Uma história fantástica com uma trama bem trabalhada e personagens extremamente cativantes. A Seleção é uma história que conquistou diversas meninas. Um conto de fadas num futuro distópico. Com certeza foi uma escolha ousada. Um príncipe, 35 garotas, uma coroa. Rebeldes, um governo injusto com um impiedoso tirano. Agora inverta os papéis: Uma princesa, dez garotos, uma coroa, uma responsabilidade. Não há rebeldes, não há um governo injusto. Apenas uma princesa que deve encontrar o homem de seus sonhos para lhe ajudar a governar seu reino.

O que há de interessante nisso? A TRAMA! A trama é bem elaborada, o enredo é cativante. Uma crise interna, um rei que pode morrer à qualquer instante, uma princesa decidida, inquebrável, quebrável, forte, fraca, indestrutível, destrutível, como qualquer ser humano. Uma princesa decidida à arriscar casar-se com um homem que não conhece seus costumes para fortalecer uma aliança de estado e o seu reino. Assumir seu lugar no trono e governar com toda a justiça. Evitar a ascensão de um homem odioso.

Junte toda essa ousadia do mundo de A Seleção com esta trama extremamente instigante e cativante. O que temos? Uma história surpreendente e criativa.

"Do Outro Lado do Oceano" é o típico conto de fadas. Todas as metáforas, cada parágrafo que te faz suspirar de tão bem elaborado, cada fantasia, cada pensamento. A autora tem um jeito tão delicado de narrar cada acontecimento que te faz sentir um abraço tão acolhedor enquanto lê que chama-te: "venha, adentre neste mundo, viva o conto de fadas da vida real". Tudo é narrado de maneira tão delicada que assusto-me ao lembrar que a autora nunca na sua vida trabalhou com escrita. Formada em moda. Mas nunca trabalhou com escrita. O que só ressalta que o mundo é cheio de talentos. Contudo, estas pessoas não têm o foco que merecem por tamanho talento. O talento pode vir de qualquer lugar. Desde à pequena folha que cai das árvores até a flor que brota do chão com a maior delicadeza e glória. Afinal, não é para qualquer flor brotar da maneira certa. Não é para qualquer uma cavar a terra e desabrochar. Assim é o escritor, "a flor que brota na adversidade".

Assim é Do Outro Lado do Oceano, assim é a autora desta história.
Uma flor.
Que brota na adversidade.

Não é fácil trabalhar com tantos personagens. Não é fácil elaborar uma trama. Mas quando você tem criatividade e talento, tudo torna-se extremamente fácil.

Acompanhar essa história com a maior certeza do mundo é uma das experiências mais agradáveis que vivenciei. Não só me ajudou a me desenvolver minha escrita como me ajudou a me desenvolver como pessoa e ser a flor que brota na adversidade. Afinal, todos nós somos flores, só falta para cada um de nós brotar. E quando nascermos, sentir o sol sobre nossas pétalas e contemplar o esplendor do mundo é que reconheceremos o quanto somos especiais, afinal, brotar não é para qualquer um.

Cada personagem é tão bem construído e detalhado que você não imagina-os como personagens e sim como pessoas reais, o que é um ponto forte dessa história. A autora consegue detalhar com maestria cada um desses personagens e redigir cada um deles com distinção. Gosto muito desse ponto porque o personagem é a essência da história. Ele que dá a vida à trama. Ao enredo em si.

Outra coisa: a autora não perde o foco. Ela prossegue com a história, focando ao longe, o seu destino. E trabalha para chegar até lá. Eu adoro isso! Adoro a maneira como a história é trabalhada, em pontos de vista. Assim você consegue entender mais a história dos personagens, consegue entender todos os seus pensamentos, omissões. Entender o pseronagem é bom para entender a trama, e a autora sabe disso. Com pontos de vista distintos podemos formular opiniões mais bem estruturadas pois não tomamos como base somente a opinião de um, mas de todos. Vemos o mundo a olhos diferentes. São três mil mentes cooperando para o desenrolar de uma trama. Tudo torna-se muito mais claro e evidente. Esse é um ponto na história que é bem explorado e muito bem trabalhado. O contra disso é que certas vezes nós nos confundimos, entretanto com o tempo vamo-nos acostumando e acompanhado o ritmo da história de maneira mais natural.

A emoção. É o que não falta aqui. Uma turbulência de emoções. Com tantos pontos de vista você consegue sentir várias coisas diferentes. A manipulação das palavras é essencial, pois não podemos apenas colocar palavra por palavra numa frase. Cada uma dessas palavras além de, tentar fazer o leitor prosseguir com a leitura, têm de tocar aquele que lê. Do que adianta ler um texto se não sentimos nada com aquilo? É como pizza sem queijo! Não faz sentido, a leitura é em vão.

No entanto, a autora não deixa isso de fora. Ela consegue te tocar a cada palavra bem colocada numa frase, fazendo-me prosseguir com a leitura, para no fim, finalizar tudo com uma grande colherada de curiosidade.

Isso não é para qualquer um. Elaborar uma história não é para qualquer um. E esta história está tão bem elaborada, assim como sua antecessora, Quando a Chuva Encontra o Mar, que não há como não fazer uma recomendação: leiam. É fantástica, é tudo de bom. Você se vê mergulhado num mar de emoções, numa chuva de palavras sem fim. E você sabe o que acontece quando a chuva encontra o mar?

Formam-se um oceano de emoções. Emoções pelas quais eu sou louca para ser acolhida. Porque é isso que a água faz. Ela acolhe, ela refresca. Emoções te completam. Palavras te exemplificam.

E é isso o que acontece quando a chuva encontra o mar.