado tanto tempo em hiatus. E isso não tem desculpa, eu não publiquei porque sou irresponsável mesmo. Mas espero que vocês possam me perdoar...
Vou responder todos os comentários que faltam e vou tentar atualizar a história com a frequência que vocês merecem. Prometo!

Mas enfim, esse capítulo foi dividido em 2 e foi escrito ao som de "It Has Begun", do Starset.
Aproveitem a leitura!



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A Heroína Imperial
Capítulo 09: O deslize da faca sutil e o silêncio fatal

As pessoas começaram a correr antes que todas as luzes se apagassem de vez. As pessoas corriam desesperadamente pelos corredores. As enfermeiras subiam os pacientes deitados em seus colos, apoiados em seus ombros, agarravam o indispensável e saíam cambaleando, com o peso deles sobre os ombros.

Alguns empurravam os outros, derrubando todos no chão, gritavam para sair da frente. Viravam o corredor, uns para a direita, e outros para a esquerda, sumiam. Sabe-se lá para onde iriam. Atrás de seus familiares, de amigos.

Atrás da vida que lhe poderia ser tirada a qualquer instante, talvez?

O medo é dominante. O longo corredor branco, agora com uma meia penumbra que lhe encobre a metade do corredor, apenas impedido de dominar todo o ambiente pela luz do sol que ainda atravessa as janelas, está abarrotado de pessoas que esperneiam, choram, cambaleiam, correm desesperadamente. Um barulho infernal que penetra meus ouvidos, perturbando minha mente.

Abaixo a cabeça tentando recuperar o foco. Ainda estou um tanto tonta por ter me levantado bruscamente. Mamãe passa meu braço direito sobre seu ombro esquerdo, fazendo-me apoiar em suas costas. Enquanto isso, Larissa agarra sua mão direita. Deixamos todas as coisas para trás e saímos, nos misturando em meio a aglomeração.

As luzes vermelhas de emergência acendem-se, formando uma trilha de lâmpadas vermelhas que guiam todos para a encruzilhada no fim do corredor, à direita.

Começamos a correr. Precisamos ir rápido agora, mas comigo apoiada nos braços de mamãe, tudo fica mais complicado. Estou atrasando as duas.

Tropeçando em meus próprios pés, apresso meus passos para que cheguemos mais rápido ao fim do corredor e consigamos sair do hospital para o abrigo. Mas antes disso, vamos pelo caminho contrário ao que as luzes indicam, seguindo para outro canto do hospital.

— Onde vamos, mamãe? — Larissa pergunta, soando um pouco airada.

— Temos de buscar seu pai na cantina. Ele está com sua tia e suas primas — responde mamãe, trocando os olhares de Larissa para o corredor.

Eles estão lá. E o ataque começou.

Meu ombro está começando a doer. A ferida está latejando, enrolada nas faixas brancas, ainda posso senti-la. Tropeço em meus próprios caminhos, apertando o passo.

Mamãe me dá mensagens de incentivo. Minha coluna começa a se curvar, quero tomar um pouco de ar. O esforço faz a minha visão borrar, e tudo fica instável, novamente. Sinto que estou prestes a cair...

Tenho de me manter acordada. Tenho de estabelecer controle sobre meu próprio corpo. Preciso manter minha mente ativa. Então, começo a contar meus próprios passos, tentando me fazer continuar a trabalhar.

Um, dois, três... Procuro pela força que me falta nos ares inalando-o fundo.

Quatro, cinco, seis... Me arrasto como um corpo semi-morto, tropeçando em meus próprios pés e ofegando.

Sete, oito, nove, dez... Paro de andar um instante. Meus pulmões estão em chamas pela corrida. Olho para frente; ainda falta muito. O corredor parece muito mais longo, e agora parece muito mais escuro, já que não há tantas janelas assim. Tenho de tomar cuidado para acabar não tropeçando sobre meus próprios pés.

Contudo, antes que eu dê meu próximo passo e reinicie a contagem, ouço um barulho de algo deslizando os ares, como quando uma faca desliza sobre uma mesa de mármore, mas aina sutil.

E enfim, o silêncio.

Meu coração começa a bater forte, e entro em pânico, me afogando em meio aos meus próprios gritos interiores, afundando em meus medos.

Dezessete anos ouvindo o mesmo barulho, como seria eu incapaz de reconhecê-lo, afinal?

O deslize da faca e o silêncio fatal, antes da primeira bomba cair.

O silêncio é quebrado pelo som da primeira bomba a explodir no chão. Apenas ouço enquanto tudo cai e se despedaça e ouço o grito ecoando por todos os corredores, que se confundem com os meus próprios.

Começamos a correr ainda mais depressa. Dessa vez, não posso mais parar. Há três pessoas que esperam por mim do outro lado do hospital.

Sinto meus pés morrerem a cada passo, a ponto de ter de arrastá-los. Mais uma vez, mais uma bomba cai, e desta vez sobre nossas cabeças.

A bomba explode e derruba o teto sobre nossas cabeças a metros o suficiente para não nos atingir, entretanto o suficiente para destruir o corredor e levantar poeira, que oculta nosso caminho. Caímos nós três com o impacto da bomba sobre o solo.

Larissa e mamãe conseguem levantar-se rápido, mas eu mal consigo me apoiar sobre meu braço. A dor da ferida tornou-se ainda mais intensa do que antes, adormecendo por completo meu ombro. Mover meu braço é como arrastá-lo sobre pedras lascadas, a cada movimento, uma nova sensação de dor, que a cada instante se intensifica.

Tento apoiar-me sobre minhas pernas, arrastando uma de cada vez, trazendo-as para debaixo do meu corpo. Ajoelho-me e lentamente me ergo, com o braço do ombro ferido recolhido ao peito. Estou muito dolorida para continuar. E meu corpo sente a dependência daquele remédio curativo... Minha vista fica turva, e tudo começa a borbulhar, o corredor escuro torna-se um cenário nervoso. Posso ver as trevas movendo-se em minha direção, me enlaçando num abraço carinhoso e frio...

— Annie, você precisa ir, filha! Venha, vamos...— Minha mãe me toma pela mão, com o ar aflito e com os olhos perdidos. Mesmo com a minha visão estando um borrão, ainda consigo distinguir algumas poucas cores e formas. O vestido que ela usa está branco de empoeirado, e uma listra de sangue brota de uma ferida perto de uma de suas sobrancelhas. Eu sinto as suas mãos frias e trêmulas me erguerem, me levando para as trevas nervosas que quase me encobrem.

— Mãe, não... — balbucio. Mas soa mais como um ruído.

— Annie, vamos logo! — Larissa grita, nervosa.

Escuto uma bomba cair, mas não próxima de nós.

Respiro fundo, sentindo a poeira entrar pelas narinas e queimar a carne. Solto, num grito trêmulo e abafado:

— Vão!

Minha mãe me abraça, tentando me levar junto com ela.

— Annie, não podemos te deixar sozinha — diz minha mãe, com a voz quebrada.

— Vão logo! — Minha voz está cansada. Eu mesma posso ouvir a dor que ela passa. Ondas sonoras quebradas em milhões de pedaços cansados no espaço nervoso, conflitando com as trevas frias.

— Eu estou indo! Mas vão na frente... Encontrem papai primeiro. Por favor — digo, entre cortes. E então as duas, com relutância, olhando várias vezes para trás, se afastam de mim. As duas figuras desaparecem no corredor escuro, enquanto eu fico para trás.

Para trás. Sozinha. Afinal, não era uma escolha. Se elas não fossem, jamais iriam sair daqui. Nem comigo, nem sem mim. Nem vivas.

Não é uma escolha minha. As trevas são morte. E não posso deixar que abracem minha família. Não agora...

— Vocês estão dispostas a uma troca? Elas por mim? — sussurro para o espaço frio, esperando resposta. As trevas esgueiram pela espaço frio e novamente as sinto me tocar, me abraçando, me tomando para elas. Logo também serei trevas no espaço vazio...

Logo também serei morte, cheirarei a morte, enxergarei como morte, sentirei a morte, serei morte...

— Então, que assim seja.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso! Espero que tenham gostado do capítulo!
Relembrando que a história tem um grupo no facebook! Caso queira acessar para ficar por dentro de tudo o que vai acontecer com antecedência, o link é este: https://www.facebook.com/groups/443495469165563/?fref=ts

Espero por vocês lá!

E mais uma vez, obrigada por lerem! Qualquer erro, por favor, me avisem com antecedência para que eu possa corrigir!

Adeus!



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